~ Pov. Ruan ~
O sono estava ótimo mas todo mundo diz que tudo de bom acaba rápido, não posso dizer o contrário. Antony me balançava a todos os lados gritando escandalosamente, tenho certeza que todos já acordaram com seus berros, exatos três anos ao lado dele e ainda não me acostumei aos horários da academia.
- Acorda! Vamos lá Ruan! Acorda cara! - o travesseiro estava sendo feito de marreta em suas mãos e eu tive que controlar minha raiva para não explodir.
- Mais que saco! - gritei me levantando e correndo ao banheiro, eu estava atrasado eu sempre estava e isso não era surpresa para ninguém.
- Atrasados novamente mas que surpresa. - a professora Leandra batia o pé esperando que entrassemos na sala, colocar o uniforme cinza foi uma verdadeira batalha essa manhã e eu devia ter pontos exfras só por ter conseguido concertar o ziper da jaqueta.
- Não vai mais acontecer. - sorriu Antony tentando ser simpático com a professora ranzinza que falava sobre a importância dos muros.
- Já faz três anos que escuto a mesma coisa. - ela mostrou a régua e estendemos nossas mãos, aquela magrela tinha uma força e tanto. Nos sentamos nas carteiras do fundo da sala olhando ela andar de um lado para o outro, eu contava os dias para sair daqui correndo e gritando Eu estou formado! Porra! Mas sabia que embora o ano esteja quase na metade ainda faltava muito tempo para isso. - Ruan! Estou falando com você! Parece que não basta chegar atrasado todos os dias precisa ficar tirando sarro da minha aula não é?
- Isso vai acontecer até acabar o ano professora. - sorri amarelo para ela que fervilhou de raiva, ela não era minha professora favorita e levava sempre reclamações sobre mim ao diretor, mas nas aulas específicas eu sempre tirava notas altas e por isso continuava a ser o melhor Elementar do fogo da academia.
A aula passou rápido e o almoço já estava servido, peguei uma bandeija e coloquei algumas barras de sereal e molhos picantes, a mesa estava cheia e o barulho me incomodou um pouco. Leticia e Luiz discutiam sobre seus elementos, Antony discutia com Gabriel sobre as batatas e Lorena reclamava do suco que estava doce demais.
- Vocês podem calar a boca? - perguntei mostrando minha presença ali, todos sorriram em resposta.
- Oi Ruan, qual sua aula depois do almoço? - perguntou Lorena jogando seus cabelos loiros sobre o ombro deixando o número cinco bem a mostra sobre sua farda.
- Oi Lore, acho que tenho aula de resistência. - dei de ombros, comendo meus cereais.
- Eu também, podemos ir juntos. - Leticia se mostrou presente terminando seu suco.
- Eu vou também, Felicia. - Antony gostava de provocar a pequena Elementar da água e ela simplesmente odiava, ela jogou seus cabelos cacheados e negros para trás ignorando ele completamente.
- Certo, vamos a maioria agora me deixem comer em paz. - resmunguei mergulhando minhas barras de cereal nos molhos.
- Como consegue comer isso cara? - Luiz fez cara de nojo me fazendo rir, eu tinha gostos peculiares quando se tratava de comida.
- Vocês estão sabendo que acharam outra sem número próximo aos muros? - Gabriel se pronunciou comendo as batatas rapidamente.
- Não sei porque abrigamos os sem números. - Lorena rebateu colocando fogo nas batatas de Gabriel.
- Porque não somos como os Telectos, somos diferente. São pessoas Lore. - Luiz explicou calmamente como sempre fazia.
- Disseram que era uma garota, deve ter sido mandada para a escola ou coisa do tipo. Deve ser horrível não ter família. - Antony falou pensativo se pondo em pé.
- Fala como se ligasse para a sua. - rebati, ele riu demonstrando a verdade em minhas palavras.
- Não é como se minha mãe fosse a melhor pessoa do mundo. - deu de ombros. - Encontro vocês na aula de resistência.
E assim todos terminaram seu almoço em silêncio seguindo para suas aulas, me ofereci a ajudar Lore com seus livros até sua próxima aula que ficava do lado oposto a minha.
- Obrigada, Ruan. - agradeceu quando estavamos frente a porta da sua sala, beijei sua bochecha e me afastei indo em direção a aula de resistência.
A enfermaria estava aberta quando passei por ela e espiei o diretor conversando com uma garota de cabelos castanhos, ela não estudava aqui eu tinha certeza disso. Controlei minha curiosidade em ouvir a conversa e continuei andando em direção a sala das específicas, Antony e Leticia já estavam a minha espera, imaginei que Luiz e Gabriel estivessem aqui também mas as vezes eles conseguiam escapar das aulas para fazer ronda nos muros.
- Aqueles idiotas conseguiram outra ronda? - me aproximei rindo, eles sempre conseguiam.
- Ruan, os únicos que não saem das aulas somos nós. Talvez se você acordasse mais cedo isso mudaria. - bateu em meu ombro, Leticia gargalhou com a mão na boca e eu o encarei sério.
