~ Pov. Eris~
Meu corpo estava frio e tremia, eu não sentia as minhas pernas e muito menos meus braços, um arrepio de pânico se alastrou por minhas costas e eu abri os meus olhos de supetão apenas para ter certeza que meus membros estavam intactos. A pouca luz que entrava pela minúscula janela deixava pouca coisa a mostra, o local fedia e o chão brilhava como se estivesse molhado.
Eu estava em uma posição horrível sobre o chão e ao tentar me mover constei que não conseguiria, minhas mãos estavam presas em correntes ásperas bem acima da minha cabeça, minhas pernas estavam dobradas de um jeito estranho cujo eu não conseguiria me mover nem se quisesse. Meu corpo inteiro estava enxarcado, os cabelos molhados grudavam ao meu rosto e eu tremia, em Oncep não nevava mas era tão frio a noite capaz de matar um desprotegido, tortura.
A minha frente tinha um balde com água e se levantasse o olhar veria o vidro espelhado da porta de ferro mostrando meu verdadeiro estado, os últimos dois meses me passaram como um maldito filme antigo dando a certeza que eu não queria aceitar, eu sou uma zero. Fugir não era uma opção agora, o sangue lutava para chegar aos meus membros e a dormência demoraria a passar, ainda que eu conseguisse me soltar não daria nenhum passo sem ajuda e isso me fez tombar a cabeça em desistência.
Estava pensando nas possíveis mortes que eles podiam me proporcionar mas nenhuma delas chegava aos pés do que eu sabia que ia acontecer, eu sobrevivi demais para alguém condenado e sabia segredos preciosos de suas táticas de batalha, a palavra veio como um soco em meu estomago, dementador.
Enquanto eu me martirizava mentalmente a porta escura foi aberta sem fazer nenhum barulho, um ser tenebroso passou por ela sendo momentaneamente clareado pela luz que vinha do corredor. Normal, todos os Telectos eram, não possuímos atributos físicos além da agilidade pela pouca massa corporal. Ele fechou a porta atrás de si e deu dois passos em minha direção, se eu tivesse força revidaria um olhar ameaçador mas pela presença eu sabia exatamente quem era, o governador.
- Finalmente te achamos, Erisabella. - um tom amargo de tristeza forçada fez o ambiente pesar, mesmo com os soldados do silêncio usando suas atribuições de anulação a empatia me rebatia com gosto e isso era um bom sinal. - Fiquei preocupado com o seu... bem estar.
- Se... veio para me matar... Então faça de... uma vez... - a respiração irregular e a garganta queimando impediam que minha voz saisse tão sombria comomeu esperava.
- Te matar? Erisabella, por que eu faria isso? Você tem uma atribuição mental incrível. Eu vim aqui para lhe fazer uma proposta. - Não confio nele, eu sabia o que acontecia com os zeros, não importa se você nasceu em meio o governo a morte sempre estava a um passo. - Me ajude a destruir meus inimigos e pode voltar para a sua vida normal.
- E se eu recusar? - perguntei sussurrando, a dor se alastrava por quase todo o meu corpo e era difícil respirar. Eu não tinha escolha, era ir e morrer lutando ou ficar e morrer congelada.
- Bom, se recusar você se torna minha inimiga e sabe muito bem como eu trato os meus inimigos. - Garota tola, acha mesmo que vou te deixar viver? se eu não precisasse do seu poder a mataria agora mesmo. Uma minúsculas abertura em seu escudo me fez entrar tão rápido que eu nem precisei me esforçar para faze-lo, se for para morrer não vou deixar que aconteça enquanto luto contra pessoas que não fizeram nenhum mal a mim.
- Então... eu sou sua inimiga. - o balde de água fria foi jogado em direção a mim tão fortemente que acabei engolindo um pouvo de água, mesmo grata por isso meu corpo reclamou do ato.
- Que pena... que pena Erisabella. Bom, tem alguém aqui que pode convencer você. - ele saiu e cabelos loiros escovados passaram pela porta me analisando com pesar.
Bella, o que fizeram com você?
- Eris? Hei, sou eu. - Erion estava ajoelhado sobre a água que escorria de mim, com dificuldade levantei meu olhar para encara-lo, um sorriso de desculpas tomou seu rosto e uma sensação pesada em minhas costas se fez presente ele sentia culpa.
- A culpa... Não é sua... - me limitei a dizer guardando o pouco das minhas forças, sua mão deslizou em meu rosto e algumas lágrimas escorreram de seus olhos.
- Então é verdade, você pode saber o que eu penso e como eu me sinto. - sorriu. Vou tirar você daqui, Bella. Custe o que custar. Se levantou, os soldados já estavam a postos para retira-lo dali. Sinto sua falta, eu te a... a ligação foi quebrada rapidamente quando a porta se fechou retirando Erion para lomge de mim.
