“Martim Monterrey”
Eu insisti com o Emiliano e ele enfim atendeu ao meu pedido, me levou para a casa da Mônica, mas não me deixou entrar sozinho. A Mônica morava com a mãe, o pai já havia falecido há muitos anos, e foi a mãe dela quem abriu a porta.
- Martim? – A mãe dela me olhou como se eu fosse um fantasma, isso me deu a certeza de que a Mônica sabia mesmo de tudo.
- A senhora não foi ao meu casamento, Dona Teresa! – Falei em um tom sarcástico. A mulher tremeu ao me olhar. – Onde está a sua filha?
- Martim, a Mônica não conseguiu impedir a Alice. – A dona Teresa logo tentou defender a filha.
- Ah, a senhora também sabia! É claro, o corno é o último a saber sempre! – Eu dei uma risada sem nenhum humor. – Onde está a cadela da sua filha?
- Eu não admito que você fale assim da minha filha! – Dona Teresa tentou se impor, mas eu não dava a mínima pra ela.
- Não se preocupe, eu mesmo a procuro. – Entrei na casa e estava prestes a subir as escadas para procurar aquela falsa da Mônica, mas ela apareceu no alto antes que eu subisse o primeiro degrau.
- Não se incomode em me procurar, Martim, eu estou aqui! – A Mônica desceu as escadas como se fosse a dona do mundo e eu queria torcer o pescoço dela. Quando ela chegou ao andar de baixo ela parou em minha frente com o olhar desafiador.
- Eu quero saber de tudo. – A encarei. Ela estendeu a mão e indicou o sofá na sala.
- Melhor sentar. – Ela sorriu, um sorriso frio e debochado.
Eu entrei e me sentei, o Emiliano me seguiu e então a Mônica se sentou calmamente em minha frente e cruzou as pernas. Me encarou por um segundo e então falou.
- Você vai me demitir, não vai? Independente do que eu saiba, independente do que fiz ou não? – Ela ainda se atreveu a perguntar.
- Ah, pode apostar que você não põe mais os pés na minha empresa! – Respondi com um sorriso amargo.
- Mas a empresa não é só sua! – Ela sorriu e olhou para o Emiliano.
- Se o Martim disse que você não põe mais os pés lá, Mônica, é porque você não põe! – O Emiliano me apoiou como eu sabia que ele faria.
- Ah, dane-se! – Ela falou com desdém. – Eu já tenho uma proposta para ir trabalhar para o seu concorrente mesmo! Mas vou te avisar, Martim, vou levar seus clientes! – Ela sorriu maquiavelicamente.
- Isso nós veremos! – Eu não estava dando a mínima para o que ela falava, só queria saber sobre a Alice.
- Fui eu quem apresentou a Alice e o Estevão. – A Mônica começou a falar e se ela não fosse uma mulher eu teria quebrado a sua cara. – O Estevão ficou interessado nela e eu o ajudei a conquistá-la. Sabe que não foi difícil. A Alice é uma idiota, estava com você só pelo dinheiro, porque você alavancou a empresinha medíocre do pai dela. Ela nunca te amou, Martim! – A Mônica deu uma risada.
- Há quanto tempo eles estão juntos? – Perguntei tentando controlar a dor que eu sentia rasgar meu peito.
- Deixa ver, foi no dia do seu último aniversário, na festa. Lembra que ela sumiu por um tempão? Pois é, ela estava transando com ele no banheiro. – A Mônica gargalhou. – Então tem uns oito meses!
Eu senti o ar ficando mais rarefeito e o meu peito parecia que ia explodir, mas eu não podia demonstrar fraqueza, não ali na frente dela.
