~Pov. Eris~
Me lembro de ter caído nos braços de Erion, de ver ele chorando e sendo arrastado para longe de mim por soldados, me lembro do rosto do diretor inundando minhas memórias e sorrindo ao me ver caída no chão. A dor que eu sentia era agoniante mas não conseguia mover um músculo se quer em resposta eu esgava morta. Meu corpo passou por meus pais que me encararam como se olha algo podre, com nojo e fui jogada.
Queimava, estava queimando minha pele. Acordei sobre uma pilha de corpos sendo queimados devagar e meu corpo ja sentia a brasa sobre ele, me apressei e descer embolando sobre a carne podre de dezenas de pessoas tentando apagar o fogo em minhas e roupas. Encostada a uma árvore eu vi tudo queimando, pessoas que eu conhecia, colegas de classe sem números, tentei correr mas as queimaduras me impediam de continuar, arrastando meus pés eu me afastava devagar em direção a um lago que existia ali perto. Alguns ainda afirmam que esse lago é radioativo mas eu não posso ficar sem fazer nada em relação as queimaduras em meu corpo, me joguei na água sentindo a dor terrivel das queimaduras, gritei abafado pela água chorando a minha falta de sorte.
Tinha uma enorme queimadura em minhas costas, pequenos pontos na bartiga, pescoço e braços. Doia, era apenas nisso que eu conseguia pensar. Eu não teria mais os maravilhosos hospitais de Oncep e muito menos a comida farta da escola, agora eu era uma sem número, sem destino, sem lugar. Coloquei musgo do lago nas queimaduras esperando que aliviasse enquanto eu andava pela floresta negra, a radiação transformou as folhas das árvores em carvões suspensos, tudo era negro e tenebroso demais para qualquer um se aventurar mas era isso ou voltar para Oncep.
Alguns dias de caminhada e tombos foram suficientes para ver de lomge Rebelion a cidade da revolta, são contra o governo do novo mundo e tentam derrubar seu poder sobre as diversas cidades além de Oncep. O novo mundo regia Tirion, Sedie, Larco e Vrienu cidades populosas contendo centenas de milhares de Telectos prontos para entrarem em guerra. Os sem número quando conseguiam deixar a cidade ainda com vida fugiam para Rebelion a famosa cidade da revolta, ela também era regida por Oncep mas ao ver as mortes dos Elementares se voltaram contra o governador e declararam guerra. Talvez se eles achacem que eu sou uma sem número me deixassem entrar.
Continuei andando ou cambaleando de encontro aos portões da pequena muralha, a cidade não era grande e dava para se notar isso, varios guardas ficavam a postos apenas esperando o primeiro Telecto atacar depois de anos em guerra fria. As armas foram apontadas para mim e eu ergui as mãos caindo de joelhos sem ter mais força para levantar, eles se aproximavam e foram imediatamente olhar a minha nuca onde deveria ter um negativo mas não tinha, meus esforços de me manter acordada foram por água a baixo ao ver um eletron se aproximando, meu corpo caiu e a escuridão me deu um soco no rosto.
[···]
A cama onde eu estava era macia, e o cheiro do local era forte. Abri meus olhos devagar sentindo todo o meu corpo reclamar, ao meu lado estava o eletron me olhando espantado. Ele continha uma bondade estranha e su preocupação tinha me atingido em cheio.
- Olá, sou o diretor Tavarres da academia elementar, e você quem é? - ele sorriu queria me passar confiança e eu sentia isso, senti que podia confiar nele.
- Erisabella Anders, sou uma sem número. - fui direta, eu era péssima em mentir e ele sabia disso. Suas sobrancelhas grossas se apertaram contra a testa ao meu falar.
- Isso não é verdade, você não é uma sem número. Eu conheço esses olhos em qualquer lugar. - falou devagar me entregando um espelho prateado, meus olhos não eram mais verdes, um azul escuro tinha tomado conta deles sendo aprisionado por um contorno de trevas. - Isso é trabalho de um dementador, vamos fazer o seguinte, você me fala a verdade e pode continuar aqui. Mas, se não falar te jogarei depois do muro.
Vamos lá, coopere comigo.
Respirei fundo, su sabia que ele estava falando a verdade, eu senti falta instantaneamente dos meus olhos verdes. Uma lágrima escapou e eu senti centenas de pessoas em minha cabeça, uma dor aguda passou por meus olhos e eu os fechei rapidamente.
- Sou uma zero. - falei rápido tentando controlar a onda de informações que eu ouvia em minha cabeça, suas emoções viram como um terremoto sobre mim e meu corpo enrijeceu.
Uma zero? Seria possível?
- Sim é possível, não sei como mas é. O novo mundo mata dezenas de nós antes mesmo de nascermos. E se um de nós sobrevive tem sua energia vital sugada. - algumas lágrimas cairam de meus olhos quando eu me sentei sobre a maca, a dor em meu corpo não estava tão forte e as queimaduras viraram horríveis cicatrizes.
