Na mira do tempo-coração
Na mira do tempo-coração
Por: Jack Bellintani
Prefácio

Prefácio

Ah se ela tivesse a coragem de morrer de amor

E tudo ficou bagunçado aqui dentro de novo.

Eu me organizo, finjo não enlouquecer, fujo...

Mas aí vem seu sorriso e brilha em meu coração

Como o maior raio do paraíso.

E minha memória falha em não lembrar

E meu coração falha em escapar

E fica tudo a tona, intenso novamente

E me vejo perdido de novo, em você.

A vida sempre nós dá escolhas

Não podemos nos arrepender

Só daquilo que não fizemos por medo

Pois os momentos duram eternamente.

Ou te amo e busco-te até o fim

Mesmo que isso custe minha sanidade

Orgulho, respeito, valor, poesia...

Ou esqueço-te e isso custará

Minha razão, pensamento, futuro, poesia...

E aquele sentimento de milagre

Transformado em poesia

Que decifro em seu sorriso

Escorre pelos meus dedos

E ofuscado pelo tempo

Deixa-me como uma sombra vazia.

E perco-me buscando novamente

Tudo aquilo que senti

Que projetei quando te conheci

Mas vejo que nada dura eternamente

E essa minha loucura

De ser e ter essa mania de acreditar

Que um dia eu vou te conquistar

Ludibria-me e me embriaga de esperança

Que é deveras inspirador, mas também triste

Pois o mundo é grande e perder o momento

O dia por não estar com você e não poder

Falar-te tudo que sinto é como me deixar

Desfalecer e minha pessoa com a poesia

No vento desaparecer...

O mundo parece me conhecer

Eu encontro anjos que confio e posso

Pensar e sentir e dizer...

Tudo que me faz viver e sofrer.

E todas as outras pessoas que me conhecem

E complementam experiências e penso...

Tu és feliz sem mim... É? Sim.

Tu não me conheces ou não queres me conhecer...

E eu preso no milagre que me mudou

Transformou e me ergueu e conquistou.

Embriagou-me de fé, bondade, responsabilidade, e o que restou?

Uma rebelde alma solitária e romântica com o sol na palma da mão

Que entende pelos sinais da vida a missão e o coração

A literatura, arte música e diversão, alegria fuga e refúgio da solidão.

O amor que me salva é o que me deixa sem chão.

É você.

Meu paraíso platônico.

Que vou seguindo nessa estrada de paixão

Onde a escada para o céu é a minha barganha de loucura amor e poesia.

É o que me resta... Morrer de amor.

Pois o dia a dia me mostra sempre a grandeza da vida e seu valor.


Além do vazio interior...



I



Era um radiante e ensolarado domingo solitário, no terceiro dia do mês quarto do vigésimo sexto ano do século vinte e um.


Aqui estava eu deitado na cama, nesse minúsculo quarto apenas com minha gata Charlotte.


Assistindo seriados norte-americanos de moto-clubes e prisioneiras lésbicas ou filmes de prostitutas brasileiras...


O raio de sol forte rasgava o meu quarto, estava de samba-canção preto e uma camisa social cinza com as mangas rasgadas, cigarros e isqueiro no bolso da camisa, o mundo lá fora acontecia,


Tudo girava,


Tudo se perdia...


Tudo estava se rasgando,


O lobo no meu braço uivava por uma cerveja,


Meu coração sempre teve essa certeza.



Será que seremos sempre escravos de nós mesmos no segundo passado desse instante presente?


Ou será que somos senhores de nosso destino a cada manhã presente?


Será que seremos lembrados além?



Levantei-me e me troquei,


Sai rua afora, caminhando em busca de um santuário...


Minha vizinha, a senhora esposa do Senhor Rogerius me informara sobre o mercado da dona Cora, subindo o morro de nossa rua...


Peregrinei no sol ardente da bela tarde que me consumia, pelos vales fundos e ruas findas e sujas, igrejas abertas gritantes, bares com seus televisores e futebol, o porco vencia...


Comunidades religiosas por todo canto,


Parques com pessoas felizes tomando sorvete e jogando bola na quadra, casais passeando e seus cães rolando na grama...


Adentrei as favelas do Santo André, da minha vila de vidro,


Onde a justiça é blindada.