- Ela teria terminado com você há muito tempo, mas o pai dela precisava de você para manter aquela empresinha dele de pé. Então ela decidiu ficar com você. Ela queria se casar, sabe. Ela não ia te abandonar no altar e depois de um tempo ela pediria o divórcio e levaria metade de tudo o que você tem. Era um plano perfeito. Mas o idiota do Estevão tinha que estragar tudo. Ele a convenceu a fugir, ele vinha falando sobre isso há muito tempo, mas hoje ela me ligou e disse que não ia se casar, eu até tentei convencê-la a não fazer isso, ainda não era a hora, mas ela não me ouviu, disse que o Estevão conseguiu um emprego excelente no México e iria embora com ele. Então ela foi! – A Mônica falava e era como se ela contasse sobre outra pessoa, não sobre a Alice que eu conheci e com quem fiquei por um ano e meio.
- México? – Eu estava tentando processar tudo o que ela disse, mas ela era impiedosa.
- Mas sabe porque ela foi? – A Mônica se inclinou para frente.
- Por que? – Perguntei e a encarei.
- Porque ela está grávida dele. – Essas palavras martelaram na minha cabeça e ficaram ecoando. – Ela descobriu ontem. E ela tem certeza que é dele porque vocês dois sempre se cuidaram, você sempre usou preservativo porque não queria um filho antes de se casar, queria casar e esperar um tempo antes de ser pai. E ela queria engravidar logo e garantir o futuro. Ela queria um filho seu, assim nem precisaria se casar, então parou de tomar a pílula, mas nunca conseguiu te pegar desprevenido. Só que o Estevão, esse nunca ligou para o preservativo e ela acabou grávida dele.
- VAGABUNDA! – Eu não me aguentei e dei um murro na mesa de centro a minha frente.
- Ah, Martim, dói não é mesmo? Ser desprezado, preterido, abandonado. – A Mônica me olhava com desgosto. – Você não deveria ter feito isso comigo. E ainda por cima, se apaixonou pela minha melhor amiga! Aquela sonsa fingida!
- Mônica, você não pode estar com raiva... – Eu a encarei percebendo todo o rancor em sua voz.
Pouco antes de conhecer a Alice eu fiquei com a Mônica, foi numa festa da empresa, eu acabei bebendo demais e a levei pra cama. Foi somente uma maldita noite! Mas aí eu conheci a Alice, num bar, onde eu fui me encontrar com uns amigos, a Mônica e a Alice estavam lá e eu me apaixonei.
- Com raiva por você ter me deixado? Ah, eu estou, Martim, eu sempre estive! – A Mônica declarou.
- Mas nós nunca tivemos nada sério, Mônica! Foi só uma noite! Eu conversei com você e você me disse que estava tudo bem, que tinha sido só diversão pra você! – Me custava a acreditar que aquilo era uma vingança.
- E o que você queria que eu dissesse? Que eu estava apaixonada? Não, eu não engoliria o meu orgulho assim, Martim. – Ela me olhava com ódio.
- Minha nossa, eu estive cercado de serpentes! – Levei a mão ao rosto. – Vamos sair daqui, Emiliano! Eu já sei de tudo o que eu precisava. Mônica, não precisa nem se preocupar de ir a empresa buscar nada, os advogados vão entrar em contato com você.
Me levantei e saí daquela casa. Minha vida havia sido destruída. A mulher que eu amava fugiu com outro, estava grávida dele e só estava comigo por causa do meu dinheiro.
- E agora, Martim, o que você vai fazer? – O Emiliano me perguntou quando entramos no carro, mas eu não tinha a resposta para a sua pergunta ainda. O que eu ia fazer?
“Martim Monterrey”Depois que saímos da casa da Mônica eu decidi ir para o meu apartamento e pedi ao Emiliano que me deixasse sozinho. Ele relutou, mas recebeu a ligação de uma amiga que estava na cidade e precisou ir encontrá-la.- Eu vou te mandar o nome do restaurante onde vou estar, se você mudar de idéia, me encontra lá. – O Emiliano insistiu antes de sair.- Não se preocupe, meu amigo, eu vou ficar bem! – Tentei manter a calma para que ele não se preocupasse, pois ele era bem capaz de mandar a amiga vir para o apartamento e me incluir nesse jantar, só para não me deixar sozinho.Depois que ele saiu, eu olhei em volta e comecei a ficar agitado novamente. Esse apartamento seria onde eu iria morar com a minha esposa, a noiva fujona. Eu tinha um ótimo apartamento não muito longe dali, mas como me casaria e depois da lua de mel moraria nesse, eu havia esvaziado o meu antigo apartamento e entregado as chaves para o corretor no dia anterior.Mas olhando agora, eu não gostava desse luga
“Abigail Zapata”Estava tudo correndo tão perfeitamente bem! Até eu encontrar aquela besta no saguão do hotel. O que eu ia fazer? Aquele brutamontes arruinou o meu vestido e meu celular estava quebrado. Eu precisava de um celular novo e precisava de um banho. Eu estava prontinha para ir para o meu compromisso, comprei esse vestido especialmente para isso e agora ele estava destruído.- O que eu faço agora? – Eu olhava para o funcionário do hotel e estava quase chorando.- Senhorita, tem uma loja de celulares aqui perto, posso mandar o seu aparelho para o conserto, mas não deve ficar pronto hoje. Quanto ao vestido, podemos entregá-lo amanhã. Eu lamento por não conseguir ser mais rápido. – O funcionário me olhava até constrangido.- Tudo bem. – Suspirei. Não tinha jeito, eu teria que improvisar. – Eu não posso ficar sem o celular, você acha que eles podem trazer um novo aqui pra mim?- Com certeza, eu conheço o gerente de lá. Vou ligar imediatamente para ele. – O funcionário era prestat
“Martim Monterrey”Já havia se passado um mês desde que a Alice me deixou plantado no altar e desde então eu me tornei outra pessoa. Eu não vejo graça em mais nada, me tornei impaciente e irritado. Não confio mais nas pessoas, apenas na minha família e no meu amigo Emiliano. Mas, principalmente, eu agora não era mais o mesmo em relação às mulheres, eu apenas as usava para o meu prazer, mas nenhuma, nunca mais, teria o meu coração ou a minha gentileza, nunca mais! Eu fui traído de muitas maneiras, fui apunhalado pelas costas e esse tipo de coisa muda as pessoas. E me mudou!Pelo menos eu já tinha vendido aquele apartamento que eu odiava. Uma detestável cobertura triplex no prédio mais nobre da cidade que eu só comprei porque era o que a minha ex noiva queria. Eu não poderia morar lá, tanto porque eu achava o lugar horrível, quanto porque era o lugar onde eu moraria depois de me casar. Mas eu não me casei, então me livrei do apartamento. Passei uma semana no hotel, o mesmo hotel onde eu
“Emiliano Quintana”O nome que brilhava na tela do meu celular era o da minha amiga Abigail. Ela era uma grande amiga e foi muito importante em uma fase difícil da minha vida. Abigail e eu nos falávamos com frequência e havíamos nos falado na noite anterior. Então estranhei sua ligação tão cedo.- Oi, Abi! Já está com saudade de mim? – Brinquei com ela, mas a voz que eu ouvi era de uma Abigail chorosa.- Emi, o meu pai morreu! – Ela falou e soluçou no fim da frase.Abigail era filha de um magnata que possuía vários negócios ao redor do mundo. Era um homem influente e acostumado a ter as coisas à sua maneira. Ela era a única filha, perdeu a mãe quando tinha apenas dez anos e por um tempo foram só ela e o pai, mas uns cinco anos depois o pai se casou com uma mulher muito bonita, mas que já estava no quarto marido e tinha um filho da idade da Abi. A Abi odiava o garoto, mas foi obrigada a conviver com ele e logo a madrasta já tinha o novo marido sob seu completo domínio e a Abi sofreu ba
