— Dona Liá, idosa, eu não diria, mas ansiosa, isso sim! — respondeu-lhe Abra, sorrindo — Demorei a verificar, porque essa não é a rota que costumamos fazer, mas é para o mesmo lado que vamos, pelo menos até parte do trajeto. Quando chegarmos em nossa casa, nosso mentor, que conhece o deserto e a região como ninguém, a ajudará e, quem sabe, a acompanhe, até o vosso destino. — Nós temos que partir logo — advertiu Tutti — pois teremos uma longa jornada pela frente. Chegaremos a nossa casa somente ao fim do dia. Eu e senhora vamos no interior da carroça, dona Liá.Liá não tinha palavras para agradecer-lhes, e os abraçou enternecida. — Obrigada, nem sei o que dizer. E não precisam me chamar de Dona, por favor. Sinto-me mais velha, ainda, do que sou.O deserto fazia-se como pintura, uma paisagem mística, porém também muito perigoso, que pregava peças em viajantes descuidados. Liá sentiu-se abençoada por ter encontrado os jovens, já que não tinha certeza se teria sobrevivido sozinha. Agora
— Não se sinta triste, minha amiga. Pressenti a morte de Martin desde essa época, embora não tivesse a confirmação. Agora tudo faz sentido e o sonho que tive com ele, foi um aviso. Nele, Martin perecia defendendo nosso rei e a rainha. — Expôs o cunhado com a voz embargada. — Mas não falemos de morte, falemos de vida! O que a traz aqui após de tanto tempo. Estou sentindo algo diferente, uma áurea boa, vindo de você.Liá, sem conter a emoção, envolveu Marcus, de novo, em um abraço apertado e chorou. Passara muito tempo solitária, sem parentes ou amigos, e agora tinha a chance de estar com eles novamente. Ainda abraçados, Marcus a conduziu pelos corredores e levou-a para uma pequena sala de refeições.— Traga uma bebida para minha amiga, de preferência, algo bem forte!Liá sorriu.— Você continua o mesmo!— Precisamos brindar esse reencontro, que sabemos não ser nenhuma coincidência, não é mesmo. — Com certeza não. A estrela me levou até aqueles jovens e até aqui.— Conte-me, minha irm
— Rainha — os dois guardiões a referenciaram.— Padiah, leve Ané com você para a biblioteca. Não deixe que ele venha atrás de Ali, por favor. — Sim, minha rainha.Padiah saiu e as deixou sozinhas. — Ali, agora sou eu e você. Nossos guardiões, precisam de nós. Pare com esse medo do que Ané possa pensar. Se ele não entender seus poderes, deixe-o brigar, ficar triste, mas agora, nesse momento, o que precisamos é que você use todos os seus poderes.— Minha rainha, acho que tenho mais medo da reação dele, em relação a minha ligação com Carliah, que sabemos ser o Comandante Maior.— Relação essa que já se extinguiu. Você errou lá atrás ao pensar que ele era seu companheiro. Ele se tornou o que é, por vontade própria. Temos que reagir, vencer essa batalha e trazer nosso planeta de volta a vida. Lembre-se, nossos guardiões precisam de nós, e não é só para a batalha final, é para o agora.— Sinto, rainha, que a primeira coisa que preciso fazer, é voltar ao passado. — Lembrar do dia em que c
Ali voltou do transe e respirou profundo. As mãos começaram a se transformarem, mas pararam, quando escutaram vozes, ainda ao longe, mas suficiente para assustá-la. Ainda não era hora.— Você está bem, Ali.— Sim, minha rainha. Já era a índole dele. Por que me esqueci disso?— Porque você, em algum momento, se apaixonou e se decepcionou.— Preciso meditar, meus poderes estão ficando a cada momento mais fortes.— Que a grande guardiã volte as suas origens.— Obrigada rainha. Primeiro pelo puxão de orelha. Segundo por sempre acreditar em mim.— Sinto que precisamos estar com Magdali. Vamos até ela.As duas deixaram o local e partiram para o quarto de Magdali que meditava.*****A guardiã, sentada em posição de lótus, encostada na parede, tremia e suava. — Magdali — Ali a chamou — Está me ouvindo?— Sim. Sinto uma energia. Alguém está tentando comunicar, mas não tem energia suficiente. É o que parece.— A estrela ainda não está ativa em sua totalidade. O que faremos — perguntou a rainha
