O suor escorria pela minha testa enquanto comandava o máximo do meu elemento em volta do meu corpo, metade da turma tinha desistido ou desmaiado. Isso era tremendamente cansativo e fazia todos os músculos do corpo doerem de forma intensa. Eu era o único eletron que ainda permanecia aqui suportando junto de Ruan e Luiz, mais uns oito garotos ainda permaneciam na mesma posição dando tudo de si para controlar seu elemento.
Ao olhar para a frente ela estava la da mesma forma, encostada perto da porta como se fosse correr a qualquer momento. O professor não fazia caso da sua presença ali mesmo que as colegas de Lorena estejam a todo custo tentando chamar a atenção da pequena garota. Mais dois caíram no chão exaustos, os joelhos de Luiz fraquejavam, lhe lancei um sorriso de "aguente mais um pouco" só faltava mais dez minutos.
Os músculos da minha coxa tremiam com o esforço e tive que fincar o pé no chão e morder os lábios para não cair, eu tinha que bater meu recorde pessoal. Antony tinha desmaiado e Leticia desistiu para ajuda-lo, nosso grupo estava diminuindo consideravelmente. Ruan era o grande campeão, embora se esforçasse a ponto de quase ficar sem andar ele resistia até terminar a aula. Apenas mais quatro minutos, eu repetia em mina cabeça diversas vezes, a eletricidade brilhava em tons de roxo fortes em minhas veias. Só mais um pouco, apenas mais um pouco.
O sinal toca, todos desabam no chão sem conseguir se levantar, o professor gargalha sem parar da cara de todos nós. Ele tinha orgulho de manter a enfermaria lotada em suas aulas, alguns saiam se arrastando, outros sendo carregados pelos colegas. Me deitei no chão encarando o teto e esticando minhas pernas para que parassem de doer, Luiz gargalhava dando tapas em seus joelhos e pulos para a dormência.
- Hoje foi puxado. - Ruan estendeu a mão para mim, segurei ficando de pé. Olhei em direção a porta e ela não estava mais lá, poucas pessoas ainda se arrastavam para fora da sala. - Esta procurando a garota?
- Hm? Não, porque estaria? - dei de ombros andando com eles para fora da sala, o corredor estava movimentado em direção ao refeitório.
- O que uma sem número estava fazendo na academia? - Luiz perguntou enquanto andávamos.
- Eu já tinha visto ela, ontem na enfermaria. Estava conversando com o diretor. - respondeu Ruan abrindo a porta do refeitório.
Fomos até a fila que andava rápido por causa das aulas seguintes, coloquei arroz e lentilhas, batatas fritas e peguei suco de néctar de laranja. Coisas artificiais eram comuns, não tínhamos sempre a sorte de coletar as melhores frutas ou hortaliças. Joguei a bandeija sobre a mesa e meu corpo sobre o banco, estava muito cansado e precisava urgentemente de um banho. A mesa estava cheia, nosso grupo de sempre menos o Tony e a Le, algumas amigas chatas da Lorena.
- Odeio essa gente... eca... - fez cara de nojo, eu odiava quando falavam dos sem números principalmente da forma como ela fazia, encarei a loira com os olhos semicerrados e ela fez cara de ofendida. - O que foi, Biel? Não vai me dizer que gosta daquela gentinha? Não já basta termos que dividir a cidade com eles e agora invadem a academia também? O que será depois, a regência?
- Menos drama Lorena. - repreendeu seu namorado, Ruan também odiava a forma que ela falava por que sua mãe era uma sem número.
- Deixem a garota em paz, o que tem? Ela não fez mal a ninguém aqui. - Luiz tentou apaziguar, Lorena deu de ombros jogando os cabelos e voltando a sua conversa.
- Quando vocês vão para a ronda novamente? - Ruan perguntou desfocando do assunto anterior. Eu até reaponderia mas as batatas estavam muito gostosas e eu tinha que saborea-las.
- Provavelmente no final de semana, porque? - respondeu Luiz terminando rapidamente o seu almoço. Eu bebericava aquele suco horrível.
- Queria ir com vocês. - infelizmente ele tinha pontis negativos muito fortes em seu currículo, notas baixas e reclamações de atrasos frequentes na materia sobre os muros. Isso impedia que ele pudesse participar das rondas.
- Tente aumentar as notas e chegar mais cedo. - dei de ombros falando de boca cheia, o suco de néctar era horrível mas eu tinha que molhar a garganta com alguma coisa.
- É mais fácil pedir para ele andar pelado. - começamos a rir e recebemos um olhar intimidador do dominador do fogo, engasguei e voltei a comer em silêncio.
A passos largos voltei para o dormitórios bagunçado, eu e o Luiz viviamos dizendo que não tinhamos tempo oara arrumar o que obviamente era uma grande mentira. Chutei algumas roupas espalhadas pelo chão e entrei no banheiro, o banho frio me despertou e os músculos reclamaram tremendo. Terminei e vesti um uniforme limpo, passei um tempo olhando o número um estampado em meu peito esquerdo. Ao sair do dormitório dei de cara com a janela que dava uma vista perfeita aos portões da cidade, respirei fundo. Se eu quiser chegar lá tenho que ser forte.
