— Alec, você vai cuidar da tecnologia. Você sempre foi o mais curioso entre nós, e tem um talento especial para entender o futuro antes de ele acontecer.
Alec levantou uma sobrancelha, parecendo surpreso, mas satisfeito. — Tecnologia, hein? Não posso reclamar disso. Colin então voltou o olhar para mim. Seu olhar parecia pesar um pouco mais ao pousar sobre o caçula da família. — Ethan, você vai cuidar da construção e das empreiteiras. — Construção? — Perguntei, surpreso. — Sim — respondeu ele, com firmeza. — Você tem uma maneira única de visualizar o que pode ser feito, de transformar o impossível em algo concreto. É disso que esse ramo precisa. — E a força bruta também ajuda — acrescentou Alec, com um sorriso provocador. Revirei os olhos, mas Colin ergueu a mão, pedindo silêncio. — Isso não é uma questão de força — ele disse, o tom impaciente. — É uma questão de visão e persistência, e Ethan tem ambos. Olhei para ele, tentando entender se era um elogio ou um desafio. Talvez fosse os dois. — E quanto ao nosso pai? — perguntou Cassia, quebrando o silêncio. Colin respirou fundo, olhando para o horizonte da floresta. — Ele continuará no comando geral, mas estamos em um ponto de transição. Ele quer que todos nós assumamos essas áreas, que cada um de nós prove que é digno do nome Whitmore. — Bem, isso soa intenso — comentou Caleb, com uma risada nervosa. — Intenso é pouco — retruquei, cruzando os braços. Colin olhou para nós com seriedade, sua voz baixa, mas cheia de autoridade. — Isso não é apenas sobre negócios. É sobre a nossa matilha. Nosso pai ergueu o império e agora temos que dar continuidade e formar um império ainda maior. Liam sorriu, tentando aliviar a tensão. — Então, estamos fazendo isso? Colin assentiu. — Estamos. E assim, enquanto a floresta ao nosso redor sussurrava com o vento, ficou decidido que o futuro da família Whitmore estava em nossas mãos, e que cada um de nós teria que provar seu valor. Alec foi o primeiro a quebrar o clima sério que Colin havia estabelecido, como sempre. — Então, Ethan, construção, hein? Espero que consiga construir uma boa desculpa para explicar quando estragar tudo. — Ah, vai se ferrar, Alec — resmunguei, mas ele apenas riu. — Falei algo errado? — provocou, os olhos brilhando com aquele ar irritante de quem sabia exatamente como me tirar do sério. Eu me movi rapidamente em sua direção, mas Alec já estava correndo. Ele disparou pela clareira em direção ao seu carro, um 4x4 de luxo reluzente que parecia deslocado no ambiente rústico da floresta. Alec estava a poucos passos do carro, um sorriso desafiador estampado no rosto enquanto suas mãos já alcançavam a porta. — Ei, volta aqui, covarde! — gritei, acelerando meus passos para alcançá-lo. Ele olhou para trás, rindo. — Covarde? Eu só estou sendo mais esperto que você, irmãozinho. — Mais esperto? Isso não é esperteza, é medo! — retruquei, parando ao lado do meu próprio carro. Antes que Alec pudesse entrar no dele, Colin apareceu em um movimento rápido e bloqueou o caminho, sua expressão rígida como sempre. — Vocês dois, nem pensem em sair daqui. Alec revirou os olhos e deu um passo para trás. — Sempre mandão, hein? — Não me chame de mandão — respondeu Colin, cruzando os braços. — Eu estou apenas garantindo que vocês não ajam como os filhotes que são. Cassia, recostada em uma árvore próxima, riu. — Deixa eles, Colin. Não dá para esperar que filhotes tenham o mesmo controle que um líder de matilha. Caleb concordou, o tom brincalhão em sua voz. — Verdade. E além disso, é até divertido ver o caos que esses dois causam. — Divertido? — Colin exalou uma respiração longa e exasperada. — Divertido é o que você chama de correr o risco de um deles acabar em um hospital ou pior? Liam riu, mas antes que pudesse responder, um estalo seco rompeu o ar. No instante seguinte, Liam caiu no chão com um gemido de dor, segurando o ombro que agora estava encharcado de sangue. O nosso redor pareceu