~Pov. Gabriel ~
Eu gostava da academia mas nada chegava perto da sensação de estar rodeando os muros. Em breve eu seria um comandante do exército assim como meu pai e esse será meu lar, minha missão.
As boas notas me dão um passe livre para fazer rondas quando eu quiser, Luiz é meu parceiro. Treinamos juntos desde que chegamos na academia para ser uma ótima dupla na defesa da cidade.
Estamos ha algum tempo caminhando por cima dos muros e observando a gigantesca barreira de Oncep, a cidade dos Telectos. A noite aquilo brilha com a luz da lua e da própria cidade, quando eu era pequeno imaginava que eles tinham sorte mas agora sei que não. Eles são pessoas crueis que tomam coisas que não lhes pertencem para permanecer em cima, que matam pessoas sem se preocupar com nada, assassinos crueis e sem alma.
Nunca tinha visto um na vida, alguns soldados mais antigos dizem que eles parecem monstros e apenas com um olhar pode te matar sem que você ao menos perceba. Eles são seres dotados de inteligência e habilidades além do nosso comum e nós somos apenas ratos debaixo dos seus pés. Eramos, até que Rebelion foi edificada e se tornou uma cidade forte também.
- Gabriel? - Luiz me chamou encarando um ponto distante em meio ar árvores de carvão. Forcei meu olhar para o mesmo local. - Eles estão aqui novamente, xeretando omde não devem.
- Você tem lanternas embutidas nos olhos? Eu não vejo nada. - resmunguei olhando para todos os lados sem ver nada de estranho.
- Eles são rápidos, pequenos e muito inteligentes. - ele se abaixou e apontou para a esquerda das árvores mais finas e retorcidas. - Vão passar por ali, preste atenção.
- Achei que eles fossem monstros... - observei o ponto que ele indicou e uma sombra passou por lá, os sem número acham que são as almas das pessoas que tem seu corpo queimado fora de Oncep.
- Não precisa ser alto para ser um monstro. - riu de se mesmo. Já em pé ficamos olhando os vultos que não se aproximavam, era como se estivessem nos observando.
- Que tal dar uma de louco e expulsar esses idiotas daqui? - ele riu negando com a cabeça, dei de ombros. A eletricidade saiu do meu corpo como uma luz rocha dançante fazendo as veias do meu corpo brilharem na mesma coloração, esperei o momento certo do deslocamento e lancei um raio que atingiu um deles. Os soldados ao notarem a movimentação abriram fogo contra os seres que recuaram sem perda de tempo, o que eu tinha atingido provavelmente estava morto. - Nunca vou esquecer o que fizeram com ela...
- Já devia ter superado a Lia, não acha? - ele rebateu, eu devia? Não, superar quer dizer esquecer e eu nunca vou esquecer aquela garota dos cabelos negros. Nunca vou esquecer que ela era doce, simples, linda e me amava. Nunca vou esquecer que eu me recusei a ir com ela procurar seu irmão. Não esquecerei a imagem do corpo dos dois nos portões dos muros, dos olhos antes negros estavam azuis gelo rodeado por trevas, tão vazios quanto eu estava no momento. - Você não tinha como saber que a Thalia iria sozinha procurar por ele...
- Nada diminui a minha culpa, ela era apenas uma sem numero e eu rejeitei ajuda-la e agora... agora ela se foi. - passo a mão na nuca onde esta tatuado o numero 1, o numero dos eletrons, dominadores da eletricidade.
- Nada do que eu diga vai fazer você mudar de ideia, então esquece e só... bom, só trabalha. - deu de ombros seguindo em frente, eu fiquei ali no meu posto olhando para frente e me lembrando dela em todas as formas, eu a amava de um jeito assustador e agora tudo que restava eram apenas saudades de um tempo que foi embora rápido demais.
[···]
O sol já começava a surgir, eu e Luiz nos despedimos dos soldados e voltamos a passos largos em direção ao nosso dormitório na academia, estavamos liberados das aulas de hoje. Depois de um banho gelado a cama me parecia mega desconfortável e por isso recusei dormir, peguei os livros e a minha bolsa indo direto para a aula de economia. As três turmas estudavam juntas essa matéria porque a professora era muito ocupada com assuntos da regência.