Você é forte.
Uma voz feminina invadiu minha cabeça deixando minha visão levemente tonta, meus olhos buscaram algo no corredor masculino mas tudo estava vazio, ninguém estava aqui. Estou ficando louco. Baguncei os cabelos de um jeito desengonçado e andei lentamente até a próxima aula, estrutura dos elementares.
Entrei na sala e corri para o fundo me sentando em seguida. Elena era quatro anos mais velha que a maioria aqui e mesmo assim era a mais nova dos professores. A elementar da terra que tinha o enorme número três estampado na farda preta andava de um lado para o outro na sala esplicando a importância de um bom condicionamento físico para um bom desempenho. Em meio a aula ela tinha que ouvir murmurios e piadas sobre as loucuras do bigodudo que por ironia era o seu pai.
~Pov. Eris ~Depois que saimos da enfermaria Tavarres me levou para sua casa onde eu passei a noite, era estranho ser ajudada por alguém que eu provavelmente estaria ajudando a matar se o resultado do meu tedte tivesse sido diferente.A noite demorou a passar, boa parte dela eu fiquei acordada apenas olhando para a janela do quarto. A noite aqui era diferente de Oncep, eles economizavam energia e assim as estrelas se destacavam no céu azul. Comecei a conta-las e acabei dormindo.A manhã seguinte foi assustadora para mim, senti o fogo em meu corpo novamente e acordei após bater a testa fortemente no chão. Levantei devagar e encarei roupas ao lado da porta, peguei e entrei no banheiro tomando um banho rápido já que a água aqui é escaça. As roupas eram masculinas, além disso os Elementares tinham um corpo muito maior do que um pobre Telecto.As calças tinham um ajuste em elástico, o moletom batia quase em meu joelho e não
~Pov. Eris~Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.Não posso negar que sentia falta dos meus professor
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret
~Pov. Ruan~Odeio reuniões, esse era o único pensamento que vinha em minha cabeca. Tavarres estava sentado a minha frente de um jeito desconfortável, meu pai berrava ordens até para o ar e a raiva já estava friamente me consumindo.- Quero que mais pessoas vigiem os muros! Esses bastardos não vão entrar em minha cidade e causar terror! Quem ultrapassar será morto, entenderam?! - não duvido que até os alunos da academia tenham concordado com os gritos dele, mesmo estando a um quilômetro de distância de lá.- Sim, senhor Regente. - os soldados sairam apressados, eu também sairia mas minhas obrigações me prendem aqui.- Tavarres, você o único homem em quem eu confio. Use seus alunos para algo útil. - ele concordou respirando forte. - E você Ruan, o que anda fazendo para ajudar?!- Estudando. - respondi dando de ombros, eu não tinha nada haver com os muros.- Tavarres, coloque ele com o Victor. - ao ouvir o nome do bastar
~Pov. Eris~Parece que finalmente estou me encaixando em algum lugar, aquele almoço foi divertido, nem com meus amigos de Oncep eu tinha me sentido tão a vontade. Gabriel com seus cabelos castanhos e olhos azuis era doce, Luiz tinha cabelos negros e pele caramelada, era um pouco afastado e centrado mas quando os dois começaram a me fazer elogios senti meu rosto todo queimar. Antony era o pequeno palhaço do grupo, Leticia era fofa e alegre, Felipe era convencido. Ruan, cabelos negros em cachos caindo sobre os ombros, olhos castanhos ele era diferente da maioria. Um sorriso brotava em meu rosto ao lembrar deles.Quando terminei o almoço e segui para a sala de Tavarres, Victor não estava mais lá. Estavam tendo problemas nos muros e os Transportadores foram convocados para ajudar, aparentemente aquilo era perigoso e um frio na barriga me tomou ao imaginar Victor machucado.Fui aco
~Pov. Eris~Se ele estava pensando que eu iria ficar aqui nessa sala ele estava muito enganado. Esperei que se afastasse e sai da sala tentando o acompanhar sem ser pisoteada pelos alunos que corriam para se abrigar. Braços impediram que eu caísse e me suspenderam, fiquei assustada mas sair do meio da multidão foi um alívio.- Eris, está afim de morrer? Eles não enxergam! - era Gabriel visivelmente irritado, eu sabia que eles não me enxergariam nem se tentassem.- Desculpe. Mas disseram que houve uma invasão. - omiti quem havia me dito, ele estava preocupado. Estavamos contra a parede do lado de fora da academia longe o bastante dos alunos revoltos e da confusão nos muros.- Deveria estar se protegendo. Você pode se machucar seriamente. - fiz bico, odiava ser vista como fraca pelos outros. Cruzei os braços a frente do corpo.- Se não vai comigo,