“Martim Monterrey”Eu fiquei tão confuso quando ela disse não, mas ela não precisaria repetir e nem falar mais alto, eu respeitava um não. Eu não tinha nenhum direito de impor a minha vontade sobre a de uma mulher e eu jamais insistiria só porque eu queria, e como eu queria.Eu sabia que ela precisava de espaço, ela estava transtornada, eu senti isso pela forma como ela saiu. Eu também precisava de espaço, mas eu não poderia deixá-la sem saber se estava melhor. Eu me vesti depressa e saí do quarto. Fui para a cozinha, preparei o café e me sentei no balcão esperando por ela. No momento em que ela se sentisse confortável para sair eu pediria desculpas.Eu achei que ela quisesse tanto quando eu, ela parecia querer, mas ela disse não. E eu não entendi como pude me confundir tanto. Sentado ali no balcão eu fiquei pensando no quanto toda a nossa situação era confusa. Nós nos odiávamos, fizemos um acordo para obter o que queríamos e agora sentíamos essa atração louca um pelo outro, ou pelo m
“Martim Monterrey”No fim daquele dia a Abigail e eu havíamos conversado muito, mas nós não voltamos a falar do incidente daquela manhã. Quando fomos nos deitar ainda havia algo que nos deixava um pouco vacilantes um com o outro e para não constrangê-la mais eu esperei que ela fosse se deitar e depois fui para um dos quartos de hóspedes. Mas eu não dormi, era como se algo estivesse errado ou fora do lugar.- Bom dia! – Eu falei ao entrar na cozinha e vê-la ali de pé junto à bancada.- Bom dia! – Ela se virou com dois pratos nas mãos e havia um sanduíche em cada um. – Vem, vamos tomar o café da manhã.Eu passei por ela e me sentei. Ela me serviu café, se sentou ao meu lado e só então me olhou.- Você não dormiu. – Ela não estava perguntando.- Eu dormi no quarto de hóspedes. – Eu respondi e tomei um gole do meu café.- Não, você passou a noite no quarto de hóspedes, mas essas olheiras dizem que você não dormiu. – Ela apontou e eu não sabia o que dizer.Eu não poderia dizer que passei a
“Abigail Zapata”Eu odiava que o clima entre o Martim e eu estivesse esquisito, como se pisássemos em ovos o tempo todo. Eu gostava quando ele era divertido e confiante e até preferia quando ele era uma besta que me irritava, mas eu odiava que ele estivesse confuso e com medo de me tocar ou de se aproximar e até mesmo de falar comigo.Quando as meninas sugeriram o beijo e ele não me tocou eu me senti vazia e com frio, como se tudo estivesse revirado e de cabeça para baixo. Então eu o instiguei, eu queria que ele tivesse me pegado sem preâmbulos, sem senões, como havia sido em todas as outras vezes que ele me beijou. Mas ele não fez isso.Um desespero começou a tomar conta de mim e eu precisava fazer alguma coisa para mudar essa situação. Então eu o provoquei e como ele continuou ali me olhando sem me tocar, eu fui em frente, criei coragem e o beijei. E eu me concentrei em dar a ele o melhor beijo da minha vida e quando eu senti suas mãos em minha cintura e a sua língua finalmente cede
“Martim Monterrey”Eu me sentia mais tranquilo depois do café da manhã de hoje. A Abigail parecia ter se recuperado bem do que aconteceu no dia anterior e ela pediu para voltarmos ao normal. Mal sabia ela o quanto aquele “voltar ao normal” significava para mim.- Martim, meu amigo, o que você está fazendo aqui hoje? – O Emiliano entrou em minha sala todo alvoroçado.- Acho que eu ainda trabalho aqui. – Eu ri e ele se jogou na cadeira.- Você se casa amanhã. Como está se sentindo? – O Emiliano me observou cauteloso.Meu amigo estava preocupado comigo e eu queria poder contar logo pra ele sobre toda aquela confusão que estava se tornando o que era pra ser só um casamento de fachada, mas que eu já não sabia mais o que iria se tornar ao cabo de um ano.- Meu amigo, pelo menos dessa vez a noiva não vai fugir, ela está muito bem guardada pelas minhas irmãs. – Eu ri, mas o Emiliano não me acompanhou.- Não seja idiota! A Abi jamais faria uma cachorrada dessas. Além do mais, você não merece.
