Zoe sempre soube que pertencia a alguém. Desde criança, carrega marcas profundas na pele, grandes e imponentes—diferentes de todas as outras. Um sinal claro do que sempre foi dito: quanto maior a marca, mais poderoso é o Alfa que a reclama. Suas marcas nunca queimaram. Até agora. No dia em que completa vinte anos, tudo muda. Ele surge como um furacão, arrastando Zoe para um mundo onde não há dúvidas, apenas destino. Ele não pede. Ele não espera. Ele simplesmente toma o que é dele. O fogo que ela nunca sentiu antes a consome de dentro para fora. A verdade se impõe como um grito na pele: este homem é seu. Seu Alfa. Seu dono. Mas no momento em que Zoe se entrega ao que sempre esteve destinado a ser, ele recua. Uma profecia sussurrada por um ancião pesa sobre ele. Um segredo capaz de mudar tudo. Agora, Zoe precisa descobrir se seu destino já foi escrito… ou se terá coragem de reescrevê-lo, mesmo que isso signifique desafiar o Alfa que seu coração, sua alma e sua pele reconhecem como seu.
Leer másAcordei com um calor estranho espalhado pelo corpo, irradiando das minhas marcas como se pequenas brasas vivessem debaixo da pele. Doía e ao mesmo tempo… não doía. Era um calor que chamava, que puxava algo dentro de mim.As mãos do Alex me cercavam pela cintura, coladas na minha pele, como se ele soubesse exatamente onde tudo queimava. Quando me mexi, tentando sair devagar da cama, ele murmurou com a voz arrastada pelo sono:— Onde pensa que vai, minha loba?— Preciso de água. Muito — respondi baixinho, tentando não rir da voz rouca e do jeito possessivo com que ele me puxava de volta.— Hum… depois. Fica aqui comigo só mais um pouco.Tentei resistir, mas ele já estava colando o corpo no meu de novo. As marcas voltaram a queimar com o contato, e deixei escapar um suspiro. Um bem longo, que escapou sem controle.— Alex…— Eu sei — ele sussurrou perto do meu ouvido, e a forma como ele disse isso… como se sentisse tudo junto comigo, me fez fechar os olhos.Sua mão deslizou pelas minhas c
O ar cortava meu focinho com a suavidade de uma promessa. A noite ainda envolvia a floresta com sua névoa prateada, e cada passo sobre a terra úmida parecia mais leve do que o anterior. Corria livre, com o vento beijando meu pelo branco, e sentia Alex logo atrás de mim, seu lobo gigante e negro deslizando entre as árvores como uma sombra protetora.—Você está rindo.A voz dele ecoou na minha mente com aquela calma rouca que sempre me fazia estremecer.—Talvez porque estou ganhando.— Respondi, sem parar.“Talvez porque você está sonhando.”Disparei ainda mais rápido, saltando sobre raízes grossas e desviando de arbustos como se aquele trajeto já fosse parte de mim. As patas de Alex faziam barulho atrás de mim, pesadas, poderosas. Eu sabia que ele podia me alcançar quando quisesse — mas ele deixava. Ele gostava de ver minha liberdade. De me ver vencendo.—Se eu vencer, você me deve um banho de rio.—Se eu vencer, você me deve um beijo… em forma humana.Soltei um rosnado divertido, quase
A manhã estava começando a ganhar vida quando deixei Zoe com sua mãe e segui até a clareira perto da casa principal. Lord já estava lá, como sempre, com os braços cruzados, observando os arredores com aquele olhar de sentinela que ele nunca deixava descansar. Bastou me aproximar para que ele me lançasse um olhar afiado, embora a tensão logo se dissolvesse num sorriso curto, daqueles que ele só soltava quando estava de bom humor. Ou quase.— Achei que ia dormir até o cio da sua loba passar — ele disse, sem nem se virar completamente.Revirei os olhos, já sabendo que vinha provocação.— Ela me expulsou da cama, na verdade — retruco, entrando no mesmo tom. — Disse que eu precisava conversar com meu braço direito antes de sumir na floresta por alguns dias.Ele bufou, mas sorriu.— Inteligente. Ela sabe que sem mim, essa aldeia ia desmoronar em dois dias.— Em meio dia — corrige uma voz atrás de nós.Nos viramos ao mesmo tempo e vimos meu pai se aproximando, com aquele ar calmo e certeiro
Saí da cama com relutância, sentindo Alex ainda quente e preguiçoso atrás de mim. Mas eu precisava conversar com a minha mãe antes que o cio se aproximasse demais. Antes que tudo mudasse. Alex se levantou comigo, nossos dedos entrelaçados com naturalidade, como se nunca tivessem sido separados.Descemos juntos até o cômodo principal da casa, e a encontrei na sala, sentada próxima à lareira, organizando algumas ervas secas com todo o cuidado do mundo. O cabelo dela estava preso de qualquer jeito, e um lenço claro cobria parte dos ombros. Mas mesmo assim, havia uma leveza nova nela, algo que antes parecia apagado, e agora começava a reaparecer, tímido, mas constante.— Mãe? — chamei com suavidade.Ela virou na hora, e aquele sorriso de acolhimento me atingiu com força. Ela abriu os braços, e eu me aconcheguei ali, sentindo o cheiro de chá e terra seca que sempre me trazia alguma paz. Depois, ela me olhou, e depois olhou para Alex, que ficou um pouco atrás, respeitando nosso momento.— D
