Río de Janeiro, 2023
Meu despertador anunciou a chegada de um novo dia e me levantei rapidamente, fiz o que tinha que fazer e preparei o café para MaFê, fui ao quarto da minha princesa e a chamei que resmungou. — Cinco minutinhos mamãe. – Ela pede virando pro outro lado. — Nem cinco e nem três, vamos dona Maria Fernanda, ou levanta ou vou te atacar com cosquinhas. Minha filha riu e eu sabia que ela queria que eu fizesse cócegas nela, ela gargalhava animadamente e a levei ao banheiro, depois banho estava secando seu cabelo quando a vi olhar fixamente para minha barriga. — Mamãe, que ‘maca’ é essa? — Essa marca aqui? – Apontei e ela assentiu. — Foi por aqui que você saiu. – Ela olhou pra mim curiosa. — Eu que te cortei? — Não meu amor, o médico que fez esse corte pra você sair. – MaFê passou a mão pela cicatriz e depois me abraçou pedindo desculpa. — O que a mamãe sempre fala pra você? — Que eu ‘so’ a luz que ilumina. — Isso mesmo, você é o presente mais lindo que recebi do céu e essa cicatriz aqui é a lembrança disso. – Ela sorriu abandonando a culpa. Depois de prontas tomamos café e a levei para escola, depois de entregá-la no portão entrei no carro e estava prestes a dar a partida quando recebi a ligação do meu chefe me mandando ir para sua casa, respirei fundo e fui me encontrar com ele, pelo seu tom de voz havia alguma coisa errada só espero que eu não tenha feito nenhuma merda. Cheguei em seu apartamento e fui recebida por dona Beatriz que me mandou entrar na quarta porta à esquerda, agradeci a ela e ao abrir a porta indicada nada havia me preparado para aquilo. Jonathan estava sem camisa, socando o saco com luvas de boxeador e confesso que ao vê-lo fazendo aquele movimento me subiu um calor e imaginei diversas situações obscenas. “Anthonella Fagundes para de fantasiar.” Meu subconsciente ralhou comigo me trazendo para a realidade e antes de me aproximar dele precisei respirar três vezes. Como ele estava de fones de ouvidos não havia notado a minha presença, então me aproximei e toquei em seu braço para chamar a sua atenção. Rapidamente Jhonathan se assustou e tirou seus fones de ouvido. — Bom dia, vim como pediu, o senhor precisa de algo? – Perguntei a ele que me encarou de cara fechada. O que será que eu fiz agora? — Sim, preciso que você corrija esse relatório imediatamente. – Ele estendeu o tablet para mim, e comecei a analisar o documento. — Essa parte aqui está completamente errada! Como você pode ter cometido um erro tão básico? Franzi a testa, tentando entender do que se tratava. Quando peguei para ler o documento e localizei meu erro, percebi que havia apenas esquecido de por uma crase. — Eu... me desculpe, senhor, não percebi esse detalhe. Vou corrigir imediatamente. Ele bufou, visivelmente irritado. — Não é questão de "não perceber", senhorita Anthonella. Isso é básico! Espero que você preste mais atenção da próxima vez. Se isso acontecer de novo, teremos um sério problema. Engoli em seco, me sentindo pequena diante da reprimenda de meu chefe. — Entendi, senhor. Vou me certificar de revisar com mais cuidado da próxima vez. Ele assentiu, mas ainda parecia insatisfeito. — Espero que não haja próxima vez. Agora, corrija isso o mais rápido possível. Não podemos nos dar ao luxo de cometer erros desse tipo. Assenti e fechei a porta atrás de mim, sentindo o peso da reprimenda de meu chefe. Mesmo que para mim parecesse um erro bobo, percebi que precisava ser mais cuidadosa em meu trabalho. Após corrigir meu erro e me certificar que não havia nenhum outro, dona Beatriz me chamou para tomar café e aceitei de bom grado. — O que