Desligo o telefone e salto da cama. Minhas mãos tremem enquanto me visto rapidamente. Isso só pode ser um mal-entendido. Henry jamais faria nada assim, não depois de tudo o que passamos. Mas, mesmo com essa certeza, a raiva começa a se infiltrar, queimando lentamente.Quando chego à recepção, minhas amigas me encaram, assustadas. Chloe balança a cabeça, enquanto Lily tenta parecer mais calma, mas falha miseravelmente.— Isso não faz sentido — digo, tentando racionalizar enquanto me aproximo. — Deve haver alguma explicação.— Explicação? — Chloe ergue uma sobrancelha, incrédula. — Não acredito que ele teve essa coragem! Você, grávida de gêmeos, e ele… fazendo isso? Henry deveria ter mais consideração, não acha?— Concordo — Lily completa, balançando a cabeça. — Isso foi péssimo, Evie. Ele nem se deu ao trabalho de se certificar de que você estava bem antes de sair.— Por isso, precisamos planejar a morte dele, bem lenta e cruel! — Chloe exclama, abrindo um sorriso malicioso.— Precisam
“Evie Ashford”Trinta e seis semanas. Oito meses completos. Cada mês tem sido cercado de cuidados, amor e expectativa. Não sei dizer se é só a ansiedade de finalmente conhecer os bebês ou o cansaço de carregar dois pequenos que parecem estar sempre em movimento, mas cada dia parece mais longo que o anterior.Apesar disso, não poderia estar mais feliz por estar aqui, no spa de noivas, ao lado das minhas melhores amigas, ajudando Chloe a se preparar para o que será, sem dúvida, o casamento do ano.— Ok, isso é divino — Chloe suspira, fechando os olhos enquanto uma das esteticistas massageia seus ombros. — Não acredito que demorei tanto para fazer algo assim.— Vai dizer que Benjamin não te mima assim após te deixar acabada na cama? — Lily provoca, recostada em uma poltrona próxima, enquanto uma manicure trabalha em suas unhas.— Claro que sim, nada mais justo, certo? Mas nada supera isso aqui — ela responde, sorrindo preguiçosamente.Enquanto isso, estou afundada em uma cadeira confortá
Quase uma hora se passou desde que minha bolsa estourou. Por recomendação da médica, viemos diretamente ao hospital antes que as contrações começassem de verdade.A correria quando perceberam a situação foi surreal, com Chloe e Lily claramente emocionadas. Chloe, em particular, quis abandonar o próprio casamento para nos acompanhar, mas acabou sendo convencida por todos a ficar. Lily também se prontificou a vir comigo, mas consegui convencê-la a permanecer com nossa amiga dramática. Afinal, se a noiva ficasse sozinha, seria capaz de inventar uma desculpa para aparecer aqui.Entro no hospital caminhando na velocidade que essa barriga pesada me permite. Henry permanece ao meu lado com os dedos entrelaçados aos meus, me dando sorrisos surpreendentemente calmos. Mas sei que isso não passa de fachada.— Srta. Ashford? — Uma enfermeira se aproxima com uma cadeira de rodas. — Vamos levá-la para a sala de avaliação.— Vou acompanhá-los — Henry diz, num tom firme, embora eu perceba um leve tre
“Henry Blackwood”São quatro da manhã e estou ninando nosso pequeno Theo pela terceira vez esta noite. É a nossa segunda noite desde que Daphne e Theo chegaram ao mundo, e tudo ainda parece tão surreal quanto emocionante. Evie finalmente conseguiu dormir após outra mamada particularmente difícil.Observo nosso filho, tão pequeno em meus braços, e então olho para Daphne, que dorme tranquilamente no pequeno berço ao lado da mãe. Me pergunto como vivi tanto tempo achando que sucesso se media em números em uma conta bancária.Theo se mexe, ameaçando chorar novamente, e começo a cantarolar baixinho aquela mesma música que minha mãe cantava para Olivia. É engraçado como certas memórias voltam quando menos esperamos. Jamais imaginei que me lembraria dessa canção, muito menos que a usaria para acalmar meu próprio filho.Caminho até a janela do quarto, observando a cidade ainda adormecida. O céu começa a clarear timidamente, anunciando que logo o dia começará. Penso em todas as reuniões que te
