Meu nome é Andrew Montanaro e sou filho do Don da Khazar. O meu pai nunca foi um homem que tivesse pena de ninguém e nunca permitiu um traidor em sua casa. Desde adolescente, vi homens clamarem por piedade, e ele apenas olhava nos olhos deles enquanto cortava suas gargantas, e isso por pouca coisa. Não foi à toa que ele construiu o que chamamos de império Khazar.
Fui treinado desde muito novo, primeiro a lutar, lutar muito, depois a atirar, sempre treinando todos os dias. Meu pai dizia que eu não deveria errar um único tiro e não devia desperdiçar nenhuma bala; cada uma delas tinha um destino certo. Meu pai me preparou para o substituir, mas não ainda. Depois que eu estava pronto, ele me mandou conhecer o mundo e fazer associações, e assim eu fiz.
Quando eu fiz vinte anos, retornei à minha cidade natal, a bela Calábria, e trouxe comigo uma linda mulher que, claro, não sabia do meu envolvimento com a máfia. No início, meu pai ficou furioso comigo, pois esse seria o meu ponto fraco, e me obrigou a falar a verdade a ela. Eu não tive escolha; chamei a minha doce Kara Grecco e expliquei como a minha família vivia. Ela aceitou continuar comigo, apesar dos perigos da nossa escolha de vida, para a minha felicidade.
Tivemos um casamento lindo, com amigos e membros da Khazar, e estava chegando a hora de finalmente assumir a nossa organização (eu quebrei uma regra ao casar-me com um kara), porque a estrutura interna de cada clã da Khazar é baseada nos membros de um núcleo familiar ligados por laços de sangue. É bastante frequente a ocorrência de casamentos entre os vários clãs, a fim de consolidar as relações entre as famílias da máfia. As coisas ao meu comando sempre estiveram indo muito bem; nosso poder só aumentava cada vez mais, e isso acaba gerando inveja nos outros.
Como atuamos? Simples: com tráfico de drogas, extorsão, usura, apostas ilegais e muitas outras coisas… a renda só aumentava a cada carregamento que controlávamos.
Aos três anos de casamento, minha doce Kara me presenteou com a criança mais linda, o meu amado filho Dominic. Ele se tornou o nosso sol, e, junto com o meu filho, começamos a receber ameaças. Claro, descobri quem era e logo dei ordem para trazê-lo ao quartel. E lá estava eu, esperando por ele. Assim que entraram com ele, arrastando-o, ele me olhou com ódio e, claro, fiz como fui muito bem ensinado: pendurei-o nas correntes, coloquei um soco inglês e bati, bati muito. Não tive dó mesmo. Quando ele já estava mole e bem ensanguentado, tirei uma foto e mandei para o pai dele. Depois, joguei álcool e coloquei fogo. É isso mesmo, fui criado para ser ruim, fui treinado para matar…
—Tomei um banho lá mesmo para tirar o sangue do covarde do meu corpo e fui para minha casa ficar com a minha família…
—As ameaças cessaram e seguimos nossas vidas…
A organização cresceu ainda mais e meu pai, a cada dia, estava mais feliz com os resultados, mas ele sempre me disse para nunca provocar um Capo, e foi exatamente isso que eu fiz. Meu filho, a cada dia, mais esperto, e quando ele já estava com 2 anos, saímos: Kara, Dominic e eu, para passear e sofremos um primeiro atentado. Conseguimos escapar, mas não sabia quem era o atirador. No entanto, de uma coisa eu sabia: ele estava mais perto do que eu imaginava, e isso estava me deixando nervoso. Não tive medo por mim, e sim pela minha família.
Mandei fazer uma investigação interna, já imaginando que havia um traidor dentro da organização, e eu não estava errado. Deu trabalho; ele soube esconder muito bem a identidade, mas conseguimos encontrá-lo. Nada é impossível quando se tem dinheiro, fama e poder. Me trouxeram o traidor, que me olhava com medo nos olhos, sabendo que iria morrer. Mas esse eu ia matar devagar; quero informações.