foi Anthonella? Você me parece tensa. — Não se preocupe, dona Beatriz é apenas um problema que precisei resolver. Nossa! Esse café está uma delícia. — É um café austriaco que o Jhonathan toma. — Não é aquele que usam o cocô do macaco não, né? Se for nem me avise para não colocar os bofes pra fora. Beatriz soltou uma gargalhada ao mesmo tempo que Jhonathan entrou na cozinha devidamente arrumado. — Posso saber o motivo da risada? – Ele perguntou. — Anthonella é uma figura, me divirto com ela. – Beatriz brincou — Então ao invés de ser assistente deveria ser humorista. – Na bora me senti constrangida e pedi licença me retirando para esperar na sala. Enquanto aguardava meu celular vibrou e vi o nome da minha amiga piscando na tela. “Amiga, como andam as coisas aí? Está mais à vontade com o pai da sua filha?” – Joy me mandou vários emojis sorridentes. “Ele não é o pai da minha filha, é apenas meu chefe, já te pedi para parar com isso e as coisas não andam nada bem, quando chegar em casa conversamos melhor, não esqueça de pegar a MaFê na escola, por favor.” “E desde quando, esqueci?” – Minha amiga perguntou e tenho certeza que pelo emoji que me mandou se sentiu ofendida. “Semana passada, amiga preciso ir.” Travei o celular ao mesmo tempo que Jhonathan me avisou que deveríamos ir, me despedi de Beatriz e quando chegamos ao estacionamento ele me avisou que iriamos no mesmo carro e perguntei o que eu faria com o meu e ele me mandou pôr na sua vaga. Nós dois andamos de um lado a outro de um lado a outro, Jhonathan evitava conversar comigo e eu achava até bom, minha relação com o senhor Diogo era tão boa, quando saímos para reuniões conversávamos por horas, ele e a esposa iam às festas de MaFê e davam muitos presentes para a minha pequena que adorava, já com o meu novo chefe acho que essa relação será difícil e se bem que eu nem quero esse contato assim com ele. — Senhorita Anthonella. – Jhonathan estalou os dedos na minha frente. — Sim. — Acho melhor a senhorita deixar para sonhar fora do horário do expediente. O encarei e engoli em seco o que queria dizer para não acabar perdendo o emprego. Meu chefe me entregou suas coisas enquanto ele andava à minha frente balançando a mão, ele e a tal de Camila fazem o par perfeito dois riquinhos metidos a bestas. Após mais uma reunião finalizada recebi uma ligação de Verinha e isso acendeu um alerta em mim e atendi rapidamente. — Graças aos céus consegui falar com você, estou ligando para Joyce e não consegui. — O que houve, Verinha? – Perguntei alarmada. — Não sei o que aconteceu Anthonella, eu… eu juro que não tive culpa… — Pelos deuses, Verinha! Me diz o que aconteceu? — MaFê comeu alguma coisa e está passando muito mal. Assim que eu ouvi isso meu peito acelerou e fiquei muito nervosa. Avisei a Verinha que chegaria em breve e desliguei o celular apavorada.Rapidamente me aproximei de Jhonathan e expliquei a ele o que estava acontecendo. Ele me ofereceu ajuda, mas recusei, dizendo que daria um jeito. No entanto, ele, como alguém que não aceita um "não" como resposta, pôs a mão em minhas costas e me guiou até o carro, pedindo que eu desse o endereço de onde estava minha filha. Durante todo o trajeto, eu balançava as pernas nervosamente, ansiosa pelo que encontraria. Assim que chegamos, agradeci e saí rapidamente do carro. Bati no portão e Verinha atendeu, com a minha filha no colo, tentando respirar. Rapidamente peguei sua bombinha e fiz os procedimentos necessários. Quando minha filha respirou normalmente, senti o alívio me tomar.— Desculpe mesmo, Anthonella. Eu não sei o que aconteceu. – Verinha parecia preocupada.— Não foi o que ela comeu, era a crise de asma. Lembra das instruções e dos medicamentos que eu deixei pra você? Como você estava nervosa, eu não consegui entender o que era. – Expliquei calmamente, tentando acalmá-la.Ela s
