~Pov. Victor~
Pov. Victor
Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.
Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que me vinha a mente, hoje não teria trabalho mas também sou encarregado de ficar de olho nos novos integrantes do GEC, o que não é nenhum incomodo já que eu posso ficar de olho em Leticia.
[···]
Estaciono a moto na entrada da academia e os soldados batem continência, entro a passos pesados passando por todos com um ar de superioridade. Eu gostava de ser temido pelo meu trabalho e treinamento intensivo. Não demora para que eu veja a bela morena com cabelos cacheados, o sorriso dela me desarma sem avisos, me aproximo dela sorrindo e as garotas logo se afastam, seus olhos castanhos se chocam com os meus e sinto meu corpo vibrar.
- Olá cachinhos. Como esta? - brinco com seu cabelo, o sorriso ainda esta ali iluminando meu dia.
- Olá, Victor. O que faz aqui tão cedo? - ela pergunta, normalmente não ando pelos corredores das salas teóricas e muito menos chego antes das quatro da tarde, mas eu estava com tanta vontade de ve-la.
- Senti saudades. - beijei sua testa, tomei os livros das suas mãos a acompanhando para a próxima aula.
- Sempre cavalheiro. - ela sussurra, se os alunos não tivessem que ficar presos aqui eu já teria levado ela para minha casa.
- Não crie fantasias, Le. - mostro meu lado cafajeste e ela desvia o olhar envergonhada. - Teve treinamento hoje pela manhã não foi? Estava ocupado demais, sinto muito. - mentira, eu estava dormindo igual um infeliz mas ela não precisa saber disso.
- Tudo bem, eu entendo. O treinamento de resistência hoje foi puxado. - deu de ombros parando de frente a uma das portas do corredor. Fiquei encatando aquela pele de chocolate macia e beijei sua bochecha com carinho.
- Eu volto amanhã, boa aula. - lhe entreguei os livros e ela entrou. Meu caminho foi diferente, procurei Tavarres por todos os lados e não encontrei nada, foi quando estava no quinto andar que escutei alguns murmúrios sobre o teto estar caindo que resolvi ir até lá.
Subi pelas escadas de lata e encontrei meu pai lutando com alguém, o ser que não era muito grande era rápido e parecia estar dominando algums coisa. Talvez seja uma criança precoce ou algo do tipo, me encostei ali na parede e fiquei observando, era difícil acerta-la pelo tamanho e a agilidade. Era fato que a pouca massa muscular lhe beneficiava com a facilidade de se locomover mais rápido, era fascinante. A luta acabou quando ela conseguiu uma força do além mar para o chutar de forma que ele caiu alguns metros depois, a garota que agora era visível seu rosto encarava as próprias mãos de um jeito alegre.
- Perdeu para uma criança? - fiz eles notarem que eu estava presente. A garota rapidamente puxou o capuz e Tavarres gargalhava enquanto se levantava devagar.
- Ela é incrível não é? - ele falou, o orgulho enchia sua garganta e seu peito. Ela se aproximou devagar ficando menor a cada passos incerto.
- É... ela é uma número Quatro? - a força que ela pos no chute não tinha como vir dela e essa era a melhor explicação.
- Victor, quero que conheça Erisabella. Uma Zero. - ela estendeu a mão e eu a segurei em um aperto delicado, por uns instante senti medo de quebrar a mão dela. - Eris, esse é meu filho. Victor, ele toma conta dos Transportadores.
- Olá. - assenti sem responder, a garota era estranhamente diferente das pessoas de Rebelion. Já ouvi Tavarres falar algumas vezes sobre os Zeros mas nunca dei muita importância ao assunto.
- Ela vai fazer parte dos GEC? - embora ela não fizesse oarte dos cinco tinha ótimas habilidades com luta e isso não me passou despercebido.
- Por hora não. Eris tem que aprender umas coisas ainda, pediria para você ficar com ela enquanto resolvo algumas coisas mas sei o quanto é ocupado. Se importa em ficar sozinha um pouco Eris? - ele perguntou a garota que negou com a cabeça, virou seus pés e se sentou próximo ao parapeito.
