Capítulo 08

Anthonella Fagundes 

Estava acertando a agenda pessoal de Jhonathan quando alguém se aproximou da minha mesa. Berenice pigarreou e, quando olhei para ela, fez um gesto me mandando olhar para frente. Assim que levantei o rosto, vi um cara muito bonito que tinha aparência do meu chefe. Será ele um irmão ou parente dele?

— Good Afternoon! – O homem me encarou.

— Good Afternoon, would you like to speak with someone?

— Yes, my brother, Jhonathan Lancaster.

Ele não tem o português perfeito como irmão e acaba misturando as duas línguas. Ainda bem que a empresa nos deu um curso de inglês. Levei-o até a sala do meu chefe e, enquanto caminhava, senti que estava sendo observada por ele, aquilo estava me deixando muito sem graça. Depois que deixei os dois sozinhos, voltei para minha mesa e me sentei.

— Parece que você tem um admirador secreto.

— Estou passando longe de homens, ainda mais no meu caso que tenho a minha filha pequena, meu tempo é totalmente dela.

— Sempre tem um tempinho para o amor, minha querida! – Olhei para ela e balancei a cabeça negando.

Quando os dois saíram da sala, o irmão do meu chefe me encarou de maneira maliciosa, esse olhar eu conhecia bem, recebia muitos desses olhares quando era casada e isso me rendia um problemão.

— Bom querida, parece que vamos sair cedo, hoje. – Berenice disse animada.

— Vou poder ficar um pouco mais com minha filha e quem sabe eu consiga levá-la ao shopping um pouco.

Arrumamos as nossas coisas e fomos para o elevador, assim que ele chegou, Breno, um colega de trabalho, surgiu com algumas pastas.

— Oi, Bere, oi Anthonella, estava indo levar essas pastas para o chefe.

— Ele limpou a agenda e foi embora mais cedo, Breno, me dê aqui que ponho em sua sala. – Peguei as pastas de suas mãos.

Berenice me avisou que iria me esperar e agradeci a ela, coloquei as pastas arrumadas e deixei um bilhete para Jhonathan, tranquei a sua sala e voltei para o elevador encontrando Berenice à minha espera.

— Por que não foi?

— Fiquei te esperando para descermos juntos e aproveitei para fazer companhia a Berenice. – O elevador chegou e entramos, Breno me encarava de maneira estranha e tentei ignorar. — Anthonella, será que um dia podemos sair, tipo assim: como amigos ou…

— Breno, você é um bom amigo, eu gosto muito de você, mas no momento não tenho tempo para sair com ninguém.

Ele me encarou por alguns momentos e abaixou a cabeça, assim que ele saiu, Berenice ficou me falando das oportunidades que eu não deveria deixar escapar e mantive a minha fala de não ter tempo para isso.

Cheguei ao meu carro e liguei para Verinha pedindo a ela que arrumasse a minha filha, porque iria levá-la ao shopping. Assim que desliguei o celular, liguei o carro e fui para casa, chegando lá me arrumei e peguei a minha filha e fomos ao shopping.

— Mamãe, a gente pode ir no cinema? – Ela pede com os olhinhos brilhando.

— Hoje não, nós vamos dar uma volta no shopping e comprar um brinquedo, tá bom?

— E um sorvete, a gente pode chupar?

— Um sorvete sim.

Ela vibrou e sorriu para mim agradecendo abraçando a minha perna. Como prometido, ela tomou sorvete, comprou um brinquedo e tiramos algumas fotos legais para o nosso álbum de lembranças, faço questão de registrar cada momento, pois se um dia eu vier a faltar, minha filha terá as nossas lembranças.

— Se divertiu no passeio, filha?

— Sim sim. Eu gostei muito, a gente pode ‘faze’ isso amanhã?

Expliquei a ela que não é sempre que posso sair cedo, só trabalho, e ela balançou a cabeça entendendo tudo o que eu falava. Compramos comida e quando chegamos, Joyce estava sentada massageando os pés.

— Que fedor de queijo podre é esse? – Brinquei.

— Tenta ficar em pé o dia inteiro atendendo os clientes chatos que só reclamam?

— Eu sei amiga, já se esqueceu que fui garçonete assim que saímos do orfanato.

— Nem me lembre daquele inferno, a gente querendo trabalhar em um fast food famoso e fomos parar no Dolore’s burguer.

— Aquele lugar deveria ser chamado de inferno burguer. – Olhei meu pulso onde havia uma queimadura do meu primeiro dia na chapa.

— An, não lembre dos tempos ruins.

— Eu tento juro. – Ela fez uma careta e eu gargalhei. — Comprei comida, mas deixa eu dar banho em MaFê primeiro.

Depois que dei banho em minha filha, jantamos e ficamos assistindo televisão até que minha pequena deu sinal de sono e a pus na cama, como estava cansada também fui para a cama e dormi.

Na manhã seguinte, me telefonaram avisando que havia um documento que meu chefe deveria assinar com urgência, então imprimi o arquivo e fui para a casa de Jhonathan. Assim que cheguei, fui recepcionada por Beatriz, ela me pediu para esperar enquanto chamava Jhonathan. Estava prestes a me sentar quando Dave apareceu, sei lá de onde, ele me assustou e sorriu.

— Sorry! Não queria te assustar.

— Tudo bem.

— Alguém já disse que você é linda? Seu nome também é. – Olhei para ele confusa. — Perguntei seu nome ao meu irmão, e aí topa uma saidinha, acho que você iria gostar.

Ele deu um sorriso de lado, sabia? Ele é um cretino. Dave se aproximava e eu me afastava, até que a voz do meu chefe ecoou.

Seu irmão parou e Jhonathan percebeu meu desconforto.

— Dave, só sai daqui, antes que eu ligue para Mirtes e tenho certeza que ela não vai gostar de saber que você está dando em cima de mais uma assistente. – Ele bufou e antes de sair, me deu uma piscadela.

— Cretino! – balbuciei.

— Desculpe por isso, Anthonella, meu irmão às vezes passa dos limites, o que veio fazer aqui?

Entreguei o documento a ele e expliquei que ele precisava assinar com urgência. Jhonathan estava com uma camiseta regata e, quando olhei para o seu braço, arregalei os olhos. O universo só pode estar brincando comigo?

— Anthonella! – Jhonathan, estalou os dedos na minha direção e me entregou a pasta. Apenas peguei e saí daquele lugar praticamente correndo.

Quando cheguei no carro, peguei meu celular e liguei para Joy que atendeu no quarto toque.

— O que foi chata?

— Amiga, eu achei o pai da Maria Fernanda e você não vai acreditar quem é.

— Conta logo! O suspense está me matando.

Minha amiga pediu e respirei fundo.

— O pai da MaFê é ninguém menos que o meu chefe.

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