“Abigail Zapata”Eu amava o Emiliano, mas nesse momento eu estava bastante irritada com ele. Eu mal suportava aquela besta do amiguinho dele e o Emiliano me obrigaria a receber o insuportável do Martim em minha casa. Ah, mas isso era demais!Mas, por outro lado, sendo a besta do Martim amigo do meu Emiliano, e sócio, eu teria mesmo que aprender a suportá-lo. Mesmo achando isso bem difícil. Só que não tinha jeito, eu teria que conviver com aquela criatura.Depois que eu acertei os detalhes do meu novo trabalho com o Emiliano e ele me apresentou para toda a equipe, eu fui pra casa, precisava preparar o jantar. Minha vontade era colocar um laxante na comida daquela besta do Martim, mas como eu poderia fazer isso? Até a hora em que tirei a lasanha do forno eu ainda não tinha pensado em como eu poderia envenenar o insuportável do Martim sem que o Emiliano percebesse. E foi nesse momento que a campainha tocou.Eu sabia que era o Emiliano, pois já havia deixado a entrada dele liberada na por
“Abigail Zapata”Eu cheguei cedo para o trabalho, o Emiliano já tinha me mostrado tudo no dia anterior, inclusive qual seria a minha sala, bem ao lado da dele. Eu tive até tempo de passar em uma lanchonete simpática perto do escritório e comprar um copo grande de suco verde. Eu só esperava que aquela recepcionista distraída e mentirosa não me aprontasse mais nenhuma, mas era querer demais, ela aprontou. Ela me barrou na entrada e disse que eu teria que aguardar sentada na recepção.- Maria Luiza, eu fui apresentada ontem, você sabe que eu vou trabalhar aqui e eu já sei qual é a minha sala. – Tentei explicar para a recepcionista, mas ela me olhou com desinteresse, enquanto lixava as unhas.- Temos que esperar o Emiliano ou o Martim chegar. – Ela repetiu com aquela voz insossa. – Eu não posso deixá-la ir entrando assim. Principalmente depois daquele escândalo que você armou ontem.- Você me mandou para a sala errada! – Eu estava a ponto de perder a paciência.- Não mandei não. É a minha
“Abigail Zapata”Já haviam se passado onze meses desde que o meu pai morreu. Como o tempo passava depressa! E em onze meses eu não fiz nenhum progresso.Os onze meses que se seguiram desde que eu cheguei aqui na empresa do Emiliano não foram fáceis, várias vezes eu quis me demitir, mas as coisas não iam bem e o Emiliano me pedia para ficar, que precisava da minha ajuda. Eles haviam perdido vários clientes ao longo dos meses para outra construtora concorrente, eu não entendia muito bem, mas parecia que uma antiga funcionária estava trabalhando para essa concorrente e estava roubando os clientes. Essa situação acabava deixando o Martim ainda mais insuportável e eu acabei me tornando o bode expiatório dele.É claro que a minha relação com o Martim ia de mal a pior, cada vez nos suportávamos menos e as brigas e confusões entre nós eram constantes. E como se não bastasse eu ter que suportar o Martim, a sonsa da Maria Luiza continuava aprontando comigo sempre que podia e vivia fazendo fofoc
“Martim Monterrey”Um ano! Esse era o tempo que havia se passado desde que eu fui abandonado no altar. Um ano e parecia que a minha ex noiva havia sido tragada pela terra. O investigador particular que eu contratei não a havia encontrado ainda, nem ao amante dela. Eu já havia gastado um bom dinheiro com isso e começava a desconfiar que eles estivessem usando nomes falsos. E à medida que o tempo passava o meu ódio pela Alice só aumentava.Mas eu tinha problemas ainda mais sérios para tratar. Aquela mal caráter da Mônica já havia nos levado vários clientes e, eu não sei como, ela sempre sabia com qual cliente estávamos negociando e, de algum modo, ela nos passava a perna e roubava o cliente. Eu só podia pensar que ela tinha um informante aqui na minha empresa. Essa idéia estava martelando em minha cabeça há um bom tempo já, mas eu não conseguia imaginar quem. Embora tivéssemos novos estagiários e um engenheiro novo, nós havíamos investigado, nenhum deles tinha nenhuma relação com a Môni