Os alunos estavam chegando e a professora anotando algumas coisas na lousa, segui para o fundo onde costumava ficar. Não demorou para que a sala logo esticesse lotada, Ruan e Antony chegaram atrasados como sempre sendo castigados na frente de todos. Ruan tomou seu lugar ao lado de Lorena e Antony semtou atrás de mim, do meu lado estava Leticia.
A aula era insuportavelmente chata, eu gostava de matemática mas economia não somava em nada para ser um bom soldado. Metade da aula a professora só fazia reclamar do barulho e na outra metade ninguém escutava de fato o que ela falava.
- Em comparação as outras cidades, Rebelion mantem uma economia agradável para o seu número de habitantes... - não era verdade, a economia de Rebelion girava em torno dos afortunados elementares da alta. Os sem numeros vivam quase em completa miséria, isso começou a mudar depois que o diretor Tavarres teve a ideia de formar o grupo Elementar dos cinco, são oficialmente chamados de Transportadores. Eles interceptam mercadorias entre as cidades de Oncep e trazem para cá, esse grupo é totalmente desmembrado da regência e seguem suas próprias regras. Diferente das outras profissões você não pede para entrar, o diretor tem que te chamar e para isso você tem que ser especial de alguma forma.
O estrondoso sinal toca e antes que consiga peocessar meus movimentos estou fora da sala esperando o pessoal para a aula de resistência elementar, é simplesmente um maluco querendo que a gente aprenda a segurar os elementos por mais tempo possível.
- Sua cara está péssima. - Leticia belisca minha bochecha de um jeito exagerado e eu reclamo.
- Esta tão visivel assim? - massageio o local apertado, ele assenti. Não demora para que Ruan, Antony e Lorena se juntem a nós.
- Te derrubaram da cama? - Antony soca meu ombro, não tinha notado que uma noite inteira sem dormir iria me deixar tão debilitado.
- Não enche. Vamos para a sala, o professor odeia atrasos. - murmurei me sentindo dolorido. Eu estava andando ao lado deles escutando juras de amor e estalos de beijos, revirei os olhos encarando a cena ao meu lado. Tony e Le riam dos dois bombinhos a ponto de chocarem um no outro, apressei o passo ficando na frente do grupo, achei estar olhando atentamente para a frente mas acabei me chocando com algo. Olhei para baixo e me deparei com uma garota no chão massageando o rosto, Ruan e Lorena se choram com as minhas costas e quase caio por cima da pequena menina.
- Você não tem olhos?! - a garota reclamou, estendi a mão para ela que não demorou para aceitar se pondo em pé. Estava vestida com um moletom preto, o capuz cobria parte do seu rosto deixando apenas os lábios rosados e pequenos a mostra, algumas mechas de cabelo castanho brincavam para fora do capuz, a calça era surrada e altura denunciava que não tinha mais do que doze anos de idade, a estrutura física era de uma sem numero e o fato de não estar de uniforme ajudou.
- Desculpe por isso, eu realmente não vi você. - seus olhos batiam bem abaixo do meu tórax, mesmo assim tenho certeza que eu estava distraído demais.
- Que seja. - ela abriu a porta da sala e entrou, Leticia a seguiu rindo da minha cara de idiota, Antony a seguiu tentando imitar Ruan e Lorena que entraram logo atrás. Respirei fundo tomando coragem para uma tortura.
A sala estava cheia, Luiz acenou para mim e eu me aproximei do fundo da sala. Seu rosto não estava menos abatido do que o meu então imaginei que ele também não conseguiu dormir. Encostada próximo a porta estava a garota em quem eu esbarrei seus braços estavam cruzados como se estivesse aqui contra sua vontade, provavelmente era uma parente do professor ou algo do tipo.
- Vamos começar a brincadeira! - era a voz do maluco homicida que entrava na sala, ou o professor bigodudo. Seu sorriso rasgava o rosto ao meio, ele adorava ver pessoas desmaiando de esgotamento. Sádico.
