Destinada ao Lobo Alfa
Destinada ao Lobo Alfa
Por: Patty Cardoso
Prólogo

Ethan Whitmore

O cheiro de sangue impregnava o ar, aguçando meu olfato e fazendo meus instintos lupinos vir à tona.

A floresta ao nosso redor era um santuário intocado pelos humanos, um lugar onde a natureza ainda reinava soberana e nos dava a liberdade de sermos os lobos que éramos.

A luz do luar se filtrava por entre as folhas das árvore, criando sombras no solo úmido e coberto de folhas caídas. O ar era carregado com o perfume de pinheiros, terra molhada e a presença distante de um alce, nossa presa.

Eu amava o poder que a caçada trazia.

Não era a fome que me movia, mas a excitação de sentir minha força, minha conexão com meus irmãos, com a terra e com a fera que habitava dentro de mim. Éramos uma matilha, sempre unidos.

Porra, lobos nunca estão sozinhos.

Corríamos juntos em movimentos sincronizados. Minhas patas, ainda em meu corpo de lobo, se moviam em silêncio sobre o chão de terra macia. Meu pelo marrom escuro se camuflava entre os troncos e as sombras da floresta, enquanto meus seis irmãos se moviam ao meu lado.

Colin, o mais velho de nós, liderava como o alfa líder que ele era. Seu pelo negro como a noite fazia que fosse a camuflagem perfeita na escuridão da floresta.

Ao seu lado estava Cassia, a única mulher entre nós irmãos, ela era ágil e graciosa com seus indescritíveis olhos dourados. Ela era rápida como o vento, correndo a toda velocidade enquanto avançava em direção ao alce.

Os outros irmãos formavam um semicírculo ao redor do animal, cada um sabendo qual papel desempenhar. Isso era algo que não precisávamos dizer um ao outro, era instinto. Um instinto que nascia conosco e se tornava mais forte a cada caçada.

Colin deu o primeiro salto, atacando a lateral do animal. Seu rugido ecoou pela floresta, assustando os pássaros que dormiam nos galhos mais altos.

Ataquei pelo flanco, minhas presas cravando na carne quente do alce. O gosto metálico do sangue preencheu minha língua, misturando-se ao cheiro da terra e das folhas úmidas ao redor. O alce lutava desesperado, mas era inútil.

Ele teria uma morte rápida e quase indolor se parasse de resistir. Mas o animal estava teimoso, a vontade de viver ainda era forte em seu corpo. Foi quando meu irmão Alec, o segundo mais novo da matilha, deu um golpe fatal. Ele mordeu a jugular do alce fazendo que ele finalmente caísse no chão sem vida.

O Alec quase sorriu, se pudesse fazer isso em sua forma lupina.

Nós começamos a nos deliciar com sua carne macia, nossas respirações pesadas se misturando no ar gelado da noite. O gosto da carne era suculento, cada mordida aplicando meu desejo de matar. Era um prêmio delicioso pelo esforço que fizemos e eu aproveitava cada pedaço.

Nossa caçada não era só pelo alimento, era pela sensação de estar vivo, de ser parte da matilha, de ser lobo.

Logo nossa fome estava saciada, começamos a nos erguer, um a um, sobre as patas traseiras. O som de ossos se ajustando e músculos se alongando preenchia o ar, o esforço da transformação humanoide sempre fazia minha pele formigar. Minha mão, ainda coberta por uma camada fina de pelo, tocou a terra antes de me endireitar. Eu era mais alto e imponente do que qualquer humano poderia ser, mas ainda assim, não era maior que meus irmãos mais velhos. Altura era o único quesito que eu e Alec éramos parecidos.

Olhei ao redor enquanto meus irmãos se transformavam em humanos. Colin já estava em uma forma humana perfeita, seus olhos escuros brilhavam com a autoridade de quem não precisava pedir respeito: ele o exigia. Caleb, ao lado dele, ainda mantinha parte de suas garras e um brilho animalesco nos olhos. Ele sempre demorava mais para se adaptar, como se quisesse aproveitar cada momento de sua forma lupina antes de abandoná-la.

Cassia estava perto de mim, já quase completamente humana. Com 1,85m, ela era alta para os padrões humanos, todavia entre nós, parecia menor mas não menos feroz. Ela limpava um resquício de sangue do canto da boca, a expressão serena, pois aquilo era mais uma parte de nossa rotina.

Liam e Alec, como sempre, pareciam os mais relutantes em abandonar seus traços lupinos.

Alec ainda tinha presas visíveis e um rastro de pelo cinza nos braços enquanto sorria de forma desafiadora, ignorando o olhar irritado de Colin.

— Quantas vezes eu já disse para vocês? — Colin rosnou, sua voz grave e imponente. — Fiquem na forma mais humana possível. Já é difícil o suficiente manter a discrição sem que pareçam um bando de monstros saídos de um pesadelo.

Revirei os olhos, cruzando os braços enquanto respirava fundo, deixando o cheiro da floresta preencher meus pulmões. Sentia falta disso. O mundo humano era entediante.

Nada se comparava à adrenalina de uma caçada, da perseguição a presas ou a sensação de vitória ao abater a presa como um prêmio.

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