Ignorando o olhar gélido dele, me levanto rapidamente e pego alguns guardanapos. Em um acesso de desespero, começo a esfregá-los na calça do homem, focando especificamente na virilha, sem pensar nas consequências. Imediatamente, ele recua, balançando a cabeça com um olhar surpreso.
— Pare com isso! — ele exclama, segurando meu pulso com firmeza. — A menos que sua intenção seja me arrastar para um quarto e terminar o serviço, mantenha suas mãos longe do meu… apenas pare!
— Sinto muito, eu só estava tentando ajudar! — exclamo, puxando meu pulso de sua mão. Quando ele finalmente me solta, acrescento: — Não foi minha intenção. Foi um acidente. Não precisa ser grosseiro ou insinuar algo tão baixo.
— Um acidente? — ele sorri cinicamente, tomando um gole de whisky sem desviar o olhar de mim. — Seja mais cuidadosa da próxima vez. Ou melhor, mantenha distância das pessoas quando estiver armada com uma bebida. — Ele revira os olhos ao voltar a se sentar. — Deus… Algumas pessoas realmente têm sorte na vida…
— Você é sempre tão arrogante com estranhos, ou tive a sorte de receber um tratamento especial esta noite? — pergunto, arqueando as sobrancelhas enquanto volto a me sentar.
— Acredite, você não é tão especial assim — ele responde, seco. Abro a boca, pronta para retrucar, mas em um impulso, pego o copo de whisky da mão dele e o esvazio no chão.
— Talvez eu não seja especial, mas sou boa o suficiente para garantir que sua noite seja memorável. — Declaro, colocando o copo com força no balcão, fazendo com que o restante do Martini respingue e molhe a mão dele.
Ele olha para sua mão molhada e depois para mim, surpreso e irritado. Então, ele se inclina para perto, me encarando com tanta intensidade que meu coração acelera.
— Você realmente não sabe quando parar, não é? — ele murmura, com a voz rouca. Seus olhos acinzentados se fixam nos meus, imobilizando-me com a intensidade do seu olhar. — Cuidado, senhorita. Algumas atitudes podem começar jogos que você não está preparada para jogar.
— Estou mais do que preparada, acredite. Não começo jogos que não consigo ganhar — respondo, tentando manter a voz firme. Ele me avalia por um momento, abrindo um sorriso lento e perigoso.
— Veremos então — ele conclui, levantando-se bruscamente. — Tenha uma boa noite, Evie. Ashford…
Minha boca se abre, surpresa por ele saber meu nome. Antes que eu possa formular uma pergunta, ele já está caminhando em direção à saída, deixando-me com a respiração presa na garganta. Sem pensar duas vezes, me levanto e vou atrás dele, alcançando-o em frente aos elevadores.
— Ei! Espere aí! — exclamo, quase correndo para alcançá-lo. Ele se vira lentamente, me encarando com um sorriso satisfeito no rosto. — Você não pode simplesmente sair assim!
— Ah, não? — ele pergunta, irônico. — Não ficou satisfeita com a situação e quer derrubar mais algumas doses em mim?
— Não! Mas… quem é você? O que está insinuando ao usar meu nome? — pergunto, tentando entender em que problema acabei de me meter.
— Então você realmente não tem ideia de quem eu sou? Interessante, Evie Ashford — ele enfatiza meu nome mais uma vez. Dá um passo à frente, alargando o sorriso enquanto levanta uma sobrancelha. — Talvez seja melhor você descobrir isso por si mesma.
Abro a boca para questioná-lo, mas o “ding” do elevador me interrompe. Com um olhar enigmático, ele entra no elevador. As portas se fecham, interrompendo nosso contato visual.
Por um momento, permaneço parada, tentando entender o que acabou de acontecer. Nunca o vi antes, disso tenho certeza. Mas sua postura e o olhar, que parecia congelar tudo ao seu redor, indicam que ele não é uma pessoa qualquer.
Com um suspiro pesado, aperto o botão do elevador, e logo as portas se abrem novamente. Subo de volta para o quarto, desejando desesperadamente fazer as pazes com Sebastian, mas, ao entrar, o som de zíperes sendo fechados chama minha atenção.
— O que você está fazendo? — pergunto, confusa, fechando a porta atrás de mim e dando alguns passos em sua direção.
— Ah, você se lembrou de mim? — ele responde, irônico, sem parar de mexer na mala. — Estou me preparando para ir embora. Aparentemente, você tem tudo sob controle, então não vejo razão para ficar aqui.
— Sebastian, por favor, eu… — tento argumentar, mas ele me interrompe, finalmente se virando para me encarar.
— Se você não pode me permitir o controle quando é necessário, talvez seja melhor que eu vá. — meu marido diz, abaixando o olhar. — Só tento te proteger, Evie, mas você está começando a me ver como um inimigo.
— Meu amor, não é isso… — murmuro, abaixando a cabeça, exausta. Ele se aproxima de mim e acaricia meu braço.
Por um instante, a dúvida quase me faz ceder. No entanto, as palavras que ouvi durante sua ligação, tão convicto de que eu mudaria de ideia, ecoam em minha mente. Levanto a cabeça e o encaro com firmeza.
