“Sebastian Morgan”
Henry e eu começamos nossas trajetórias no mesmo nível: sem herança, sem famílias ricas. Tudo o que conquistamos foi fruto de trabalho duro e inteligência. Mas, de alguma forma, o destino sorriu mais para ele. Ou talvez Henry sempre soubesse como manipular as coisas a seu favor. Desde que os problemas na minha empresa começaram, ele parecia saber exatamente onde atacar. Quando tudo finalmente desmoronou, ele foi o primeiro a se oferecer para comprá-la. Ver o homem que começou ao meu lado comprando o fruto do meu esforço foi devastador, mas o pior é a constante lembrança do meu fracasso. Henry nunca perde uma chance de esfregar isso na minha cara. O que ele não imagina é que os tempos ruins também começarão para ele, assim como foram para mim. Meus olhos seguem Harper enquanto ela anda pelo salão após a saída de Henry. Quando nossos olhares se encontram e ela sinaliza discretamente para o jardim, esboço um sorriso confiante. — Com licença, senhores. — digo, olhando para James antes de lançar um olhar aos outros homens que nos cercam. Tentando parecer convincente, aponto para o meu copo vazio. — Vou pegar outra bebida. O olhar do careca me segue enquanto dou um leve aceno e me afasto. James Evers… o exemplo vivo de que, para ele, os negócios sempre vêm antes de qualquer coisa, até mesmo da própria filha. Sempre disposto a negociá-la para quem oferecer a melhor proposta. E, bem, desde a aquisição do resort em Capri, estou oferecendo um valor considerável a ele. — Encontrei minha coelhinha indefesa. — murmuro, abraçando Harper por trás. Ela dá um salto para a frente e se vira, me encarando com a mão no peito. — Quer me matar de susto, Sebastian? — ela pergunta, ofegante. — Aliás, o que está fazendo? Esqueceu que devemos ser discretos? — Ah, pare com isso. — respondo, revirando os olhos. — Estamos a sós aqui, os outros estão muito ocupados puxando o saco uns dos outros. Se continuarem assim, até o fim da noite, teremos uma orgia lá dentro. — Bobo! — a morena exclama, olhando ao redor antes de se aproximar de mim. — Por que você não me disse que conhecia tão bem o Henry, Sebastian? Achei que fossem só negócios. — Não achei que fosse relevante, linda. Mas devo dizer que gostei de te ver essa noite, tão obediente aos meus pedidos… — Um sorriso malicioso se forma em meus lábios enquanto me aproximo mais. Abraçando sua cintura e apertando-a levemente, continuo: — Uma pena que ele tenha ido embora antes de te foder no banheiro. — Isso está se tornando cada vez mais arriscado. Talvez seja hora de acabar com essa fachada que é nosso noivado — ela murmura, sem me encarar diretamente. — Tenho medo do que Henry pode fazer com o papai se descobrir sobre nós. — E é exatamente isso que torna tudo mais… excitante, não acha? — sussurro, descendo minhas mãos até sua bunda para puxá-la contra minha ereção. Ela solta um gemido, mordendo o lábio. — Por falar nisso, que tal continuarmos a nossa noite longe daqui? — Sebastian… — ela sussurra, como se estivesse lutando contra o que já estava decidido. — Estamos em público… — Por isso, ainda não rasguei esse vestido e te fodi aqui mesmo. — Respondo contra sua orelha. Seus dedos enroscam em minha camisa, me fazendo rir. Lambendo seu pescoço, a solto e dou um passo para trás. — Estarei te esperando no carro, não demore. Caminho de volta para o salão, buscando por James, que permanece desesperadamente obstinado a prender a atenção dos homens que estão com ele. Quando nossos olhares se encontram, dou um leve aceno com a cabeça, como se tudo estivesse perfeitamente normal. Ele devolve o gesto, ciente de que Harper vai comigo. Quando chego ao carro, me recosto na porta, esperando por Harper. Poucos minutos depois, ela aparece. Suas pernas longas e elegantes se movem com a mesma hesitação que percebi no jardim, mas a excitação é visível em seu olhar. Ela não pode evitar. — Vamos — digo, abrindo a porta para ela, que entra no carro sem dizer uma palavra. Durante o trajeto, deslizo minha mão pelas pernas dela, saboreando cada reação do seu corpo. Meus dedos percorrem a curva das suas pernas até alcançarem seus seios. Minha outra mão permanece no volante, mas minha atenção está completamente nela agora. Após alguns minutos de provocação, quando finalmente estaciono, Harper olha para a grande casa à nossa frente, mordendo o lábio mais uma vez. — Por que me trouxe aqui novamente, Sebastian? — ela pergunta, hesitante. — E se… — Calma, linda. Sei