~Pov. Eris ~
Depois que saimos da enfermaria Tavarres me levou para sua casa onde eu passei a noite, era estranho ser ajudada por alguém que eu provavelmente estaria ajudando a matar se o resultado do meu tedte tivesse sido diferente.
A noite demorou a passar, boa parte dela eu fiquei acordada apenas olhando para a janela do quarto. A noite aqui era diferente de Oncep, eles economizavam energia e assim as estrelas se destacavam no céu azul. Comecei a conta-las e acabei dormindo.
A manhã seguinte foi assustadora para mim, senti o fogo em meu corpo novamente e acordei após bater a testa fortemente no chão. Levantei devagar e encarei roupas ao lado da porta, peguei e entrei no banheiro tomando um banho rápido já que a água aqui é escaça. As roupas eram masculinas, além disso os Elementares tinham um corpo muito maior do que um pobre Telecto.
As calças tinham um ajuste em elástico, o moletom batia quase em meu joelho e não preciso dizer que cabia três de mim ali dentro. Sai do quarto observando a casa por completo, era pequena e bem mobiliada mesmo que diferente de Oncep. As paredes eram pintadas de amarelo apagado, os moveis eram todos na cor preta. A sala tinha um sofá grande e duas poltronas, a cozinha só tinha um balcão e prateleiras, o corredor para a porta da frente tinha duas portas que imaginei serem dois quartos. Tavarres saiu de uma das portas e sorriu para mim, estava com um uniforme preto e cinza com o número um gravado de forma bem chamativa em seu peito.
- Bom amanhecer. - me cumprimentou sorrindo e se dirigiu a cozinha, assenti em uma resposta muda e o acompanhei sentando em um dos bancos do balcão. - Como passou a noite?
- Melhor que os últimos meses, obrigada. - sorri castamente observando ele pegar algumas latas das prateleiras bagunçadas. As panelas que esquentavam sobre o fogão começaram a soltar um cheiro delicioso.
- Vamos lá, fique a vontade. - ele colocou vários pratos sobre o balcão, ovos, queijo e torradas. - Precisa comer.
- Obrigada. - me limitei a dizer, coloquei um pouco de tudo em meu prato e comecei a comer, ele me serviu de leite sintético e sentou ao meu lado para comer também.
- Erisabella, eu queria conversar com você sobre algo importante. - ele começou, continuei a comer deixando que falasse livremente sem interrupções da minha parte. - Eu quero treinar você... quero te ajudar a controlar seus dons antes que eles saiam do controle...
- E como sabe tanto? - perguntei desconfiada, nesses dois meses eu aprendi a não confiar em ninguém,
- Minha esposa... era uma zero. Ela... faleceu há alguns anos. - eu queria dizer a ele que não existia nada que ele pudesse fazer para impedir a minha morte, os zeros são marcados por ela.
- Como aconteceu? - a curiosidade bateu a porta mostrando estar no domínio do meu corpo.
- Depois do teste de aptidão ela foi declarada uma sem número. Nos conhecemos na regência onde ela trabalhava de faxineira, eu me apaixonei e nos casamos um tempo depois. - não foi bem isso que eu tinha perguntado, mas deixei que ele continuasse provavelmente não tinha muitos amigos para expressar sua dor. - Dois anos após o nosso casamento ela começou a ouvir vozes estranhas, ver coisas estranhas e mudar de humor rapidamente. Eu tentei ajuda-la a superar e passar por isso mas ela não conseguiu... a loucura levou Elionor de mim... Despois disso eu comecei a estudar sobre os Zeros.
- Não foi só isso... termine. - eu sabia, sentinha no final da língua um gosto amargo como se ele estivesse sufocando alguma informação.
- Ela me fez prometer que eu ajudaria um Zero se o encontrasse. - respirei fundo para não chorar, ele estava quase aos prantos e eu mordendo meus lábios para continuar firme em uma pose de durona. - Mas não posso fazer isso aqui em casa.., é por esse motivo que preciso conversar com você. As aulas terão que ser na academia.
- Eu quero manter distância das pessoas... Já disse isso... - comecei a argumentar embora de nada adiantasse, era inútil achar que conseguiria me controlar sozinha e por esse motivo desisti de tentar. Eu queria viver mais um pouco, nem que fosse apenas mais dois anos como Elionor. - Está bem, eu aceito.
- Ótimo, então vamos. - ele sorriu levantando e colocando os pratos na pia. Me levantei bagunçando meus cabelos.
Nos dirigimos a porta da frente, eu sai primeiro observando o corredor estranho do aparente prédio. Olhei pela janela e notei algo que eu tinha deixado de reparar, Rebelion foi edificada dentro das ruínas de uma cidade antiga.
Enquanto andavamos pelas ruas em direção a academia notei alguns poucos prédios antigos em ruínas, a maior parte foi substituída por construções próprias e as ruas foram reutilizadas mesmo com as enormes rachaduras e buracos. A academia era como a escola de Oncep, mas os alunos eram bem mais liberais do que eu estava acostumada.
A construção não era muito nova parecia ter sido reformada a muito tempo sobre algo realmente antigo, os corredores eram bem iluminados por janelas para poupar energia. Cobri o rosto com o capus e me pus a andar lado a lado com o gigante Tavarres, observo as pessoas aqui e seus tamanhos me deixam levemente temerosa, todos eram altos e fortes o suficiente para me quebrar ao meio em um segundo.
- Quero que entre nessa sala e espere por mim. Esta bem? Não demoro. - antes que eu pudesse responder ele sai me deixando sozinha de frente aquela porta. Bufei me virando para abri-la quando algo se choca comigo.
O chão me parecia basta confortável mesmo com a bunda dolorida pela queda e a testa pelo impacto, recuso a acreditar que bati em uma parede e levanto meu olhar para o garoto a minha frente. Cabelos castanhos e olhos azuis, uma verdadeira parede, seguro sua mão para me levantar e ignoro os pensamentos que rebatem em minha cabeça. Entro na sala contra a minha vontade observando o rapaz que se chocou contra mim e seus amigos tomarem posições estranhas, o ser de bigode que aparentemente é o professor tinha um sorriso sádico, soprou o apito e logo todos estavam controlando seus elementos ao redor do corpo.
Eles brilhavam. A medida que dominavam o elemento em torno de si suas veias brilhavam em cores específicas. Números Cinco, os dominadores do fogo brilhavam em tons de laranja; números Quatro, dominadores do ar brilhavam em um leve verde; números Três, dominadores da terra brilhavam em amarelo; números Dois, dominadores da água brilhavam em um branco puro; números Um, dominadores da eletricidade brilhavam em tons de roxo.
Eu sabia dessa anomalia em seus corpos mas nunca imaginei que seria tão lindo ver, um espetáculo de luzes e elementos como aqueles não era algo que eu estava acostumada. Como podem ser monstros? Isso é... lindo. Eu realmente estava adimirando aquilo como uma idiota.
~Pov. Eris~Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.Não posso negar que sentia falta dos meus professor
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret
~Pov. Ruan~Odeio reuniões, esse era o único pensamento que vinha em minha cabeca. Tavarres estava sentado a minha frente de um jeito desconfortável, meu pai berrava ordens até para o ar e a raiva já estava friamente me consumindo.- Quero que mais pessoas vigiem os muros! Esses bastardos não vão entrar em minha cidade e causar terror! Quem ultrapassar será morto, entenderam?! - não duvido que até os alunos da academia tenham concordado com os gritos dele, mesmo estando a um quilômetro de distância de lá.- Sim, senhor Regente. - os soldados sairam apressados, eu também sairia mas minhas obrigações me prendem aqui.- Tavarres, você o único homem em quem eu confio. Use seus alunos para algo útil. - ele concordou respirando forte. - E você Ruan, o que anda fazendo para ajudar?!- Estudando. - respondi dando de ombros, eu não tinha nada haver com os muros.- Tavarres, coloque ele com o Victor. - ao ouvir o nome do bastar
~Pov. Eris~Parece que finalmente estou me encaixando em algum lugar, aquele almoço foi divertido, nem com meus amigos de Oncep eu tinha me sentido tão a vontade. Gabriel com seus cabelos castanhos e olhos azuis era doce, Luiz tinha cabelos negros e pele caramelada, era um pouco afastado e centrado mas quando os dois começaram a me fazer elogios senti meu rosto todo queimar. Antony era o pequeno palhaço do grupo, Leticia era fofa e alegre, Felipe era convencido. Ruan, cabelos negros em cachos caindo sobre os ombros, olhos castanhos ele era diferente da maioria. Um sorriso brotava em meu rosto ao lembrar deles.Quando terminei o almoço e segui para a sala de Tavarres, Victor não estava mais lá. Estavam tendo problemas nos muros e os Transportadores foram convocados para ajudar, aparentemente aquilo era perigoso e um frio na barriga me tomou ao imaginar Victor machucado.Fui aco
~Pov. Eris~Se ele estava pensando que eu iria ficar aqui nessa sala ele estava muito enganado. Esperei que se afastasse e sai da sala tentando o acompanhar sem ser pisoteada pelos alunos que corriam para se abrigar. Braços impediram que eu caísse e me suspenderam, fiquei assustada mas sair do meio da multidão foi um alívio.- Eris, está afim de morrer? Eles não enxergam! - era Gabriel visivelmente irritado, eu sabia que eles não me enxergariam nem se tentassem.- Desculpe. Mas disseram que houve uma invasão. - omiti quem havia me dito, ele estava preocupado. Estavamos contra a parede do lado de fora da academia longe o bastante dos alunos revoltos e da confusão nos muros.- Deveria estar se protegendo. Você pode se machucar seriamente. - fiz bico, odiava ser vista como fraca pelos outros. Cruzei os braços a frente do corpo.- Se não vai comigo,
~Pov. Victor~Os Telectos estavam avançando todos os dias, nossa fonte de energia vinha da radiação emitida do fundo da cidade. Oncep nunca aceitou ter perdido Rebelion, a cidade foi construida sobre uma antiga usina nuclear intocada. A radiação movimentava lâminas grossas em torno de vacuos gerando uma energia extra, também usavamos a energia do sol mas tinhamos poucas placas de absorção.- Victor? - Ginna estava bem posicionada sobre o muro, ela era uma número Quatro, fazia parte do GEC. Atentei para a nossa frente onde uma tropa se aproximava rapidamente. - Está pronto?- Sempre pronto. - eramos conhecidos por não termos limites, saltamos do muro caindo sobre a terra batida fora da cidade. Os Transportadores não eram um grupo muito grande, ao todo podiamos contar com dez Elementares se revezando para fazer o trabalho dos soldados também.&