— Não vou mudar de ideia — declaro, vendo seu olhar escurecer. — Ou você nunca vai me respeitar, Sebastian.
— Muito bem, Evie. — Ele diz, frio, soltando meu braço. Então, pega a mala e se dirige à porta, lançando-me um olhar carregado de significados. — Mantenha essa postura. Mas, acredite, de um jeito ou de outro, você vai se arrepender disso.
Sem me dar a chance de responder, Sebastian abre a porta e a fecha com um estrondo. Fico parada, encarando a porta. Metade de mim quer correr atrás dele, pedir que volte, ceder mais uma vez… Mas a outra metade, a parte que exige que eu mostre a todos que sou capaz, me mantém imóvel.
[…]
Após uma noite marcada pela insônia, sou obrigada a caprichar na maquiagem para esconder as olheiras. Pouco depois, Clara, minha assistente, b**e à porta, e descemos juntas para a tão esperada reunião de propostas do resort em Capri.
Minutos depois, paramos diante da imponente porta da sala de conferências. Confiante, me aproximo da placa que exibe o nome da minha empresa, curiosamente posicionada em frente à do meu maior concorrente.
Henry Blackwood. Nunca nos encontramos pessoalmente, mas seu nome sempre foi acompanhado de rumores sobre ser um homem implacável nos negócios. Agora, a expectativa de finalmente associar um rosto a esse nome me deixa inesperadamente ansiosa.
O clique da porta quebra o silêncio e chama minha atenção, fazendo minha respiração parar na garganta. O homem da noite passada entra com uma presença que imediatamente domina a sala. Ele caminha com um olhar firme, e ao me encontrar, sua intensidade me faz engolir em seco. Um arrepio involuntário percorre minha espinha.
— Surpresa, Evie Ashford? — ele pergunta, irônico.
Quando ele se senta diretamente à minha frente, seu olhar me desafia a reconhecê-lo. A surpresa deve estar estampada no meu rosto, porque um sorriso arrogante começa a se formar lentamente em seus lábios, como se estivesse se deliciando com minha descoberta.— Tudo bem, Sra. Ashford? — ele pergunta, entrelaçando os dedos sobre a mesa enquanto me encara, ainda com aquele sorriso. — Parece que você está começando a me reconhecer, mas não custa perguntar: devo me apresentar formalmente?— Henry Blackwood, tão óbvio… Não, não precisamos de formalidades, aparentemente — respondo, tentando manter a calma que não sinto. — Nosso encontro ontem à noite foi mais do que suficiente para me apresentar a você.— Que bom saber que sua memória é tão boa. — Ele se recosta na cadeira, o olhar carregado de desdém. — No entanto, devo dizer que sua primeira impressão não foi das mais elegantes. Mas, claro, entendo que bebidas podem transformar comportamentos.— Se está tentando provocar alguma reação, des
Ao ver Sebastian de pé no meio da sala de jantar, me encarando com um sorriso quase triunfante no rosto, meu coração acelera ainda mais. Ele se vira para a mesa, serve duas taças de vinho e se aproxima de mim. Meu marido me entrega uma das taças, me dando aquele olhar que sempre me desarma.— Evie, meu amor… — ele sussurra, puxando-me para seus braços enquanto coloca sua taça no aparador ao nosso lado. Acariciando meus cabelos, ele continua: — Tive tanto medo de você decidir não voltar para mim. — Seu aperto se torna mais firme e sua voz embarga. — Me desculpe, meu amor. Me desculpe por agir daquela maneira e ir embora sem pensar. Eu não queria…— Sebastian, está tudo bem… — interrompo, sentindo um leve beijo em minha cabeça. Ao soltá-lo, dou um longo gole no vinho, sentindo a bebida arder em minha garganta. — Me desculpe por sair e deixá-lo sozinho, mas eu precisava…— Tudo bem, querida. — ele diz, sorrindo. — Me perdoe por deixar o nervosismo falar por mim. — Ele me solta e me condu
O silêncio após minha pergunta paira pesado no quarto, interrompido apenas pelo som constante “bip” ao meu redor. Sinto um frio percorrer minha espinha. A incerteza sobre minha visão é tão dolorosa quanto as contusões físicas. Minhas mãos, ainda trêmulas, se apertam com força no lençol.— Não podemos confirmar o estado definitivo da sua visão neste momento — o Dr. Freeman responde, sua voz tranquila contrastando com o tom grave que não alivia a tensão. — A senhora sofreu um trauma considerável, e a extensão dos danos ainda precisa ser avaliada com mais detalhes. — Quando… poderei retirar os curativos? Preciso ver como estou, onde estou… — Minha voz é apenas um sussurro desesperado.— Entendo sua preocupação — ele responde, mexendo em algo ao meu lado. — No momento, os curativos são essenciais para proteger suas feridas e permitir que o processo de cicatrização ocorra sem complicações. Administrei um analgésico, isso deve ajudá-la a se sentir um pouco melhor.— Preciso falar com meu m
