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O RENMASCIMENTO DA ESPERANÇA
O RENMASCIMENTO DA ESPERANÇA
Por: Cinthya Amaral
PRÓLOGO E PREFÁCIO - PARTE 1.

O chão tremia com as passadas ritmadas e estrondosas dos soldados do Comandante Maior, que avançavam decididos em direção à batalha final. Cada pisada fazia a terra tremer sob seus pés, ecoando a determinação e a ferocidade que impulsionavam seu avanço. Suas armaduras reluziam à luz do sol, refletindo a violência contida e o desejo de conquista que fervilhava em seus corações. O Comandante, imponente em sua armadura de ganância e ódio, liderava a marcha com uma aura de poder incontestável. Seus olhos faiscavam com a sede de domínio enquanto ele vociferava ordens de comando, ecoando pela paisagem desolada.

"Matem todos! Jetiah é meu planeta. Ataquem, agora!"

Do outro lado, os guardiões aguardavam, segurando a estrela brilhante em suas mãos. Seu resplendor irradiava uma luz intensa, trazendo consigo a promessa de renovação e a esperança de um futuro melhor. Acompanhados pelos tigres, espíritos guias daquele lugar sagrado, os dois jovens escolhidos avançavam em direção à praça da Estrela, acompanhados pelos dois sábios mais velhos, Ali e Padiah.

Enquanto o Comandante continuava a gritar suas ordens impiedosas, os soldados lutavam contra uma força invisível que parecia prendê-los no lodaçal da maldade e da degradação humana. Suas pernas se esforçavam para correr, mas pareciam afundar na própria lama gerada por seus atos cruéis. Ouviam-se os berros do Comandante, sentiam o chicote do castigo, mas algo os impedia de avançar. Era a luz da verdade, iluminando o amanhecer de um novo dia e revelando a redenção que poderia ser alcançada.

Os guardiões da estrela, seguidos por uma multidão esperançosa, finalmente chegaram à praça da estrela. A lama se transformara em solo firme, e a água turva daria lugar a um líquido cristalino que fluía em harmonia com a natureza exuberante. A terra árida germinou a esperança, dando vida às sementes há muito adormecidas. Diante do obelisco, mesmo quebrado, Ali e Padiah, empunhando o poder concedido pela Estrela, ergueram um novo monumento, moldando-o apenas com a energia que fluía de suas mãos. Sarati e Alair, movidos pela força do amor que os unia, cuidadosamente colocaram a Estrela Maior em seu lugar de origem. A luz era tão intensa que ofuscava a visão, mas não impediu que as almas de bom coração se unissem em um coro de júbilo, aplaudindo a restauração do equilíbrio.

Sarati pediu silêncio e dirigiu-se ao povo reunido.

"Povo de Jetiah, uma nova era se inicia para nosso planeta. É por meio dessa união que seremos capazes de viver em harmonia. Que o rei e a rainha se aproximem e, diante da estrela, reafirmem seu compromisso de proteger nosso planeta e seu povo. Nós, os guardiões, manteremos a chama acesa e a luz se espalhará por toda a nossa terra."

O rei e a rainha se ajoelharam diante do obelisco e, de forma surpreendente, foram agraciados com uma luz divina que descia diretamente sobre suas cabeças. Em um gesto de abnegação, eles abdicaram de seus tronos em prol dos dois guardiões, cumprindo assim a vontade da própria estrela. Foi a partir desse instante que Ali e Padiah iniciaram o legado dos reis e rainhas guardiões, guiando Jetiah em tempos de paz e prosperidade.

No entanto, em algum lugar distante dali, Carliah acordou abruptamente, mergulhado em um pesadelo angustiante. Ofegante, ele recostou-se no canto sombrio de sua cela de prisão, compartilhada com outros homens. Seu corpo tremia convulsivamente, e uma mistura de medo e desespero dominava seus pensamentos. Aos poucos, ele recuperou a compostura e, ainda trêmulo, começou a dar ordens aos seus companheiros de cela.

"Matem todos! Quero o meu planeta de volta!", bradou Carliah, sua voz carregada de raiva e determinação.

Lucadelli, que estava de plantão naquela noite, observou-o de longe e percebeu um homem atormentado pela dor e pela frustração. Seus olhos encontraram os de Carliah, e por um instante, Lucadelli viu além da fachada de um inimigo implacável. Ele vislumbrou um homem assolado pelo sofrimento e pela perda, um homem que ansiava por resgatar o que lhe fora tirado.

Em meio à escuridão da cela, Lucadelli sentiu uma pontada de compaixão. Embora estivessem em lados opostos da batalha, ele reconheceu a humanidade em Carliah e a dor que o consumia. Por um breve momento, as barreiras da guerra foram suspensas, e Lucadelli se perguntou se havia uma maneira de encontrar um caminho para a paz e a reconciliação.