- Eu faço companhia a ela, pode deixar. - ele saiu, me aproximei da garota e sentei ao seu lado em uma distância segura. Se ela é o que imagino não exitria em me jogar daqui de cima.
- Não farei isso. - a voz dela me assustou, meu corpo reagiu se fastando. Como ela? - Posso ler pensamentos.
- Certo tampinha, fique longe dos meus. Você me assusta. - ela gargalhou, o capuz foi jogado para trás deixando evidente o número zero em sua nuca.
- Você não é daqui... Muito menos é uma criança... - comecei tentando fazer ela me encarar, não deu certo.
- Sou uma Telecta. - completou meu pensamento, claro que era. O físico e a altura, os cabelos curtos eram típicos daquele povo.
- Que elemento estava usando quando chutou meu pai? - curiosidade era uma marca forte em minha personalidade.
- Refração. - respondeu em um sussurro. Como assim? - É uma parte física da Telecinese.
- Em primeiro lugar, sou péssimo em física. Em segundo lugar, já pedi para ficar longe da minha cabeça. - seus olhos me encararam e eu perdi o folego, os olhos dela eram idênticos aos de Thalia quando foi jogada em nossos portões. Ela foi vítima de um dementador.
- Não precisei ler sua mente para responder. É óbvio que física e conhecimento do alvo não são o forte de vocês. - ela da de ombros e volta a encarar a cidade de Oncep.
- Se acha muito esperta, não? - ironizei encarando o chão. Era fato, a academia não ensinava a realidade do que enfrentaríamos lá fora, tudo o que sabíamos eram as histórias dos antigos, relatos dos que sobreviveram e mitos dos livros.
- Sei o que falo porque vi, são mais poderosos do que os Telectos e mesmo assim vivem perdendo. - aquilo realmente tinha machucado meu ego, embora fosse uma triste realidade.
- Conhecimento é a base da vitória, certo? - eu parei após proferir as palavras pesando elas em minhs boca.
- Absurdamente uma verdade. - ela se levantou caminhando de volta as escadas, a segui segurando em seu braço.
- Onde vai? - questionei, tinha que ficar com ela como disse ao meu pai que faria.
- Preciso ficar sozinha. - e assim ela sumiu pelas escadas.
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret
~Pov. Ruan~Odeio reuniões, esse era o único pensamento que vinha em minha cabeca. Tavarres estava sentado a minha frente de um jeito desconfortável, meu pai berrava ordens até para o ar e a raiva já estava friamente me consumindo.- Quero que mais pessoas vigiem os muros! Esses bastardos não vão entrar em minha cidade e causar terror! Quem ultrapassar será morto, entenderam?! - não duvido que até os alunos da academia tenham concordado com os gritos dele, mesmo estando a um quilômetro de distância de lá.- Sim, senhor Regente. - os soldados sairam apressados, eu também sairia mas minhas obrigações me prendem aqui.- Tavarres, você o único homem em quem eu confio. Use seus alunos para algo útil. - ele concordou respirando forte. - E você Ruan, o que anda fazendo para ajudar?!- Estudando. - respondi dando de ombros, eu não tinha nada haver com os muros.- Tavarres, coloque ele com o Victor. - ao ouvir o nome do bastar
~Pov. Eris~Parece que finalmente estou me encaixando em algum lugar, aquele almoço foi divertido, nem com meus amigos de Oncep eu tinha me sentido tão a vontade. Gabriel com seus cabelos castanhos e olhos azuis era doce, Luiz tinha cabelos negros e pele caramelada, era um pouco afastado e centrado mas quando os dois começaram a me fazer elogios senti meu rosto todo queimar. Antony era o pequeno palhaço do grupo, Leticia era fofa e alegre, Felipe era convencido. Ruan, cabelos negros em cachos caindo sobre os ombros, olhos castanhos ele era diferente da maioria. Um sorriso brotava em meu rosto ao lembrar deles.Quando terminei o almoço e segui para a sala de Tavarres, Victor não estava mais lá. Estavam tendo problemas nos muros e os Transportadores foram convocados para ajudar, aparentemente aquilo era perigoso e um frio na barriga me tomou ao imaginar Victor machucado.Fui aco
