Após perder os pais em um trágico naufrágio, Clara encontrou abrigo na casa de sua madrinha, Helena, onde foi forçada a dividir o teto com Jason, o filho rebelde e provocador de Helena. Embora tenham crescido juntos, o que os unia não eram laços fraternais, mas constantes provocações e brigas, escondendo sentimentos que ambos se recusavam a admitir.Aos 20 anos, Jason se alistou na Marinha como fuzileiro naval, deixando Clara para trás, dividida entre sua paixão pelo rinque de patinação e o trabalho na floricultura da madrinha. Agora, cinco anos depois, no dia do aniversário de 23 anos de Clara, Jason retorna inesperadamente – e o reencontro é incendiário. A garota que ele costumava provocar cresceu e se transformou em uma mulher forte, independente e... distante. Jason teme que o rancor do passado tenha erguido uma barreira intransponível entre eles – ou pior, que Clara já tenha se entregado a outro.Por trás da arrogância de Jason, sempre existiu um desejo inconfessável: Clara era seu pensamento mais proibido, seu desejo mais sombrio e sua obsessão secreta. Mesmo a quilômetros de distância, ela foi a âncora que o manteve firme e o combustível para suas fantasias. Agora que está de volta, ele precisa lutar contra a tentação de se aproximar mais do que deveria.Para Clara, Jason sempre foi mais que um protetor: ele foi seu primeiro e único amor. Mesmo sabendo que é errado desejar o filho de sua madrinha, seu coração não obedece. Ela está cansada de esconder seus sentimentos – tudo o que mais anseia é que Jason finalmente a veja, não como a garota do passado, mas como a mulher que o amou em silêncio durante todos esses anos.
Ler maisClaraO vento fresco da tarde batia contra meu rosto enquanto eu encarava a estrada através da janela do carro. Minha madrinha, Helena, estava ao meu lado, falando sobre os detalhes do casamento, mas suas palavras soavam distantes, abafadas pelo caos em minha mente. Como se eu pudesse fugir disso. — Você fez um gesto lindo, sabia? — Helena comentou, desviando os olhos da estrada para mim. — Mas, confesso que aí da estou impressionada com tanta... tanta disponibilidade da sua parte. — Só estou tentando ajudar — respondi, com um sorriso forçado. — Aliás, são só flores para o casamento do seu filho. — Ajudar ou se punir? — A pergunta dela veio como uma faca afiada. — E não são somente flores, são as flores que você cultiva. — Eu sei, madrinha. Mas qual diferença iria fazer se eu aceitasse o dinheiro dela? Que sejam felizes, como desejam. Eu só fiz a minha parte, não por eles, mas porque a senhora me ensinou valores que não podem ser pagos com dinheiro. — E esse valor aplica-se també
ClaraA manhã chegou com o brilho cruel do sol invadindo a sala. Meu corpo estava pesado, mas minha mente, ainda mais. Jason estava sentado na poltrona ao lado, o rosto cansado, mas atento. Quando percebi, ele já tinha preparado um chá e deixado na mesinha à minha frente. — Como você está? — ele perguntou, quebrando o silêncio e surgindo do nada, me dando um enorme susto.— Melhor, eu acho — respondi, a voz ainda rouca da noite anterior.Ele parecia aliviado, mas ainda carregava aquela tensão que vinha se tornando constante entre nós. Antes que pudesse dizer algo mais, meu celular vibrou no bolso do meu casaco. Era Helena, minha madrinha.— Bom dia, querida! Preciso de sua ajuda hoje — disse ela, com seu tom animado. — Vou escolher as rosas para o casamento do Jason e da Amélia.Meu corpo congelou. Jason desviou o olhar, claramente desconfortável.— Claro, Helena. Onde e que horas? — respondi, tentando manter minha voz neutra.— Nos encontramos na floricultura às dez.Desliguei, tent
ClaraOs sons da festa ecoavam em minha cabeça enquanto eu cambaleava pelas ruas. A música pulsava, mas eu só sentia um vazio. O álcool havia me tomado por completo, e eu precisava de algo que não fosse um copo na mão. Não costume beber ao ponto de sentir meu corpo adormecer, mas hoje, acho que a única coisa de que eu preciso é exatamente disso. Mas por ora, Icy já não era mais o meu lugar. Caminhei pela ruas desertas e frias, sentindo meu corpo suplicando por ajuda em silêncio, foi quando entrei no bar, reconheci alguns rostos familiares. Alex estava lá, acompanhado com alguns de seus amigos, mas meu olhar foi direto para Jason. Ele estava em uma mesa, rindo, mas logo seu sorriso desapareceu quando me viu. As lembranças do nosso último encontro ainda estavam frescas.— Clara! — Ele chamou, levantando-se e vindo em minha direção. Como se eu fosse sua prole. — Não, Jason. Hoje não, por favor. Vamos manter a distância necessária — gritei, tentando me afastar. A pressão em meu peito au
JasonOs dias seguintes foram confusos. Clara nunca tinha sido fácil de decifrar, mas agora, parecia impossível. Desde o momento em que saiu da casa de Helena, rindo como se nada importasse, algo começou a me incomodar mais do que eu queria admitir. Amélia percebia minha distração, mas não dizia nada. Talvez ela soubesse que não adiantaria tentar arrancar de mim o que estava preso na minha mente.Hoje, eu estava voltando à casa de Helena para resolver algumas pendências com a mudança. Amélia já havia começado a organizar as coisas, e eu sabia que não teria como evitar Clara para sempre.Quando estacionei em frente à casa, Clara estava lá. Sentada na varanda com Helena, tomando chá como se nada tivesse mudado. Elas riam de algo, uma cena tão familiar que me fez hesitar antes de descer do carro.Respirei fundo e fui em direção à entrada.— Jason! — Helena me cumprimentou com o mesmo entusiasmo de sempre. — Já terminou tudo na nova casa? — O entusiasmo da minha mãe deveria me deixar empo
