Apesar de estar super cansada, fico virando de um lado para o outro na cama. Tento, mas, infelizmente, o sono não vem. Ao contrário, aqueles pensamentos de angústia, por ter sido abandonada, vêm à minha mente como um raio, e sinto as lágrimas começarem a pinicar os olhos. Por mais que eu tente, aos poucos elas transbordam e escorrem pelo meu rosto. Minhas noites nunca foram fáceis, mas, desde que os sonhos — ou melhor, os pesadelos — começaram, a tristeza me invade constantemente.
Percebo que meus dias têm se tornado ainda piores e, por mais que eu me esforce, sinto um vazio enorme no peito. Não aguento mais. Levanto e vou tomar uma ducha fria. Eu preciso reagir. Sei que minha mente é totalmente fodida, mas não posso e não vou me deixar abater por esses pensamentos. Tiro meu pijama e entro embaixo do chuveiro frio, deixando a água cair sobre a minha cabeça. Fico ali por vários minutos e, aos poucos, sinto a tensão que se instalou sobre o meu corpo indo embora. Depois de estar um pouco mais calma, saio do chuveiro, enrolo uma toalha no meu corpo e vou até a cozinha tomar um pouco de água gelada. Assim, talvez eu consiga me manter mais calma e me ajude a dormir. Volto pra cama e, pelada mesmo, me deito e, aos poucos, adormeço.
Por incrível que pareça, tenho um sono tranquilo, coisa que não acontece há muito tempo. Ao acordar, percebo o quanto estou relaxada. Aproveito e tomo uma ducha rápida, coloco minha calça jeans surrada, uma camiseta branca e meu tênis. Prendo meus longos cabelos loiros em um rabo de cavalo e passo um batom nude. Hoje é meu dia de folga, vou aproveitar e ir ao mercado. Preciso comprar algumas coisas para abastecer o armário. Pego um pouco de dinheiro e a minha bolsa, fecho a porta e desço as escadas. O mercado não é tão longe, mas vou precisar carregar um pouco de peso; afinal, não vou me dar ao luxo de pagar um táxi apenas por isso.
Assim que saio, vejo alguns vizinhos, cumprimento-os e sigo o meu caminho. Ao atravessar a rua, tenho a leve impressão de estar sendo observada ao longe, algo que sinto desde criança. Isso me incomoda muito e, sinceramente, não sei o porquê de sentir isso. Olho cuidadosamente ao meu redor e, como sempre, não vejo nada de anormal. Sigo o meu caminho, faço as minhas compras e, ao sair do mercado, esbarro em um rapaz, por sinal muito bonito, que me olha descaradamente, sorri e logo depois pede desculpas.
Acho estranho; afinal, não é uma coisa muito corriqueira as pessoas ficarem se esbarrando por aí assim. Mas apenas aceno que está tudo bem, e ele se oferece para me ajudar a carregar as minhas compras. Claro que eu não aceito. Vejo ele dar um sorriso, que ignoro totalmente, e volto ao meu minúsculo apartamento. Guardei as minhas compras, e aquela sensação ruim que eu às vezes sinto voltou com tudo. O sorriso daquele rapaz me deixou amedrontada... algo não está bem. Tento tirar isso da minha cabeça e decido dar uma arrumada em minha casa. Vou até meu quarto, coloco um short curto e, descalço, começo a arrumar tudo. Aos poucos, vejo tudo ficando em ordem. Quando está perto da hora do almoço, paro e vou para a cozinha.
Depois de abastecer o armário, tenho como fazer uma comida saudável, e é isso que faço: corto alguns legumes, coloco para cozinhar, faço uma salada verde e um arroz branco. Depois de quarenta minutos, tudo está pronto. Me preparo para almoçar quando a única pessoa de quem deixei de me aproximar, e que hoje é minha grande amiga, chega ao meu apartamento. Ela veio passar um tempo comigo, pois me acha muito sozinha, o que não é mentira diante da minha história. Depois de almoçarmos, ela me ajuda a terminar a faxina do apartamento e ficamos ali na sala batendo papo. Na verdade, ela tem vontade de que eu namore o irmão, que, por sinal, é muito bonito, mas eu não acho que esteja pronta para namorar. Acho que não me sinto preparada para mais um possível abandono.
