A linha ficou muda por um bom tempo, e de repente, minha amiga soltou um grito esganiçado.
— Porra! Para de gritar no meu ouvido. – Falei com ela enquanto massageava meu ouvido.
— Você me taca uma bomba dessas e quer que eu fique como? Como descobriu?
Contei a ela que ele estava com uma camiseta regata e vi o escorpião em seu braço e depois disso tudo se esclareceu.
— O que você vai fazer, An?
— Trabalhar e manter a MaFê mais afastada possível dele, não quero que minha filha sofra uma rejeição ou que queiram arrancá-la de mim.
Uma vez eu ouvi uma frase que se aplica muito a esse momento: “O destino é mesmo um filho da puta”. Joy me falou que assim que chegamos em casa tínhamos que conversar e concordei.
Trabalhei o dia todo pensativa, deixei algumas papeladas caírem no chão, Jhonathan me encarou quando me viu juntando os documentos.
Berenice me ajudou a separar os documentos e me grampeou.
— Anthonella, o que está acontecendo com você, mulher? Está mais dispersa do que antes.
— Minha cabeça está cheia de preocupações, só isso. – Expliquei a ela, e quando entrei na sala de Jhonathan, ele me chamou para sentar.
Ficamos nos encarando, e ele percebeu que eu estava desconfortável em sua presença.
— Gostaria de me desculpar mais uma vez pelo ocorrido esta manhã. Meu irmão é uma boa pessoa, juro. Mas às vezes ele é meio babaca. Não estou isentando ele de nada, me entenda. Já ralhei com ele, e aquele comportamento não se repetirá. Como vejo que está bastante tensa hoje, vou deixar que tire o dia de folga.
— Não precisa, senhor, eu posso trabalhar.
Forcei um sorriso, e ele me encarou mais uma vez.
— Você tem certeza? – Ele perguntou novamente, e assenti. — Tudo bem então, se apresse, pois temos que sair daqui a pouco.
Havia me esquecido de que ficaria dentro de um carro com ele. Respirei fundo e me levantei, pegando minhas coisas.
Já dentro do carro, recebi uma ligação de minha amiga avisando que Maria Fernanda estava com febre e que precisou buscá-la na escola. Não acredito que isso esteja acontecendo justo hoje.
— Está tudo bem? – Jhonathan perguntou preocupado.
— Estou sim, é só a minha filha que está com febre, mas minha amiga vai buscá-la na escola para mim.
— Maria Fernanda, eu li a sua ficha, ela tem quatro anos, né? – Quando ele me fez essas perguntas, fiquei preocupada e apenas assenti. — Sei que já disse que está bem, mas vou perguntar novamente, você está…
— Sim, estou bem, não se preocupe. – Voltamos a ficar em silêncio.
Após o silêncio constrangedor no carro, finalmente chegamos ao destino. O motorista estacionou o carro e Jhonathan e eu descemos, entramos no restaurante e avistamos senhor Fabrício e Mariene, sua assistente.
— Então finalmente estou conhecendo o famoso Jhonathan Lancaster. – Os dois se cumprimentam. — Essa aqui é minha assistente Mariene.
— Essa aqui é minha assistente An…
— Anthonella, a conheço bem desde quando trabalhava com Diogo, você fez uma excelente escolha a mantendo.
Senhor Fabrício disse e em outro momento eu até ficaria animada, mas devido às circunstâncias estou meio avoada. Nos sentamos e todos fizeram os seus pedidos menos eu.
— Você não vai comer?
— Não senhor obrigada! – Os dois iniciaram a conversa enquanto eu fazia as anotações necessárias.
Após o almoço voltamos para o escritório e durante o trajeto continuamos em silêncio, assim que o carro estacionou descemos e entramos no elevador juntos, confesso que enquanto estava no elevador com Jhonathan, alguns flashes da nossa noite passaram por minha mente e estava me sentindo quente, droga! Por que os elevadores trazem essas atmosferas eróticas?
Quando o elevador finalmente chegou ao nosso destino eu praticamente pulei para fora e fui para minha mesa.
— Anthonella, você está bem?
Berenice perguntou e eu disse que estava tudo bem.
— Hoje, você anda muito esquisita – expliquei a ela que minha filha está doente. — Sério que a Nandinha está com febre? Vai levar ela ao médico?
— Se ela continuar com febre, sim.
Berenice e eu estávamos conversando quando a senhorita chatinha surgiu e pediu para falar com o meu chefe, a anunciei e ele não me parecia muito satisfeita, mas me mandou deixá-la entrar.
— Finalmente, você não foi inútil dessa vez.
Avisei que meu chefe a estava esperando e quando ela entrou meu sorriso morreu.
— Nem sempre ter dinheiro é sinal de boa educação. – Concordei com as palavras de Berenice.
Quando o expediente finalmente terminou fui para casa completamente cansada mentalmente, quando cheguei em casa estava cansada, mas fui para o quarto da minha pequena e medi a sua temperatura e fiquei aliviada quando vi que estava normal.
Abracei a minha filha que resmungou dizendo que estava cansada, então a ajeitei na cama, e fiquei fazendo carinho em sua cabeça até que ela dormiu.