- Se alguém não entrasse depois das quatro horas da madrugada fazendo barulho talvez eu dormisse mais cedo. - retruquei revelando seus segredos.
- Cala a boca. - apontou o dedo e o professor entrou furioso na sala, hoje teriamos problemas sérios.
~Pov. Gabriel ~Eu gostava da academia mas nada chegava perto da sensação de estar rodeando os muros. Em breve eu seria um comandante do exército assim como meu pai e esse será meu lar, minha missão.As boas notas me dão um passe livre para fazer rondas quando eu quiser, Luiz é meu parceiro. Treinamos juntos desde que chegamos na academia para ser uma ótima dupla na defesa da cidade.Estamos ha algum tempo caminhando por cima dos muros e observando a gigantesca barreira de Oncep, a cidade dos Telectos. A noite aquilo brilha com a luz da lua e da própria cidade, quando eu era pequeno imaginava que eles tinham sorte mas agora sei que não. Eles são pessoas crueis que tomam coisas que não lhes pertencem para permanecer em cima, que matam pessoas sem se preocupar com nada, assassinos crueis e sem alma.Nunca tinha visto um na vida, alguns soldados mais antigos diz
O suor escorria pela minha testa enquanto comandava o máximo do meu elemento em volta do meu corpo, metade da turma tinha desistido ou desmaiado. Isso era tremendamente cansativo e fazia todos os músculos do corpo doerem de forma intensa. Eu era o único eletron que ainda permanecia aqui suportando junto de Ruan e Luiz, mais uns oito garotos ainda permaneciam na mesma posição dando tudo de si para controlar seu elemento.Ao olhar para a frente ela estava la da mesma forma, encostada perto da porta como se fosse correr a qualquer momento. O professor não fazia caso da sua presença ali mesmo que as colegas de Lorena estejam a todo custo tentando chamar a atenção da pequena garota. Mais dois caíram no chão exaustos, os joelhos de Luiz fraquejavam, lhe lancei um sorriso de "aguente mais um pouco" só faltava mais dez minutos.Os músculos da minha coxa tremiam com o esforço e tive que fincar o pé no chão e morder os lábios para não cair, eu tinha que bater meu recorde pessoal.
~Pov. Eris ~Depois que saimos da enfermaria Tavarres me levou para sua casa onde eu passei a noite, era estranho ser ajudada por alguém que eu provavelmente estaria ajudando a matar se o resultado do meu tedte tivesse sido diferente.A noite demorou a passar, boa parte dela eu fiquei acordada apenas olhando para a janela do quarto. A noite aqui era diferente de Oncep, eles economizavam energia e assim as estrelas se destacavam no céu azul. Comecei a conta-las e acabei dormindo.A manhã seguinte foi assustadora para mim, senti o fogo em meu corpo novamente e acordei após bater a testa fortemente no chão. Levantei devagar e encarei roupas ao lado da porta, peguei e entrei no banheiro tomando um banho rápido já que a água aqui é escaça. As roupas eram masculinas, além disso os Elementares tinham um corpo muito maior do que um pobre Telecto.As calças tinham um ajuste em elástico, o moletom batia quase em meu joelho e não
~Pov. Eris~Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.Não posso negar que sentia falta dos meus professor
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma
~Pov. Letícia ~- Antony! Levanta, eu sei que você já está melhor! - depois do treinamento pesado de resistência o Anto desmaiou e eu me vi na obrigação de ajuda-lo. O Ruan nunca desistiria do seu recorde pessoal para tal.Nesse momento eu estou enfadada da primeira aula e com receio de ir a segunda, mesmo assim tento arrancar ele da maca em que está deitado na enfermaria. Antony se enrosca no lençol como se fosse sua alma e isso já está me tirando a paciência.- Eu estou mal, não está vendo Lê? Olhe para meu rosto, meu corpo. Eu estou péssimo. - o drama realmente era algo significativo em sua personalidade, eu sabia que ele estava bem.- Estou vendo... Vendo esse seu cu de preguiça! Levanta dessa porcaria antes que eu te derrube dela! - grito, infelizmente paciência não é meu forte. Ele tapa os ouvidos com o travesseiro e finge que não me ouviu.Respiro fundo para tentar me acalmar, se o diret
~Pov. Ruan~Odeio reuniões, esse era o único pensamento que vinha em minha cabeca. Tavarres estava sentado a minha frente de um jeito desconfortável, meu pai berrava ordens até para o ar e a raiva já estava friamente me consumindo.- Quero que mais pessoas vigiem os muros! Esses bastardos não vão entrar em minha cidade e causar terror! Quem ultrapassar será morto, entenderam?! - não duvido que até os alunos da academia tenham concordado com os gritos dele, mesmo estando a um quilômetro de distância de lá.- Sim, senhor Regente. - os soldados sairam apressados, eu também sairia mas minhas obrigações me prendem aqui.- Tavarres, você o único homem em quem eu confio. Use seus alunos para algo útil. - ele concordou respirando forte. - E você Ruan, o que anda fazendo para ajudar?!- Estudando. - respondi dando de ombros, eu não tinha nada haver com os muros.- Tavarres, coloque ele com o Victor. - ao ouvir o nome do bastar