- Pode ficar conosco se quiser, temos alojamentos na academia. Você poderia estudar com os outros jovens. - ele wstava animado, sua mão encontrou a minha em um gesto protetor, paterno. Seus olhos castanhos encontraram os meus sem vida e ele sorriu liberando confiança, Tavarres sabia que eu podia sentir suas emoções e reagia a elas, ele sabia.
- Gostaria de ficar, mas não quero me enturmar. Por favor não me force a isso, só deixe que eu siga minha vida. - supliquei com o olhar preso no dele, eu não queria estudar novamente sobre os Elementares e muito menos sobre os Telectos, tudo que eu precisava saber já estava bem guardado, ficar longe de ambos e continuar viva.
- Ao menos me deixe tatuar seu número. - ele insistiu, era um acordo. Eu assenti.
Em silêncio me virei de costas e ele colocou algo gelado em meu pescoço, foi rapido e ardeu muito mas estava feito. Em seguida ele me entregou uma tesoura enferrujada, meus cabelos esavamm queimados e eu orecisava dar um jeito nisso, mecha por mecha eu cortei o deixando um pouco acima dos ombros em um corte torto. Ele sorriu eu podia confiar nele.
~ Pov. Ruan ~O sono estava ótimo mas todo mundo diz que tudo de bom acaba rápido, não posso dizer o contrário. Antony me balançava a todos os lados gritando escandalosamente, tenho certeza que todos já acordaram com seus berros, exatos três anos ao lado dele e ainda não me acostumei aos horários da academia.- Acorda! Vamos lá Ruan! Acorda cara! - o travesseiro estava sendo feito de marreta em suas mãos e eu tive que controlar minha raiva para não explodir.- Mais que saco! - gritei me levantando e correndo ao banheiro, eu estava atrasado eu sempre estava e isso não era surpresa para ninguém.- Atrasados novamente mas que surpresa. - a professora Leandra batia o pé esperando que entrassemos na sala, colocar o uniforme cinza foi uma verdadeira batalha essa manhã e eu devia ter pontos exfras só por ter conseguido concertar o ziper da jaqueta.- Não vai mais acontecer. - sorri
~Pov. Gabriel ~Eu gostava da academia mas nada chegava perto da sensação de estar rodeando os muros. Em breve eu seria um comandante do exército assim como meu pai e esse será meu lar, minha missão.As boas notas me dão um passe livre para fazer rondas quando eu quiser, Luiz é meu parceiro. Treinamos juntos desde que chegamos na academia para ser uma ótima dupla na defesa da cidade.Estamos ha algum tempo caminhando por cima dos muros e observando a gigantesca barreira de Oncep, a cidade dos Telectos. A noite aquilo brilha com a luz da lua e da própria cidade, quando eu era pequeno imaginava que eles tinham sorte mas agora sei que não. Eles são pessoas crueis que tomam coisas que não lhes pertencem para permanecer em cima, que matam pessoas sem se preocupar com nada, assassinos crueis e sem alma.Nunca tinha visto um na vida, alguns soldados mais antigos diz
O suor escorria pela minha testa enquanto comandava o máximo do meu elemento em volta do meu corpo, metade da turma tinha desistido ou desmaiado. Isso era tremendamente cansativo e fazia todos os músculos do corpo doerem de forma intensa. Eu era o único eletron que ainda permanecia aqui suportando junto de Ruan e Luiz, mais uns oito garotos ainda permaneciam na mesma posição dando tudo de si para controlar seu elemento.Ao olhar para a frente ela estava la da mesma forma, encostada perto da porta como se fosse correr a qualquer momento. O professor não fazia caso da sua presença ali mesmo que as colegas de Lorena estejam a todo custo tentando chamar a atenção da pequena garota. Mais dois caíram no chão exaustos, os joelhos de Luiz fraquejavam, lhe lancei um sorriso de "aguente mais um pouco" só faltava mais dez minutos.Os músculos da minha coxa tremiam com o esforço e tive que fincar o pé no chão e morder os lábios para não cair, eu tinha que bater meu recorde pessoal.
~Pov. Eris ~Depois que saimos da enfermaria Tavarres me levou para sua casa onde eu passei a noite, era estranho ser ajudada por alguém que eu provavelmente estaria ajudando a matar se o resultado do meu tedte tivesse sido diferente.A noite demorou a passar, boa parte dela eu fiquei acordada apenas olhando para a janela do quarto. A noite aqui era diferente de Oncep, eles economizavam energia e assim as estrelas se destacavam no céu azul. Comecei a conta-las e acabei dormindo.A manhã seguinte foi assustadora para mim, senti o fogo em meu corpo novamente e acordei após bater a testa fortemente no chão. Levantei devagar e encarei roupas ao lado da porta, peguei e entrei no banheiro tomando um banho rápido já que a água aqui é escaça. As roupas eram masculinas, além disso os Elementares tinham um corpo muito maior do que um pobre Telecto.As calças tinham um ajuste em elástico, o moletom batia quase em meu joelho e não
~Pov. Eris~Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.Não posso negar que sentia falta dos meus professor
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret