Nós - Zoe Villar

Alex tem cuidado de mim desde que cheguei. Todas as noites, ele me aquece com seu corpo em forma de lobo, envolvendo-me em sua pelagem espessa e quente. Seu cheiro me cerca, e o calor dele penetra minha pele, me embalando no sono. No começo, era estranho. Mas agora, é um conforto silencioso, um lembrete constante de que ele está aqui, de que sou sua.

Mas algo mudou nos últimos dias.

Sinto que ele está mais distante. Não fisicamente. Ainda está ao meu lado, ainda me protege, mas há um espaço invisível entre nós. Algo na maneira como me olha… Como se lutasse contra si mesmo. Como se quisesse se aproximar e, ao mesmo tempo, estivesse determinado a se manter longe.

Minhas marcas estão apenas mornas agora. Sua proximidade constante impede que queimem como antes, mas o inverno e o cio ainda não chegaram. E se, quando chegarem, ele continuar assim?

A inquietação me acompanha enquanto caminho pela aldeia. Minha aldeia. Os membros da alcateia foram acolhedores, me aceitaram como se eu sempre tivesse pertencido a esse lugar. Cada rosto que encontro me cumprimenta com respeito e admiração, como se eu fosse especial, como se eu já fosse a fêmea do Alfa há muito tempo.

Logo, minha mãe também estará aqui.

Esse pensamento me aquece por dentro. Desde que vim para o Norte, uma parte de mim tem sentido falta dela, da casa onde cresci, dos momentos em que nos sentávamos perto da lareira e ela me contava histórias sobre a Deusa da Lua.

Lord caminha ao meu lado, sempre atento. Ele é um dos braços direitos de Alex e foi encarregado da minha segurança. Desde que cheguei, não desgrudou de mim. É espirituoso, sempre de bom humor, e sua companhia torna a adaptação mais fácil.

— A próxima lua cheia é daqui a uma semana. — Digo, mais para mim mesma do que para ele.

Finalmente, Alex me ensinará a me transmutar.

Conhecerei minha loba.

Às vezes, posso senti-la sob minha pele, inquieta, ansiosa para sair. Ela quer correr pela floresta. Quer sentir o vento cortando seu pelo. Quer estar ao lado do nosso parceiro. Mas, por algum motivo, Alex ainda não me tocou dessa forma. Ainda não reivindicou o que é dele.

E isso me faz pensar… Ele quer?

Quando chegamos à casa, Lord abre a porta para mim.

A construção é espaçosa, feita de madeira escura e pedra, robusta como tudo que Alex faz. É nossa casa. O cheiro dele impregna o ambiente, e o instinto dentro de mim se aquece, satisfeita por estar cercada por sua presença.

Mas algo me intriga.

Ele não deixou espaço para um futuro quarto de bebê.

Será que pretende que nos mudemos quando nosso herdeiro nascer? Será que sequer pensa nisso?

Antes que eu possa me aprofundar nesses pensamentos, percebo que não estamos sozinhos.

Uma figura imponente me aguarda do outro lado da sala.

— É um prazer finalmente conhecer minha filha. — A voz do pai de Alex é profunda, marcada por uma autoridade serena. — Estou tão feliz que meu filho tenha encontrado uma parceira tão especial quanto você.

Minhas sobrancelhas se franzem.

Como ele pode ter tanta certeza disso?

Ele sorri, como se pudesse ler meus pensamentos.

— A Deusa, minha querida. Ela conversa comigo. Sinto sua energia, sua devoção. Os planos da nossa Deusa da Lua estão apenas começando.

Um arrepio percorre minha pele.

São poucos os que conseguem uma ligação direta com a Deusa. Mas, sendo pai de um dos Alfas mais poderosos que existem, não me surpreende que tenha esse dom.

— Sua transformação também está próxima.

Isso me anima.

Mas há algo mais urgente me incomodando.

— O senhor… sabe o que está acontecendo com Alex?

Ele me analisa por um longo momento antes de responder.

— Há coisas que não posso dizer, minha querida. Mas saiba que Alex esperou por você por mais de trezentos anos. Sonhou com o momento em que finalmente a conheceria. Porém, também viveu tempo suficiente para temer algumas coisas.

Minha respiração fica presa na garganta.

— É algo que eu fiz?

— Não. Mas um Alfa sempre colocará sua fêmea em prioridade. Acima de tudo e de todos. Cabe a você mostrar que não é tão frágil.

Entendo.

Ele tem medo de me machucar.

Não deveria.

Porque eu não sou frágil.

E vou provar isso para o meu Alfa.

Naquela noite, quando Alex volta para casa, observo cada detalhe. Seu olhar intenso, mas distante. Seus ombros rígidos, como se carregassem um peso invisível. Seu cheiro, tão viciante quanto da primeira vez.

Ele se senta ao meu lado, mas não me toca.

Quero perguntar o que há de errado. Quero exigir respostas. Mas algo me impede.

Se ele não quer me dizer, eu vou descobrir por conta própria.

Porque não importa o que ele esteja enfrentando…

Eu sou dele.

E ele é meu.

Sempre foi.

Sempre será.

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