Sai do seu quarto e me joguei no sofá, estava exausta e cheia de preocupação na cabeça.
— E aí amiga, vai me contar tudo nos mínimos detalhes?
— Miga, estou cansada, o dia foi longo e arrastado.
— Nem vem fiquei o dia todo curiosa para saber as novidades.
Contei tudo para minha amiga, inclusive sobre o pedido de Berenice para sair, ela me disse que eu deveria dar uma chance a ele e eu neguei.
— Quando você vai voltar a sair com alguém novamente? Se você teve três namorados foi muito amiga, você é linda e tem tantos caras querendo sair com você, por que não se dá chance.
— Não quero enfiar qualquer homem dentro da minha casa, eu tenho uma filha pequena e a gente ouve tantos casos de homens que se fazem de bonzinhos e depois que estão dentro mostram a sua verdadeira face e eu não quero expor minha filha a esse tipo de perigo.
— Você está certa, mas não totalmente. Tem muitos caras bacanas por aí é só saber escolher.
— Vamos mudar de assunto. – Pedi a ela que começou a contar os detalhes sobre o seu dia, e começamos a rir das trapalhadas do novo garçom, só a minha amiga para me fazer em um momento desses. — Voltando o assunto pra você. Amiga, você não acha que o Jhonathan deve saber que ele é pai.
— Como eu te disse no telefone mais cedo, se depender de mim ele nunca saberá a respeito da minha filha. Ele nem se lembra de nada sobre aquela noite e é bom assim.
Minha amiga balançou a cabeça em negativa e dei de ombros, quando vi a hora já passava, da meia noite me despedi de Joy e fui para cama, enquanto me deitava lembranças do passado me vieram à mente.
Río de Janeiro, 2015Estava escrevendo a redação da escola quando Joyce e Priscila se jogaram na cama me assustando. — Aí, suas doidas! Vocês me assustaram. – Reclamei com elas. — E o que a senhorita está fazendo de tão importante que estava concentrada? – Priscila tomou o caderno da minha mão e começou a ler. — Que merda é essa que você está escrevendo? Expliquei a elas que era a minha redação da escola e Pri riu de mim me deixando confusa. — Você acha mesmo que antes dos trinta vai estar formada, e vai se casar com um cara legal, olha para onde vivemos An, somos órfãos em breve estaremos por nossa própria conta pare de sonhar amiga, teremos sorte de encontrar um cara que não nos bata. — Priscila deixa a An sonhar, não podemos ser amarguradas igual a você. – Joyce tomou a frente.— Vocês duas chatas, porque não tentam arrumar um cara rico? A gente vai sair daqui e não vamos ter saída.— Temos sim, já combinei com o Marinho e ele vai arrumar vagas pra gente no Dolore’s burguer. E
Río de Janeiro, 2023Meu despertador anunciou a chegada de um novo dia e me levantei rapidamente, fiz o que tinha que fazer e preparei o café para MaFê, fui ao quarto da minha princesa e a chamei que resmungou.— Cinco minutinhos mamãe. – Ela pede virando pro outro lado. — Nem cinco e nem três, vamos dona Maria Fernanda, ou levanta ou vou te atacar com cosquinhas. Minha filha riu e eu sabia que ela queria que eu fizesse cócegas nela, ela gargalhava animadamente e a levei ao banheiro, depois banho estava secando seu cabelo quando a vi olhar fixamente para minha barriga. — Mamãe, que ‘maca’ é essa? — Essa marca aqui? – Apontei e ela assentiu. — Foi por aqui que você saiu. – Ela olhou pra mim curiosa. — Eu que te cortei? — Não meu amor, o médico que fez esse corte pra você sair. – MaFê passou a mão pela cicatriz e depois me abraçou pedindo desculpa. — O que a mamãe sempre fala pra você? — Que eu ‘so’ a luz que ilumina. — Isso mesmo, você é o presente mais lindo que recebi do céu
Rapidamente me aproximei de Jhonathan e expliquei a ele o que estava acontecendo. Ele me ofereceu ajuda, mas recusei, dizendo que daria um jeito. No entanto, ele, como alguém que não aceita um "não" como resposta, pôs a mão em minhas costas e me guiou até o carro, pedindo que eu desse o endereço de onde estava minha filha. Durante todo o trajeto, eu balançava as pernas nervosamente, ansiosa pelo que encontraria. Assim que chegamos, agradeci e saí rapidamente do carro. Bati no portão e Verinha atendeu, com a minha filha no colo, tentando respirar. Rapidamente peguei sua bombinha e fiz os procedimentos necessários. Quando minha filha respirou normalmente, senti o alívio me tomar.— Desculpe mesmo, Anthonella. Eu não sei o que aconteceu. – Verinha parecia preocupada.— Não foi o que ela comeu, era a crise de asma. Lembra das instruções e dos medicamentos que eu deixei pra você? Como você estava nervosa, eu não consegui entender o que era. – Expliquei calmamente, tentando acalmá-la.Ela s