exatamente o que estou fazendo. — respondo, sinalizando para a porta. — Vamos? Sem mais hesitações, a conduzo para dentro da casa. Harper fica parada por um momento, observando ao redor, antes de finalmente me encarar. Antes que ela faça mais perguntas, seguro sua nuca e a puxo para um beijo intenso. Ela enrosca os dedos nos meus cabelos, puxando com força, enquanto minha mão explora o contorno de seu corpo, apertando suas coxas até chegar em sua calcinha, que já está encharcada. A empurro para o sofá, me posicionando entre suas pernas enquanto suas mãos ansiosas tentam abrir meu cinto. — Me ajude… — ela sussurra entre os beijos. — Eu quero ele… Um sorriso surge em meus lábios ao ver o desejo nos olhos dela. Mas, antes que eu possa fazer o que ela pede, ouço passos se aproximando. Me afasto ligeiramente, olhando na direção do corredor, e então ouço a voz de Evie. — Sebastian, você está aí? — ela pergunta, aproximando-se.“Evie Ashford” Os compromissos de Sebastian na empresa me deram a certeza de que ele chegaria tarde, como de costume. Sem nada além da companhia esporádica das empregadas, restou-me tentar ocupar a mente. Após passar o dia inteiro em silêncio, exceto pelos audiolivros que me distraíram nessas longas horas, ouvi sua voz na sala, abafada pela distância. Foi então que decidi segui-la. Com a privação da visão, meus outros sentidos parecem ter se aguçado, e a audição é um deles. Tateando as paredes enquanto caminhava pelo corredor, ouvi novamente a voz de Sebastian, agora em um sussurro. Um incômodo me atingiu no peito, fazendo-me franzir as sobrancelhas. Algo parecia diferente. — Sebastian, você está aí? — pergunto, tocando a última parede. Sinto o espaço ao meu redor quando finalmente entro na sala. — Oi, meu amor — ele responde rapidamente, ofegante. Levanto a sobrancelha. Afinal, o que está acontecendo aqui? — Está tudo bem? — Sim! — meu marido diz, aproximando-se. Sinto s
Sinto meu coração disparar, enquanto a raiva e o ciúme crescem dentro de mim. Com as mãos trêmulas, finalmente chego à porta da sala. Sebastian percebe minha presença e, em um instante, sua voz alegre se torna mais suave.— Bom dia, querida! — diz ele, se aproximando rapidamente. Antes que eu possa reagir, sinto seus lábios tocarem suavemente minha testa em um cumprimento. — Estava te esperando acordar. Venha, sente-se.Sem me dar tempo de protestar, ele segura meu braço e me conduz até o sofá. O incômodo dentro de mim só cresce com a presença de Kim, uma amiga íntima de Sebastian. Ele sabe o quanto minha condição me deixa desconfortável até mesmo entre conhecidos. Então, por que a trouxe aqui, sabendo que isso não me agradaria?— Oi, Evie. — ouço a voz de Kim novamente, desta vez acompanhada de um leve toque em minha mão. — Desculpe se te acordamos. Estávamos colocando a conversa em dia e acho que nos empolgamos um pouco.— O que você está fazendo aqui? — pergunto, ignorando sua descu
Já se passaram algumas semanas desde que permiti que Kim ficasse. No começo, sua presença era quase imperceptível. Se não fosse pelas refeições, eu nem notaria que havia alguém além de mim na casa. Ela respeitava meu espaço, nunca forçando sua presença enquanto eu me agarrava à minha necessidade de independência.Com o tempo, no entanto, as coisas começaram a mudar. Kim se aproximou de maneira sutil — um copo de suco aqui, um comentário sobre o clima ali. Ela descrevia o dia lá fora, mesmo sabendo que eu não podia ver. De alguma forma, isso me tocava.Agora, estamos sentadas na varanda. O ar fresco da tarde balança meus cabelos, e Kim, como de costume, descreve o céu, o brilho do sol, as nuvens preguiçosamente se movendo no horizonte. Ela faz isso com tanto cuidado que, por um instante, é como se eu pudesse enxergar novamente.— O céu está tão limpo hoje, Evie — comenta Kim. — Quase não vejo nuvens. É um daqueles dias perfeitos, sabe? Onde um banho de piscina cairia muito bem.Ela cont
Fico em silêncio por um momento, com a boca entreaberta em choque. As palavras de Lily reverberam em minha mente, mas, antes que eu possa responder, balanço a cabeça, tentando entender. Sebastian disse que eu não queria vê-las? Por quê? Balanço a cabeça lentamente, tentando encontrar uma justificativa. Ele sempre quis me proteger, mesmo quando eu não pedia, mas dizer isso a elas não faz sentido.— Lily... — começo hesitante, percebendo que preciso explicar tudo desde o início. — Aconteceu algo que vocês não sabem. Eu... tive um acidente. — O que... Por que ninguém nos contou?— Eu fiquei com vergonha de me verem assim e comentei isso com Sebastian — explico, tentando encontrar uma justificativa para o que Sebastian fez. — Ele pode ter levado isso a sério demais, mas nunca impedi que vocês me procurassem.— Evie, Chloe e eu viemos aqui duas ou três vezes, mas nunca fomos recebidas — ela responde, me guiando para sentarmos. — Na última vez, depois de muito insistir, sua governanta nos
