Capítulo 6: Uma notícia inesperada

“Emiliano Quintana”

O nome que brilhava na tela do meu celular era o da minha amiga Abigail. Ela era uma grande amiga e foi muito importante em uma fase difícil da minha vida. Abigail e eu nos falávamos com frequência e havíamos nos falado na noite anterior. Então estranhei sua ligação tão cedo.

- Oi, Abi! Já está com saudade de mim? – Brinquei com ela, mas a voz que eu ouvi era de uma Abigail chorosa.

- Emi, o meu pai morreu! – Ela falou e soluçou no fim da frase.

Abigail era filha de um magnata que possuía vários negócios ao redor do mundo. Era um homem influente e acostumado a ter as coisas à sua maneira. Ela era a única filha, perdeu a mãe quando tinha apenas dez anos e por um tempo foram só ela e o pai, mas uns cinco anos depois o pai se casou com uma mulher muito bonita, mas que já estava no quarto marido e tinha um filho da idade da Abi. A Abi odiava o garoto, mas foi obrigada a conviver com ele e logo a madrasta já tinha o novo marido sob seu completo domínio e a Abi sofreu bastante, mas ela era louca pelo pai.

- Abi, mas o que aconteceu? Seu pai era forte como um touro. – Fiquei surpreso com a notícia, pois o Sr. Zapata era um homem ainda jovem, com pouco mais de sessenta anos, era vaidoso, se cuidava bastante e era muito ativo.

- Não sei, Emi, parece que foi um infarto, mas os médicos não tem certeza, os resultados da necropsia ainda vão demorar. – A Abi estava soluçando ao telefone. – Eu fiquei sozinha, Emi!

- Minha querida, você nunca vai estar sozinha, você sempre terá a mim, você sabe disso! – A Abi era como uma irmã pra mim e eu sempre a apoiaria, sempre deixei isso claro pra ela. – Abi, eu estou indo até você, é só o tempo do vôo, por favor fica calma.

- Obrigada, Emi! Você pode mesmo vir? – Ela fungou. A Abi era uma pessoa generosa e sempre e preocupava com os outros e foi por isso que nos tornamos amigos, porque ela me viu logo que cheguei na cidade, depois do divórcio dos meus pais e ela se preocupou comigo.

- É claro que eu posso, querida. Sempre poderei estar com você! Me espera, tá bom. – Me despedi da minha amiga e voltei para a sala do Martim.

O Martim estava animado com a compra da casa que ele tanto queria, mas eu estava preocupado com a Abi e confesso que fiquei um pouco chateado com a morte do pai dela. Era um bom homem, embora se deixasse controlar pela esposa. Então informei ao Martim que eu teria que viajar.

- O que aconteceu, Emiliano? Parece que você recebeu uma má notícia. – Martim observou.

- Sim, foi realmente péssima. A Abigail, minha amiga, o pai dela faleceu, um infarto de repente. – Contei.

- Sinto muito, meu amigo. Agora entendi porque da viagem, vai apoiar a sua amiga. Você é um bom amigo, Emiliano! Mas parece que seus dois amigos estão cheios de problemas. – Martim se referiu a própria situação.

- Vocês fariam o mesmo por mim! – Eu sorri convicto e sabia tinha razão, meus dois amigos estariam prontos para me ajudar se eu precisasse. – É engraçado, eu te conheço a vida inteira e conheço a Abi há muito tempo também, vocês dois são pessoas muito importantes pra mim, mas vocês não se conhecem.

- É verdade! – O Martim concordou.

Eu havia me dado conta, de repente, de algo que eu nunca dei importância. A Abigail era minha amiga, assim como o Martim, mas eu nunca havia manifestado nenhuma intenção de os aproximar, sequer havia pensado nisso.

- Mas nunca coincidiu de nos encontrarmos nas vezes em que te visitei e na única vez em que ela esteve na cidade, calhou de ser naquele maldito dia. – O Martim arrematou.

- É mesmo! Engraçado isso. Você não quer vir comigo? – Eu o convidei e ele riu.

- Não, Emiliano, você vai para um velório, eu não quero ir, nem conheço o morto. Além do mais, sua amiga deve estar precisando de apoio, não quero que você se preocupe comigo enquanto ela precisa de você. – O Martim respondeu com um sorriso e eu não pude deixar de pensar que seus sorrisos haviam se tornado muito raros desde que a Alice o deixou.

- Está bem, mas pensando agora, eu preciso apresentar vocês dois, ou vão se conhecer no meu velório como duas viúvas chorando sobre o meu caixão! – Eu ri do meu próprio pensamento.

- Duas viúvas? – Martim perguntou sem entender.

- Sim, você e a Abi vão chorar como duas viúvas quando eu morrer. Vocês me adoram e não sabem o que fariam sem mim. – Eu gargalhei. Eu era assim, de bem com a vida, fazia piadas das coisas mais bizarras, mas procurava sempre estar de bom humor.

- Seu idiota! – O Martim riu mais uma vez. – Talvez eu console a sua verdadeira viúva no seu velório. – Eu ri e atirei nele um bloco de papel que estava sobre a mesa.

- Palhaço! Não se deve mexer nas gavetas dos amigos. – Brinquei.

- Que diferença vai fazer? Você vai estar morto! – O Martim estava rindo e isso me deixou contente.

- Do jeito que você anda ultimamente, eu não duvido que você faça isso e ainda tente consolar a Abi. – Eu ri, mas pensei em algo que talvez desse certo e eu sorri com o meu pensamento de que talvez a Abi e o Martim se interessassem um pelo outro. – Bom, eu tenho que ir, é um longo vôo.

- Faça uma boa viagem, meu amigo!

Me despedi do Martim e saí do escritório. Passei em casa e preparei uma mala rapidamente, talvez eu precisasse ficar uns três dias com a Abi. Então eu fui para o aeroporto e peguei o primeiro vôo.

Já era meio da tarde quando o avião pousou na cidade da Abi, eu saí do aeroporto em direção ao hotel, mas apenas deixei a minha mala e fui até a casa da Abigail. Quando entrei ela estava descendo a escada, vestindo um vestido preto até os joelhos e segurando um lenço branco nas mãos. Ao me ver ela correu em minha direção e pulou no meu pescoço.

- Minha querida, eu sinto muito! – Falei em seu ouvido e ela desabou em lágrimas.

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