“Martim Monterrey”Um ano! Esse era o tempo que havia se passado desde que eu fui abandonado no altar. Um ano e parecia que a minha ex noiva havia sido tragada pela terra. O investigador particular que eu contratei não a havia encontrado ainda, nem ao amante dela. Eu já havia gastado um bom dinheiro com isso e começava a desconfiar que eles estivessem usando nomes falsos. E à medida que o tempo passava o meu ódio pela Alice só aumentava.Mas eu tinha problemas ainda mais sérios para tratar. Aquela mal caráter da Mônica já havia nos levado vários clientes e, eu não sei como, ela sempre sabia com qual cliente estávamos negociando e, de algum modo, ela nos passava a perna e roubava o cliente. Eu só podia pensar que ela tinha um informante aqui na minha empresa. Essa idéia estava martelando em minha cabeça há um bom tempo já, mas eu não conseguia imaginar quem. Embora tivéssemos novos estagiários e um engenheiro novo, nós havíamos investigado, nenhum deles tinha nenhuma relação com a Môni
“Martim Monterrey”Eu me segurei para não rir, é como dizem, o golpe está aí, cai quem quer. A Abigail estava numa situação complicada, mas ela resolveu tirar proveito disso e eu até achei que poderia ter dado certo, se o Emiliano não estivesse tão apaixonado pela namorada. Eu observava a interação dos dois e me perguntava como era possível que o Emiliano não se desse conta que essa doida gostava dele.- Minha querida, você sabe que eu não posso me casar com você. Eu estou namorando a Camila. E além do mais, ninguém nunca acreditaria que nós nos apaixonamos e ainda seríamos processados por fraude. Somos amigos desde sempre, Abi, você é como uma irmã pra mim. – O Emiliano falou e eu vi os olhos da Abigail brilharem com as lágrimas. Era assim sempre que ele dizia que ela era como uma irmã para ele.- Emi... – Ela soluçou e eu quase tive pena dela.- Tem que haver uma saída. Talvez você deva contestar o testamento. – O Emiliano sugeriu e isso me parecia mais inteligente.- Se eu fizer is
“Abigail Zapata”Eu voltei para a minha sala e fechei a porta. Não era possível que o Emiliano estivesse falando sério. Mas também me custava a acreditar que ele estivesse fazendo piada com a minha situação, ele sabia o que aquilo significava pra mim. Eu me joguei na cadeira e comecei a chorar. Eu não encontrava um único motivo racional para o meu pai me impor isso. Ouvi o batido na porta e limpei o rosto antes de mandar entrar.- Abigail, eu vim em paz! – O estúpido do Martim entrou com as mãos erguidas.- Veio debochar de mim mais um pouco? – Reclamei.- Na verdade, a idéia do Emiliano é estapafúrdia, mas pode funcionar. – Ele se sentou em frente a mim. – Você precisa de um marido e nós precisamos das ações da Lanoy. Eu cumpriria todas as condições e seria o melhor dos maridos que você poderia encontrar, por um ano. Pense bem, eu não sou um marido tão desprezível assim.Ele abriu os braços e eu olhei para aquele convencido com ódio. Se ele não tivesse se metido, insistido, incentiva
“Abigail Zapata”Eu estava furiosa! Entrei na sala do Emiliano sem me importar se ele estava ocupado ou não.- Emiliano, não sei como você pode ser amigo daquele demônio do Martim. – Me joguei sobre o sofá da sala do meu melhor amigo.O Emiliano levantou os olhos pra mim e esboçou um sorriso, quase me distraindo. Ele era tão lindo, com aquele cabelo preto que caia na sua testa e que ele tinha que jogar pra trás e os olhos castanhos muito doces. O Emiliano era gentil e educado, enquanto o seu sócio era um ogro desagradável, sempre mal humorado e muito arrogante. Tudo bem que ele era lindíssimo, mas de nada adiantava, era uma beleza desperdiçada e que não enchia os meus olhos.Nós éramos amigos há muitos anos. Na verdade, ele era mais do que meu amigo, ele era o amor da minha vida! Eu o amava desesperadamente, mas ele parecia não notar isso. Inclusive foi por causa dele que eu fiz a faculdade de arquitetura, só para continuar perto dele, mas depois da faculdade ele se mudou e a minha ma
“Abigail Zapata”Eu estava pensando em como convencer o Emiliano de que juntar o Martim e eu em um fim de semana na praia seria desastroso, mas nada me vinha a mente.- Nem adianta, Abi, eu sei que você está pensando em um jeito de escapulir, mas não vai acontecer. Nesse final de semana, vocês vão se entender. – O Emiliano parecia estar se divertindo com essa situação esdrúxula. – Além do mais eu quero os meus dois amigos comigo esse final de semana.- Ah, é?! E por que? – Fiquei curiosa.- É uma surpresa. Mas eu aluguei uma casa ao lado da que estou construindo, assim podemos passar um tempo na praia, nos divertir, dar uma olhadinha na obra e vocês dois podem começar a se entender, pois eu quero que vocês se dêem bem. Você pode fazer isso por mim, Abi? – O Emiliano me encarou.- Sim, Emi, você sabe que eu faço qualquer coisa por você! – Eu sorri, mas o meu sorriso não durou muito. Por um segundo eu havia me esquecido de um pequeno detalhe, ele estava namorando aquela falsa da Camila.