[···]
A noite já estava avançada enquanto eu tremia, meus membros estavam ficando sem oxigênio assim como meus lábios gelados, a água parecia comprimir cada psrte do meu corpo me forçando a soltar leves gemidos de dor. Eu poderia facilmente morrer de hipotermia aqui e sabia bem disso, se ao menos eu pudesse tapar a janela com algo o vento não entraria e eu poderia respirar. Olhei para todos os cantos daquela sala e não achei nada que eu pudesse usar e ainda que achasse estava fraca demais para faze-lo, a inconsciência me levando silenciosamente e alguns pensamentos rebatendo em minha cabeça como um sinal de que eu ainda estava viva mas, ainda não quer dizer que daqui a cinco minutos eu estarei.
Acorde Bella! Acorde!
Puxei o ar com todas as minhas forças quando escutei a voz de Erion, eu podia estar finalmente ficando maluca mas eu tentei acreditar que ele realmente pudesse estar aqui, Erion estava aqui. A luz na janela denunciava que daqui a duas horas iria finalmente amanhecer, me remexi de forma desconfortável tetando acha-lo em meio a tantas mentes pertubadas deste lugar.
Grite Eris, grite! Faça eles entrarem na sala.
Eu estava ficando louca, literalmente louca. Respirei fundo uma vez, duas vezes, três vezes. Querida atribuição se ainda quer permanecer aqui me ajude a fazer algo de útil! Ordenei amim mesma, eu senti algo vibrar em meu corpo e uma sensação de força repentina me tomar, tomei folego pela última vez e gritei o mais alto que eu podia, uma pressão saiu de dentro de mim dando impulso a minha voz fazendo os vidros da porta cairem em pedacinhos. Os soldados entraram na sala me sufocando com o silêncio que não durou muito, Erion entrou na sala e bateu na cabeça dos dois soldados com uma barra de ferro, pegou as chaves e abriu as correntes me segurando em seus braços.
Achei que estava ficando louca...
Eu não vou deixar isso acontecer...
Eu conseguia respirar normalmente e meu corpo estava voltando a funcionar, Erion corria pelos corredores estreitos do governo sem olhar para trás, pulei do seu colo ficando de pé para sairmos mais rápido mas ele nunca deixaria. Quando o primeiro raio de sol saiu ao nosso encontro dois olhos azuis encontraram os meus, Não olhe nos olhos dele Bella! Não faça isso! Erion estava no chão detido por soldados e ele estava a minha frente, eu tentei não olhar mas é impossível. Senti ele pemetrando minha mente e arrancando meus sentimentos um a um, arrancando a minha vida até que não restou nada de mim.
~Pov. Eris~Me lembro de ter caído nos braços de Erion, de ver ele chorando e sendo arrastado para longe de mim por soldados, me lembro do rosto do diretor inundando minhas memórias e sorrindo ao me ver caída no chão. A dor que eu sentia era agoniante mas não conseguia mover um músculo se quer em resposta eu esgava morta. Meu corpo passou por meus pais que me encararam como se olha algo podre, com nojo e fui jogada.Queimava, estava queimando minha pele. Acordei sobre uma pilha de corpos sendo queimados devagar e meu corpo ja sentia a brasa sobre ele, me apressei e descer embolando sobre a carne podre de dezenas de pessoas tentando apagar o fogo em minhas e roupas. Encostada a uma árvore eu vi tudo queimando, pessoas que eu conhecia, colegas de classe sem números, tentei correr mas as queimaduras me impediam de continuar, arrastando meus pés eu me afastava devagar em direção a um lago que existia ali p
~ Pov. Ruan ~O sono estava ótimo mas todo mundo diz que tudo de bom acaba rápido, não posso dizer o contrário. Antony me balançava a todos os lados gritando escandalosamente, tenho certeza que todos já acordaram com seus berros, exatos três anos ao lado dele e ainda não me acostumei aos horários da academia.- Acorda! Vamos lá Ruan! Acorda cara! - o travesseiro estava sendo feito de marreta em suas mãos e eu tive que controlar minha raiva para não explodir.- Mais que saco! - gritei me levantando e correndo ao banheiro, eu estava atrasado eu sempre estava e isso não era surpresa para ninguém.- Atrasados novamente mas que surpresa. - a professora Leandra batia o pé esperando que entrassemos na sala, colocar o uniforme cinza foi uma verdadeira batalha essa manhã e eu devia ter pontos exfras só por ter conseguido concertar o ziper da jaqueta.- Não vai mais acontecer. - sorri