Minha mente trabalha rápido, e a empolgação pela chance de voltar a enxergar me enche de coragem. Ainda assim, opto por não contar a Sebastian. Se não der certo, ele ficaria decepcionado, e eu não quero que ele veja meu fracasso. Mas, se der certo… eu teria a oportunidade de surpreendê-lo quando voltasse a Londres enxergando.— Estávamos falando sobre o aniversário de Chloe — começo, tentando soar convincente. — Como sempre viajamos para comemorar nossos aniversários, Lily sugeriu que fôssemos para os Alpes Franceses este ano.— Ah, querida. Você realmente acha que isso seria uma boa ideia? — ele pergunta, aproximando-se. Sinto o toque suave dos lábios de Sebastian em minha testa, e um sorriso surge em meu rosto. Abro a boca para responder, mas antes que consiga, Lily fala primeiro.— Por que não seria, Sebastian? — ela dispara, sem me dar a chance de falar.A tensão no ar é palpável, e posso imaginar a expressão de surpresa no rosto de Sebastian. Ele se senta no braço do sofá, ao meu
“Sebastian Morgan” Observo com um sorriso enquanto Evie termina de assinar os documentos. Cada assinatura é um passo mais próximo de me livrar desse fardo de uma vez por todas. Quando ela coloca a caneta de lado, uma onda de satisfação me invade. — Pronto, meu amor — ela murmura, fazendo a cena patética de olhar ao redor procurando por mim, como se conseguisse enxergar algo. — Sebastian, você está aqui? — Sim, querida — respondo, aproximando-me. Evie se levanta ao sentir meu toque em seu ombro e envolve os braços em minha cintura. A maneira como se entrega ao meu abraço me faz sorrir ainda mais. Não por afeto, mas por satisfação. Finalmente, meus planos estão progredindo como deveriam. Sinto suas mãos deslizarem pelo meu corpo, e seus lábios encontram os meus, evidenciando suas intenções. Carente, como sempre foi. Retribuo o beijo, mantendo o disfarce de marido perfeito e afetuoso, mas por dentro, uma parte de mim se afasta. Desde que Evie caiu da escada e ficou cega, o que antes
Ao ver seu sorriso, uma onda de irritação me atinge, mas decido ignorá-la, pelo menos por um momento. Ela sempre soube mais do que devia, e suas provocações se tornaram cada vez mais frequentes.— Já vi que o chefinho não dormirá em casa — provoca, deixando a revista de lado, com um tom de desafio claro na voz.Sem responder, me aproximo rapidamente e, sem aviso, seguro seu pescoço, pressionando-a contra o encosto do sofá. Seus olhos se arregalam, mas ela não se afasta, nem tenta reagir. Apenas me encara, com aquele sorriso irritante ainda nos lábios.— Eu te contratei para administrar a medicação da Evie, para garantir que nada dê errado e que ela continue cega — murmuro entre dentes, apertando seu pescoço um pouco mais. — Não para deixar que ela ligue para quem quiser. Isso poderia ter colocado tudo a perder.— Proibir ligações não estava no combinado, Sebastian — responde, com um tom carregado de sarcasmo. — E se isso for parte do acordo agora, acho que meu salário deveria aumentar,
“Evie Ashford”Uma semana se passou desde que Lily apareceu e logo começou a preparar tudo para a viagem. As malas já estão prontas, e hoje finalmente vamos para os Alpes Franceses. O que antes parecia um sonho esquecido agora é uma realidade. Sinto uma mistura de ansiedade e esperança. Adrian poderá me dizer se ainda há alguma chance para mim.— As malas estão prontas, Evie — ouço a voz suave de Lily, me tirando dos meus pensamentos.Agradeço com um aceno de cabeça e respiro fundo. A sensação de que algo grande está prestes a acontecer não me deixa. Talvez seja o começo de algo novo… ou o fim de todas as esperanças.— Estou pronta — digo em voz baixa, mais para mim mesma do que para Lily.Minha amiga coloca minha mão em seu ombro e saímos do quarto. Respiro fundo, sentindo meu coração apertar, mesmo com a expectativa tomando conta de mim. Sebastian não quis estar aqui quando eu saísse. A distância que já havia entre nós parece ter triplicado ao longo da última semana, e eu não consigo