“Martim Monterrey”Eu preferia mil vezes aturar a insuportável da Abigail do que a fútil da Letícia no fim de semana, pelo menos a Abigail não forçaria a barra para dormir comigo. O Emiliano me conhecia muito bem e sabia que eu só estava indo nessa viagem por boa vontade e em consideração a ele, mas a minha boa vontade tinha limites e a Letícia era um deles.- Abre a janela. – Falei para a Abigail que estava com aquela cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.- Ai, pra quê? – Ela me olhou com desgosto.- Pra gente escutar como ele vai resolver isso. Anda, abre a janela. – Insisti e ela balançou a cabeça e abriu a janela a tempo de ouvirmos o Emiliano fazer a sua escolha.- Meu amor, não é que eu não queira que a sua prima vá, é que não tem espaço no carro. – Mas o Emiliano não desistiria mesmo de me levar nessa viagem.- Mas, amorzinho, o carro tem cinco lugares. – A chata da Camila tentou convencê-lo.- Sim, meu amor, mas o Martim é muito grande, vai ficar apertado demais. A
“Abigail Zapata”Eu acordei com a sensação de ter dormido tão bem, sonhei que estava dormindo com o Emiliano, meu amor, e no sonho ele era meu, eu podia sentir até o calor do seu corpo. Quase me esqueci de onde eu estava, só me lembrei quando passei a mão e senti um abdômen sarado demais e senti o cheiro do perfume do Martim.Eu abri um olho e quase pulei da cama gritando, mas percebi que ele também estava acordando, já era muito tarde para eu tirar as mãos dele e o melhor era eu fingir que estava dormindo para evitar que ele começasse a implicar comigo logo cedo. Então fechei bem os olhos e fiquei imóvel.Senti que ele saiu da cama devagar e ouvi a porta do banheiro fechar. Agora eu tinha que ficar quieta até que ele saísse do quarto. Só esperava que ele não deixasse o banheiro bagunçado e todo molhado.Assim que ele saiu do quarto eu pulei da cama. Eu odiava ficar na cama até tarde, sempre acordei cedo, e não era justamente aqui nessa praia que eu ficaria na preguiça. Me levantei e
“Abigail Zapata”Nós saímos andando pela praia, mas de repente uma idéia atravessou a minha mente, foi um pensamento rápido, a lembrança do que o Tony havia me falado. Ele me aconselhou a focar no resultado e o resultado que eu podia garantir e controlar era a minha herança.- Martim! – Eu parei de repente e o chamei.- Hum? – Ele se virou e me encarou.- Você falou sério sobre aceitar o negócio do casamento comigo? Aquela maluquice de contrato. – Eu perguntei ansiosa.- O quê? Me casar com você pra você receber sua herança e em troca você comprar as ações da Lanoy e acabar com a raça do Maurice e da Mônica? – Ele riu. – Sim, Abigail, eu falei sério. É um negócio, um contrato que beneficiaria a nós dois, por que não?- Então eu aceito fazer negócio com você! – Eu respondi e estendi a mão.Ele sorriu e deu dois passos em minha direção.- Tem certeza? – Ele perguntou e eu fiz que sim.- Mas ninguém pode saber que é uma fachada ou eu perco a minha herança. – Eu ressaltei.- Então é melho