~Pov. Gabriel ~Eu gostava da academia mas nada chegava perto da sensação de estar rodeando os muros. Em breve eu seria um comandante do exército assim como meu pai e esse será meu lar, minha missão.As boas notas me dão um passe livre para fazer rondas quando eu quiser, Luiz é meu parceiro. Treinamos juntos desde que chegamos na academia para ser uma ótima dupla na defesa da cidade.Estamos ha algum tempo caminhando por cima dos muros e observando a gigantesca barreira de Oncep, a cidade dos Telectos. A noite aquilo brilha com a luz da lua e da própria cidade, quando eu era pequeno imaginava que eles tinham sorte mas agora sei que não. Eles são pessoas crueis que tomam coisas que não lhes pertencem para permanecer em cima, que matam pessoas sem se preocupar com nada, assassinos crueis e sem alma.Nunca tinha visto um na vida, alguns soldados mais antigos diz
O suor escorria pela minha testa enquanto comandava o máximo do meu elemento em volta do meu corpo, metade da turma tinha desistido ou desmaiado. Isso era tremendamente cansativo e fazia todos os músculos do corpo doerem de forma intensa. Eu era o único eletron que ainda permanecia aqui suportando junto de Ruan e Luiz, mais uns oito garotos ainda permaneciam na mesma posição dando tudo de si para controlar seu elemento.Ao olhar para a frente ela estava la da mesma forma, encostada perto da porta como se fosse correr a qualquer momento. O professor não fazia caso da sua presença ali mesmo que as colegas de Lorena estejam a todo custo tentando chamar a atenção da pequena garota. Mais dois caíram no chão exaustos, os joelhos de Luiz fraquejavam, lhe lancei um sorriso de "aguente mais um pouco" só faltava mais dez minutos.Os músculos da minha coxa tremiam com o esforço e tive que fincar o pé no chão e morder os lábios para não cair, eu tinha que bater meu recorde pessoal.
~Pov. Eris ~Depois que saimos da enfermaria Tavarres me levou para sua casa onde eu passei a noite, era estranho ser ajudada por alguém que eu provavelmente estaria ajudando a matar se o resultado do meu tedte tivesse sido diferente.A noite demorou a passar, boa parte dela eu fiquei acordada apenas olhando para a janela do quarto. A noite aqui era diferente de Oncep, eles economizavam energia e assim as estrelas se destacavam no céu azul. Comecei a conta-las e acabei dormindo.A manhã seguinte foi assustadora para mim, senti o fogo em meu corpo novamente e acordei após bater a testa fortemente no chão. Levantei devagar e encarei roupas ao lado da porta, peguei e entrei no banheiro tomando um banho rápido já que a água aqui é escaça. As roupas eram masculinas, além disso os Elementares tinham um corpo muito maior do que um pobre Telecto.As calças tinham um ajuste em elástico, o moletom batia quase em meu joelho e não
~Pov. Eris~Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.Não posso negar que sentia falta dos meus professor
~Pov. Victor~Pov. VictorAcordar sentindo o sol no rosto não era a melhor parte do meu dia, eu deveria ter fechado a janela. Me sento sobre a cama desforrada e me lembro que fechei a janela antes de dormir então estava claro que Tavarres abriu para me cordar.Me levantei e tomei o café que ele tinha deixado no forno notando que tinha pratos demais na pia, parece que meu pai trouxe alguém para casa. Finalmente está seguindo em frente. Tomo um banho demorado e coloco minha roupa preta de trabalho com o número Cinco bordado em chamas nas costas da jaqueta. Pego as chaves da moto e saiu de casa.Tavarres não é meu pai de verdade, ele me ajudou a sair das ruas quando passei no teste elemental e não tinha para onde ir, como retribuição faço parte do Grupo Elementar dos Cinco, os Transportadores. Me formei na academia faz pouco mais de um ano e virar um soldado não era o que
~Pov. Eris~A manhã seguinte não prometia nada de diferente, depois que me despedi de Victor alegando querer ficar sozinha acabei por ouvir os pensamentos do garoto que tinha esbarrado em mim. Inconscientemente acabei respondendo e arrancando algumas informações sem sua permissão, Gabriel vivia a sombra de um acontecimento fatídico do passado.O que vi em sua cabeça foi repassado em meus sonhos dessa noite, a linda garota que ele tanto amava estava morta aos seus pés e ele não pode fazer nada. Lágrimas despencavam dos meus olhos com o peso da culpa em meus ombros, eu estava distante da academia mas tinha certeza que era com isso que ele sonhava e que de alguma forma acabei me apegando a essa dor como um vínculo.O resto da noite eu passei em claro olhando pela janela uma tempestade distante que se formava além das cidades de Oncep, na cratera além mar não existia nenhuma forma de vida. Os cataclismas norma