Após mais uma tarde de boa conversa com a minha amiga Sarah, desci com ela, nos despedimos e, quando eu estava me virando para entrar no prédio, notei o rapaz do mercado de hoje cedo. No entanto, percebi que ele disfarçou e mudou de direção. Achei que pudesse ser coisa da minha cabeça e entrei, mas isso não saiu da minha mente...
A noite finalmente chegou e, junto com ela, a preocupação que tem me assolado nos últimos três anos. Depois de um banho, coloquei o meu pijama e deitei-me. Aos poucos, adormeci. No meio da noite, sinto como se estivesse sendo observada. Acordo meio assustada e, com os olhos semicerrados pelo sono, tenho a impressão de ver uma silhueta sair pela janela. Levanto-me às pressas e vou em direção à janela que está aberta; eu juro que a deixei fechada, mas não consigo ver mais nada. Fecho novamente a janela e vou dar uma olhada na casa, por garantia. Depois, apenas voltei para a cama, me aconcheguei e, esta noite, mais uma vez, perdi o sono. As coisas parecem estar cada vez piores; a única coisa que eu queria é que a minha vida fosse normal, como a de uma pessoa normal…
Levantei cedo, já que não consegui mais dormir, e agora, depois do vulto que vi saindo pela janela do meu quarto, estou com medo de ficar na minha casa. Mas para onde eu vou? Preciso focar, tirar isso da minha cabeça, se não vou enlouquecer... Tomo um café rápido e vou para o meu trabalho; afinal, a vida não dá trégua a ninguém...
Assim que cheguei à lanchonete, estranhei que seu Ary ainda não tinha chegado, mas não demorou muito e ele chegou um tanto cansado. Estranhei, afinal, nunca o tinha visto assim. Cumprimentei-o e, juntos, abrimos a lanchonete. Como de costume, fiz as minhas tarefas no período da manhã e, depois que almocei, já no final da tarde, vi o mesmo rapaz do supermercado entrar, vir até o balcão e pedir um café expresso. Enquanto preparava, observei que ele olhava tudo ao redor e só disfarçou quando eu entreguei o café a ele.
—Precisa de mais alguma coisa, senhor?
—Na verdade, gostaria de saber seu nome, bela jovem. É possível?
—Precisa de ajuda, minha filha? Seu Ary pergunta ao se aproximar.
—Não, obrigado, seu Ary. Vou na cozinha, com licença.
—Acho estranha aquela cena no balcão e a reação do seu Ary ao ver o rapaz se aproximar e puxar assunto. Então, apenas prefiro sair dali e evitar qualquer tipo de contato. Aquele rapaz é novo no estabelecimento e eu, sinceramente, não gostei da forma como ele agiu. Sei que os rapazes se aproximam das jovens, mas eu me senti desconfortável com ele... algo nele me causa arrepios e eu não gosto nem um pouco disso...
Os dias se seguiram aparentemente normais, mas o mesmo rapaz passou a vir diariamente, e a sensação de estar sendo observada tem se tornado ainda mais frequente. Hoje, saí do trabalho ainda mais cansada e com bastante dor de cabeça, algo que acho até comum, já que tenho sentido isso com uma certa frequência. Meu dia foi exaustivo, e o que eu mais desejo neste momento é um banho e cama.
Assim que entro em casa, fecho a porta e já vou tirando a roupa, deixando-a largada pelo caminho. Entro embaixo do chuveiro, deixando a água gelada cair sobre o meu corpo e levando para o ralo todo o meu cansaço. Saio do chuveiro enrolada na toalha, pego um pijama, visto-o e vou até a cozinha. Faço um café e o como com alguns biscoitos, sentada na sala vendo televisão. Assim que termino, vou até a cozinha e deixo tudo em ordem. Volto para a sala e decido ficar mais um pouquinho. Fecho meus olhos na intenção de aliviar a dor de cabeça sem precisar tomar algum analgésico e acabo adormecendo na sala mesmo.