“Abigail Zapata”Antes do jantar eu já estava mais cansada do que nunca. A Pilar, a Natália e a D. Yolanda me levaram para um SPA e eu passei por um “dia da noiva” completo. Eu tentei protestar e dizer que aquilo era um exagero, mas sempre que eu tentava recusar algum mimo a D. Yolanda fazia aquela carinha de “me dê esse prazer, filha” e eu acabei fazendo tudo o que elas queriam.Eu tinha que ser sincera, se esse casamento fosse de verdade eu estaria acertando a loteria dos casamentos com essa família, pois eles eram maravilhosos comigo, todos eles, até o Martim, a minha besta.- Ei, Abi, acorda! – A Pilar me chamou e eu percebi que estava segurando a concha de macarrão e o recheio de queijo como se estivesse paralisada.- Olha, Pipa, aposto que ela está sonhando com o nosso irmão. – A Natália se aproximou e falou com a irmã.- E como ela não iria sonhar com ele, Nat? Nosso irmão é um gato e depois daquele beijo de hoje... ui, ui, ui... imagina quando estão sozinhos! – A Pilar me fez
“Martim Monterrey”Eu estava na porta da igreja, nervoso e ansioso, esperando pela mulher da minha vida, a Alice. Nós estávamos juntos há um ano e meio e agora ela finalmente seria minha esposa, mas ela estava atrasada, muito atrasada para o nosso casamento. Eu nunca entenderia porque algumas noivas se atrasam.- Calma, Martim, ela deve estar presa no trânsito, você sabe, o trânsito nessa cidade é horrível! – Meu melhor amigo e sócio, Emiliano Quintana estava ao meu lado tentando me fazer parar de andar de um lado para o outro.- Ela está uma hora atrasada, Emiliano. Alguém conseguiu falar com ela? E se aconteceu alguma coisa? Ela pode ter passado mal, ter sido assaltada... – Coisas horríveis passavam pela minha cabeça. Eu não poderia suportar que nada de mal acontecesse a mulher que eu amava.- Ninguém conseguiu falar com ela, por isso o seu irmão Ignácio foi até a casa dela verificar. Os pais dela também não chegaram e nem mesmo a Mônica e nós não estamos conseguindo falar com nenhu
“Martim Monterrey”Eu insisti com o Emiliano e ele enfim atendeu ao meu pedido, me levou para a casa da Mônica, mas não me deixou entrar sozinho. A Mônica morava com a mãe, o pai já havia falecido há muitos anos, e foi a mãe dela quem abriu a porta.- Martim? – A mãe dela me olhou como se eu fosse um fantasma, isso me deu a certeza de que a Mônica sabia mesmo de tudo.- A senhora não foi ao meu casamento, Dona Teresa! – Falei em um tom sarcástico. A mulher tremeu ao me olhar. – Onde está a sua filha?- Martim, a Mônica não conseguiu impedir a Alice. – A dona Teresa logo tentou defender a filha.- Ah, a senhora também sabia! É claro, o corno é o último a saber sempre! – Eu dei uma risada sem nenhum humor. – Onde está a cadela da sua filha?- Eu não admito que você fale assim da minha filha! – Dona Teresa tentou se impor, mas eu não dava a mínima pra ela.- Não se preocupe, eu mesmo a procuro. – Entrei na casa e estava prestes a subir as escadas para procurar aquela falsa da Mônica, mas
“Martim Monterrey”Depois que saímos da casa da Mônica eu decidi ir para o meu apartamento e pedi ao Emiliano que me deixasse sozinho. Ele relutou, mas recebeu a ligação de uma amiga que estava na cidade e precisou ir encontrá-la.- Eu vou te mandar o nome do restaurante onde vou estar, se você mudar de idéia, me encontra lá. – O Emiliano insistiu antes de sair.- Não se preocupe, meu amigo, eu vou ficar bem! – Tentei manter a calma para que ele não se preocupasse, pois ele era bem capaz de mandar a amiga vir para o apartamento e me incluir nesse jantar, só para não me deixar sozinho.Depois que ele saiu, eu olhei em volta e comecei a ficar agitado novamente. Esse apartamento seria onde eu iria morar com a minha esposa, a noiva fujona. Eu tinha um ótimo apartamento não muito longe dali, mas como me casaria e depois da lua de mel moraria nesse, eu havia esvaziado o meu antigo apartamento e entregado as chaves para o corretor no dia anterior.Mas olhando agora, eu não gostava desse luga