Alguns dias depois... Jason Amélia estava deitada na minha cama, mexendo no celular e rindo sozinha de alguma mensagem que havia recebido. Eu, encostado na porta do quarto, não conseguia tirar Clara da cabeça. A cena dela saindo com Alex no bingo havia acendido uma raiva que eu mal conseguia controlar. Não sei até quando irei com seguir controlar tudo isso, alguma hora vou acabar explodindo. — Jason? — Amélia chamou, sem tirar os olhos da tela. — Preciso voltar para Nova York amanhã. Tenho um projeto importante na faculdade e não posso faltar. Já tirei mais dias do que eu deveria para vir te ver. — Não precisava fazer isso por mim. — Ela me olhou de relance, mas voltou a olhar para gela do celular novamente. — Jason... não precisa ser assim, quando eu estiver formada em direito, vamos ter mais tempo para nós dois. Mas estarei fazendo o que puder para que nosso casamento seja perfeito. Eu assenti, como se isso importasse. — Tudo bem. Vou resolver as coisas do casamento daqui
Clara Não conseguir dormir, os pensamentos sempre se voltam para Jason e acabam me quebrando ainda mais. Quando sair do quarto, minha madrinha já havia colocado a mesa para o café da manhã. Por um momento, senti meu peito doer por saber que essa será a última vez que estaremos nos sentando juntos para um café da manhã. — Bom dia, madrinha. — Lhe dei um beijo no rosto e um abraço em seguida. Não era surpresa alguma, mas de alguma forma diferente, Jason mexeu ainda um pouco mais comigo hoje. Ele estava descendo as escadas vestido com um roupão. Por um momento, imaginei que Amélia fosse descer também, mas nada disso aconteceu e por um instante, nosso olhares se cruzaram. — Sentem-se, ou estão esperando que eu também o façam sentar? — Como sempre, ela é receptiva demais em tudo que faz e isso, de certa forma, faz eu me sentir como se eu fosse uma ingrata. Nos sentamos e o clima não era o mesmo. Havia uma nuvem de sobrecarga ali, entre mim e Jason, como se alguma coisa nos impedisse
JasonA casa estava envolta em silêncio. Minha mãe dormia profundamente, e as luzes estavam apagadas. Mas eu não conseguia descansar. O jantar com Alex mexeu comigo de um jeito que eu não queria admitir. Cada minuto em que Clara esteve longe parecia uma afronta, uma confirmação de que ela estava escapando de mim, novamente e agora eu já não posso fazer mais nada. Quando ouvi o som suave da porta se fechando, soube que era ela. Levantei da cama sem pensar, guiado por um impulso que eu não entendia bem. Eu precisava vê-la. Precisava entender por que, mesmo depois de tudo, ela ainda conseguia me deixar assim: inquieto, confuso e com raiva ao mesmo tempo. Porém, a necessidade de senti-la novamente é mais forte que eu. Abri a porta do quarto dela sem bater, como sempre fazia. O direito de invadir o espaço dela havia se tornado um hábito difícil de largar. Mas, dessa vez, o que vi me tirou o fôlego.Clara estava sentada na cama, uma mala aberta ao lado. Que porra é está acontecendo? — O
ClaraA floricultura era o único lugar onde eu conseguia respirar. O cheiro de rosas, lírios e jasmim me envolvia como uma manta de conforto, afastando a sensação sufocante que Jason havia deixado para trás. Eu precisava de espaço, precisava fugir das memórias daquele beijo e da revelação devastadora sobre Amélia.Alex me mandou uma mensagem no caminho para o trabalho: decidir trabalhar até às 23:00. Alex: "E então? Que tal jantar hoje à noite? Só nós dois." E só então, quase às 19:00 foi que eu vi sua mensagem, que ele enviou mais cedo. A tentação de aceitar surgiu imediatamente. Eu sabia que ele estava tentando ser gentil e que sua companhia poderia me ajudar a esquecer, ao menos por algumas horas, o desastre que minha vida havia se tornado.Clara: "Ok. Às nove?"Ele respondeu com um emoji sorridente e um simples “Combinado”, e foi isso.Passei restante do tempo que falava cercada pelas flores, mas a paz que tanto buscava parecia fora de alcance. O beijo de Jason ainda queimava me
ClaraQuando sair da floricultura, parei em um bar familiar e tomei algumas cervejas, já que eu volto sozinha. Tenho uma dor absurda na alma e sinto como se tivesse um buraco enorme nela, mas, quando Jason está por perto, eu me sinto... protegida. Quando cheguei em casa, minha madrinha havia saído com suas amigas e Jason estava sozinho em casa. Subi para meu quarto e me despi, quando de repetente, ele invadiu o quarto sem aviso.Jason estava perto, mais perto do que eu jamais imaginaria que estaria novamente. A chuva lá fora continuava caindo em um ritmo suave, enquanto dentro do quarto, o silêncio entre nós era denso e carregado de tensão. Eu não sabia se deveria me afastar ou simplesmente ceder. As memórias daquele primeiro beijo, quando eu tinha 17 anos, ressurgiram como uma maré que engoliu qualquer lógica que eu ainda tentava manter.— Jason... — sussurrei, a voz vacilando.Ele não disse nada. Seus olhos cinzentos me encaravam intensamente, como se estivesse lutando com algo den