Em meio ao meu sono, acabo sonhando comigo em um parque muito bonito. Estou brincando com uma criança linda, loirinha, que me chama de mamãe. Perto de mim, há um rapaz muito bonito que se aproxima e começa a brincar conosco. Vejo que ele está muito feliz e, depois de um tempo, a menina o chama de papai. Acordo um tanto assustada e a dor de cabeça só aumenta. Respiro fundo, tentando me acalmar. Sei que foi um sonho, mas me parece tão real. No entanto, não tenho filhos e muito menos namorado ou marido. Mais uma vez, sinto meu peito apertar, algo como uma tristeza que não sei de onde surge, e acabo enchendo os olhos de lágrimas que escorrem. A dor de cabeça aumenta ainda mais.
Levanto e vou em busca de um analgésico, pois não estou suportando tanta dor. Assim que tomo o comprimido e vou para o meu quarto, deito, mas não consigo mais dormir. Aos poucos, vejo o dia clareando e a dor continua intensa, não amenizou em nada. Decido ligar para a única pessoa que chamo de amiga, a única que deixei se aproximar de mim, e peço para que ela me acompanhe até o hospital. Assim que ela concorda, levanto e coloco um vestido leve, pego minha bolsa com os documentos e vou até a sala, me segurando pelas paredes. Tudo está girando. Deixo a porta aberta e deito no sofá em posição fetal, fico ali de olhos fechados e com as mãos na cabeça. Eu não estou mais suportando tamanha dor; parece que minha cabeça está prestes a explodir. Sinto braços me retirando do sofá e sinto como se estivessem correndo comigo.
Eu não consigo abrir meus olhos…
Sarah
Acordei com o dia ainda clareando e meu telefone tocando. Assim que olho, vejo que é a minha amiga Ayla. A conheço há pouco tempo, mas sabe quando você conhece uma pessoa que é como se a conhecesse a vida toda? Assim é entre nós. Tenho um irmão que é super apaixonado por ela, mas ela não dá a mínima. Segundo ela, não quer quebrar seu coração com amores improváveis. Atendo a ligação e escuto a voz um pouco ofegante dela, e percebo que tem algo errado. Levanto-me às pressas quando escuto ela me pedindo para a acompanhar até o hospital. Noto, então, que é mais sério do que imaginei. Saio do quarto e vou chamar meu irmão. Peço que ele me leve até a casa da Ayla, e ele levanta rápido. Isso não costuma acontecer; ela não costuma pedir ajuda, então sabemos que deve ser grave.
Nos arrumamos às pressas, meu irmão pegou a chave do carro e saímos rápido para encontrá-la. Estacionamos na frente do apartamento e subimos. Assim que entrei em sua casa, a vi ali, toda encolhida, com as mãos na cabeça, sem abrir os olhos. Ver aquela cena me faz recordar das muitas vezes que a vi reclamando dessa dor, mas parece que agora está piorando. Meu irmão vai até ela e a pega nos braços. Pego sua bolsa, tranco a porta e fomos correndo para o carro. Durante o percurso, eu a vejo trêmula nos braços do meu irmão, que, assim que entrei no carro, a colocou deitada em meu colo e foi para o banco do motorista, saindo às pressas.
Em poucos minutos, chegamos ao hospital. Enquanto meu irmão busca um enfermeiro e uma maca, Ayla começa a gritar, tremendo de dor. Após alguns minutos, somos atendidos por um médico que já pergunta o que aconteceu. Eu explico que ela me ligou dizendo que estava com muita dor de cabeça e que, quando chegamos ao seu apartamento, ela já estava assim. A cada minuto, a situação piorava. O médico acena e sai com ela...