Ainda estou nos braços dele.O corpo de Alex é uma muralha quente atrás de mim, o braço firme me envolvendo com tanto cuidado que chega a parecer um escudo. Seus dedos fazem círculos preguiçosos no meu quadril, como se quisessem memorizar cada centímetro da minha pele. A manhã lá fora já deve estar avançando, mas aqui, entre os lençóis, o tempo parece ter desacelerado só pra nós dois.Eu poderia ficar assim pra sempre.— Gosto disso, alfa— murmuro, com os olhos ainda fechados.— Disso o quê? — ele pergunta, e sua voz grave vibra contra minhas costas. — De dormir comigo ou de acordar comigo te abraçando?— Dos dois. Mas gosto mais ainda da forma como você me faz sentir quando está perto. Especial… segura. Como se nada no mundo pudesse me machucar.Sinto o beijo que ele deposita bem abaixo da minha orelha. Suave. Quase reverente.— É assim que você é pra mim também, minha loba. A coisa mais preciosa que existe.Eu viro de lado, me aconchegando melhor nele, com meu rosto agora colado ao
Acordei com os braços de Alex ao meu redor, firmes e possessivos, como se ele soubesse exatamente o momento em que eu pensaria em me mover. Sua respiração batia tranquila contra a curva do meu pescoço, quente e constante. Era quase impossível sair dali… quase.Me mexi devagar, tentando não acordá-lo. Só precisava ir ao banheiro, nada demais. Mas antes que eu conseguisse sequer tirar as cobertas de cima de nós, seu braço me apertou pela cintura.— Onde pensa que vai, minha lobinha? — ele murmurou com a voz ainda rouca de sono.Soltei uma risada baixa, sentindo o calor subir pelas minhas bochechas. — Banheiro. Só isso.— Não. Fica. — Ele me puxou de volta, colando meu corpo ao dele. — As marcas ainda estão quentes. Tão gostosa.Era verdade. As marcas estavam queimando com mais intensidade do que nos dias anteriores. E quanto mais o tempo passava, mais evidente se tornava que o cio estava próximo. Muito próximo.— Acha que é hoje? — perguntei, virando meu rosto para olhar em seus olhos.
O céu já escurecia quando me afastei da casa. Caminhei em silêncio até o limite da clareira, onde a floresta começava a se tornar mais densa. O ar estava fresco, e o som dos galhos balançando nas árvores era a única coisa que me fazia companhia. Sabia que Gabriele me esperava ali, como tinha prometido. Ela sempre dizia que conversar embaixo das estrelas fazia a magia dela fluir melhor.— Achei que fosse me deixar esperando a noite inteira — disse ela quando me aproximei.Estava sentada sobre uma pedra coberta de musgo, com as pernas cruzadas, brincando com um pequeno galho entre os dedos. O cabelo ruivo solto brilhava sob a luz da lua, e seus olhos claros me encararam com aquela vivacidade que só a Gabriele tinha.— Eu precisava de um momento sozinha antes de vir — murmurei, me sentando ao lado dela.— É, dá pra ver. Está com a energia meio caótica — ela ergueu uma sobrancelha, divertida, e logo em seguida ficou mais séria. — Como estão suas marcas?— Estão normais… quer dizer, um pou
Havia algo no ar… uma tensão sutil que parecia pulsar junto com a energia da adaga que Gabriele agora segurava entre os dedos.Ela estava ajoelhada no centro do círculo de pedras que havíamos preparado no meio da clareira. Runa por runa, Alex e Lord seguiram as instruções dela para marcar o chão com precisão. Eu me mantive ao lado da minha mãe, observando a expressão séria de Gabriele enquanto ela fechava os olhos e pousava a lâmina sobre um tecido vermelho-escuro, bordado com símbolos antigos. Símbolos que ela disse pertencerem à linguagem da Deusa.— Tudo pronto — murmurou, quase como se falasse com as próprias runas. — Se tiverem algo a dizer antes da leitura, agora é a hora.Olhei para Alex. Ele estava ao meu lado, com a mandíbula tensa e os braços cruzados sobre o peito. Sentia que ele já sabia que não gostaríamos do que estava por vir. Lord segurava a mão da minha mãe, o polegar acariciando os nós dos dedos dela com delicadeza. Ela parecia apreensiva, mas firme.— Pode começar
O ar da manhã ainda era frio quando pisei na terra macia da minha antiga aldeia. O chão úmido coberto por folhas trazia memórias que eu desejava manter guardadas, mas agora, com tudo vindo à tona, não havia mais como ignorar. O sol filtrava-se entre as árvores com certa timidez. Gabriele caminha ao meu lado, com as mãos nos bolsos da capa marrom escura que usa. Seus cabelos presos em duas tranças grossas e o tom sempre leve no olhar combinam com o estado do momento. A presença dela me trazia certa paz. Era confortável conversar com ela.— Dormiu bem? — ela perguntou, virando levemente o rosto na minha direção.— Mais ou menos — respondi, dando de ombros. — Sonhei com a adaga.— A que sua mãe encontrou?Assenti. Ela estava coberta de sangue no meu sonho. Mas o estranho é que… não era o sangue de ninguém que eu conheço. Era diferente. Escuro. Espesso. Quase como se tivesse uma energia própria.Minha mãe teve um sonho, e agora eu. Tudo ligado.Gabriele franziu o cenho e diminuiu o passo