Capitulo 11

Río de Janeiro, 2023

Meu despertador anunciou a chegada de um novo dia e me levantei rapidamente, fiz o que tinha que fazer e preparei o café para MaFê, fui ao quarto da minha princesa e a chamei que resmungou.

— Cinco minutinhos mamãe. – Ela pede virando pro outro lado. 

— Nem cinco e nem três, vamos dona Maria Fernanda, ou levanta ou vou te atacar com cosquinhas. 

Minha filha riu e eu sabia que ela queria que eu fizesse cócegas nela, ela gargalhava animadamente e a levei ao banheiro, depois banho estava secando seu cabelo quando a vi olhar fixamente para minha barriga. 

— Mamãe, que ‘maca’ é essa? 

— Essa marca aqui? – Apontei e ela assentiu. — Foi por aqui que você saiu. – Ela olhou pra mim curiosa. 

— Eu que te cortei? 

— Não meu amor, o médico que fez esse corte pra você sair. – MaFê passou a mão pela cicatriz e depois me abraçou pedindo desculpa. — O que a mamãe sempre fala pra você? 

— Que eu ‘so’ a luz que ilumina. 

— Isso mesmo, você é o presente mais lindo que recebi do céu e essa cicatriz aqui é a lembrança disso. – Ela sorriu abandonando a culpa. 

Depois de prontas tomamos café e a levei para escola, depois de entregá-la no portão entrei no carro e estava prestes a dar a partida quando recebi a ligação do meu chefe me mandando ir para sua casa, respirei fundo e fui me encontrar com ele, pelo seu tom de voz havia alguma coisa errada só espero que eu não tenha feito nenhuma merda.

Cheguei em seu apartamento e fui recebida por dona Beatriz que me mandou entrar na quarta porta à esquerda, agradeci a ela e ao abrir a porta indicada nada havia me preparado para aquilo. 

Jonathan estava sem camisa, socando o saco com luvas de boxeador e confesso que ao vê-lo fazendo aquele movimento me subiu um calor e imaginei diversas situações obscenas.  “Anthonella Fagundes para de fantasiar.” Meu subconsciente ralhou comigo me trazendo para a realidade e antes de me aproximar dele precisei respirar três vezes. 

Como ele estava de fones de ouvidos não havia notado a minha presença, então me aproximei e toquei em seu braço para chamar a sua atenção. Rapidamente Jhonathan se assustou e tirou seus fones de ouvido. 

— Bom dia, vim como pediu, o senhor precisa de algo? – Perguntei a ele que me encarou de cara fechada. O que será que eu fiz agora? 

— Sim, preciso que você corrija esse relatório imediatamente. – Ele estendeu o tablet para mim, e comecei a analisar o documento. — Essa parte aqui está completamente errada! Como você pode ter cometido um erro tão básico?

Franzi a testa, tentando entender do que se tratava. Quando peguei para ler o documento e localizei meu erro, percebi que havia apenas esquecido de por uma crase. 

— Eu... me desculpe, senhor, não percebi esse detalhe. Vou corrigir imediatamente.

Ele bufou, visivelmente irritado.

— Não é questão de "não perceber", senhorita Anthonella. Isso é básico! Espero que você preste mais atenção da próxima vez. Se isso acontecer de novo, teremos um sério problema.

Engoli em seco, me sentindo pequena diante da reprimenda de meu chefe.

— Entendi, senhor. Vou me certificar de revisar com mais cuidado da próxima vez.

Ele assentiu, mas ainda parecia insatisfeito.

— Espero que não haja próxima vez. Agora,  corrija isso o mais rápido possível. Não podemos nos dar ao luxo de cometer erros desse tipo.

Assenti e fechei a porta atrás de mim, sentindo o peso da reprimenda de meu chefe. Mesmo que para mim parecesse um erro bobo, percebi que precisava ser mais cuidadosa em meu trabalho.

Após corrigir meu erro e me certificar que não havia nenhum outro, dona Beatriz me chamou para tomar café e aceitei de bom grado. 

— O que foi Anthonella? Você me parece tensa. 

— Não se preocupe, dona Beatriz é apenas um problema que precisei resolver. Nossa! Esse café está uma delícia. 

— É um café austriaco que o Jhonathan toma. 

— Não é aquele que usam o cocô do macaco não, né? Se for nem me avise para não colocar os bofes pra fora. 

Beatriz soltou uma gargalhada ao mesmo tempo que Jhonathan entrou na cozinha devidamente arrumado. 

— Posso saber o motivo da risada? – Ele perguntou. 

— Anthonella é uma figura, me divirto com ela. – Beatriz brincou

— Então ao invés de ser assistente deveria ser humorista. – Na bora me senti constrangida e pedi licença me retirando para esperar na sala. 

Enquanto aguardava meu celular vibrou e vi o nome da minha amiga piscando na tela. 

“Amiga, como andam as coisas aí? Está mais à vontade com o pai da sua filha?” – Joy me mandou vários emojis sorridentes. 

“Ele não é o pai da minha filha, é apenas meu chefe, já te pedi para parar com isso e as coisas não andam nada bem, quando chegar em casa conversamos melhor, não esqueça de pegar a MaFê na escola, por favor.”

“E desde quando, esqueci?” – Minha amiga perguntou e tenho certeza que pelo emoji que me mandou se sentiu ofendida. 

“Semana passada, amiga preciso ir.” 

Travei o celular ao mesmo tempo que Jhonathan me avisou que deveríamos ir, me despedi de Beatriz e quando chegamos ao estacionamento ele me avisou que iriamos no mesmo carro e perguntei o que eu faria com o meu e ele me mandou pôr na sua vaga. 

Nós dois andamos de um lado a outro de um lado a outro, Jhonathan evitava conversar comigo e eu achava até bom, minha relação com o senhor Diogo era tão boa, quando saímos para reuniões conversávamos por horas, ele e a esposa iam às festas de MaFê e davam muitos presentes para a minha pequena que adorava, já com o meu novo chefe acho que essa relação será difícil e se bem que eu nem quero esse contato assim com ele. 

— Senhorita Anthonella. – Jhonathan estalou os dedos na minha frente. 

— Sim. 

— Acho melhor a senhorita deixar para sonhar fora do horário do expediente. 

O encarei e engoli em seco o que queria dizer para não acabar perdendo o emprego. Meu chefe me entregou suas coisas enquanto ele andava à minha frente balançando a mão, ele e a tal de Camila fazem o par perfeito dois riquinhos metidos a bestas. 

Após mais uma reunião finalizada recebi uma ligação de Verinha e isso acendeu um alerta em mim e atendi rapidamente. 

— Graças aos céus consegui falar com você, estou ligando para Joyce e não consegui. 

— O que houve, Verinha? – Perguntei alarmada. 

— Não sei o que aconteceu Anthonella, eu… eu juro que não tive culpa…

— Pelos deuses, Verinha!  Me diz o que aconteceu? 

— MaFê comeu alguma coisa e está passando muito mal. 

Assim que eu ouvi isso meu peito acelerou e fiquei muito nervosa. Avisei a Verinha que chegaria em breve e desliguei o celular apavorada. 

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