As horas passam e nada de notícias. Apenas vemos as enfermeiras de um lado para o outro e nada, absolutamente nada de notícias. Depois de uma longa espera, vemos o médico se aproximar.— Doutor, como está a minha amiga? Ela melhorou? Essas dores de cabeça são muito constantes e, segundo ela, de uns três anos para cá, têm se intensificado muito...— Já medicamos a sua amiga, e ela, neste momento, se encontra dormindo. Aparentemente, está melhor, mas só posso ter certeza após ela acordar. Também fizemos alguns exames para descobrir o porquê das dores... E a família dela, conseguiram contatar eles?— Não, doutor. A minha amiga é órfã, ela não tem ninguém, apenas nós e o patrão dela…— Eu sinto muito... Faremos o nosso melhor...— Faça o que for preciso e não se preocupe, assumimos toda a responsabilidade...— Ok, mas vocês não precisam ficar aqui. Ela não vai acordar por algumas horas...— Tudo bem, voltaremos mais tarde...Irmão, vamos passar no seu Ari para avisar que a Ayla não vai tr
O dia finalmente terminou e, logo depois que fui deixada sozinha, adormeci. Mais uma vez, tive uma noite tranquila; acredito que seja por conta das medicações. Ao acordar, deparei-me com o doutor Eduardo me observando. Olho para ele sem entender. Ele apenas diz que preciso fazer novos exames. Pergunto o porquê e ele responde que só vai me liberar do hospital quando tiver certeza de que realmente não corro nenhum risco. Afinal, ele presenciou as minhas dores e tem certeza de que elas têm algum fundamento. Não sei por que tive a impressão de ver em seus olhos, por alguns segundos, algo como "pena, preocupação". Só posso estar vendo coisas; isso é impossível.Minutos depois, chega um enfermeiro com uma cadeira de rodas, onde logo eu me sento, e seguimos para a área de exames. De início, fiz uma tomografia e, depois, fiz mais alguns exames. Logo voltamos para o quarto, e o doutor Eduardo saiu. Meus amigos chegaram e ficaram comigo por mais um tempo até o médico voltar com os resultados, q
Não é possível que tudo isso que está acontecendo comigo tenha algo a ver com estas bijuterias, Benjamin. Isso não deve valer nada; não passam de bugigangas.— Não, Ayla, tem algo de muito errado nessa história. Deixa eu ver esse colar e esse anel. — Benjamin fala, me olhando, e por um momento vejo um lampejo em seus olhos que some tão rápido quanto apareceu.Entrego a ele e ele começa a olhar cuidadosamente o colar que, segundo a única freira que ainda tentava me ajudar, me entregou escondido e pediu que eu guardasse aquilo da melhor forma possível, e que ninguém nunca soubesse que estava comigo. Ela ainda me aconselhou a não acreditar em nada do que me falaram enquanto eu estava naquele inferno que chamam de orfanato. Benjamin continua olhando para o colar e vejo que ele foca em algo muito discreto, mas ele me chama e me mostra: tem as mini letras CGM em pedrinhas próximas ao feixe. Aquilo também me chama a atenção, então ele passa a olhar o anel pequenino com as mesmas letras…— Ay
BenjaminEntão, essa é a confirmação que eu precisava: finalmente, a certeza de que a encontramos… Fico alguns segundos perdido em pensamentos quando escuto a voz de Ivan…— Não pode ser, cara, não, não pode ser... É muita coincidência... Cara, onde você conseguiu isso? Essa joia está desaparecida há anos… — sinto um tom de satisfação em sua voz, o que me deixa um tanto desconfortável, mas deixo essa sensação de lado. — Você sabe qual a origem, então me fala logo, é importante, cara… — pergunto, tentando disfarçar minha alegria. — Seja lá onde você a encontrou ou com quem, mantenha-a o mais escondida possível. Vou te contar o que eu realmente sei sobre isso. Senta aí e cala a porra da tua boca, porque o negócio é muito sério. — Sentei e olhei nos olhos de Ivan, pronto. E agora vai me falar do que se trata essa joia? Sei que é importante, agora desembucha logo, que o que eu menos tenho é paciência, e você sabe muito bem disso. — falo impaciente.— Eu sei, escuta isso: esse cola
BenjaminDepois de sair do hospital, notei o quanto a Ayla estava ansiosa para ver o velhote, que ela diz tratar muito bem. E eu não nego que ele realmente o faz, mas tem algo nele que me deixa desconfiado demais. Então, fomos para o estacionamento e depois seguimos até a lanchonete dele. Claro que notei alguns carros por perto e, ao ver a lanchonete fechada, tive certeza de que algo muito errado estava acontecendo. Esse velhote nunca fecha essa espelunca. Olhei para a Ayla e a vi bastante apreensiva. Certifiquei-me discretamente de que estava equipado e, junto com as meninas, descemos do carro.Ayla foi diretamente para as portas dos fundos e a vi perder a cor ao ouvir alguém perguntando supostamente por ela. A puxei para trás, colocando-a entre mim e a minha irmã, e olhei diretamente nos olhos da Sarah, que imediatamente entendeu o meu olhar e retirou a Ayla dali. Sabemos exatamente o que está acontecendo. Esperei alguns segundos, respirei fundo e decidi entrar. Sei muito bem que el
DaniloCaraleo, irmão! Que porra foi essa que aconteceu aqui na minha casa? — falo entre risos enquanto olho a bagunça ao redor. — Quem é este homem? Por que querem tanto calá-lo, Benjamin? Olha a bagunça que fizeram, irmão! Seja lá o que você tem na sua cabeça, faz logo! Esses caras vão voltar e não vai demorar, acredite. Balanço a cabeça em negação… Agora vamos arrumar essa bagunça para trazer as meninas de volta.Não demora muito e conseguimos retirar os corpos de dentro da casa. Depois de uma ligação, vieram retirar os pacotes e finalizar a limpeza. Duas horas depois, tudo estava dentro do que posso considerar normal. Finalmente, Benjamin e eu fomos até o mini hospital que eu tinha deixado completamente isolado. Benjamin me olha confuso por não encontrar ninguém ali. Eu tenho um segredinho para segurança extra. Levo-o até um elevador e descemos. Assim que o elevador para e se abre, Benjamin me olha incrédulo e sorri, não acreditando no que acabou de ver. Assim que saímos do
Fico ali com seu Ari, meu avô emprestado por mais um tempo, fazendo carinho naquele bondoso homem que me acolheu como família, até sentir que ele está muito mais calmo. O ajudo a deitar e depois o cubro, não antes de ter uma melhor visão do quanto o machucaram. Ofereço um copo de água e ele aceita. Depois de beber, ele deita novamente e, aos poucos, volta a dormir. Respiro aliviada por saber que, de certa forma, ele está seguro aqui nesta casa estranha que mais parece uma fortaleza.Volto ao quarto que me foi designado e, aos poucos, adormeço. A noite foi maravilhosa; apesar de tudo, eu dormi bem. Sinto-me segura estando com mais pessoas por perto. Acordo cedo com o dia clareando e, ao sair do quarto, encontro Benjamin já muito bem arrumado. É estranho que ele já esteja de pé, mas ao me olhar, vejo em seus olhos um misto de alegria. Ele apenas sorri e segue para o seu quarto. Desço e vou dar uma olhada em seu Ary. Desde que o vi chorando ontem, algo dentro de mim se comoveu bastante,
Não vai demorar muito e vamos entrar nos carros para sairmos. Benjamin fala e logo ele e Sarah sobem para seus devidos quartos. O Danilo pede que eu ajude seu Ary no que ele precisar, pois logo mais estaremos saindo daqui. O lugar, por mais protegido que seja, está sob perigo.Escuto as palavras ditas por Danilo, mas fico meio perdida com as palavras "perigo" ecoando na minha cabeça. Aos poucos, volto à realidade e vou até o seu Ary. Explico a ele a situação, e ele sorri todo feliz para mim. Eu o conheço bem e sei que há algo nele que ele gostaria de compartilhar. Assim que ele se levanta do sofá, vejo um porta-retrato antigo que estava aparentemente escondido por ele. Pego o porta-retrato e, ao ver a imagem ali, não sei como reagir; começo a tremer. Quero perguntar o que aquilo significa, mas as palavras não saem da minha boca. Minha garganta está seca. Fico olhando para aquela foto; me falta o chão, o ar. As lágrimas rolam em meu rosto. Não sei como ou quem me segura pelos ombros e