Desde que tudo aconteceu, há um mês, algumas pessoas fazem questão de perguntar como estou, mas a ausência das minhas amigas é dolorosa. Dizem ser nas dificuldades que descobrimos quem realmente se importa, mas jamais pensei que minhas próprias confidentes me abandonariam. O único que realmente tem se preocupado é Sebastian.Hoje, como tem sido em todos esses dias, meu marido entra no quarto com uma energia que parece tentar iluminar a escuridão que me envolve. Ele abre as cortinas, cantarolando, e logo ouço seus passos se aproximando da cama. Quando escuto o som familiar da bandeja sendo colocada ao meu lado, um sorriso involuntário se forma em meus lábios.— Bom dia, querida — Sebastian me saúda com um beijo suave. — Dormiu bem?— Bom dia, meu amor. Sim, mas senti falta de você. Não percebi quando chegou ontem. Por que se levantou tão cedo?— Fiquei até tarde resolvendo algumas coisas da empresa e, quando vim para o quarto, te vi dormindo tão serenamente que preferi dormir no quarto
“Henry Blackwood”As cinco semanas desde meu retorno de Genebra passaram rapidamente, mas a irritação que sinto desde a apresentação da proposta da Majestic não diminuiu nem um pouco. A imagem de Evie Ashford, com seus cabelos loiros, olhos esverdeados e corpo escultural, permanece gravada em minha mente, uma lembrança de como essa jovem CEO irritante conseguiu me desafiar mais do que eu esperava.Desde então, venho me esforçando para manter a cabeça fria, torcendo para que aquela proposta tenha sido apenas uma coincidência infeliz. Mas a verdade é que a situação não me dá paz. Sempre valorizei o controle e a certeza de estar no comando. Agora, a sensação de traição e desconfiança paira sobre mim.O dia se arrasta interminavelmente, e o peso das notícias que recebo torna a rotina mais um castigo do que um dia produtivo. A página do computador aberta diante de mim tira meu fôlego. A proposta da Majestic Ashford venceu a disputa. O que me deixa irado não é apenas o fato de terem vencido
Levanto o olhar e vejo minha noiva entrando na sala com um sorriso suave nos lábios. Impecável como sempre, o vestido cinza-claro abraça suas curvas tentadoras, e o cabelo castanho cai em ondas suaves, emoldurando seu rosto delicado.— Henry, está tudo bem por aqui? — Harper pergunta, lançando um olhar curioso para os papéis espalhados sobre a mesa. A desordem contrasta com a habitual organização a que ela está acostumada.— Está tudo bem. Apenas lidando com alguns problemas do trabalho — respondo, tentando soar casual.— Você sempre resolve tudo tão bem. Tenho certeza de que logo isso passará.— Espero que sim. O que te traz aqui? — pergunto, vendo-a se aproximar. Ela me dá um beijo, senta-se no meu colo e passa os braços ao redor do meu pescoço.— Vim te lembrar que hoje é o coquetel anual da Associação Empresarial, lembra? — responde, enquanto seus dedos deslizam suavemente pelo meu pescoço. — Sabia que você se esqueceria.— Pensei que tinha deixado claro que não estava interessado
O aperto de mão entre nós dura um pouco mais do que o necessário, enquanto nossos olhares permanecem fixos. Sebastian mantém um sorriso presunçoso no rosto, como se estivesse desfrutando de uma piada interna. Meu maxilar se tensiona, mas mantenho a expressão neutra. Ao meu lado, Harper se mexe desconfortavelmente, seu olhar alternando entre mim e Sebastian, como se tentasse decifrar a estranha dinâmica que paira no ar.— Vocês… realmente se conhecem? — Harper pergunta. Solto um riso seco, desviando brevemente o olhar para ela antes de responder:— Está com algum problema auditivo, querida? — pergunto, deixando clara a ironia na minha voz. Harper pisca algumas vezes, como se processasse a pergunta, enquanto Sebastian, à minha frente, tenta esconder um sorriso.— Não precisa ser rude, Henry — ela murmura, desconfortável, soltando meu braço com um leve movimento. — Só achei… estranho.— O que há de estranho? Mas, respondendo à sua pergunta, sim, já tivemos o desprazer de nos cruzar algum
“Sebastian Morgan”Henry e eu começamos nossas trajetórias no mesmo nível: sem herança, sem famílias ricas. Tudo o que conquistamos foi fruto de trabalho duro e inteligência. Mas, de alguma forma, o destino sorriu mais para ele. E, claro, quando minha empresa finalmente desmoronou, ele foi o primeiro a se oferecer para comprá-la.Ver o homem que começou ao meu lado comprando o fruto do meu esforço foi devastador, mas o pior é a constante lembrança do meu fracasso. Henry nunca perde uma chance de esfregar isso na minha cara. O que ele não imagina é que os tempos ruins também começarão para ele, assim como foram para mim.Meus olhos seguem Harper enquanto ela anda pelo salão após a saída de Henry. Quando nossos olhares se encontram e ela sinaliza discretamente para o jardim, esboço um sorriso confiante.— Com licença, senhores. — digo, olhando para James antes de lançar um olhar aos outros homens que nos cercam. Tentando parecer convincente, aponto para o meu copo vazio. — Vou pegar out