Encontrei uns chapas caminhando também em busca de cerveja, levaram-me até lá na santa cora, comprei sete latas da cerveja mais barata por quatorze paus, desci a imensa escadaria, já estava novamente próximo a minha caverna, acendi um cigarro, meu cabelo preso, ventava pouco e a cerveja me congelava por dentro e me guiava...


Regressei, casa vazia, ocupada apenas pela luz, me despi e dando aquele alívio que o espírito chora,


O gato miava, tirei o macarrão frio da geladeira, coloquei as cervejas no gelo. Peguei alguns ovos, quando quebrei o primeiro na pia ele rapidamente escorreu pelo ralo e fiquei olhando aquilo com cara de burro...


Tocava Zakk Wylde no computador, o ventilador estralava, quebrei mais alguns, fiz ovos mexidos. Comi junto com o macarrão, é sempre assim... Quase todo dia, Macarrão gelado e galinha...



Após a morte da fome,


Outra fome sempre consumia,


Seja da bebida ou do amor ou da esperança, da fé ou poesia...


Olhei o céu azul com uma sensação que antes me embrulharia o estômago me brilhou os olhos...


Lavei a louça, lavei as minhas memórias que são como fotografias cinzentas,


Jogadas ao léu como papel sendo consumido por chamas irreparáveis...


Vi a gata amaciando o cobertor de lã do meu colchão com as unhas


Deitando-se me esperando e depois lambendo o rabo...


Acendi um cigarro e voltei a me deitar para assistir novamente vídeos inúteis ou as séries de prisioneiras lésbicas e moto-clubes da Califórnia...



Encarei minha máquina de escrever,


Pensando que além do vazio interior,


Além da família,


Além dos amigos,


Dos amores perdidos,


Do grande amor da minha vida,


Além é sempre a cerveja que vem até mim,


No final fica tudo bem, dá tudo certo e a cerveja está comigo,


Posso estar fodido, sem dinheiro ou sem mulher,


A cerveja está lá, os deuses a joga lá de cima...


Sempre parece haver uma conspiração divina, isso eu não posso reclamar,


E quando isso acontece no final de tudo eu me recordo á Ela...


Minha doce menina bagunçada eu te amarei até o fim das cervejas do mundo...



E toda vez que eu bebo o sorriso dela me resgata e o se fosse o último dia da Terra me faz acreditar que a terei, além do vazio interior, eu ali sozinho, o domingo se esvaindo, as cervejas gelando e se consumindo e se eu pudesse manteria em seu rosto aquele lindo sorriso para sempre, como toda da manhã de domingo ela vem, limpando os cinzentos céus do meu coração e me faz recordar toda a bondade do mundo e de todas suas palavras...


II

Enquanto isso, alguns amigos trabalham outros também estão em suas casas e suas mulheres ou também com suas cervejas...

E o meu velho está lá na praia do pássaro, com seu bigode branco, seus suspensórios, olhar forte, voz grossa, o leão da razão, criando galinhas e passarinhos com minha sobrinha doce e os cães pulando na piscina para se refrescarem, e meu irmão trabalhando duro dia e noite também e minha cunhada dando longas aulas, e eu aqui, esse sonhador enferrujado e solitário, esse rebelde criador de casos pensando em todas as oportunidades passadas, afogadas no arrependimento e culpa que vai ao vento,

Terminando mais uma cerveja, consumido por amor e saudade,

(Acho que irei assistir a nova série do fazendeiro viajante...)

A noite chega, o quarto fica escuro,

O ecrã do computador dá o ar da graça das palavras e pensamentos,

Fumo um cigarro, a brisa do vento se torna suave...

Jamais deixe de dizer o que sente ou pensa...

Palavras não ditas também jamais poderão ser ditas novamente naquele tempo certo assim como as ações...

Esqueça o orgulho, o ego ou medo...

(‘’ Dessa vez será diferente... ’’)

Isso tudo sempre se ecoa dentro de mim e rasga,

Além do meu esforço,

Além da minha compreensão,

Além do meu coração, além do vazio interior...

                                                                                                        

Se até hoje tive a coragem de enfrentar qualquer coisa, tudo que

fosse para Demonstrar-te meu amor por ti.