congelar. Todos nós ficamos imóveis, cada um tentando captar um movimento, um cheiro ou alguma coisa. Qualquer coisa. — Liam! — Cassia se ajoelhou ao lado do irmão. — Estou bem — Liam gemeu, pressionando a ferida com a mão. Foi só de raspão. Colin já estava em posição de ataque, os músculos tensos e os olhos escaneando as árvores ao redor. Outro tiro ecoou, e dessa vez Colin rosnou alto, ele estava furioso por seu irmão ter sido ferido. Todos estávamos. — Caçadores — ele murmurou, seus olhos escuros cheios de fúria.Alec e eu trocamos um olhar rápido antes de assumirmos nossas posições. As brincadeiras e provocações de minutos atrás desapareceram, substituídas pela tensão de não sermos mais os caçadores, e sim, a caça. — Eles nos encontraram — murmurei, os olhos varrendo as sombras da floresta. — E não vieram para conversar. — Fiquem juntos! — ele ordenou, a voz um rosnado grave. Isso não foi um acidente. Alec e eu, que estávamos prestes a sair em disparada na corrida provocada minutos antes, paramos abruptamente. Alec olhou para mim, a brincadeira desaparecendo de seus olhos cinzentos, substituída por alerta, e o pior, medo. —Você sentiu? — ele sussurrou para mim, sua respiração tensa e descompassada. — Não. Mas ouvi o tiro antes que chegasse. O terceiro tiro veio mais rápido, atravessando o ar como um aviso. Dessa vez, passou tão perto de Cassia que ela teve que se abaixar para evita-lo. Os caçadores iriam acabar acertando um de nós e não poderíamos deixar isso acontecer. —
Ethan Whitmore O som dos saltos da minha secretária invadiu meu escritório antes mesmo de eu erguer os olhos da pilha interminável de papéis que precisava assinar. Suspirei, deixando a caneta de lado por um momento. Ela entrou com mais uma pilha de documentos nos braços, sempre com aquele perfume que era doce demais. Odiava quando ela aparecia no escritório com esse perfume, era sempre enjoativo e me dava náuseas depois. Por que humanos têm essa necessidade absurda de mascarar seus cheiros? Pensei, enquanto meu nariz se contorcia involuntariamente com o aroma artificial que ela carregava. Não era ruim, mas para alguém como eu, com sentidos tão aguçados, era quase insuportável. — Senhor Whitmore — disse ela, colocando os papéis na mesa com cuidado. Sua voz era educada, profissional, mas havia algo a mais nela. Um resquício de hesitação que não passava despercebido para mim. Eu a encarei por um segundo, tentando decifrar se aquele receio vinha do fato de eu ser seu chefe, o
Mas não, eu era o responsável. O “maduro”. O caçula que tinha que provar que podia ser tão confiável quanto os mais velhos. Respirei fundo, deixando o ar frio preencher meus pulmões e, aos poucos, soltei, tentando dissipar o impulso violento que pulsava dentro de mim. Olhei para os papéis na mesa. Contratos, propostas, análises financeiras. Tudo aquilo parecia gritar que eu não podia largar agora. Mas, de repente, isso não parecia tão importante assim. Eu me levantei, ignorando o ranger da cadeira de couro enquanto ela voltava para sua posição. Caminhei até a porta e a abri, chamando minha secretária, que estava sentada na mesa do lado de fora. Ela ergueu os olhos para mim, as sobrancelhas arqueadas em surpresa. Fitei ela enquanto controlada o meu tom de voz para não soar ríspido. Ela abriu a boca para perguntar mais alguma coisa, mas já não me importava. Peguei meu celular e saí do escritório com
O caos de cheiros na cidade era sufocante. O perfume dos humanos ao meu redor se misturava com o aroma de gasolina, comida de rua, fumaça. Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo, tentando isolar o cheiro do atirador, mas tudo o que consegui foi um monte de fragrâncias enjoativas. Perfumes florais, cítricos, amadeirados. Humanos sempre mascaravam seus cheiros naturais com esses aromas artificiais. Uma prática que eu nunca compreendi e odiava ainda mais nesses momentos. Malditos perfumes humanos. Pensei, apertando o passo pela multidão. Precisava sair dali, encontrar um lugar mais calmo onde pudesse me concentrar. Mas antes que pudesse tomar outra decisão, ouvi o som abafado de outro disparo. O instinto me salvou mais uma vez. Me joguei para o lado, quase tropeçando em um grupo de pedestres, enquanto o projétil passava a centímetros do meu ombro. As p
