3. O Que Significa Isso?

Quando ele se senta diretamente à minha frente, seu olhar me desafia a reconhecê-lo. A surpresa deve estar estampada no meu rosto, porque um sorriso arrogante começa a se formar lentamente em seus lábios, como se estivesse se deliciando com minha descoberta.

— Tudo bem, Sra. Ashford? — ele pergunta, entrelaçando os dedos sobre a mesa enquanto me encara, ainda com aquele sorriso. — Parece que você está começando a me reconhecer, mas não custa perguntar: devo me apresentar formalmente?

— Henry Blackwood, tão óbvio… Não, não precisamos de formalidades, aparentemente — respondo, tentando manter a calma que não sinto. — Nosso encontro ontem à noite foi mais do que suficiente para me apresentar a você.

— Que bom saber que sua memória é tão boa. — Ele se recosta na cadeira, o olhar carregado de desdém. — No entanto, devo dizer que sua primeira impressão não foi das mais elegantes. Mas, claro, entendo que bebidas podem transformar comportamentos.

— Se está tentando provocar alguma reação, desista, Sr. Blackwood.

— Não estou tentando provocar. — Ele diz com um tom levemente sarcástico. — Apenas me surpreende que alguém tão… jovem e desastrada quanto você tenha a confiança de enfrentar um mercado tão implacável.

— Ah, me desculpe por não me encaixar no padrão perfeito do CEO da All Seasons — retruco, com igual ironia. — Mas garanto que, se minha idade interferisse em algo, eu não estaria aqui.

— Isso é bom de ouvir. — Ele se inclina para trás, analisando-me com a sobrancelha erguida. — Estava preocupado de que sua aparente falta de experiência interferisse em sua… capacidade. Bem, que comecem os jogos, Sra. Ashford.

— E que vençam os melhores, Sr. Blackwood — concluo, confiante, enquanto folheio o dossiê preparado por Sebastian.

Tento me concentrar nos documentos à minha frente, mas o olhar fixo de Henry em mim durante boa parte do tempo torna isso impossível. Para meu alívio, o responsável pelos proprietários do resort em disputa começa a falar, desviando, finalmente, o foco do Sr. Arrogância.

Algumas horas depois, após diversas apresentações e um vai e vem de propostas, chega a minha vez. Após concluir minha apresentação sob o olhar surpreso de Henry, sinto uma satisfação crescer. Ele se inclina para a frente com um sorriso irônico nos lábios. Seu olhar, embora tentasse disfarçar descontentamento, não consegue esconder a provocação que está prestes a vir.

— Foi uma ótima apresentação, Sra. Ashford — diz, com um sorriso forçado. — Mas me pergunto, foi mesmo a jovem desastrada que fez todo o trabalho sujo ou alguém ajudou?

— Provoque o quanto quiser, mas admita que a apresentação da Majestic foi uma das melhores — respondo, confiante ao ver sua reação. — Se houver alguma dúvida, estarei à disposição para esclarecê-las.

— Tenho muitas perguntas, mas prefiro fazê-las quando tiver certeza de algumas coisas. Mas fique tranquila, depois do que vi e ouvi aqui hoje, sei que nos encontraremos muitas vezes.

— Estarei preparada para todas elas, Sr. Blackwood — respondo, sem desviar o olhar.

O representante dos proprietários anuncia o fim das apresentações. Com a promessa de uma resposta nas próximas semanas, finalmente sinto alívio por poder voltar a Londres e resolver minha situação com Sebastian. O amo demais para deixar as coisas como estão.

Enquanto todos começam a se levantar, vejo Henry Blackwood fazendo o mesmo. Aproveito a oportunidade para me levantar e estender a mão para ele.

— Foi um prazer conhecê-lo, Sr. Blackwood — digo, com um sorriso irônico nos lábios, enquanto ele retribui o aperto de mão. — E já que mencionou que nos encontraremos muitas vezes, espero que da próxima vez a conversa seja um pouco mais amigável.

— Isso vai depender de algumas coisas, Sra. Ashford — ele responde, com os olhos acinzentados fixos nos meus. — Até a próxima partida.

Com um leve aceno de cabeça, Henry solta minha mão e segue para a saída, enquanto eu solto a respiração presa em minha garganta. Seu comportamento após a minha apresentação tanto me convence quanto me deixa apreensiva. É como se houvesse uma ameaça velada por trás de suas palavras.

Com o coração retomando suas batidas habituais, sigo para a saída e me encontro com Clara e o restante da equipe. Juntos, vamos para o hangar, onde o jato da Majestic nos aguarda para o retorno a Londres.

Ao subir a bordo do jatinho, o cansaço começa a pesar. Clara, percebendo meu silêncio, tenta aliviar a tensão.

— A apresentação foi incrível, Sra. Ashford — ela diz, com um sorriso simpático. — O Sr. Blackwood ficou de queixo caído.

— Obrigada, Clara — respondo, forçando um sorriso para esconder a tristeza que me invade. Deixo as últimas palavras escaparem: — Só queria que o Sebastian estivesse lá para ver.

— Tenho certeza de que o Sr. Morgan ficará impressionado quando a senhora voltar — ela diz, tentando me animar. Agradeço, mas logo volto aos meus pensamentos.

Algum tempo depois, finalmente chegamos a Londres. Enquanto o motorista me leva para casa, a satisfação pela apresentação começa a dar lugar a uma ansiedade crescente sobre o que me espera. Afinal, Sebastian e eu não conversamos desde que ele deixou aquele bilhete e voltou para Londres.

Quando finalmente chego à casa onde vivemos há três anos, sinto minhas mãos suarem de nervosismo. Ao abrir a porta, o silêncio no interior me envolve, aumentando minha apreensão. Por alguns minutos, procuro por Sebastian, e, quando abro a porta da sala de jantar, a cena diante de mim faz meu coração acelerar e meus lábios se abrirem involuntariamente.

— O... o que significa isso? — pergunto, atraindo o olhar surpreso de Sebastian.

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