Isso não será difícil, eu espero...

Pois escrever sempre foi minha vida e minha paixão.

Até que você apareceu no meu mundo de letras perdidas.

E agora estou aqui sozinho em quarto branco e preto,

de luzes fracas e letras escritas por toda parte.

Talvez assim você perceba quanto escrever é difícil para mim.

Coisa que não deveria ser, pois estou a escrever com e para a

maior paixão de minha vida...

E como dificilmente haja uma maneira fácil de dizer isso... mas vou

Acreditar em minhas chances...

Eu encontrei alguém sabe?

Alguém com quem eu possa ser alguém...

Alguém totalmente novo e ao mesmo tempo ser eu mesmo.

Alguém que me faça sentir-me como alguém totalmente perdido

E ao mesmo tempo como alguém que me faça ser alguém completo e com valor.

Alguém que me faça acreditar e que me mostre o caminho das escadas do céu.

Esse alguém que mudou a minha vida, antes que eu fosse alguém perdido

Antes que eu fosse alguém, que eu nem sabia quem, talvez um ninguém.

Um ninguém contador de histórias, agora sou alguém do amor.

Alguém que busca luz, esperança, alguém com arte.

Alguém que ama a vida, e quem é a responsável por me transformar

Assim como um milagre em quem sou hoje...

Esse alguém é você minha princesa.

E antes o gosto da melancolia

que eu sentia,no café...

E também pela manhã

Hoje sinto um calor com alegria.

O gosto do tempo só me dói se saber

que estais longe e distante,mas isso irei

mudar...mas para isso também existe o gosto da esperança.

'' Enquanto livres sonhos vagam lentamente,flutuam sob a cama

Martelando a minha mente...''                                                                                                                                                                                                                                                            

      

       A elaboração deste trabalho baseou-se, em princípio, na inocência das classes menos favorecidas e na hipossuficiência das camadas mais pobres, juntamente com a sua fragilidade em se deixar corromper, aceitando trabalhos ilícitos em troca de dinheiro fácil. Esta mistura, temperada com os vícios, viciados e drogas fazem todo o descrito em cada uma das páginas deste compêndio.

       Tudo nelas contido retratam a mais dura e cruel realidade imposta nas ruas, morros e cidades em qualquer canto deste e de outros países espalhados pelo mundo. Suas personagens, embora fictícias, misturam-se e confunde-se com milhares de Madalenas, Artur, Gabriel...

       Na mais ampla pureza de intenções, sem cunho político ou religioso, buscou-se sempre mostrar os caminhos da realidade do nosso tempo e, com toda certeza, a conscientização do mal que causa, principalmente aos jovens e às crianças, tentando-se assim a sua erradicação.

       Orientar para o bem é coisa que pode ser escrita e falada em qualquer idioma, mesmo naquele idioma imaginário que transporta qualquer indivíduo pelo campo espiritual e até mesmo lírico, construindo cada passo da história de forma agradável, ao mesmo tempo em que ilustrativa.

       Entretanto, a intenção primeira deste compêndio é a de alertar, de instruir e mostrar as diversas maneiras de que dispõem os malfeitores donos do mundo e do vício, assim como dos viciados, na constante busca por um contingente cada vez maior de dependentes drogados desde as mais tenras idades.

       Utópico, tal e qual a sociedade Platônica, seria querer que um dia se pudesse terminar em definitivo com todo esse mal, todo esse vício e tudo aquilo que não condiz com a natureza do ser humano. Somos sabedores que ele nasce sempre voltado para o bem e para si, o que deveria se manifestar em todo o percurso da sua existência. Todavia, esse bem às vezes sofre algum tipo de acidente de percurso e volta-se contra os seus semelhantes nas mais diversas formas e atitudes por ele próprio outrora rejeitadas. A droga é uma dessas maneiras e entender o porquê do seu uso é um enorme passo para a sua rejeição.

       Qual o caminho, então, que poderíamos usar para isso? Qual deles nos apontaria uma solução mais próxima da definitiva? Essa incógnita pode ser respondida, não aqui, pelo autor, mas sim, pela reflexão do próprio leitor que, sabendo os passos que dará, certamente encontrará suas respostas.

O autor

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