O suor escorria pela minha testa enquanto comandava o máximo do meu elemento em volta do meu corpo, metade da turma tinha desistido ou desmaiado. Isso era tremendamente cansativo e fazia todos os músculos do corpo doerem de forma intensa. Eu era o único eletron que ainda permanecia aqui suportando junto de Ruan e Luiz, mais uns oito garotos ainda permaneciam na mesma posição dando tudo de si para controlar seu elemento.Ao olhar para a frente ela estava la da mesma forma, encostada perto da porta como se fosse correr a qualquer momento. O professor não fazia caso da sua presença ali mesmo que as colegas de Lorena estejam a todo custo tentando chamar a atenção da pequena garota. Mais dois caíram no chão exaustos, os joelhos de Luiz fraquejavam, lhe lancei um sorriso de "aguente mais um pouco" só faltava mais dez minutos.Os músculos da minha coxa tremiam com o esforço e tive que fincar o pé no chão e morder os lábios para não cair, eu tinha que bater meu recorde pessoal.
~Pov. Eris ~Depois que saimos da enfermaria Tavarres me levou para sua casa onde eu passei a noite, era estranho ser ajudada por alguém que eu provavelmente estaria ajudando a matar se o resultado do meu tedte tivesse sido diferente.A noite demorou a passar, boa parte dela eu fiquei acordada apenas olhando para a janela do quarto. A noite aqui era diferente de Oncep, eles economizavam energia e assim as estrelas se destacavam no céu azul. Comecei a conta-las e acabei dormindo.A manhã seguinte foi assustadora para mim, senti o fogo em meu corpo novamente e acordei após bater a testa fortemente no chão. Levantei devagar e encarei roupas ao lado da porta, peguei e entrei no banheiro tomando um banho rápido já que a água aqui é escaça. As roupas eram masculinas, além disso os Elementares tinham um corpo muito maior do que um pobre Telecto.As calças tinham um ajuste em elástico, o moletom batia quase em meu joelho e não
~Pov. Eris~Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.Não posso negar que sentia falta dos meus professor
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret
~Pov. Ruan~Odeio reuniões, esse era o único pensamento que vinha em minha cabeca. Tavarres estava sentado a minha frente de um jeito desconfortável, meu pai berrava ordens até para o ar e a raiva já estava friamente me consumindo.- Quero que mais pessoas vigiem os muros! Esses bastardos não vão entrar em minha cidade e causar terror! Quem ultrapassar será morto, entenderam?! - não duvido que até os alunos da academia tenham concordado com os gritos dele, mesmo estando a um quilômetro de distância de lá.- Sim, senhor Regente. - os soldados sairam apressados, eu também sairia mas minhas obrigações me prendem aqui.- Tavarres, você o único homem em quem eu confio. Use seus alunos para algo útil. - ele concordou respirando forte. - E você Ruan, o que anda fazendo para ajudar?!- Estudando. - respondi dando de ombros, eu não tinha nada haver com os muros.- Tavarres, coloque ele com o Victor. - ao ouvir o nome do bastar
~Pov. Eris~Parece que finalmente estou me encaixando em algum lugar, aquele almoço foi divertido, nem com meus amigos de Oncep eu tinha me sentido tão a vontade. Gabriel com seus cabelos castanhos e olhos azuis era doce, Luiz tinha cabelos negros e pele caramelada, era um pouco afastado e centrado mas quando os dois começaram a me fazer elogios senti meu rosto todo queimar. Antony era o pequeno palhaço do grupo, Leticia era fofa e alegre, Felipe era convencido. Ruan, cabelos negros em cachos caindo sobre os ombros, olhos castanhos ele era diferente da maioria. Um sorriso brotava em meu rosto ao lembrar deles.Quando terminei o almoço e segui para a sala de Tavarres, Victor não estava mais lá. Estavam tendo problemas nos muros e os Transportadores foram convocados para ajudar, aparentemente aquilo era perigoso e um frio na barriga me tomou ao imaginar Victor machucado.Fui aco