No entanto, naquele momento, a realidade da situação os separava. Carliah continuava a dar ordens, alimentado por sua determinação implacável de recuperar o que acreditava ser seu. Lucadelli, por sua vez, permaneceu em seu posto, observando em silêncio, enquanto a prisão mantinha suas paredes intransponíveis.

A história de Jetiah ainda estava longe de encontrar seu desfecho. O destino do planeta e de seus habitantes estava nas mãos daqueles que carregavam a estrela brilhante e na esperança de que, um dia, a compreensão e a paz prevalecessem sobre o ódio e a ganância.

Enquanto isso, Lucadelli guardou consigo a lembrança do homem acuado pela dor, uma lembrança que o fez questionar se existiria uma maneira de romper o ciclo interminável de conflito e encontrar um terreno comum para a reconciliação.

*******

Um colar, uma pulseira e a espada estelar, objetos sagrados, que fazem parte dos segredos de uma grande profecia. Nos tempos do início do planeta Jetiah, ainda uma terra sem projeções e inóspita, surgiu uma estrela que deu vida a essa casa. Através da luz da vida, da energia, plantas nasceram, cresceram e se proliferaram; rios caudalosos proviam os campos de agricultura, meios de subsistência aos homens e mulheres que aqui viviam.

— E o que aconteceu depois, papai?

— Filha, está muito ansiosa! Precisa ter calma. Essa é uma história longa, que traz segredos, aventuras, amores, mas também destruição. Terá que testar sua paciência. Posso fazer a introdução, linda princesa?

— Sim, papai, mas quero saber tudo sobre essa linda história.

— Você saberá tudo, então preste muita atenção. Cada detalhe é importante. São várias aventuras. E nem sempre, todas as cenas foram lindas. Lembre-se disso.

— Prometo que vou prestar atenção.

Olhinhos redondos, pretos e curiosos estavam fixos no livro que o pai vinha escrevendo há algum tempo. Era uma coletânea de contos. Ele se propôs a escrevê-las, verificando as pinturas e os escritos deixados pelos grandes guardiões da estrela. Remontaria assim à história, passada de geração em geração e sobre a família de guardiões da estrela, de um jeito mais leve, bem como a própria história de sua família, que ajudou no grande retorno de Jetiah.

— Papai, você está me enrolando? Vou ficar ansiosa de novo.

— Jamais deixarei que isso acontece — falou sorrindo para a linda princesa — Preste bem atenção.

Há mais de 1000 anos, um homem chamado Luthiah, foi o primeiro comandante de nosso reino. Ele construiu uma grande cidade, que é esta em que vivemos, mas, antes que conseguisse transformar este planeta em uma terra habitável, e construir a cidade como hoje a conhecemos, Luthiah precisou fazer várias descobertas.

— Quais foram essas descobertas, papai, hein?

— Ansiosa de novo. Assim, não tem como eu contar. — Falou o pai, quase fechando o livro e fazendo um gesto de se levantar da cama.

O pensamento do pai, era descobrir de onde vinha tanta ansiedade, em uma criança. Por isso, ele olhou com um amor incondicional para a linda menina, a princesa de seu coração, que o abraçou pelo braço, para não o deixar sair, com um sorriso.

— Última chance, hein.

— Prometo que não vou falar mais nada.

— Então se lembre bem dessa promessa, hein.

Um dia, Luthiah, caminhava pelo deserto com sua esposa Sarah, procurando alimentos e um lugar para se abrigarem, enquanto faziam mais explorações, naquele planeta desconhecido. Por enquanto, ele e outros moradores, viviam em um local, ainda em construção. O tempo estava chuvoso, o que era raríssimo, pois as terras eram áridas. O planeta era seco, terra árida, escassez de água. Aquele dia foi diferente, havia muitos raios no céu e ficar ao relento seria perigoso tanto para eles quanto para os animais que os conduziam. Caminharam muito, mas, por fim, encontraram uma caverna aos pés de um monte, chamado Acadeh, e lá se acomodaram para pernoitar.

— Como eles sabiam o nome do Monte. Isso eu posso perguntar.

— A estrela os disse, por isso, tenho que acabar de contar.

Pela manhã, a chuva ainda insistia em cair, não tão forte como na noite anterior, mas sem previsão de parada. Permaneceram dentro da caverna, aquecidos pelo fogo, que mesmo fraco, ainda queimava os pedaços de gravetos que encontraram. Luthiah estava inquieto, e mesmo sabendo ser perigoso, pegou uma tocha, colocou na mão e decidiu sair para explorar o local.

Na calada da noite, enquanto a esposa dormia tranquila, havia percebido luzes diferentes, vindas de fora e sons também estranhos, que pareciam vozes, a conversar e assim, foi durante todo o dia. O homem, então curioso, foi até a esposa Sarah que fazia algo para comerem, quando o marido chegou para avisá-la que sairia para suas operações de descobertas.

— Aonde vai, homem inquieto?

— Não sei. Algo me chama para explorar o local.

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