9 - Pesadelos

~Pov. Eris~


A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.

O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.

O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas normalmente aconteciam por ali embora as raras vezes que chegavam ao novo mundo as consequências eram devastadoras.

Escutei a porta da frente abrir e me apressei a ver quem era, Victor se esgueirava para dentro de casa com uma expressão cansada no rosto, algumas marcas de batom sujavam seu pescoço e sua mandíbula. Ao notar minha presença ele se aproxima com um sorriso simpático.

- Ainda acordada, tampinha? - bagunçou meus cabelos castanhos claro com sua mão grande e pesada.

- Não consigo dormir, pesadelos. - embora não sejam os meus pesadelos estavam de fato me assustando, ele virou para olhar a porta do quarto do pai e fez sinal para que en entrasse em meu quarto, ele me seguiu e fechou a porta devagar para não fazer barulho.

- Eu também tinha muitos, venha. Nada melhor para espantar os pesadelos do que companhia não acha? - ele riu retirando o coturno, o cinto, a jaqueta e a blusa. - Vou tomar um banho.

Ele entrou no banheiro e eu ouvi o barulho da água, aproveitei psra espiar um pouco mais a janela. Aqui era frio a noite, não como Oncep, era um frio gostoso de sentir na pele. Depois de um tempo Victor saiu do banheiro vestindo a calça do moleton que eu usava psra dormir, os cabelos castanhos café estavam molhados, o peitoral forte desnudo deixando a vista algumas cicatrizes de batalha. Sorri para ele e me deitei na cama sentindo o lado afundar com seu peso, eu me sentia uma criança dormindo com um gigante, ele tomava conta da cama quase inteira.

- Feche os olhos e durma, caso o pesadelo volte embora eu duvide que ele se atreva a voltar com minha presença, eu estarei aqui com você. - era uma lógica infantil, mesmo que meus pais tenham me dito psra enfrentar os pesadelos sozinha quando eu era criança. Me deixei levar pelo cansaço e me segurei na certeza de suas palavras.

[···]

Os pesadelos não voltaram, acordei provavelmente o mesmo horário de sempre e encarei a janela, eu estava sozinha na cama bagunçada. Olhando de uma forma ampla eu ficava perdida em meio aos lençóis sem o gigante do meu lado.

- Bom amanhecer! Como se sente? - por um momento achei que ele tinha me enganado e sumido durante a noite, mas ele estava ali saindo do banheiro com os cabelos molhados e um sorriso fácil.

- Eles não voltaram. - respondi contendo ums felicidade, ele e Tavarres estavam cumprindo a risca o que me falavam. Diferente das pessoas que diziam se importar comigo.

- Eu falei, os pesadelos morrem de medo de mim. - ele cruzou os braços gargalhando com um orgulho exposto, acabei rindo também e a porta do quarto foi aberta. Tavarres entrou nos encarando e em seguida sorriu.

- Ah, vocês estão aí! Eu fiz o café. Hoje o dia será longo. Espero vocês. - ele pareceu não se importar com o fato de estarmos no mesmo quarto, Victor deu de ombros pegando suas roupas do chão.

- Vou me trocar, te espero para o café. - dito isso ele se retirou me deixando sozinha, me levantei preguiçosamente e tomei um banho demorado, se hoje seria um dia longo eu preciso de um pouco mais de sossego.

As roupas masculinas estavam sobre a cama assim como ontem, eu sentis falta de um sutiã e de uma calcinha mas eu não podia exigir demais. Coloquei a cueca e o conjunto moleton enorme, sai do quarto me jogando sobre a cadeira da mesa.

- Agora eu entendi onde estão indo minhas roupas. - Victor gargalhou, estava vestido como ontem para o trabalho.

- Desculpe. - murmurei, vi ele mexendo nos bolsos e tirando uma carteira, olhava com atenção e em seguida guardou novamente. Terminamos o café rápido, ninguém queria chegsr strasado a não ser eu é claro.

- Eris, vem comigo. - Victor se levantou pegando algumas chaves na estante da sala, Tavarres o olhou de soslaio e ele sorriu. - Eu levo ela na academia depois.

