“Abigail Zapata”Antes do jantar eu já estava mais cansada do que nunca. A Pilar, a Natália e a D. Yolanda me levaram para um SPA e eu passei por um “dia da noiva” completo. Eu tentei protestar e dizer que aquilo era um exagero, mas sempre que eu tentava recusar algum mimo a D. Yolanda fazia aquela carinha de “me dê esse prazer, filha” e eu acabei fazendo tudo o que elas queriam.Eu tinha que ser sincera, se esse casamento fosse de verdade eu estaria acertando a loteria dos casamentos com essa família, pois eles eram maravilhosos comigo, todos eles, até o Martim, a minha besta.- Ei, Abi, acorda! – A Pilar me chamou e eu percebi que estava segurando a concha de macarrão e o recheio de queijo como se estivesse paralisada.- Olha, Pipa, aposto que ela está sonhando com o nosso irmão. – A Natália se aproximou e falou com a irmã.- E como ela não iria sonhar com ele, Nat? Nosso irmão é um gato e depois daquele beijo de hoje... ui, ui, ui... imagina quando estão sozinhos! – A Pilar me fez
“Martim Monterrey”E chegou o dia! Um ano atrás eu jurei que jamais estaria nessa situação outra vez, porque nunca mais eu permitiria que uma mulher voltasse a me humilhar e me magoar como a Alice fez. E aqui estava eu, usando um terno de casamento branco, com uma flor na lapela, de pé ao lado do Emiliano, mais uma vez escolhido como meu padrinho, esperando a noiva. Mas a noiva dessa vez era diferente. A situação toda era diferente.A Abigail e eu tínhamos um pacto, um contrato, e esse casamento não tinha nada a ver com amor, aliás, tinha mais a ver com ódio, nossa motivação era o ódio, nem mesmo o dinheiro, mas o ódio. A Abigail tinha ódio da madrasta e não queria deixar o dinheiro da herança pra ela e eu tinha ódio da Mônica e do Maurice e precisava do dinheiro para destruí-los.Contudo, eu não poderia mentir, por esse caminho torto em que nós nos unimos para nos ajudar mutuamente, alguma coisa estava acontecendo e parecia ser alguma coisa boa, mas ainda assim eu tinha medo. Eu não
“Martim Monterrey”A Abigail era a visão de uma deusa, exalando beleza, poder e confiança. Ela usava um vestido tão perfeitamente ajustado ao seu corpo que parecia ter sido pintado sobre a sua pele. Era um vestido branco, completamente justo até abaixo do quadril e depois o tecido leve se abria. Era um tecido fino e delicado, muito maleável, parecia salpicado de pequenas flores. Ele tinha um decote bem recortado no busto que evidenciava seus seios perfeitos, e alças tão finas que me preocupava que elas pudessem arrebentar e o vestido cair do seu corpo.Seus cabelos estavam presos de um lado e ela não usava véu, o que evidenciava ainda mais a beleza dela naquele vestido. Sua maquiagem era tão natural, quase como se ela dissesse “acordei assim, linda!” e ela trazia nas mãos um buquê de rosas brancas. Eu estava hipnotizado por ela, pelo movimento sutil que seu corpo fazia ao caminhar, por seu sorriso de dentes perfeitamente alinhados. Mas eu notei um ponto colorido se insinuando em seus
“Abigail Zapata”Eu não podia acreditar no absurdo que a Magda me disse, aquilo era uma afronta! Eu jamais receberia aquela bruxa em minha casa. Ela que fosse para o inferno com aquele filhinho ridículo dela.- Ela não vai se hospedar com a gente, Martim! Não vai! – Eu falei furiosa enquanto o Martim me puxava pela cintura.- Calma, Abigail. Vamos perguntar ao Tony o que fazer. – O Martim falou com tranquilidade.O Martim estava calmo, mas isso era porque ele não conhecia aquela mulher odiosa. Aquele rostinho harmonizado dela, emoldurado por cabelos loiros platinados e aqueles olhos azuis eram só uma fachada bem arrumada para enganar aos desavisados.- Filhos! – O pai do Martim se levantou animado quando nos viu nos aproximando. – Eu estou muito feliz por vocês! Agora eu já posso sonhar em ser avô!- Vamos com calma, pai. Por um tempo seremos só a coelhinha e eu. – O Martim respondeu ao pai com um sorriso, mas a empolgação do homem não arrefeceu.- Tony, a Abigail está se recusando a