Depois de muitas torturas, consegui o que eu queria e deixei-o lá, sangrando à vontade. Não tenho pena de traidor, não…
Fui para minha casa ficar com a minha linda família. Depois de uma conversa com meu pai, ele me aconselhou a ficar uns dias afastado da Khazar para o bem da minha família, e decidi que seria o melhor mesmo: ficar um tempo longe. Meu pai decidiu que ficaria à frente da organização mais uma vez enquanto as coisas se acalmavam.
Conversei com a minha amada esposa e decidimos fazer uma viagem para a França. Ficaremos um tempo lá; é necessário. Não quero colocar a vida da minha esposa e do meu filho em risco por conta das minhas ações. Fizemos as malas e fomos para o aeroporto. Logo depois, embarcamos rumo à bela Paris.
Sou Kara Grecco e conheci Andrew Montanaro em uma de suas viagens. Ele nunca soube; nunca tive coragem de contar a ele e nunca faria mal ao homem que amo. Me apaixonei por ele à primeira vista, mas, na verdade, eu sempre fui uma assassina de aluguel e fui contratada para matá-lo. Claro que aquele encontro não foi por acaso; eu o estava seguindo o tempo todo e, apesar de ser um homem treinado, ele não percebeu. Fiz contato com ele propositalmente; sempre fui uma mulher bonita e, na minha profissão, isso é vantajoso. Mas, dessa vez, eu fraquejei. Quando olhei aqueles olhos marcantes, soube naquele instante que não conseguiria executar o serviço, então fiz o que poderia fazer de melhor: me aproximei.
Quem me contratou ficou furioso por eu não ter executado o serviço, mas a forma que eu achei de me proteger foi ir com ele de volta à sua casa. Ele nunca imaginou que eu sempre soube que ele era o filho de um capô, mas não poderia simplesmente falar para ele que eu havia sido contratada para matá-lo, né?
Ele retornou à bela Calábria e eu fui junto com ele. Ele me apresentou como sua. Ali, no território dele, eu me sentia segura, por isso aceitei casar com ele. Não tinha nada a perder e sabia que o meu contratante não era louco de atentar contra mim no território Khazar. Depois do casamento, ele assumiu de vez a frente dos negócios da família, e eu sempre ao seu lado, ajudando no que eu podia, até que, três anos depois, engravidei. Isso deixou o meu Andrew muito feliz. A gravidez foi repleta de muitos cuidados, e finalmente o nosso Dominic nasceu, um lindo garotão, para a felicidade da família.
A comemoração foi enorme. Andrew estava muito feliz, assim como o seu pai. Mas eu, apesar da felicidade de ter me tornado mãe, sabia que aquela criança seria a nossa maior fraqueza. Junto com o nosso filho, começaram a chegar ameaças contra a vida do nosso pequeno, e isso está deixando o meu marido ainda mais violento. Eu não sei o que fazer. Já o chamei para passarmos um tempo fora, mas ele insiste em ficar aqui, mesmo depois de tudo.
Os dias se passaram, os meses, os anos; nosso Dominic já está com dois aninhos. O tempo passa voando e as preocupações só aumentam. Decidimos sair um pouco em família para que o nosso pequeno se divirta em outro ambiente. Só não imaginávamos que teriam coragem de atentar contra as nossas vidas em um lugar repleto de crianças. Mas deu tudo certo; ninguém se feriu. Essa foi a gota que transbordou o copo, e o Andrew decidiu mover céu, terra e inferno para descobrir quem foi. Não demorou muito e ele descobriu; nem quis saber o que fez com o traidor.
Depois disso, finalmente ele entendeu que precisamos sair um pouco para que os ânimos se esfriem. A inveja está muito grande pelas conquistas que ele tem feito e também pelas quedas que ele tem causado.
Conversamos e decidimos que a melhor decisão era viajar para outro país e deixar as coisas um pouco sob o comando do meu sogro, que concordou de imediato com nossa viagem. Logo, arrumamos as nossas malas e seguimos para o aeroporto rumo a Paris.