O chão tremia com as passadas ritmadas e estrondosas dos soldados do Comandante Maior, que avançavam decididos em direção à batalha final. Cada pisada fazia a terra tremer sob seus pés, ecoando a determinação e a ferocidade que impulsionavam seu avanço. Suas armaduras reluziam à luz do sol, refletindo a violência contida e o desejo de conquista que fervilhava em seus corações. O Comandante, imponente em sua armadura de ganância e ódio, liderava a marcha com uma aura de poder incontestável. Seus olhos faiscavam com a sede de domínio enquanto ele vociferava ordens de comando, ecoando pela paisagem desolada."Matem todos! Jetiah é meu planeta. Ataquem, agora!"Do outro lado, os guardiões aguardavam, segurando a estrela brilhante em suas mãos. Seu resplendor irradiava uma luz intensa, trazendo consigo a promessa de renovação e a esperança de um futuro melhor. Acompanhados pelos tigres, espíritos guias daquele lugar sagrado, os dois jovens escolhidos avançavam em direção à praça da Estrela
— Está chovendo muito, ainda. Parece ser perigoso.— Tomarei cuidado. Fique aqui, não saia, mesmo que eu demore.— Mas, Luthiah— Sarah, eu estou vendo algumas luzes diferentes e escutando sons, irei dar uma olhada.— Não acha que será perigoso? Ainda está chovendo, o chão deve estar muito escorregadio. A água pode estar empossada.— Algo me diz que não. Como disse, tomarei cuidado. E o mais engraçado, vejo uma pequena luz e é como se essa luz me atraísse, a voz que ouço tem um som feminino e entra em minha mente, como uma melodia.— Querendo me trair, com a voz feminina e melodiosa de uma luz?— Jamais, você é única para mim. Mas preciso ver o que se passa.Sarah riu do marido, ele sempre foi aventureiro e sempre quis descobrir novas coisas. A esposa o acompanhou até a entrada da caverna.— Não se demore. Estou preparando algo para comermos e se perceber qualquer perigo, volte correndo para nosso abrigo.— Eu voltarei, e algo me diz, que com grandes descobertas.Luthiah saiu e caminh
— Meus filhos também me seguirão?— Depende dos ensinamentos que lhes forem passados e, lógico, deles mesmos aprenderem.— Quem é você? Só escuto a voz, mas não a vejo.— Sou a Estrela de Thuman, guia do planeta Jetiah.— A escutarei de novo?— Eu estarei com vocês, em todos os lugares, inclusive no centro da praça central, enquanto seguirem o bem. Se o mal os apossar, eu serei apagada desse mundo, permanecerei apenas em fios de luz, nas pessoas que ainda seguirem os caminhos do amor.O vento então se esvaiu, e Luthiah, ajoelhado ao chão, limpou a poeira de seus olhos, ao mesmo tempo, em que via crescer grama cerrada e flores ao seu redor. De repente, uma espada flamejante, prateada brilhou em meio ao verde e quando empunhada pela mão de seu guia, aumentou o brilho em intensidade suprema.Alair estava tão absorto na história que não percebeu que sua princesa já havia dormido. Nem percebeu que já há algum tempo era observado pela esposa, encostada no umbral da porta.— Nossa pequena do
O lugar escuro era cheio d'água, por todos os lados. Um lodo se formava abaixo dos pés de Sarati e parecia que a sugaria para debaixo da terra molhada. Ela tentava correr desesperadamente. Seu vestido longo arrastava-se ao chão, se enroscando nos galhos secos, mesmo em águas barrentas, das plantas mortas. Alguém a seguia, mas ela não conseguia saber quem era. Além disso, ao fim da trilha, não havia saída, apenas um abismo e o nada. Sarati acordou gritando, mais uma vez, suando e respirando ofegante. Ali entrou no quarto às pressas, a puxando para um abraço apertado.— Oh, filha minha, mais um sonho?— Sim, muito ruim. Dessa vez, terminou em um abismo. Tinha algo me seguindo. Só conseguia ver que havia uma luz ao longe. Essa luz parecia estar longe. Eu corria, corria e não conseguia alcançá-la. Quando ela ficou mais forte é que vi que estava a beira de um abismo, não havia saída.— Minha filha, você só tem oito anos para sonhar com tanta percepção assim. Sei que você é muito inteligent