~Pov. Eris~
Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.
Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.
Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.
Não posso negar que sentia falta dos meus professores, dos meus colegar e de Erion. Eu sabia qual seria o nosso futuro daqui a três anos e agora eu não sei nem se estarei viva amanhã. Será que ele sente minha falta? Como reagiu ao ter outra parceira? As perguntas invadiam minha mente como um furacão e algumas lágrimas despencaram em resposta. Ele agiu como um futuro governador agiria, eu tenho certeza.
Olhei para o desenho que eu tinha concluído e passei os dedos delicadamente sobre cada cidade lembrando do professor Leonard, ele era um Ilusório renomado no governo e já tinha visitado a maioria das cidades do novo mundo quando mais jovem.
{···}
Eu estava sentada como sempre ao lado de Erion, ele segurava a minha mão de uma forma doce. O professor tinha acabado de chegar na aula e desenhava um mapa no quadro branco, a revisão das cidades, a tatuagem Dois Negativo estava bem visível em sua nuca ele tinha um orgulho enorme por ela.
- Hoje vamos revisar tudo que aprendemos sobre as cidades, em breve vocês seram soldados importantes para o governo e eu quero ser lembrado como o professor de vocês. - ele era gentil, animado e a turma o respeitava.
- Até por mim? - Louise perguntou em meio ao silêncio da sala.
- Menos por você. - todos rimos, Louise tinha as piores notas da turma e o pior seus pais não tinham escolhido seu parceiro ainda. - Vamos lá, a cidade mais importante da rosa-dos-ventos é Tirion. Alguém pode me dizer o porque?
- É a cidade que produz os alimentos orgânicos para Oncep e as demais cidades com conglomerado, também conhecida como a cidade dos Hipnóticos. - Erion era muito inteligente, passava seus momentos livres estudando e treinando para ser o melhor. Ele estava na lista para sibstituto do governador.
- Muito bem Erion. Rápido como sempre. A segunda cidade é Sedie, alguém que não seja o Erion pode responder? - algumas pessoas riram.
- É a cidade que fornece aço, sem ele as grandes construções de Oncep seriam destruídas facilmente por qualquer cataclisma. Também é conhecida como a cidade dos Silenciadores - Andrei tomou a palavra debochando do seu rival.
- Lacro, quem sabe sobre essa cidade? - o professor adorava competição, só nessa sala tinha oito garotos competindo para a vaga de futuro governador.
- Lacro fornece tecnologia, a cidade dos Intelectos. - Ronny se pós em pé mostrando todo o seu potencial. Se Erion não fosse meu parceiro, ele seria. Tinha ouvido algumas conversas dos meus pais sobre isso.
- Próxima cidade? - sentado sobre a mesa o professor admirava seus alunos brilhantes. Na porta podia ser visto a câmera que o governo usava para nos observar.
- Vrieno comercializa as armas usadas em batalha contra Rebelion. A cidade dos Ilusórios, também são conhecidos por serem os melhores soldados por terem conseguido impedir que Rebelion avançasse com seu exercito de Elementares e sem números. - dei de ombros respondendo a pergunta, quando levantei a cabeça os olhos de todos estavam sobre mim, senti minhas bochechas esquentarem e afundei no banco.
- Parece que alguém anda visitando a biblioteca. Parabéns, Erisabella. Todos sabemos que Rebelion é uma cidade em ruínas construída por pessoas que odeiam nosso governo, o objetivo deles é matar cada um de nós. Temos que ser fortes, um soldado da rosa-dos-ventos não desiste e tão pouco se entrega. - era o seu discurso diário, ele tinha tatuagens nos braços contando o número de Elementares que ele tinha aniquilado. - Lembram o que eu disse sobre Aruna e Arcaria?