“Abigail Zapata”Com a morte do meu pai eu não tinha mais nenhum parente vivo no mundo. Mas eu tinha o Tony, um bom amigo do meu pai e homem de confiança dele, que assim como eu nunca suportou a minha madrasta, e tinha o Emiliano, meu amigo e amor da minha vida. Mas o Emiliano não sabia que ele era o amor da minha vida, porém, ele era a minha rocha, estava sempre pronto a me ajudar.Eu sabia que quando ligasse para ele eu não precisaria pedir, ele viria depressa e se colocaria ao meu lado. Ele era assim, generoso e bom. E foi o que ele fez. Eu estava descendo as escadas daquela mansão horrorosa que eu odiava, quando o Emiliano entrou e eu corri até ele.- Minha querida, eu sinto muito! – Ele falou ao me abraçar, com carinho e gentileza.- Emiliano? Você aqui? – A minha madrasta Magda se aproximou. Ela não gostava do Emiliano, ela não gostava de nada do que me fazia feliz, e ela nos afastou o máximo que pôde.- Sim, Sra. Zapata. É claro que eu viria apoiar a Abigail. Eu sinto muito pel
“Abigail Zapata”A Magda estava de pé, com as faces vermelhas de raiva e o dedo em riste. Mas o testamenteiro não se deixou intimidar e se colocou de pé, dando um tapa seco na mesa que assustou a todos nós.- Eu não terminei senhora. – O testamenteiro a encarou de forma severa e ela se calou. – Se a Abigail não se casar, todo o patrimônio será destinado a senhora. – Com isso aquela vaca riu, com certeza pensou que eu ficaria solteirona. E o testamenteiro continuou: – A senhora vai receber uma mesada mensal, assim como a Abigail, a quantia paga será a mesma para as duas, a diferença é que a sua será vitalícia se a senhora permanecer viúva, sem colocar outro homem em sua vida, seja como marido, amante, namorado ou amásio, caso isso ocorra a senhora perde a pensão imediatamente. Já a da Abigail cessa em um ano.- Mas esse testamento é uma piada! – A cobra se manifestou outra vez. E eu era obrigada a concordar. Se eu não me casasse o meu pai cumpriria o prometido e me deixaria sem nada.-
“Abigail Zapata”Eu pretendia ficar na casa do Emiliano, mas a mãe dele, ao saber que eu estava indo para a cidade, fez questão de me receber. Seriam só uns poucos dias, pois eu logo arrumaria um lugar para morar e procuraria um emprego. Eu poderia ter pedido um emprego para o Emiliano, mas eu não queria ser a amiga chata que vive pedindo favores, além do mais, ele tinha um sócio e me impor para o sócio seria meio chato, talvez eles nem tivessem uma vaga para me encaixar, então achei melhor procurar um emprego. Eu trabalhei por um bom tempo em uma empresa de arquitetura de um amigo do meu pai, poderia conseguir algo facilmente.E foi assim, uma semana depois eu aluguei um apartamentinho simpático e me mudei. Mas fiquei muito grata a D. Branca por ter me recebido. Eu estava preparando o meu currículo, sentada na sala do meu novo lar, quando o meu celular tocou. Era o Emiliano, ele havia passado o fim de semana fora, visitando um cliente.- Oi, Emi! Já chegou de viagem? – Perguntei logo
“Martim Monterrey”Eu estava em minha sala revendo um projeto quando ouvi uma batida na porta e mandei entrar.- Oi, Martim! Eu estava aqui por perto e resolvi vir te dar um oi. – Levantei os olhos e via Suzana, uma conhecida de uma das minhas irmãs, com quem eu não tinha intimidade nenhuma, mas tinha cruzado em um bar um dia desses.- Suzana. Aqui é o meu local de trabalho, não a minha sala de visitas. – Respondi, mas a mulher nem se intimidou, entrou e fechou a porta atrás de si.- Mas você não tem tempo para um cafezinho? – Ela apoiou as mãos sobre a minha mesa e se debruçou, me dando uma boa visão dos seus peitos no decote da blusa.- Você não veio aqui pra tomar um cafezinho, não é mesmo, Suzana? – Me recostei na cadeira e observei aquela mulher dar a volta na mesa e parar em minha frente.Ela era uma mulher bonita, magra, alta e, pelo que eu vi no bar, não tinha muitos pudores.- É, não vim. Mas aquele dia no bar, não tivemos muito tempo pra conversar, você logo saiu com aquela