Fragmentos de Presença

Voltei da creche com Yves aninhado no meu colo, já quase dormindo, o rosto afundado no meu ombro como se o dia tivesse sido grande demais para ele. Meus passos eram lentos pela calçada, mais pelo turbilhão que ainda girava dentro de mim do que por cansaço físico.

Leonardo.

Ainda parecia surreal.

Depois de todos esses anos, de tantas versões de mim mesma que eu fui criando, encontrar aquele pedaço da infância — vivo, sorrindo, real — bagunçava algo profundo. E ao mesmo tempo, era como se uma peça tivesse voltado pro lugar. Como se a Marina de antes me desse a mão por alguns instantes.

Yves soltou um resmungo baixinho. Afaguei suas costas com delicadeza e beijei o topo de sua cabeça.

— Tá tudo bem, pequeno. A gente só tá atravessando memórias — murmurei, mais pra mim do que pra ele.

Em vez de ir direto pra casa, tomei o caminho da confeitaria. Como um ímã. Um refúgio. Um entrelugar onde eu podia respirar entre o que fui e o que estava tentando ser.

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Cheguei à confeita
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