Papai, papai, que barulho é esse, papai? —Fica calma, filha, e fica abaixada… (tiros, tiros) Papai, eu tô com medo… —Só fica calma, meu bebê, vai ficar tudo bem... vai ficar tudo bem… (mais tiros)... Amor, você está acelerando muito… —Se não for assim, não teremos nenhuma chance… Amor, curva mais à frente… Mais tiros, muitos tiros, luzes, carros em alta velocidade, frenagem brusca, capotagem…Acordo toda suada e assustada. Olho para o relógio na pequena mesinha de cabeceira ao lado da cama; são exatamente 4:00 da manhã. Respiro fundo, meu corpo inteiro está tremendo e tento me acalmar. Levanto da cama e vou até o meu minúsculo banheiro. Olho-me no espelho por alguns minutos e depois jogo água no rosto. Fico ali em pé, me olhando, tentando me lembrar. Forço, mas nada. Minha cabeça começa a latejar, desisto, tiro o meu micro pijama de algodão velho e vou para o chuveiro. Ligo a água fria e deixo-a cair sobre o meu corpo, que ainda treme por conta do sonho. Enquanto estou
Apesar de estar super cansada, fico virando de um lado para o outro na cama. Tento, mas, infelizmente, o sono não vem. Ao contrário, aqueles pensamentos de angústia, por ter sido abandonada, vêm à minha mente como um raio, e sinto as lágrimas começarem a pinicar os olhos. Por mais que eu tente, aos poucos elas transbordam e escorrem pelo meu rosto. Minhas noites nunca foram fáceis, mas, desde que os sonhos — ou melhor, os pesadelos — começaram, a tristeza me invade constantemente.Percebo que meus dias têm se tornado ainda piores e, por mais que eu me esforce, sinto um vazio enorme no peito. Não aguento mais. Levanto e vou tomar uma ducha fria. Eu preciso reagir. Sei que minha mente é totalmente fodida, mas não posso e não vou me deixar abater por esses pensamentos. Tiro meu pijama e entro embaixo do chuveiro frio, deixando a água cair sobre a minha cabeça. Fico ali por vários minutos e, aos poucos, sinto a tensão que se instalou sobre o meu corpo indo embora. Depois de estar um pouco
As horas passam e nada de notícias. Apenas vemos as enfermeiras de um lado para o outro e nada, absolutamente nada de notícias. Depois de uma longa espera, vemos o médico se aproximar.— Doutor, como está a minha amiga? Ela melhorou? Essas dores de cabeça são muito constantes e, segundo ela, de uns três anos para cá, têm se intensificado muito...— Já medicamos a sua amiga, e ela, neste momento, se encontra dormindo. Aparentemente, está melhor, mas só posso ter certeza após ela acordar. Também fizemos alguns exames para descobrir o porquê das dores... E a família dela, conseguiram contatar eles?— Não, doutor. A minha amiga é órfã, ela não tem ninguém, apenas nós e o patrão dela…— Eu sinto muito... Faremos o nosso melhor...— Faça o que for preciso e não se preocupe, assumimos toda a responsabilidade...— Ok, mas vocês não precisam ficar aqui. Ela não vai acordar por algumas horas...— Tudo bem, voltaremos mais tarde...Irmão, vamos passar no seu Ari para avisar que a Ayla não vai tr
O dia finalmente terminou e, logo depois que fui deixada sozinha, adormeci. Mais uma vez, tive uma noite tranquila; acredito que seja por conta das medicações. Ao acordar, deparei-me com o doutor Eduardo me observando. Olho para ele sem entender. Ele apenas diz que preciso fazer novos exames. Pergunto o porquê e ele responde que só vai me liberar do hospital quando tiver certeza de que realmente não corro nenhum risco. Afinal, ele presenciou as minhas dores e tem certeza de que elas têm algum fundamento. Não sei por que tive a impressão de ver em seus olhos, por alguns segundos, algo como "pena, preocupação". Só posso estar vendo coisas; isso é impossível.Minutos depois, chega um enfermeiro com uma cadeira de rodas, onde logo eu me sento, e seguimos para a área de exames. De início, fiz uma tomografia e, depois, fiz mais alguns exames. Logo voltamos para o quarto, e o doutor Eduardo saiu. Meus amigos chegaram e ficaram comigo por mais um tempo até o médico voltar com os resultados, q