~Pov. Eris~Se ele estava pensando que eu iria ficar aqui nessa sala ele estava muito enganado. Esperei que se afastasse e sai da sala tentando o acompanhar sem ser pisoteada pelos alunos que corriam para se abrigar. Braços impediram que eu caísse e me suspenderam, fiquei assustada mas sair do meio da multidão foi um alívio.- Eris, está afim de morrer? Eles não enxergam! - era Gabriel visivelmente irritado, eu sabia que eles não me enxergariam nem se tentassem.- Desculpe. Mas disseram que houve uma invasão. - omiti quem havia me dito, ele estava preocupado. Estavamos contra a parede do lado de fora da academia longe o bastante dos alunos revoltos e da confusão nos muros.- Deveria estar se protegendo. Você pode se machucar seriamente. - fiz bico, odiava ser vista como fraca pelos outros. Cruzei os braços a frente do corpo.- Se não vai comigo,
~Pov. Victor~Os Telectos estavam avançando todos os dias, nossa fonte de energia vinha da radiação emitida do fundo da cidade. Oncep nunca aceitou ter perdido Rebelion, a cidade foi construida sobre uma antiga usina nuclear intocada. A radiação movimentava lâminas grossas em torno de vacuos gerando uma energia extra, também usavamos a energia do sol mas tinhamos poucas placas de absorção.- Victor? - Ginna estava bem posicionada sobre o muro, ela era uma número Quatro, fazia parte do GEC. Atentei para a nossa frente onde uma tropa se aproximava rapidamente. - Está pronto?- Sempre pronto. - eramos conhecidos por não termos limites, saltamos do muro caindo sobre a terra batida fora da cidade. Os Transportadores não eram um grupo muito grande, ao todo podiamos contar com dez Elementares se revezando para fazer o trabalho dos soldados também.&
~Pov. Eris~Depois de muita insistência do Victor acabei voltando a dormir sonhando com tudo que eu tinha visto na mente do Telecto, aquelas informações eram desconexas e acabou sendo um sonho terrivel. Enquanto dormia escutei alguns gritos e uma discussão, abri um dos olhos devagar confirmando o que pensava, Tavarres e Victor estavam discutindo, decidi fingir que dormia e apenas ouvir.- Porque não trancou ela na sala!? - Victor bufou, os dois estavam alterados.- Eu pensei que ela ficaria no lugar! Eu não vejo o futuro sabia?! - tremi quando sua voz começou a sair do eixo.- Agora eles sabem sobre ela, o regente quer interroga-la e usa-la para extrair os planos dos Telectos. - a voz de Tavarres estava cheia de culpa, o pavor que saia deles estava esmagando meus pulmões.- Só por cima do meu cadáver ele vai encostar na Eris! Eu não vou permitir que ele a use como se fosse u
~Pov. Gabriel~Eris tinha uma teimosia palpável, era impossível não notar. Depois que fomos praticamente enxotados da enfermaria pelo Victor notei o quanto eu me preocupava com ela, o quanto o seu bem estar fazia diferença em minha vida.Aqueles olhos tão expressivos, seu jeito delicado, sua estatura. Tudo nela parecia me atrair de um jeito estranho, bom. No caminho para a sala eu me perdi em pensamentos e quase entrei na sala do segundo ano, se o Ruan não tivesse esbarrado em mim teria pago um enorme mico.- Ora, vejam só quem resolveu aparecer. - Elena não perdia uma piada quando se tratava de atrasos, sorri sem graça e me apressei a ocupar o meu lugar em silêncio. - Já que foi o último a entrar, porque não explica para a turma a importância do bem estar físico e emocional?- Não seria melhor me bater com a régua? - ao menos não seria tão vergonhoso, eu não g