- Certo, vou aproveitar para resolver algumas questões da regência, parece que o senhor Garcia está inconformado com ums tentativa de ataque a uma noite atrás. - deu de ombros como se aquela informação não fosse importante, mas era. Telectos tentaram atacar, porque? - Divirtam-se.

Me levantei murmurando um "Até logo" para Tavarres que acenou em concordância. Victor desceu as escadas ns frente e eu o segui a medida que podia, minhas pernas curtas não possibilitavam que eu o acompanhasse de ums forma sossegada. Quando chegamos no térreo ele se dirigiu a uma máquina estranha e sorriu passando a mão por cima dela,fiquei o encarando sem entender muita coisa.

- Isso é uma moto, acho que não tem muitas dessa lá, não é? - neguei, os meios de locomoção em Oncep era o trem que cortava as cidades, os caminhões de carga e alguns carros pequenos para duas pessoas. - Só monta e segura em mim.

- Aonde vamos? - perguntei montando na moto com dificuldade.

- Eu não vou deixar você sair por ai vestindo as minhas roupas. - ele riu, começamos a nos mover. Meus braços estavam agarrados em sua cintura de pedra enquanto sentia o medo dar lugar a um novo sentimento, adrenalina. Era bom, agora eu entendi o motivo dele gostar tanto desse meio de transporte. Passamos por ruas movimentadas de sem números e chegamos ao que parecia uma loja de roupas, ele parou e me ajudou a descer. Fiquei olhando as pessoas desse lugar, eles se vestiam com roupas coloridas demais, Victor segurou em minha mão e me puxou para dentro da loja. - Bom, vamos as regras. Nada apertado, nada curto e nada colorido.

- Porque? - questionei, eu nunca usaria nada disso que ele falou mss gostava de suas respostas diretas. Ele corou dessa vez e desviou o olhar.

Porque não quero ninguém te olhando.

- Porque eu disse que não. Nada de perguntas, eu estou pagando então, apenas obedeça. - revirei os olhos sentindo minha pele queimar, olhei em direção as roupas e me direcionei as cores mais escuras. Ele sentou em um banco e ficou flertando com umamdas garotas presentes, ela usava um short vermelho e uma blusa branca justa vom o número Dois estampado nela.

Peguei algumas calças na cor preta, blusas de manga cumprida em tons de vinho, preto e cinza, algumas regatas preta e corri psra a sessão de lingerie antes que ele me notasse. Escolhi as peças e larguei no caixa, eu não estava acostumada a isso, em Oncep minha mãe comprava minhas roupas.

- Porque não aproveita e já vai vestida? - a vendedora atenciosa propôs, não seria uma má idéia. Peguei algumas peças e corri ao provador. Sai vestida com uma das calças, uma regata preta e uma blusa cinza de manga comprida fina com capuz. - Tenho duas coisas ideais para você. - ela voltou vom um par de luvas pretas sem dedo e coturnos. Victor estava pagando a conta quando estancou e ficou me encarando.

- O que foi? - perguntei olhando para minhas roupas, tinha slgo de errado? Será?

- Não, nada. - respondeu balançando a cabeça, pegou as sacolas e saiu da loja, eu estava em seu encalço. Em silêncio subimos na moto e fizemos o percurso para a academia, eu desci e ia me afastar sem me despedir. - Te vejo mais tarde, tampinha.

E com um sorriso presunçoso ele foi embora, coloquei as mãos dentro dos bolsos da calça e entrei na academia faxendo meu papel clássico de ser invisível. Passei na sala de Tavarres e ele não estava, provavelmente ainda estivesse na regência. Me virei para procurar alguma coisa interessante psra fazer e bati em alguém, novamente meu corpo foi so chão com o impacto.

- Eca. Além de uma sem número você também é cega?! - a voz da loira irritante psssou rasganto em meus ouvidos, o número Cinco estava estampado na farda cinza. Tentei me levantar sem dar importância para seu ataque de nervos mas ela me empurrou de encontro ao chão antes que eu tivesse êxito. - Fica aí, é o seu lugar mesmo.

Minhas unhas arranharam o chão contendo a raiva que ascendia dentro de mim, odeio pessoas desse tipo. Eu tinha que manter a calma e tudo ficaria bem, tudo ficaria bem.


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo