2. Surpresa, Evie Ashford?

Ignorando o olhar gélido dele, me levanto rapidamente e pego alguns guardanapos. Em um acesso de desespero, começo a esfregá-los na calça do homem, focando especificamente na virilha, sem pensar nas consequências. Imediatamente, ele recua, balançando a cabeça com um olhar surpreso.

— Pare com isso! — ele exclama, segurando meu pulso com firmeza. — A menos que sua intenção seja me arrastar para um quarto e terminar o serviço, mantenha suas mãos longe do meu… apenas pare!

— Sinto muito, eu só estava tentando ajudar! — exclamo, puxando meu pulso de sua mão. Quando ele finalmente me solta, acrescento: — Não foi minha intenção. Foi um acidente. Não precisa ser grosseiro ou insinuar algo tão baixo.

— Um acidente? — ele sorri cinicamente, tomando um gole de whisky sem desviar o olhar de mim. — Seja mais cuidadosa da próxima vez. Ou melhor, mantenha distância das pessoas quando estiver armada com uma bebida. — Ele revira os olhos ao voltar a se sentar. — Deus… Algumas pessoas realmente têm sorte na vida…

— Você é sempre tão arrogante com estranhos, ou tive a sorte de receber um tratamento especial esta noite? — pergunto, arqueando as sobrancelhas enquanto volto a me sentar.

— Acredite, você não é tão especial assim — ele responde, seco. Abro a boca, pronta para retrucar, mas em um impulso, pego o copo de whisky da mão dele e o esvazio no chão.

— Talvez eu não seja especial, mas sou boa o suficiente para garantir que sua noite seja memorável. — Declaro, colocando o copo com força no balcão, fazendo com que o restante do Martini respingue e molhe a mão dele.

Ele olha para sua mão molhada e depois para mim, surpreso e irritado. Então, ele se inclina para perto, me encarando com tanta intensidade que meu coração acelera.

— Você realmente não sabe quando parar, não é? — ele murmura, com a voz rouca. Seus olhos acinzentados se fixam nos meus, imobilizando-me com a intensidade do seu olhar. — Cuidado, senhorita. Algumas atitudes podem começar jogos que você não está preparada para jogar.

— Estou mais do que preparada, acredite. Não começo jogos que não consigo ganhar — respondo, tentando manter a voz firme. Ele me avalia por um momento, abrindo um sorriso lento e perigoso.

— Veremos então — ele conclui, levantando-se bruscamente. — Tenha uma boa noite, Evie. Ashford…

Minha boca se abre, surpresa por ele saber meu nome. Antes que eu possa formular uma pergunta, ele já está caminhando em direção à saída, deixando-me com a respiração presa na garganta. Sem pensar duas vezes, me levanto e vou atrás dele, alcançando-o em frente aos elevadores.

— Ei! Espere aí! — exclamo, quase correndo para alcançá-lo. Ele se vira lentamente, me encarando com um sorriso satisfeito no rosto. — Você não pode simplesmente sair assim!

— Ah, não? — ele pergunta, irônico. — Não ficou satisfeita com a situação e quer derrubar mais algumas doses em mim?

— Não! Mas… quem é você? O que está insinuando ao usar meu nome? — pergunto, tentando entender em que problema acabei de me meter.

— Então você realmente não tem ideia de quem eu sou? Interessante, Evie Ashford — ele enfatiza meu nome mais uma vez. Dá um passo à frente, alargando o sorriso enquanto levanta uma sobrancelha. — Talvez seja melhor você descobrir isso por si mesma.

Abro a boca para questioná-lo, mas o “ding” do elevador me interrompe. Com um olhar enigmático, ele entra no elevador. As portas se fecham, interrompendo nosso contato visual.

Por um momento, permaneço parada, tentando entender o que acabou de acontecer. Nunca o vi antes, disso tenho certeza. Mas sua postura e o olhar, que parecia congelar tudo ao seu redor, indicam que ele não é uma pessoa qualquer.

Com um suspiro pesado, aperto o botão do elevador, e logo as portas se abrem novamente. Subo de volta para o quarto, desejando desesperadamente fazer as pazes com Sebastian, mas, ao entrar, o som de zíperes sendo fechados chama minha atenção.

— O que você está fazendo? — pergunto, confusa, fechando a porta atrás de mim e dando alguns passos em sua direção.

— Ah, você se lembrou de mim? — ele responde, irônico, sem parar de mexer na mala. — Estou me preparando para ir embora. Aparentemente, você tem tudo sob controle, então não vejo razão para ficar aqui.

— Sebastian, por favor, eu… — tento argumentar, mas ele me interrompe, finalmente se virando para me encarar.

— Se você não pode me permitir o controle quando é necessário, talvez seja melhor que eu vá. — meu marido diz, abaixando o olhar. — Só tento te proteger, Evie, mas você está começando a me ver como um inimigo.

— Meu amor, não é isso… — murmuro, abaixando a cabeça, exausta. Ele se aproxima de mim e acaricia meu braço.

Por um instante, a dúvida quase me faz ceder. No entanto, as palavras que ouvi durante sua ligação, tão convicto de que eu mudaria de ideia, ecoam em minha mente. Levanto a cabeça e o encaro com firmeza.

— Não vou mudar de ideia — declaro, vendo seu olhar escurecer. — Ou você nunca vai me respeitar, Sebastian.

— Muito bem, Evie. — Ele diz, frio, soltando meu braço. Então, pega a mala e se dirige à porta, lançando-me um olhar carregado de significados. — Mantenha essa postura. Mas, acredite, de um jeito ou de outro, você vai se arrepender disso.

Sem me dar a chance de responder, Sebastian abre a porta e a fecha com um estrondo. Fico parada, encarando a porta. Metade de mim quer correr atrás dele, pedir que volte, ceder mais uma vez… Mas a outra metade, a parte que exige que eu mostre a todos que sou capaz, me mantém imóvel.

[…]

Após uma noite marcada pela insônia, sou obrigada a caprichar na maquiagem para esconder as olheiras. Pouco depois, Clara, minha assistente, b**e à porta, e descemos juntas para a tão esperada reunião de propostas do resort em Capri.

Minutos depois, paramos diante da imponente porta da sala de conferências. Confiante, me aproximo da placa que exibe o nome da minha empresa, curiosamente posicionada em frente à do meu maior concorrente.

Henry Blackwood. Nunca nos encontramos pessoalmente, mas seu nome sempre foi acompanhado de rumores sobre ser um homem implacável nos negócios. Agora, a expectativa de finalmente associar um rosto a esse nome me deixa inesperadamente ansiosa.

O clique da porta quebra o silêncio e chama minha atenção, fazendo minha respiração parar na garganta. O homem da noite passada entra com uma presença que imediatamente domina a sala. Ele caminha com um olhar firme, e ao me encontrar, sua intensidade me faz engolir em seco. Um arrepio involuntário percorre minha espinha.

— Surpresa, Evie Ashford? — ele pergunta, irônico.

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