Quando meus olhos finalmente se fixaram nela, o tempo pareceu parar. Todo o caos, o barulho da cidade, os caçadores me perseguindo nada disso existia mais. Havia apenas ela. Apenas aquela figura me importava. Sua pele era de uma palidez delicada e seus olhos, castanhos claros, que eram iguais âmbar. Mas o que mais me prendeu foi o seu cabelo. Longos fios ruivos, com um tom acobreado tão vibrante que me fez pensar nas folhas de outono. Ela era perfeita. Não no sentido mundano e superficial que eu sempre desprezei, mas perfeita de um jeito que fez meu peito apertar, como se toda a minha existência tivesse sido um prelúdio para este momento. Para ela. Apenas para ela. Tudo seria por ela. Era como se o universo estivesse sussurrando que ela era minha, que ela era a razão para tudo. Minha destinada. E então, a realidade me atingiu como um golpe seco. Ela era huma
Nunca na minha vida havia perdido o controle assim, nem mesmo quando a besta dentro de mim estava em sua forma mais selvagem. Tentei me acalmar. Mas cada movimento dela parecia acender um calor dentro de mim. Eu precisava parar. Precisava afastar esses pensamentos obscenos que tomavam conta da minha mente como uma tempestade. Ela era humana. Pequena. Frágil. Meu pau seria o suficiente para quebrar ela em duas de dentro para fora. Mas bem que eu poderia me saborear de seu gozo, me ajoelhar de frente a ela enquanto ela sentava aberta para mim. Lamber e chupar seu pequeno clitóris até ela esquecer o próprio nome. Porra! Os caçadores eram teimosos, e seus passos voltaram a ecoar pela calçada, aproximando-se novamente. Meu corpo se tensionou, todos os instintos gritando para proteger o território que, por alguma razão, senti que agora incluía aquela pequena h
Limpei a garganta, tentando não me engasgar com as palavras que pareciam presas, difíceis de falar. — Só estava de passagem — consegui dizer, mantendo minha voz baixa e controlada, mesmo que meu corpo inteiro estivesse em alerta máximo. — E parece que escolhi o lugar errado na hora errada. Ela franziu a testa, não estava satisfeita com minha resposta evasiva. — De passagem? — Ela apontou para a porta com um movimento casual, mas seus olhos estavam fixos em mim, estudando cada detalhe. — Esses homens não pareciam estar te perseguindo por coincidência. Eu dei de ombros, tentando parecer indiferente, mas meu autocontrole estava se desgastando rapidamente. — Não são pessoas com quem você quer se envolver — respondi, meu tom intencionalmente vago. Ela deu mais um passo à frente, e foi aí que percebi o quão pequena ela realmente era. Não devia ter mais de 1,55m, enquanto eu passava de 1,90m. A
O La Verve era tudo o que eu esperava de um restaurante cinco estrelas: ostentação, luxo e um refinamento que beirava o exagero. Lustres de cristal pendiam do teto alto e as mesas eram cobertas por toalhas brancas impecáveis. As cadeiras eram forradas com veludo escarlate, combinando com o tom das paredes, e um jazz lento e suave tocava ao fundo, criando uma atmosfera sofisticada, mas para mim, incrivelmente entediante. Pelo menos o jazz não doía em minha audição como outros barulhos humanos. As mesas ao nosso redor estavam ocupadas por casais humanos elegantes, mas nada neles se comparava à presença de Scarlett. Minha noiva, com sua beleza lupina inatingível, chamava atenção de todos ali sem nem mesmo tentar. O garçom se aproximou da mesa com passos treinados, equilibrando habilmente duas bandejas prateadas. O cheiro da comida refinada invadiu meus sentidos, mas ao contrário dos humanos ao redor, não me causava nenhuma emoção. Comida humana sempre foi