— An, você não vai me cumprimentar? – Priscila sorriu para mim e respirei fundo. — Anthonella não tem nada para falar com você Priscila, vamos An. – Minha amiga puxou o meu braço. — Mamãe, quem é essa moça? – Maria Fernanda perguntou e Priscila a encarou. — Quem é essa menina? – Ela perguntou. — Menininha quantos anos você tem. — Eu tenho assim “ó”. – Ela fez o sinal de quatro com os dedos. Quando minha filha disse a idade que tinha, Priscila me encarou e eu sabia o que ela estava pensando. — Antes que diga alguma coisa ela não é a filha de quem está pensando — Pela as minhas contas, ela é sim filha de Ramón, ele vai adorar isso. — Como Joyce já disse, ela não é a filha do Ramón, agora se nos der licença temos mais o que fazer. Peguei a mão da minha filha e sai de lá, tenho certeza que Priscila vai contar ao Ramón e ele vai ficar com ideias erradas. No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era quebrado apenas pelo suave som que Maria Fernanda, que adormecera no ba
Entrei na sala do meu chefe e perguntei o que estava acontecendo e ela praticamente jogou a bandeja em cima de mim. — Já é a segunda vez que eu venho aqui e vejo a bandeja com resto de comida, você como assiste pessoal está fazendo um péssimo serviço, leve isso daqui imediatamente. – Ela falou exatamente como da outra vez. — Camila não…— Você é muito bonzinho com os funcionários Jhonjhon, temos que tratá-los com punhos de ferro já que pagamos o seu salário. Espero que da próxima vez eu não tenha que te ensinar o seu trabalho. Agora pode sair. — Corja de arrogantes do caralho! – Falei baixinho para mim mesma. — O que disse? – Ela perguntou. — Não disse nada, senhorita, com licença. — Acho bom, por que se não estiver satisfeita é só pedir demissão, está cheio de gentinha como você precisando de trabalho. Respirei fundo e contei até dez para não retrucar aquela mulher maluca e sem noção. Antes de sair olhei para meu chefe que nada disse.— Argh! Esses dois filhos da puta se merec
Estacionei no portão de casa e limpei as lágrimas para que minha filha não percebesse que eu estava chorando, entrei em casa e ela estava animada dançando as músicas do mundo Bita e pediu para que eu brincasse com ela, me abaixei ficando a sua altura e expliquei que estava com dor de cabeça, mas que amanhã não ia ter trabalho e eu poderia ficar com ela o dia todo, minha pequena logo se animou e beijei topo de sua cabeça.Joyce percebeu que eu não estava bem e disse que colocaria MaFê para dormir e agradeci a ela, entrei no meu quarto e me joguei na cama com a roupa que estava, me permitir chorar tudo que estava preso em mim, que vergonha passei hoje, por que eu tive que esbarrar com Priscila? Um tempo depois minha amiga entrou trazendo chá de camomila e me fez beber, ela sentou na beirada da cama e me pediu para contar tudo o que havia acontecido e contei todos os detalhes a ela. — Não creio amiga! Que dia de merda você teve hoje e eu estava reclamando que uma criança vomitou no chã
Jhonathan Lancaster Trabalhar no Brasil tem sido um desafio de diversas maneiras, as pessoas aqui são… elas tem uma visão diferente a respeito de tudo, a maneira delas agirem às vezes espalhafatosas, chega ser estranho e olha que o sangue brasileiro também corre em minhas veias. Preciso ter muito mais tato para falar com as pessoas daqui, acho que por isso meu pai me mandou para cá, pois meus irmão seriam processados na primeira oportunidade. Outro desafio é trabalhar com a minha assistente, Anthonella não é uma má funcionária, pelo contrário ela está sempre atenta e disposta a me atender, confesso que às vezes sou muito duro com ela e não sei o motivo. Camila tem sido muito insistente, ela não aceita não como resposta e como os meus pais aprovam a nossa união e por isso resolvi dar mais uma chance para nós, porém não me vejo preso novamente em relacionamento com ela e nem com ninguém para ser exato me sinto feliz com a minha vida de solteiro. Anthonella entrou em minha sala traze
Anthonella FagundesQuando vi meu chefe ali parado, confesso que fiquei nervosa e preocupada, mas ao decorrer da noite, ele se mostrou um cara bacana. Seu amigo Cláudio estava monopolizando a minha amiga, o que fazia Marinho olhar em nossa direção de cara feia.Os caras não paravam de pedir drinks, e eles adoravam quando eu acertava os gostos deles. Isso nos rendeu muitas gorjetas generosas. Claro que tinha os engraçadinhos que achavam que queríamos ir para a cama com eles.— Os homens sempre ficam em cima de você assim? – Jhonathan perguntou.— Homens sendo homens. – Revirei os olhos e ele riu, revelando suas covinhas. — Você fica bonito quando está relaxado.Os olhos verdes dele se fixaram nos meus e me arrependi do que disse. Aproveitei que um cara me chamou e fui atendê-lo. Depois que entreguei sua bebida, minha amiga me puxou para perto dela.— Poderia ter apenas me chamado, amiga, por que me puxar desse jeito?— Amiga, quem é esse gato? Vocês parecem bem íntimos. – Tem horas qu
Rio de Janeiro, 2016 Estava no quarto quando Ramón chegou e se jogou ao meu lado.— Onde você vai arrumada desse jeito? — Ele perguntou, olhando a minha bunda.— Estou indo para o curso, já se esqueceu?— Ah, não! Hoje você vai comigo para a boate, se esqueceu que dia de sexta o movimento é grande e outra coisa eu quero ficar com você, gata.Tentei argumentar com Ramón que acabaria reprovada por falta, mas como é ele quem paga o curso, não vou discutir. Acho que a maior burrada que fiz foi ouvi-lo e sair do meu emprego.— Tudo bem, Ramón, eu vou com você.— Tira essa roupa sem graça e coloca aquelas brilhosas que eu te dei. Você tem um corpão e tem que exibir.Meu marido é o primeiro homem que vejo que gosta de me ver com roupas curtas e justas. Parece que curte quando os homens me comem com os olhos. Fui até o guarda-roupa e escolhi a roupa menos pior. Ele sabe muito bem que esse estilo não é para mim, tem mais a ver com Priscila, mas como não quero contrariá-lo, vou usar.Pus a rou
Rio de Janeiro, 2023Após o café, Joyce avisou que iria trabalhar. Como estava cansada demais, resolvi que não iria ao shopping hoje com minha filha. Liguei a televisão e a deixei assistindo enquanto limpava a casa. Depois que terminei a limpeza, Maria Fernanda me chamou para assistir a um desenho do "My Little Pony" e me encheu de perguntas sobre como são os pôneis e se eu já tinha visto um. Estava conversando com ela quando a campainha tocou. Achei estranho e logo um sinal de alerta se acendeu. Será que Ramón conseguiu meu endereço? Daquele lá, eu espero qualquer coisa. Atendi a porta apreensiva e me surpreendi ao ver Jhonathan parado ali.— Boa tarde, senhorita Anthonella.— Boa tarde, senhor Lancaster. Que surpresa encontrá-lo aqui. O senhor deseja algo? — Perguntei, curiosa.— Vim visitá-la e saber se está bem após o ocorrido de ontem. Posso entrar ou a senhorita vai me deixar plantado aqui fora?Era só o que me faltava: Jhonathan aqui. Abri o portão, lhe dando passagem. Enquanto