Capítulo 9: Novo lar

“Abigail Zapata”

Eu pretendia ficar na casa do Emiliano, mas a mãe dele, ao saber que eu estava indo para a cidade, fez questão de me receber. Seriam só uns poucos dias, pois eu logo arrumaria um lugar para morar e procuraria um emprego. Eu poderia ter pedido um emprego para o Emiliano, mas eu não queria ser a amiga chata que vive pedindo favores, além do mais, ele tinha um sócio e me impor para o sócio seria meio chato, talvez eles nem tivessem uma vaga para me encaixar, então achei melhor procurar um emprego. Eu trabalhei por um bom tempo em uma empresa de arquitetura de um amigo do meu pai, poderia conseguir algo facilmente.

E foi assim, uma semana depois eu aluguei um apartamentinho simpático e me mudei. Mas fiquei muito grata a D. Branca por ter me recebido. Eu estava preparando o meu currículo, sentada na sala do meu novo lar, quando o meu celular tocou. Era o Emiliano, ele havia passado o fim de semana fora, visitando um cliente.

- Oi, Emi! Já chegou de viagem? – Perguntei logo.

- Cheguei sim, Abi. E você, soube que já se mudou? – Ele parecia bem humorado como sempre.

- Sim, ontem. E hoje você vem jantar comigo! – Eu já estava com tudo organizado e não aceitaria um não.

- Tá, mas antes eu preciso de você. Você quer trabalhar mesmo? – A pergunta dele me interessou.

- Muito, Emi, eu não sei ficar parada.

- Eu tenho uma proposta pra você. Uma função na minha empresa. – Mas isso era perfeito demais.

- Aceito! – Respondi imediatamente.

- Mas eu nem falei ainda o que é!

- Nem precisa, eu vou aceitar de qualquer jeito. – Ele riu, uma gargalhada divertida que eu adorava ouvir.

- Então vem pra cá, vem começar a trabalhar.

- Chego em uma hora. – Desliguei o telefone, tomei um banho e me vesti, caprichei na roupa e na maquiagem e peguei um taxi. Eu lamentei ter deixado o meu carro pra trás, mas estava registrada na empresa do meu pai e eu não poderia levá-lo.

Cheguei ao escritório do Emiliano e fiquei surpresa, era a primeira vez que eu ia lá. Era uma linda casa, enorme, com muitos funcionários e uma decoração acolhedora. Era tudo lindo, claro e fresco. Me apresentei à recepcionista e ela me indicou o caminho, no final do corredor, a última porta à direita, disse que ele estava me esperando.

Eu fui, confiante e animada, passaria muito mais tempo com o Emiliano vindo trabalhar para ele. Quando cheguei à última porta à minha direita eu dei uma batidinha leve e a abri.

Eu fiquei em choque com o que vi ali! Não era o Emiliano. Era um outro homem, enorme e musculoso, com os cabelos castanhos claros bem curtinhos. Havia uma mulher debruçada sobre a mesa dele e ele estava transando com ela ali, como se estivesse na casa dele. De repente os seus olhos me viram e ele vociferou um xingamento. E então eu me lembrei dele, era a besta do hotel, o mesmo homem com o qual eu trombei no hotel um mês atrás!

- Mas que porra é essa? – Ele se afastou da mulher e arrumou a própria calça. – Quem diabos é você?

- Quem diabos é você? – Gritei com ele. Ele parecia não ter me reconhecido, então eu fiz a sonsa também. – Usando o escritório dos outros como motel. Não tem vergonha na sua cara não?

- Ora, sua... – Ele não falou o que pensou, mas eu bem podia imaginar.

Enquanto a mulher sobre a mesa se arrumava sem sequer estar constrangida, ele caminhou até a porta e me empurrou pra fora, de repente ele estreitou os olhos e me observou. Não demorou para que a mulher passasse por nós e desaparecesse saindo pela porta da recepção.

- Ah, mas é claro, você é a doida do hotel! Está me seguindo por acaso, sua doida? – Ele se lembrou, para minha tristeza ele se elmbrou.

- Eu te seguir? O doido aqui é você! Eu tenho coisa melhor pra fazer da vida, meu filho! – Respondi.

- Sendo assim, já que não está me seguindo, sua intrusa, saia por onde você entrou antes que eu chame a segurança para tirar você! – Ele continuava com as grosserias.

- Eu não vou sair, se eu estou aqui é porque tenho motivo, já você, deveria ser colocado no meio da rua por estar fazendo o que eu vi aqui no horário de trabalho.

- Ah, é? E quem me demitiria, sua atrevida? – Ele cruzou os braços na frente do peito e eu vi o quanto ele era grande.

- O seu chefe! – Coloquei o dedo bem no nariz dele. – Mas eu vou contar pra ele, pode ter certeza de que eu vou contar tudo pra ele.

- Pelo amor de deus, mas você é louca é? De qual hospício você fugiu? Ô, Maria Luíza, vem aqui agora e me explica como você deixa uma louca dessas entrar? – Ele gritava comigo e de repente pareceu começar a gritar com a mulher que estava lá na recepção. Era um grosso!

A mulher da recepção veio correndo e quando se aproximou parecia estar até tremendo.

- Moça, você entrou na porta errada! – A mulher falou com um fio de voz. – Era na porta à esquerda.

- Mas você disse à direita! – Protestei.

- Não eu disse a esquerda! – Ela insistiu como se eu fosse idiota.

- Não disse, não! – Insisti.

- Não me interessa quem disse o quê! Maria Luiza, tira essa louca daqui agora! – O ogro voltou a gritar.

- Eu não vou a lugar nenhum! – Eu o encarei. – E você pode ir juntando as suas coisinhas, porque quando o dono da empresa ficar sabendo você vai pra rua, meu filho!

- Você é uma sem noção! Escuta aqui, insuportável, você pode ir dando meia volta e voltando para o hospício de onde saiu. Quer saber, eu mesmo te jogo na rua. – Ele pegou o meu braço e saiu me puxando enquanto eu me debatia, mas nós não demos mais que dois passos.

- Pelo amor de deus, o que está acontecendo aqui? – O Emiliano parou em nossa frente.

- Ai, Emi, graças a deus! Esse seu funcionário grosso que está sendo um idiota. – Falei apontando para o outro.

- Você conhece essa louca, Emiliano? – O grosseirão perguntou.

- Minha nossa! Pra minha sala, os dois. Malu, você pode voltar para a recepção, por favor. – O Emiliano elevou a voz para dispersar a platéia que havia parado para apreciar o espetáculo. – Todo mundo de volta ao trabalho!

O Emiliano passou por nós e abriu a porta da sala à esquerda, que ficava logo em frente a sala na qual eu entrei. Eu olhei confusa pra ele e a coisa ficou pior quando eu descobri o nome do sujeito grosseiro com quem eu bati boca.

- Anda, Martim, você e a Abigail, pra minha sala! – O Emiliano tornou a dizer.

Naquele momento eu tinha certeza que a minha vaga de trabalho tinha descido pelo ralo! Eu abaixei a cabeça e entrei na sala que o Emiliano indicava.

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