Na mira do tempo-coração

Na mira do tempo-coraçãoPT

Romance
Jack Bellintani  concluído
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8Capítulos
1.4Kleituras
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Resumo
Índice

Poemas jogados ao vento no inicio de uma história que se desenrola como um coração em chamas. O tempo... O coração... Qual o caminho, então, que poderíamos usar para isso? Qual deles nos apontaria uma solução mais próxima da definitiva? Essa incógnita pode ser respondida, não aqui, pelo autor, mas sim, pela reflexão do próprio leitor que, sabendo os passos que dará, certamente encontrará suas respostas

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Último capítulo

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8 chapters
Prefácio
  Prefácio Ah se ela tivesse a coragem de morrer de amor   E tudo ficou bagunçado aqui dentro de novo. Eu me organizo, finjo não enlouquecer, fujo... Mas aí vem seu sorriso e brilha em meu coração Como o maior raio do paraíso. E minha memória falha em não lembrar E meu coração falha em escapar E fica tudo a tona, intenso novamente E me vejo perdido de novo, em você.   A vida sempre nós dá escolhas Não podemos nos arrepender Só daquilo que não fizemos por medo Pois os momentos duram eternamente.   Ou te amo e busco-te até o fim Mesmo que isso custe minha sanidade Orgulho, respeito, valor, poesia... Ou esqueço-te e isso custará Minha razão, pensamento, futuro, poesia...   E aquele sentimento de milagre Transformado em
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1
           Um festival de fogos de artifícios iluminou toda a madrugada no alto do morro. Com um barulho ensurdecedor, desenhava no céu figuras com os mais diversos coloridos e clarões dourados e prateados riscavam a noite como cometas, acordando todo aquele povo simples e humilde. Os cães procuravam abrigo em todos os becos e os gatos sumiam desesperados dos telhados.        Muitos dos cidadãos, cujo horário de trabalho satisfazia o período noturno, foram pegos de surpresa. Apesar de já terem assistido a cenas semelhantes por várias vezes, não estavam aguardando para agora uma nova distribuição de drogas, coisa previamente alertada pelos traficantes. Desta vez, porém, o prévio aviso não veio e daí a
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2
        A Lua já adentrava na sua morada oposta e os primeiros raios de sol começavam a refletir sobre os tetos de zinco dos barracos e nas pedras formando imagem de espelho a mostrar ao morro o começo de um novo dia. Mais um estafante e incerto dia aonde muitos, sem dúvidas, não chegariam ao seu fim. Mais um dia no morro tão corriqueiro como qualquer outro, de raras e pequenas alegrias, de tráfico, tiros, dor, drogas e sangue.       O foguetório lançado na madrugada avisava aos moradores da cidade, desenvolta sobre um manto plano aos pés do morro estendendo-se até o mar, que os senhores traficantes donos do mundo estavam prontos para mais uma farta distribuição de cocaína, maconha, êxtase e uma infinidade de outras drogas, sendo o craque a mais procurada e consumida entre os
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3
        O dia aos poucos vai desabrochando, mas ainda é cedo e escuro no morro. A madrugada mal se havia afastado e Madalena preparava-se para mais um dia de trabalho. Às pressas sorvia um gole de ralo café com uma fatia de pão amanhecido. Teriam que descer, ela e a barriga, aqueles perigosos degraus até atingir o asfalto. Na mente tinha a certeza de ter que enfrentar todo aquele bando de androides famigerados caminhando em sentido contrário na busca pelas drogas.       Estando ela próxima ao final do sétimo mês de gravidez, tornava-se cada dia mais difícil subir e descer aquelas escadas e ladeiras. Hoje, especialmente, todo cuidado era pouco, haja vista a insensatez e a pressa do contingente extra para a aquisição do produto tão desejado.       M
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4
        O “cipó”, como sempre, estava lotado. Madalena não conseguiu ir além do primeiro degrau da porta. Pensava consigo mesma; - Não sei se é pior aqui ou nos degraus do morro. Procurando uma posição mais segura, sempre protegendo a enorme barriga, tentava chegar até o trocador. Ninguém lhe oferecia lugar e com muita dificuldade passou pela roleta pagando a passagem.       Segurando-se da melhor forma que podia, tentava chegar o mais perto possível da porta de saída, a fim de facilitar seu desembarque que não estava muito longe. De repente sentiu que alguém a segurava suavemente pelo braço. Virou o rosto um tanto quanto assustada e reconheceu Artur, um jovem com mais ou menos dezessete anos que lhe sorria timidamente. O sorriso por fim alargou-se e ele lhe perguntou:

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5
        Enquanto isso no morro as cenas ainda eram as mesmas, porém com menor intensidade. O vai e vem das pessoas em busca das drogas estava diminuindo. Não mais havia aquela correria nos degraus e ribanceiras e até mesmo os “meninos” que faziam a segurança estavam mais descontraídos, afrouxando um pouco a vigilância. Mas das armas não largavam nunca e a qualquer barulho ou movimento estranho a empunhavam. Podia-se ver alguns deles nas biroscas da favela bebendo cerveja, mas sempre com as metralhadoras e fuzis nos ombros.       Na casa de Madalena, sua mãe, lavadeira, há muito já havia partido para o trabalho e o padrasto, servente de pedreiro e as vezes tido como meia boca ao arriscar fazer algum serviço mais avançado para os seus parcos conhecimentos, desde muito cedo carre
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6
        Ainda um tanto longe dali, Madalena olhava encantada para o pacote com as roupinhas de criança que acabara de comprar na loja da dona Beta. Ela lhe dividiu os pagamentos em três parcelas e ainda a presenteou com um pacote de fraldas descartáveis. Pensava em como era gentil a dona Beta e sorria ao lembrar-se da brincadeira desta dizendo que o bebê tinha que ficar com o pipi muito sequinho. Não era para deixar o xixi vazar e assar o pipi dele. Com muito carinho ostentava o pacote de fraldas e o embrulho com as roupinhas novas, pensando no dia que ele a usaria.       Mas era hora de voltar para casa. Chegou mesmo a aborrecer-se enquanto aguardava o coletivo, ao pensar que dali a algum tempo estaria novamente nas escadas do morro e agora teria que subir todos aqueles deg
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7
         Numa rua tranquila, em confortável e arejada casa, cercada por jardins com diversas e coloridas flores, o jovem Artur recolhia na caixa postal os matutinos em busca de notícias sobre o comício do pai no dia anterior. Queria ver ainda a evolução da sua candidatura e a mais recente posição nas pesquisas eleitorais que hoje seria divulgada. Desdobrando o primeiro jornal deparou com a manchete de primeira página. Com letras garrafais “MAIS UMA VERGONHA ACONTECE NO MORRO”, o matutino divulgava a guerra do dia anterior. Reconheceu sendo este o mesmo morro que morava sua amiga Madalena. Virou-se para o assessor do seu pai que o ajudava com os jornais e disse-lhe;        - Puxa! Aqui mora uma amiga minha. Eu a vi ainda ontem. Será que ela está bem. Será que ela está bem? Te
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