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6. Alguém Está Jogando Sujo

“Henry Blackwood”

Desde as últimas notícias e, principalmente, a ligação anunciando que a disputa pelo resort em Capri seria entre a All Seasons e a Majestic, a imagem de Evie Ashford insiste em permanecer na minha mente. Com seus cabelos loiros, olhos esverdeados, corpo escultural e um atrevimento que parece grande demais para alguém tão baixinha, ela se tornou uma lembrança constante de como essa jovem CEO irritante conseguiu me desafiar mais do que eu esperava.

Passei os últimos dias em um misto de ansiedade e irritação, tentando manter a cabeça fria. Torcia para que as propostas surpreendentemente parecidas fossem apenas uma coincidência infeliz, mas a verdade é que a incerteza não me dá paz. Sempre valorizei o controle e a certeza de estar no comando, no entanto, desde aquela apresentação, a sensação de traição e desconfiança paira sobre mim.

Ao entrar na minha sala, solto um suspiro pesado e me jogo na cadeira. Ligo o computador, sentindo a familiar tensão no estômago. Em poucos segundos, a página carregada diante de mim tira meu fôlego: a proposta da Majestic Ashford venceu a disputa.

O que me deixa irado não é apenas o fato de terem vencido, mas a maneira como fizeram isso.

— Porra! — vocifero, batendo a mão na mesa para evitar jogar o notebook na parede. O som ecoa pela sala, misturando-se à raiva que sinto.

Nesse momento, a porta se abre e Benjamin entra com uma expressão preocupada.

— Henry, parece que algo está pegando fogo por aqui — diz ele, tentando aliviar a atmosfera tensa enquanto se aproxima. — Estou ouvindo seus gritos lá do corredor. O que aconteceu?

— Olhe para isso! — exclamo, apontando para o notebook. — Veja isso e me diga que não há nada muito, muito errado aqui.

Benjamin para ao meu lado, analisando a proposta vencedora exibida na tela. Ele franze a testa, ajustando os óculos com um gesto automático.

— Bem, a proposta da Majestic Ashford é impressionante, sem dúvida. Mas… — ele diz, levantando uma sobrancelha em minha direção. — O que exatamente está te deixando tão frustrado?

— Me recuso a acreditar que você esteja realmente fazendo essa pergunta, Benjamin — respondo, esfregando o rosto antes de encará-lo. — Talvez você precise trocar seus óculos. Leia a parte das cláusulas contratuais, aquela que você me irritou até ficar do seu agrado.

Revirando os olhos, ele se aproxima mais da tela para examinar os detalhes. Passa a mão pelos cabelos, visivelmente preocupado.

— Agora que você mencionou… há semelhanças, sim. — Ele suspira, retirando os óculos e esfregando os olhos. — Mas, sem provas concretas de roubo de informações, isso pode passar como mera coincidência. Empresas costumam ter estratégias parecidas em alguns aspectos.

— Coincidência? — repito, incrédulo, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim. — Coincidência é o caralho! Cada maldito ponto é uma versão aprimorada do que a All Seasons propôs. Eu deveria imaginar que não era simples acaso, alguém está jogando sujo!

— Então, você acha que vazaram sua proposta? — Ele se senta na cadeira à minha frente, pensativo. — Isso explicaria muita coisa, mas… quem teria acesso? Nossa equipe era extremamente restrita. Alguém próximo, alguém em quem você confiava?

— Isso é o que preciso descobrir — murmuro, passando a mão pelos cabelos. — Se eu tiver que cavar até o inferno para achar quem fez isso, eu vou. E quando encontrar, Benjamin, quem facilitou esse roubo pagará.

— Vou começar a investigar isso discretamente, Henry.

— Até que enfim o advogado que existe aí dentro começou a pensar! — resmungo, vendo-o revirar os olhos enquanto ajeita os óculos.

— Vou relevar isso porque sei o quanto você está puto, mas não pense que esquecerei, Sr. Blackwood. — Ele provoca, e dessa vez sou eu quem revira os olhos.

— Contanto que me traga algo satisfatório, não me importo se vai me cobrar depois, Benjamin. Sugiro que comece quanto antes.

— Vou começar agora mesmo, mas preciso de tempo. Não adianta agir com pressa e deixar rastros. — Ele faz uma pausa, levantando-se. — Apenas mantenha a calma, OK? Isso precisa ser tratado com inteligência, não com impulsos.

— Sei muito bem disso, acredite — respondo, fechando o notebook bruscamente. — Ou eu não estaria aqui falando com você. Enfim, espero que me traga boas notícias.

— Vou fazer o possível, Henry. Mas lembre-se, paciência. Vamos resolver isso — ele diz, com uma calma que parece quase fora de lugar diante da minha raiva. — Até logo.

A porta se fecha, e o silêncio toma conta da sala. Solto um longo suspiro, tentando me concentrar no trabalho à minha frente, mas é como tentar apagar um incêndio com uma taça d'água. A irritação me consome, queimando minha capacidade de focar em qualquer coisa que não seja a traição.

Abro o notebook novamente, passando os olhos pelos relatórios financeiros. As palavras parecem embaçadas, como se minha mente se recusasse a colaborar. Fecho os olhos por um momento, tentando forçar um pouco de lógica em meio ao caos que sinto. Mas tudo o que surge é a mesma pergunta: quem?

— Seja lá quem estiver por trás disso, vou ter o imenso prazer de destruir essa pessoa — resmungo, sentindo o ódio crescer dentro de mim.

Meus pensamentos são interrompidos pelo som suave da porta se abrindo novamente. Endireito-me na cadeira, esperando que seja Benjamin de volta, mas a voz que ecoa pela sala é outra.

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