- Fiquem longe. - uma onda de risadas foi ouvida na sala mas foi exatamente isso que ele disse, embora não seja isso que os livros falam. A biblioteca era o meu local favorito e eu gostava de ler sobre as outras cidades, descobri que Aruna é rodeada por uma floresta e seus moradores contém números desconhecidos no DNA. Arcaria era mais que uma cidade, era um reino de sem números onde eles vivam em paz. O professor odiaria saber que eu andei procurando sobre isso então ficar calada era a melhor opção.
{···}
- Eu te procurei pela academia inteira! - Tavarres estava em pé atrás de mim reclamando sem parar, eu não iria ficar trancada em uma sala esperando ele ter a disponibilidade de voltar e me buscar.
- Eu não morri, ta bem? Senta ai, eu odeio aquela multidão de pessoas altas que não enxergam. - massageei meu ombro dolorido e sentei virada para ele.
- Você acaba se acostumando. - ele sentou em minha frente sorrindo, parecia realmente aliviado em me ver, os cabelos castanhos ondulados estavam invadindo sua face o deixando alguns anos mais jovem. - Então, sou todo seu agora. O que gostaria de aprender?
- Gostaria de crescer e bater em todos que machucaram hoje. - murmurei, eu estava realmente dolorida e com o ego machucado. Ele gargalhou e se pos em pé se afastando.
- Não prometo te fazer crescer, mas posso te ensinar a bater em um Elemental. - fiquei encarando ele por alguns minutos pesando suas palavras e degustando o sabor delas em minha boca.
- Serve. Temporariamente. - me levantei tirando o capuz da cabeça e deixando que os meus cabelos invadam meu campo de visão. Eu tinha um treinamento pesado em luta e por isso eu acabei gostando mais do que o necessário.
- Você é pequena, use isso ao seu favor. Elementares são treinados para bater no que podem encarar. - que piadinha sem graça. Revirei os olhos e me aproximei tomando uma postura de ataque e esperando que ele viesse em minha direção. - Concentração. Sua atribuição é a maior aliada que vai ter em uma luta, sem ela você já era.
- Obrigada pelo voto de confiança. - ele avançou com um soco baixo e eu desviei rapidamente para o lado oposto usando meu joelho para bater em seu estômago o que resultou em uma dor terrível. Cai no chão massageando minha perna. - Você é feito de pedra?
- Não, eu disse que usasse sua atribuição. - debochou se abaixando e segurando meu joelho, uma massagem mais forte acabou fazendo ele parar de latejar.
- É facil falar não é? - revidei bufando, eu iria sair daqui aos cacos.
- Você tem uma ótima técnica em luta, mas contra um Elementar experiente te falta força. Além de ser uma Telecta é mulher o que diminui consideravelmente suas chances de vitória. - explicou.
- E o preconceito até onde vai? - me levantei testando meu joelho machucado.
- Não é preconceito, Eris. É inteligência. Use o que você aprendeu lá e use o que tem dentro de você. - sorriu, esse cara só vive rindo por acaso?
- Acontece que eu não faço a minima ideia do que eu sou! - os livros e registros sobre Zeros foram queimados de Oncep.