“Martim Monterrey”Eu me segurei para não rir, é como dizem, o golpe está aí, cai quem quer. A Abigail estava numa situação complicada, mas ela resolveu tirar proveito disso e eu até achei que poderia ter dado certo, se o Emiliano não estivesse tão apaixonado pela namorada. Eu observava a interação dos dois e me perguntava como era possível que o Emiliano não se desse conta que essa doida gostava dele.- Minha querida, você sabe que eu não posso me casar com você. Eu estou namorando a Camila. E além do mais, ninguém nunca acreditaria que nós nos apaixonamos e ainda seríamos processados por fraude. Somos amigos desde sempre, Abi, você é como uma irmã pra mim. – O Emiliano falou e eu vi os olhos da Abigail brilharem com as lágrimas. Era assim sempre que ele dizia que ela era como uma irmã para ele.- Emi... – Ela soluçou e eu quase tive pena dela.- Tem que haver uma saída. Talvez você deva contestar o testamento. – O Emiliano sugeriu e isso me parecia mais inteligente.- Se eu fizer is
“Abigail Zapata”Eu voltei para a minha sala e fechei a porta. Não era possível que o Emiliano estivesse falando sério. Mas também me custava a acreditar que ele estivesse fazendo piada com a minha situação, ele sabia o que aquilo significava pra mim. Eu me joguei na cadeira e comecei a chorar. Eu não encontrava um único motivo racional para o meu pai me impor isso. Ouvi o batido na porta e limpei o rosto antes de mandar entrar.- Abigail, eu vim em paz! – O estúpido do Martim entrou com as mãos erguidas.- Veio debochar de mim mais um pouco? – Reclamei.- Na verdade, a idéia do Emiliano é estapafúrdia, mas pode funcionar. – Ele se sentou em frente a mim. – Você precisa de um marido e nós precisamos das ações da Lanoy. Eu cumpriria todas as condições e seria o melhor dos maridos que você poderia encontrar, por um ano. Pense bem, eu não sou um marido tão desprezível assim.Ele abriu os braços e eu olhei para aquele convencido com ódio. Se ele não tivesse se metido, insistido, incentiva
“Abigail Zapata”Eu estava furiosa! Entrei na sala do Emiliano sem me importar se ele estava ocupado ou não.- Emiliano, não sei como você pode ser amigo daquele demônio do Martim. – Me joguei sobre o sofá da sala do meu melhor amigo.O Emiliano levantou os olhos pra mim e esboçou um sorriso, quase me distraindo. Ele era tão lindo, com aquele cabelo preto que caia na sua testa e que ele tinha que jogar pra trás e os olhos castanhos muito doces. O Emiliano era gentil e educado, enquanto o seu sócio era um ogro desagradável, sempre mal humorado e muito arrogante. Tudo bem que ele era lindíssimo, mas de nada adiantava, era uma beleza desperdiçada e que não enchia os meus olhos.Nós éramos amigos há muitos anos. Na verdade, ele era mais do que meu amigo, ele era o amor da minha vida! Eu o amava desesperadamente, mas ele parecia não notar isso. Inclusive foi por causa dele que eu fiz a faculdade de arquitetura, só para continuar perto dele, mas depois da faculdade ele se mudou e a minha ma
“Abigail Zapata”Eu estava pensando em como convencer o Emiliano de que juntar o Martim e eu em um fim de semana na praia seria desastroso, mas nada me vinha a mente.- Nem adianta, Abi, eu sei que você está pensando em um jeito de escapulir, mas não vai acontecer. Nesse final de semana, vocês vão se entender. – O Emiliano parecia estar se divertindo com essa situação esdrúxula. – Além do mais eu quero os meus dois amigos comigo esse final de semana.- Ah, é?! E por que? – Fiquei curiosa.- É uma surpresa. Mas eu aluguei uma casa ao lado da que estou construindo, assim podemos passar um tempo na praia, nos divertir, dar uma olhadinha na obra e vocês dois podem começar a se entender, pois eu quero que vocês se dêem bem. Você pode fazer isso por mim, Abi? – O Emiliano me encarou.- Sim, Emi, você sabe que eu faço qualquer coisa por você! – Eu sorri, mas o meu sorriso não durou muito. Por um segundo eu havia me esquecido de um pequeno detalhe, ele estava namorando aquela falsa da Camila.