Não é possível que tudo isso que está acontecendo comigo tenha algo a ver com estas bijuterias, Benjamin. Isso não deve valer nada; não passam de bugigangas.— Não, Ayla, tem algo de muito errado nessa história. Deixa eu ver esse colar e esse anel. — Benjamin fala, me olhando, e por um momento vejo um lampejo em seus olhos que some tão rápido quanto apareceu.Entrego a ele e ele começa a olhar cuidadosamente o colar que, segundo a única freira que ainda tentava me ajudar, me entregou escondido e pediu que eu guardasse aquilo da melhor forma possível, e que ninguém nunca soubesse que estava comigo. Ela ainda me aconselhou a não acreditar em nada do que me falaram enquanto eu estava naquele inferno que chamam de orfanato. Benjamin continua olhando para o colar e vejo que ele foca em algo muito discreto, mas ele me chama e me mostra: tem as mini letras CGM em pedrinhas próximas ao feixe. Aquilo também me chama a atenção, então ele passa a olhar o anel pequenino com as mesmas letras…— Ay
BenjaminEntão, essa é a confirmação que eu precisava: finalmente, a certeza de que a encontramos… Fico alguns segundos perdido em pensamentos quando escuto a voz de Ivan…— Não pode ser, cara, não, não pode ser... É muita coincidência... Cara, onde você conseguiu isso? Essa joia está desaparecida há anos… — sinto um tom de satisfação em sua voz, o que me deixa um tanto desconfortável, mas deixo essa sensação de lado. — Você sabe qual a origem, então me fala logo, é importante, cara… — pergunto, tentando disfarçar minha alegria. — Seja lá onde você a encontrou ou com quem, mantenha-a o mais escondida possível. Vou te contar o que eu realmente sei sobre isso. Senta aí e cala a porra da tua boca, porque o negócio é muito sério. — Sentei e olhei nos olhos de Ivan, pronto. E agora vai me falar do que se trata essa joia? Sei que é importante, agora desembucha logo, que o que eu menos tenho é paciência, e você sabe muito bem disso. — falo impaciente.— Eu sei, escuta isso: esse cola
BenjaminDepois de sair do hospital, notei o quanto a Ayla estava ansiosa para ver o velhote, que ela diz tratar muito bem. E eu não nego que ele realmente o faz, mas tem algo nele que me deixa desconfiado demais. Então, fomos para o estacionamento e depois seguimos até a lanchonete dele. Claro que notei alguns carros por perto e, ao ver a lanchonete fechada, tive certeza de que algo muito errado estava acontecendo. Esse velhote nunca fecha essa espelunca. Olhei para a Ayla e a vi bastante apreensiva. Certifiquei-me discretamente de que estava equipado e, junto com as meninas, descemos do carro.Ayla foi diretamente para as portas dos fundos e a vi perder a cor ao ouvir alguém perguntando supostamente por ela. A puxei para trás, colocando-a entre mim e a minha irmã, e olhei diretamente nos olhos da Sarah, que imediatamente entendeu o meu olhar e retirou a Ayla dali. Sabemos exatamente o que está acontecendo. Esperei alguns segundos, respirei fundo e decidi entrar. Sei muito bem que el
Sou Tyler Campbell, melhor dizendo, Dominic Grecco Montanaro. Quando eu tinha 4 anos, fui enviado por meus pais para um colégio interno com um nome falso, segundo eles, para a minha segurança. Eu só poderia sair de lá com a autorização deles ou de alguém da minha família. Desde então, eu nunca mais os vi. Aos 12 anos, entrou um professor de luta, especificamente para me treinar, e desde então aprendi Muay Thai, Krav Maga, Kung Fu e Karatê, além de aprender a lutar com armas brancas. Nunca entendi o porquê de toda essa preparação até completar 20 anos e ser retirado daquele colégio.Sei que tenho duas irmãs. Quando fui enviado para o colégio, minha mãe, Kara, estava grávida. Tenho essa lembrança: a minha linda mãe com a barriga enorme. Pouco depois de ter sido enviado ao internato, recebi a visita dos meus pais e, com eles, dois bebês lindos. Elas tinham acabado de nascer, e eu as vi e as peguei pela primeira e última vez em meu colo. Fiquei encantado com tanta beleza, tão pequenas e t