- Você é uma Psionica, Neutra. A negatividade e positividade não se aplica a você, é como se os dois mundos se fundissem em um corpo só. -
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret
~Pov. Ruan~Odeio reuniões, esse era o único pensamento que vinha em minha cabeca. Tavarres estava sentado a minha frente de um jeito desconfortável, meu pai berrava ordens até para o ar e a raiva já estava friamente me consumindo.- Quero que mais pessoas vigiem os muros! Esses bastardos não vão entrar em minha cidade e causar terror! Quem ultrapassar será morto, entenderam?! - não duvido que até os alunos da academia tenham concordado com os gritos dele, mesmo estando a um quilômetro de distância de lá.- Sim, senhor Regente. - os soldados sairam apressados, eu também sairia mas minhas obrigações me prendem aqui.- Tavarres, você o único homem em quem eu confio. Use seus alunos para algo útil. - ele concordou respirando forte. - E você Ruan, o que anda fazendo para ajudar?!- Estudando. - respondi dando de ombros, eu não tinha nada haver com os muros.- Tavarres, coloque ele com o Victor. - ao ouvir o nome do bastar
~Pov. Eris~Parece que finalmente estou me encaixando em algum lugar, aquele almoço foi divertido, nem com meus amigos de Oncep eu tinha me sentido tão a vontade. Gabriel com seus cabelos castanhos e olhos azuis era doce, Luiz tinha cabelos negros e pele caramelada, era um pouco afastado e centrado mas quando os dois começaram a me fazer elogios senti meu rosto todo queimar. Antony era o pequeno palhaço do grupo, Leticia era fofa e alegre, Felipe era convencido. Ruan, cabelos negros em cachos caindo sobre os ombros, olhos castanhos ele era diferente da maioria. Um sorriso brotava em meu rosto ao lembrar deles.Quando terminei o almoço e segui para a sala de Tavarres, Victor não estava mais lá. Estavam tendo problemas nos muros e os Transportadores foram convocados para ajudar, aparentemente aquilo era perigoso e um frio na barriga me tomou ao imaginar Victor machucado.Fui aco
~Pov. Eris~Se ele estava pensando que eu iria ficar aqui nessa sala ele estava muito enganado. Esperei que se afastasse e sai da sala tentando o acompanhar sem ser pisoteada pelos alunos que corriam para se abrigar. Braços impediram que eu caísse e me suspenderam, fiquei assustada mas sair do meio da multidão foi um alívio.- Eris, está afim de morrer? Eles não enxergam! - era Gabriel visivelmente irritado, eu sabia que eles não me enxergariam nem se tentassem.- Desculpe. Mas disseram que houve uma invasão. - omiti quem havia me dito, ele estava preocupado. Estavamos contra a parede do lado de fora da academia longe o bastante dos alunos revoltos e da confusão nos muros.- Deveria estar se protegendo. Você pode se machucar seriamente. - fiz bico, odiava ser vista como fraca pelos outros. Cruzei os braços a frente do corpo.- Se não vai comigo,
~Pov. Victor~Os Telectos estavam avançando todos os dias, nossa fonte de energia vinha da radiação emitida do fundo da cidade. Oncep nunca aceitou ter perdido Rebelion, a cidade foi construida sobre uma antiga usina nuclear intocada. A radiação movimentava lâminas grossas em torno de vacuos gerando uma energia extra, também usavamos a energia do sol mas tinhamos poucas placas de absorção.- Victor? - Ginna estava bem posicionada sobre o muro, ela era uma número Quatro, fazia parte do GEC. Atentei para a nossa frente onde uma tropa se aproximava rapidamente. - Está pronto?- Sempre pronto. - eramos conhecidos por não termos limites, saltamos do muro caindo sobre a terra batida fora da cidade. Os Transportadores não eram um grupo muito grande, ao todo podiamos contar com dez Elementares se revezando para fazer o trabalho dos soldados também.&
~Pov. Eris~Depois de muita insistência do Victor acabei voltando a dormir sonhando com tudo que eu tinha visto na mente do Telecto, aquelas informações eram desconexas e acabou sendo um sonho terrivel. Enquanto dormia escutei alguns gritos e uma discussão, abri um dos olhos devagar confirmando o que pensava, Tavarres e Victor estavam discutindo, decidi fingir que dormia e apenas ouvir.- Porque não trancou ela na sala!? - Victor bufou, os dois estavam alterados.- Eu pensei que ela ficaria no lugar! Eu não vejo o futuro sabia?! - tremi quando sua voz começou a sair do eixo.- Agora eles sabem sobre ela, o regente quer interroga-la e usa-la para extrair os planos dos Telectos. - a voz de Tavarres estava cheia de culpa, o pavor que saia deles estava esmagando meus pulmões.- Só por cima do meu cadáver ele vai encostar na Eris! Eu não vou permitir que ele a use como se fosse u