“Martim Monterrey”Já era hora de irmos. No fim das contas, a festa foi divertida e a Abigail se divertiu e sorriu, realmente aproveitando o momento. Eu me aproximei dela que estava rindo com as minhas irmãs e falei em seu ouvido:- Vamos embora, coelhinha?- Ah, mas já? Eu estou me divertindo tanto! – Ela falou como uma criança que a mãe manda juntar os brinquedos e ir pra cama.- Vai se divertir mais na nossa lua de mel! – Brinquei com ela e ela deu um tapinha no meu peito.- Está bem, eu vou jogar o buquê. – Ela sorriu e saiu com as minhas irmãs.Eu fiquei observando as mulheres se amontoarem para pegar o buquê e a graça que ela fazia. Para quem não queria festa, ela estava muito feliz. Bom pra mim! Mas a minha mãe se aproximou e segurou o meu braço.- Ela é muito especial. – Minha mãe comentou.- É sim, muito! – Eu respondi totalmente encantado com a imagem da Abigail brincando e sorrindo com aquele buquê para o alto.- O advogado nos garantiu que esse casamento não é uma farsa! S
“Abigail Zapata”Para falar a verdade mesmo, eu achei uma graça o Martim alugar a casinha de praia para passarmos uns dias. Eu começava a pensar que seria divertido. Mas eu estava cansada e acabei pegando no sono. O dia tinha sido cheio de emoções, mesmo aquele casamento sendo de mentirinha. Ademais, ver a Camila coberta de tinta verde no final foi a cereja do bolo. Eu só esperava que o fotógrafo tivesse tirado uma foto pra eu colocar no álbum.- Coelhinha, chegamos!Eu ouvi a voz do Martim me chamar baixinho e abri os olhos lentamente. Ele estava ao meu lado e me olhava com um sorrisinho que me dizia que ele iria aprontar. Eu soltei o cinto de segurança, mas o Martim não se afastou para eu sair do carro.- Vamos fazer isso direito! – Ele avançou e me pegou no colo, parecia que ele gostava de me carregar, não perdia uma oportunidade.- Martim! – Eu dei um gritinho com o susto e me segurei em seu pescoço rindo. Ele bateu a porta do carro e me carregou em direção a casa. – As malas, Mar
“Martim Monterrey”Eu coloquei as malas no carro, a Abigail entrou e eu dirigi para o centro da cidade. Por sorte na cidade tinha um hotelzinho e, como era baixa temporada, tinha um quarto vago.- Me espera aqui um minuto? – Eu pedi a Abigail, ela fez que sim e se sentou na recepção.Eu queria ver o quarto e ver o que eu poderia fazer. Expliquei ao gerente a situação e ele disse que poderia arrumar algo. Meia hora depois ele tinha conseguido arrumar o quarto pra gente.- Nossa, você foi rápido! – Comentei ao ver como tinha ficado lindo, simples com algumas flores e abajures, algumas almofadas e fitas vermelhas na cabeceira da cama e uma bandeja com um balde de gelo e um espumante, duas taças e alguns morangos e bombons sobre uma mesa de vidro.- Minha esposa tem um pequeno buffet aqui na cidade e sempre faz umas decorações aqui no hotel. Não é luxuoso, mas espero que seja aconchegante para vocês. – O homem sorriu e eu o agradeci, estava perfeito.Voltamos para a recepção e a Abigail e
“Martim Monterrey”Eu estava na porta da igreja, nervoso e ansioso, esperando pela mulher da minha vida, a Alice. Nós estávamos juntos há um ano e meio e agora ela finalmente seria minha esposa, mas ela estava atrasada, muito atrasada para o nosso casamento. Eu nunca entenderia porque algumas noivas se atrasam.- Calma, Martim, ela deve estar presa no trânsito, você sabe, o trânsito nessa cidade é horrível! – Meu melhor amigo e sócio, Emiliano Quintana estava ao meu lado tentando me fazer parar de andar de um lado para o outro.- Ela está uma hora atrasada, Emiliano. Alguém conseguiu falar com ela? E se aconteceu alguma coisa? Ela pode ter passado mal, ter sido assaltada... – Coisas horríveis passavam pela minha cabeça. Eu não poderia suportar que nada de mal acontecesse a mulher que eu amava.- Ninguém conseguiu falar com ela, por isso o seu irmão Ignácio foi até a casa dela verificar. Os pais dela também não chegaram e nem mesmo a Mônica e nós não estamos conseguindo falar com nenhu