“Evie Ashford”O tempo é engraçado. Parece que foi ontem que Daphne deu seus primeiros passos, enquanto Theo, admirando a nova habilidade da irmã, decidiu que não queria ficar para trás e repetiu o ato na mesma semana. Agora, aqui estamos nós, três anos depois, e aqueles pequenos que mal cabiam nos meus braços estão correndo pela casa com uma energia inesgotável.Daphne e Theo completaram três anos na semana passada. A festa foi um caos delicioso, cheia de risadas, balões e, claro, doces suficientes para deixar todas as crianças em estado de pura euforia. Theo, como sempre, roubou a cena com sua dança desajeitada, enquanto Daphne comandava as brincadeiras com a autoridade de uma pequena rainha.E Henry? Ele continua sendo o mesmo homem que me faz perder o fôlego, mas agora também é um pai dedicado, paciente (ou pelo menos tenta ser) e completamente apaixonado pelos nossos pequenos.Observá-lo com Daphne e Theo sempre me faz lembrar do quanto minha vida mudou desde que o conheci. De um
“Henry Blackwood”Ajusto a gravata pela décima vez nos últimos cinco minutos, observando o jardim se encher lentamente. Ao meu lado, Benjamin revira os olhos, claramente se divertindo com meu nervosismo.— Se continuar assim, vai acabar arrancando essa gravata antes mesmo dela chegar — ele comenta, com um sorriso irônico.— Não consigo evitar — respondo, passando a mão pelos cabelos pela milésima vez. — Por que estou tão nervoso? Já vivemos juntos há anos, administramos um império juntos, temos dois filhos…— Porque é a Evie — ele diz, dando de ombros, como se isso fosse a explicação mais óbvia do mundo. E, de certa forma, é.Theo corre em nossa direção, sua gravata borboleta já torta, e se joga nos meus braços. Mesmo após três anos, ainda me surpreendo com a força desse amor. — Papai, a mamãe está linda! — ele exclama, empolgado. — Igual uma princesa!— Mas é surpresa, bobinho! — Daphne complementa, chegando logo atrás do irmão. Ela está linda em seu vestido rosa, uma miniatura de
“Evie Ashford”O murmúrio emocionado dos convidados ainda ecoa ao meu redor quando Henry limpa a garganta e volta a segurar minhas mãos. Seus olhos brilham de um jeito que me faz sentir que sou o único mundo que ele enxerga. Ele respira fundo, e posso ver a emoção alcançá-lo antes que ele fale.— Evie — começa, num tom embargado que faz meu coração acelerar ainda mais —, antes de você, eu vivia em preto e branco. Números, metas, resultados… achava que isso era tudo que importava. Então você apareceu, me mostrando que há coisas mais importantes do que poder ou sucesso. Me mostrou o verdadeiro significado de força, resiliência e amor.Seus polegares roçam minhas mãos, e as lágrimas em seus olhos se intensificam.— Você me ensinou que o prazer também pode ser encontrado em sorrisos no café da manhã, em batalhas para fazer dois pequenos seres dormirem, em pequenas vitórias diárias… Você e nossos filhos são as melhores partes dos meus dias, mesmo quando Theo decide redecorar meu escritório
“Três anos depois… Por Evie Ashford”O relógio marca o início da noite quando termino de revisar o último documento no escritório da nossa casa. Desde que fizemos a fusão da Majestic e da All Seasons, pouco antes do nascimento dos gêmeos, prometemos que às sextas-feiras nossos compromissos seriam resolvidos em casa para termos mais tempo em família.Um sorriso surge nos meus lábios ao ouvir os passos inconfundíveis de Henry se aproximando. Desde que nos casamos, criamos mais um ritual juntos. Logo, ele aparece na porta com duas taças de vinho nas mãos, nosso brinde semanal para celebrar o fim da semana e, mais importante, a vida que construímos juntos.— Ainda trabalhando, Sra. Blackwood? — ele pergunta, colocando uma taça na minha frente e se inclinando para me beijar.— Só revisando o contrato do novo hotel — respondo, empurrando os papéis para o lado e pegando a taça. — Mas acho que posso terminar por aqui.— Pode e deve — ele murmura, quando me levanto e me aproximo, erguendo sua