— An, você não vai me cumprimentar? – Priscila sorriu para mim e respirei fundo. — Anthonella não tem nada para falar com você Priscila, vamos An. – Minha amiga puxou o meu braço. — Mamãe, quem é essa moça? – Maria Fernanda perguntou e Priscila a encarou. — Quem é essa menina? – Ela perguntou. — Menininha quantos anos você tem. — Eu tenho assim “ó”. – Ela fez o sinal de quatro com os dedos. Quando minha filha disse a idade que tinha, Priscila me encarou e eu sabia o que ela estava pensando. — Antes que diga alguma coisa ela não é a filha de quem está pensando — Pela as minhas contas, ela é sim filha de Ramón, ele vai adorar isso. — Como Joyce já disse, ela não é a filha do Ramón, agora se nos der licença temos mais o que fazer. Peguei a mão da minha filha e sai de lá, tenho certeza que Priscila vai contar ao Ramón e ele vai ficar com ideias erradas. No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era quebrado apenas pelo suave som que Maria Fernanda, que adormecera no ba
Entrei na sala do meu chefe e perguntei o que estava acontecendo e ela praticamente jogou a bandeja em cima de mim. — Já é a segunda vez que eu venho aqui e vejo a bandeja com resto de comida, você como assiste pessoal está fazendo um péssimo serviço, leve isso daqui imediatamente. – Ela falou exatamente como da outra vez. — Camila não…— Você é muito bonzinho com os funcionários Jhonjhon, temos que tratá-los com punhos de ferro já que pagamos o seu salário. Espero que da próxima vez eu não tenha que te ensinar o seu trabalho. Agora pode sair. — Corja de arrogantes do caralho! – Falei baixinho para mim mesma. — O que disse? – Ela perguntou. — Não disse nada, senhorita, com licença. — Acho bom, por que se não estiver satisfeita é só pedir demissão, está cheio de gentinha como você precisando de trabalho. Respirei fundo e contei até dez para não retrucar aquela mulher maluca e sem noção. Antes de sair olhei para meu chefe que nada disse.— Argh! Esses dois filhos da puta se merec
Estacionei no portão de casa e limpei as lágrimas para que minha filha não percebesse que eu estava chorando, entrei em casa e ela estava animada dançando as músicas do mundo Bita e pediu para que eu brincasse com ela, me abaixei ficando a sua altura e expliquei que estava com dor de cabeça, mas que amanhã não ia ter trabalho e eu poderia ficar com ela o dia todo, minha pequena logo se animou e beijei topo de sua cabeça.Joyce percebeu que eu não estava bem e disse que colocaria MaFê para dormir e agradeci a ela, entrei no meu quarto e me joguei na cama com a roupa que estava, me permitir chorar tudo que estava preso em mim, que vergonha passei hoje, por que eu tive que esbarrar com Priscila? Um tempo depois minha amiga entrou trazendo chá de camomila e me fez beber, ela sentou na beirada da cama e me pediu para contar tudo o que havia acontecido e contei todos os detalhes a ela. — Não creio amiga! Que dia de merda você teve hoje e eu estava reclamando que uma criança vomitou no chã
Jhonathan Lancaster Trabalhar no Brasil tem sido um desafio de diversas maneiras, as pessoas aqui são… elas tem uma visão diferente a respeito de tudo, a maneira delas agirem às vezes espalhafatosas, chega ser estranho e olha que o sangue brasileiro também corre em minhas veias. Preciso ter muito mais tato para falar com as pessoas daqui, acho que por isso meu pai me mandou para cá, pois meus irmão seriam processados na primeira oportunidade. Outro desafio é trabalhar com a minha assistente, Anthonella não é uma má funcionária, pelo contrário ela está sempre atenta e disposta a me atender, confesso que às vezes sou muito duro com ela e não sei o motivo. Camila tem sido muito insistente, ela não aceita não como resposta e como os meus pais aprovam a nossa união e por isso resolvi dar mais uma chance para nós, porém não me vejo preso novamente em relacionamento com ela e nem com ninguém para ser exato me sinto feliz com a minha vida de solteiro. Anthonella entrou em minha sala traze
Anthonella FagundesQuando vi meu chefe ali parado, confesso que fiquei nervosa e preocupada, mas ao decorrer da noite, ele se mostrou um cara bacana. Seu amigo Cláudio estava monopolizando a minha amiga, o que fazia Marinho olhar em nossa direção de cara feia.Os caras não paravam de pedir drinks, e eles adoravam quando eu acertava os gostos deles. Isso nos rendeu muitas gorjetas generosas. Claro que tinha os engraçadinhos que achavam que queríamos ir para a cama com eles.— Os homens sempre ficam em cima de você assim? – Jhonathan perguntou.— Homens sendo homens. – Revirei os olhos e ele riu, revelando suas covinhas. — Você fica bonito quando está relaxado.Os olhos verdes dele se fixaram nos meus e me arrependi do que disse. Aproveitei que um cara me chamou e fui atendê-lo. Depois que entreguei sua bebida, minha amiga me puxou para perto dela.— Poderia ter apenas me chamado, amiga, por que me puxar desse jeito?— Amiga, quem é esse gato? Vocês parecem bem íntimos. – Tem horas qu