Herdeira Cega, Seu Marido Te Traiu!
Herdeira Cega, Seu Marido Te Traiu!
Por: Ju Andrade
1. O Início

O clima no quarto do Hotel President Wilson, em Genebra, parece tão frio quanto o ar lá fora, apesar de o aquecedor estar no máximo. Sebastian, com o semblante fechado, desfaz a gravata enquanto anda pelo quarto, claramente irritado. Sentada na cama, eu o sigo com o olhar, sabendo que isso resultará em mais uma briga.

— Meu amor, pensei que tivesse deixado claro que eu seria o responsável pela empresa — Sebastian diz, forçando um sorriso que não chega aos olhos.

— Sebastian, você está exagerando! Qual o problema em me deixar ser responsável por algo que me pertence? — retruco, mas ao ver seus olhos verdes escurecendo, sinal claro de que a discussão vai se agravar, me arrependo rapidamente.

— Ah, claro. Agora vai usar isso como argumento? Vai querer me humilhar dizendo que a empresa é sua? — ele explode, e eu me encolho diante do seu tom de voz. Rapidamente, ele limpa a garganta e se aproxima de mim. — Desculpe, querida. Não queria gritar, mas… Evie, sei que você quer provar que é tão boa quanto seu pai, mas essa aquisição é importante demais!

— Você acha que eu não sei, Sebastian? Acha que me preparei todos esses meses em vão? — pergunto, sentindo as lágrimas arderem nos meus olhos.

Vivemos um casamento perfeito por três anos, mas desde que herdei a rede de hotéis da minha família, há alguns meses, as discussões se tornaram frequentes. Nada do que faço parece ser do agrado dele, e por mais que ele negue, sei que também acredita que colocarei tudo a perder apenas por ser nova.

— Evie — meu marido continua, fechando os olhos brevemente, como se tentasse se acalmar —, você é brilhante, mas o mundo dos negócios… é cruel. Só estou tentando proteger você.

— Proteger ou controlar? — sussurro, com a voz trêmula de frustração. — Você sempre faz isso parecer uma competição entre nós, Sebastian.

— Não é uma competição, querida. É a realidade — ele diz em tom calmo, mas o olhar permanece frio. Abaixando-se até ficar à minha altura, continua com uma calma calculada: — Você cresceu sob proteção, cercada de mimos. Só estou tentando prepará-la para a realidade. Não quero que se machuque.

— Então pare de me ver como uma ameaça… — As palavras escapam antes que eu possa detê-las. Imediatamente, Sebastian se levanta, passando a mão pelos cabelos, claramente ofendido.

— Você está sendo injusta, Evie. Só estou tentando ser seu parceiro, como sempre fui — meu marido responde, me olhando como se minhas palavras tivessem sido um tapa. — Talvez você não precise mais de mim para isso. Talvez saiba se virar sozinha, não é?

— Sebastian, não é isso. Só que…

— Tudo bem, Evie. Tudo bem — ele diz, pegando o celular antes de seguir para o banheiro. — Vá jantar sozinha. Perdi o apetite.

— Meu amor… — chamo-o, mas ele me ignora. — Sebastian, vamos…

Antes que eu possa completar a frase, a porta se fecha com força. Respiro fundo e fixo o olhar na pequena mala onde guardei a lingerie que escolhi especialmente para hoje, na esperança de novamente fazer as pazes com ele.

— Que droga, meu amor… — murmuro, levantando-me da cama.

Sigo até a porta do banheiro, levantando a mão para bater e tentar argumentar com Sebastian, mas paro ao ouvi-lo falar em voz baixa, provavelmente ao telefone: “Você sabe como Evie é… Logo mudará de ideia.”

Dou um passo para trás, me recusando a continuar ouvindo a conversa. Ele está certo, no fim, eu sempre mudo de ideia. Mas desta vez as coisas precisam ser diferentes, ou ele nunca me respeitará. 

Pego minha bolsa e sigo em direção à saída, precisando de um tempo sozinha. Passo pela porta e caminho pelo corredor até chegar ao elevador, descendo em direção ao bar do hotel.

— Boa noite! O que vai querer? — pergunta o barman quando me sento.

— Boa noite! — respondo, forçando um sorriso. — Um Martini, por favor.

Ele acena com a cabeça e prepara minha bebida rapidamente. Algum tempo depois, me entrega o drink. Dou um gole enquanto meu olhar vagueia pelo bar, mas minha mente está presa nos pensamentos sobre a discussão com Sebastian.

— Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, não é mesmo? — murmuro com uma pitada de ironia. — E, aparentemente, também brigas no casamento.

De repente, o som de uma cadeira sendo arrastada ao meu lado interrompe meus pensamentos. Olho para o lado e vejo um homem vestido casualmente, com cabelos escuros desgrenhados e uma barba bem aparada que contorna seu maxilar definido. Seus olhos acinzentados me encaram intensamente, e por um instante, parece que o mundo ao redor dele diminui.

O homem murmura um “boa noite” ao se sentar ao meu lado, mantendo uma distância respeitosa enquanto pede um whisky. No mesmo momento, sinto meu celular vibrar no balcão e, num movimento brusco para pegá-lo, acabo esbarrando na taça, fazendo com que meu Martini voe diretamente para a calça do homem.

— Oh, Deus! Sinto muito! — exclamo, colocando as mãos na boca enquanto o vejo levantar abruptamente. Ele olha para baixo e depois me encara com um olhar insatisfeito.

— Perfeito! Justo o que eu precisava para completar a noite! — vocifera, olhando novamente para a mancha em sua calça. Em seguida, ergue os olhos para mim, arqueando as sobrancelhas e abrindo um sorriso irônico. — Que ótima maneira de se apresentar, não acha?

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