PRÓLOGO E PREFÁCIO - PARTE 2.

— Está chovendo muito, ainda. Parece ser perigoso.

— Tomarei cuidado. Fique aqui, não saia, mesmo que eu demore.

— Mas, Luthiah

— Sarah, eu estou vendo algumas luzes diferentes e escutando sons, irei dar uma olhada.

— Não acha que será perigoso? Ainda está chovendo, o chão deve estar muito escorregadio. A água pode estar empossada.

— Algo me diz que não. Como disse, tomarei cuidado. E o mais engraçado, vejo uma pequena luz e é como se essa luz me atraísse, a voz que ouço tem um som feminino e entra em minha mente, como uma melodia.

— Querendo me trair, com a voz feminina e melodiosa de uma luz?

— Jamais, você é única para mim. Mas preciso ver o que se passa.

Sarah riu do marido, ele sempre foi aventureiro e sempre quis descobrir novas coisas. A esposa o acompanhou até a entrada da caverna.

— Não se demore. Estou preparando algo para comermos e se perceber qualquer perigo, volte correndo para nosso abrigo.

— Eu voltarei, e algo me diz, que com grandes descobertas.

Luthiah saiu e caminhou, sem rumo, até perceber a luz novamente, que o levou a entrada de um corredor de pedra, no início do monte, e que parecia distante e enorme. Ele olhou para a infinitude do corredor e começou a andar por ele, sem medo ou incertezas. À medida que se afastava, o brilho da luz aumentava de intensidade, tornando-se mais nítido nas cores prata e dourado, quase lhe ofuscava a visão. A cada pisada, os focos de luz ficavam mais fortes e assim, os passos de Luthiah foram ficando cada vez mais rápidos, ansiosos, e em poucos minutos, mesmo sem correr, chegou ao topo do monte. Havia uma entrada de pedra, enorme em altura e largura, que aos olhos dele, era pintada de dourado. Ficou pensativo, mas a mente e uma voz interior, o mandava entrar. Dez passos a frente, se deparou com um local que se assemelhava a uma sala ampla, meio arredondada.

Nesse local existia, no centro, um obelisco um pouco mais alto do que Luthiah, que tinha um metro e oitenta de altura. Na ponta desse obelisco jazia uma estrela dourada de sete pontas. O homem olhou admirado, mal conseguia se mexer, de tão impressionado que estava. A estrela brilhava em intensidade máxima na cor dourada, que era a predominante, e se mesclava com o prata, violeta e azul. As pernas de Luthiah insistiam em não se moverem. Somente após alguns segundos, ele sentiu uma força estranha e sentiu uma necessidade urgente de ajoelhar-se perante o monumento. De joelhos, com a cabeça encostada no chão, em reverência, ouviu a mesma voz de antes, que o chamava.

A voz sabia o nome do aventureiro morador de Jetiah e o chamou: — Luthiah, seja bem-vindo a minha casa. Você é o escolhido da estrela e tem uma missão muito especial. Pegue a estrela, acostada na ponta do obelisco, leve-a a cidade que está construindo e faça com que o povo deste planeta viva com fartura, vivendo em união, paz e amor. Você como líder terá que ensiná-los o verdadeiro bem. E nunca permita que eles se esqueçam dessas três palavras e as deixe de praticá-las, faça delas um mantra, as escreva em todos os lugares, que se tornarão sagrados: união, paz e amor.

— Como conseguirei. Sou humano e cheio de falhas também.

— Todos os humanos, em qualquer planeta em que estiverem, possuem falhas, mas com bons ensinamentos e a força da estrela podem sempre prosperar.

Mesmo com medo, sem saber o que o esperava, Luthiah se levantou e com seriedade e respeito, pegou a estrela, do alto do obelisco. O Objeto, em suas mãos, diminuiu de tamanho, transformando-se em uma pequena bola, uma chama de fogo ardente e eterno, mas que não queimava ou machucava quando a mão o tocava. O homem preparou-se para voltar para junto de Sarah. Antes de sair pela porta de entrada, para alcançar o corredor e iniciar sua descida, outra grande estrela se formou no mesmo local onde outrora a outra estava e proferiu, mais uma vez, para o primeiro guardião, mais um aviso de extrema importância.

— Luthiah, lembre-se bem dessas minhas últimas palavras. Enquanto o planeta viver em luz, essa luz aqui permanecerá. Se um dia você, ou qualquer outro, não conseguir impedir que essas vastas terras sucumbam às trevas, então a estrela se apagará. No entanto, se essa hora chegar, ela trilhará o caminho de sua volta, por intermédio de duas crianças, por ela mesma, escolhidas, e que poderão a ver em sua sublimidade. Esses dois escolhidos pela estrela é que terão a missão de guiar Jetiah novamente para o caminho da luz. Isso só acontecerá se um dia, vocês, povo desse imenso planeta, sucumbirem aos mais terríveis males, a vaidade, o orgulho, a falta de amor e a ganância por poder. Repito mais uma vez, lembre-se dessas palavras, Luthiah. Agora vá, siga o caminho de volta e cumpra a sua missão.

— A profecia, papai. A própria estrela avisou sobre ela. Será que é por isso que não tinha nada escrito?

— Sim, e tem muito mais, escute.

— Muito mais? Quero ouvir tudo!

Luthiah voltou para junto de sua esposa, que já estava preocupada e contou o que havia acontecido. A princípio, Sarah ficou cética.

— Uma estrela que fala, Luthiah. Isso não existe. E além de tudo ainda se transforma, em sua mão, em uma pequena bola de fogo.

— Olhe você mesmo.

O marido pegou do bolso a pequena bola de fogo, que mesmo perto do tecido de suas vestes, não queimava. Sarah ainda, pela falta de fé que possuía, não conseguia enxergar, mas seguiu o marido para a casa.

— Não estou vendo nada em suas mãos, Luthiah.

— Como não? Está aqui! — Ele estendeu o braço e chegou mais perto dos olhos da esposa.

— Nada vejo. Deve ser a minha falta de fé, quem sabe um dia acredito. Agora vamos voltar para casa, se a ti foi confiada uma missão, deve cumpri-la.

Luthiah não se entristeceu, ele precisava voltar. Foram dias de caminhada, mas de imediato, quando chegaram à cidade que estava sendo construída, o marido correu para a praça. Ainda era apenas um monte de terra. Parado no centro, começou a chamar o povo para lhes narrar todas as novidades e o recado que lhe fora dado.

Uns riram, outros ficaram surpreendidos, e alguns não acreditaram. Luthiah não se aborreceu.

— Sei que é difícil acreditar, não tem problema! A estrela mesmo disse: somos humanos e cheios de falhas. Farei o que ela me pediu e cumprirei minha missão.

Em dois dias, impulsionado pelo desejo de cumprir a missão, construiu um monumento para colocar a pequena bola que carregava consigo e fez o ritual que seu coração comandava e dirigia. De joelhos, diante do pequeno obelisco, tirou a pequena estrela de dentro de seu bolso e a colocou no topo da pedra de granito. Voltou a posição de reverência, quando sentiu a força da luz.

Em poucos segundos, a terra tremeu, e uma luz de proporções gigantescas brilhou, deixando todos os que passavam, trabalhavam ou estavam em casa, chocados. Água começou a jorrar do obelisco, e, de forma incrível, um rio de água límpida se formou. A energia que emanava da Estrela ultrapassou os limites da cidade e correu sobre a terra seca. Arvores brotaram do chão e flores, de espécimes variadas, coloriram o ambiente. Animais belos, entre eles os tigres, vieram saudar um novo planeta que surgia. O povo correu para o centro da praça. Foram cercados por uma quantidade enorme de tigres, mas não tiveram medo. Fizeram o mesmo gesto de Luthiah e reverenciam a luz que lhes dava um novo planeta e uma nova chance de viver.

O novo líder se levantou e viu que a população, inclusive sua mulher, agora acreditavam.

— Povo de Jetiah. Essa estrela nos deu vida. Só temos que sempre trilhar nossas vidas, lembrando-se de três palavras: união, paz e amor.

Luthiah precisava agradecer e, naquele mesmo dia, arreou sua montaria e partiu para o Monte Acadeh. Para sua surpresa, o monte estava inacessível. Separado do restante do planeta por um penhasco, em forma oval, que o circundava, e uma floresta densa. O som do vento aumentou e, então, ele foi envolto por uma nuvem de poeira. Após isso passou a distinguir com clareza os sons à sua volta.

— Luthiah, você cumpriu a primeira parte de sua missão, agora faça deste planeta, a mais bonita das moradas e mantenha esse lar em harmonia. Você será o primeiro rei e o primeiro guardião da estrela também. Outros surgirão para auxiliá-lo e sempre serão presenteados com um colar e a pulseira estelar. Eles carregarão também consigo a espada que os escolher.

— Mas como farei isso? Como saberei quem serão esses guardiões?

— Essa espada, que chegará em sua mão, se multiplicará, no tempo certo, e escolherá os guardiões. Todo guardião escolhido, que não desvirtuar de sua missão, terá um companheiro que também será guardião e Sarah brevemente encontrará seus poderes. Haverá mais dois casais que também se encontrarão na base da estrela, e você forjará para eles os símbolos, através da espada.

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