Capítulo 5: O que eu vou fazer

“Martim Monterrey”

Já havia se passado um mês desde que a Alice me deixou plantado no altar e desde então eu me tornei outra pessoa. Eu não vejo graça em mais nada, me tornei impaciente e irritado. Não confio mais nas pessoas, apenas na minha família e no meu amigo Emiliano. Mas, principalmente, eu agora não era mais o mesmo em relação às mulheres, eu apenas as usava para o meu prazer, mas nenhuma, nunca mais, teria o meu coração ou a minha gentileza, nunca mais! Eu fui traído de muitas maneiras, fui apunhalado pelas costas e esse tipo de coisa muda as pessoas. E me mudou!

Pelo menos eu já tinha vendido aquele apartamento que eu odiava. Uma detestável cobertura triplex no prédio mais nobre da cidade que eu só comprei porque era o que a minha ex noiva queria. Eu não poderia morar lá, tanto porque eu achava o lugar horrível, quanto porque era o lugar onde eu moraria depois de me casar. Mas eu não me casei, então me livrei do apartamento. Passei uma semana no hotel, o mesmo hotel onde eu encontrei aquela doida da bebida gelada, mas isso eu até me esqueci de contar ao Emiliano, e depois eu me mudei para um sobrado charmoso perto da construtora.

No final de semana que se seguiu ao dia em que fui abandonado no altar, eu me permiti sofrer e chorar por causa daquela mulher ordinária. Mas somente por dois dias, porque o novo Martim não demonstraria mais fraqueza e não seria feito de idiota nunca mais.

Na segunda de manhã eu já sabia o que ia fazer. Eu ia me vingar, ah, mas eu ia! Às sete da manhã eu estava pronto para enfrentar o dia, os comentários maldosos, as fofocas, os olhares curiosos e toda a porcaria do casamento que não aconteceu. Encontrei o Emiliano no estacionamento e entrei na empresa pronto para a guerra!

- Tem certeza disso, meu amigo? – O Emiliano me perguntou mais uma vez, ele havia insistido para que eu fosse viajar por um tempo, mas eu tinha coisas a fazer.

- Mais do que tudo na vida! – Respondi e marchei pelos corredores da empresa. Foi tudo o que eu imaginei, olhares, comentários sussurrados, pena. Eu apenas ignorei tudo e fui para a sala de reuniões, os advogados já nos esperavam lá.

Nos trinta dias que se seguiram eu coloquei em prática o meu plano de vingança, mas eu ainda não havia encontrado a Alice e o Estevão e nem havia conseguido acabar com a Mônica ainda, essa foi esperta, ela foi trabalhar para o Maurice Lannoy, dono da Lannoy Engenharia, um concorrente que tinha uma briga antiga comigo, de modo que não seria fácil atingir a Mônica. E para piorar, ela já tinha me levado três bons clientes.

Mas a empresa da família da minha ex noiva eu consegui destruir. Eu minei todos os contratos da empresa deles, rompi os contratos que a Monterrey Quintana tinha com ele e conversei com cada cliente e cada fornecedor, e todos eles ficaram mais do que felizes em romper seus contratos em troca de uma parceria comigo. Sem clientes, tiveram que fechar a empresa, estavam falidos e não poderiam socorrer a filhinha quando ela precisasse.

E agora, o detetive que eu contratei para encontrar a Alice e o Estevão estava sentado em minha frente.

- Como eu disse, Sr. Monterrey, as pessoas que o senhor procura não estão no México. – O detetive afirmou categoricamente.

- E em que buraco essas malditas cobras se meteram? – Eu estava irritado, mas ainda que levasse a vida inteira eu encontraria aqueles dois, eu queria olhar nos olhos da Alice uma última vez e dizer tudo o que estava engasgado.

- Martim, esquece isso! Pra quê encontrar essa mulher? – O Emiliano vinha há dias tentando me dissuadir da idéia de encontrar a Alice.

- Eu preciso, Emiliano. – Falei simplesmente.

- Olha, eu concordo que nós temos que dar um jeito na Mônica. Ela já levou três clientes e está causando um rebuliço entre os outros, nós temos que lidar com essa crise e eu já não sei o que fazer. Mas esquece a Alice, meu amigo, para o seu próprio bem, segue a sua vida. Não se prenda a essa amargura. – O Emiliano parecia a minha mãe falando, mas ele não iria me convencer.

- Não posso, Emiliano! – Eu o encarei e ele pareceu se convencer de que não me dissuadiria da minha idéia.

- Bom, então, Sr. Monterrey, como eu disse, os dois parecem estar em Portugal. Vou continuar as minhas investigações. Se o senhor não precisar de mais nada? – O detetive se pôs de pé e eu o dispensei.

- Martim, precisamos pensar numa estratégia para que a Mônica não consiga mais atingir os nossos clientes. – O Emiliano se sentou em minha frente e ele tinha toda razão.

- Eu sei, mas não vejo outra saída, precisamos conseguir comprar a Lannoy, só assim poderemos acabar com aquela cadela. – Eu estava há semanas pensando em uma forma de me tornar acionista da Lannoy Engenharia, isso seria como acertar dois coelhos com uma cajadada, eu daria uma lição no Maurice e acabaria com a Mônica.

- É uma boa idéia, mas é um negócio arriscado. Precisaríamos mobilizar um capital enorme para isso e não poderíamos fazer em nosso nome, o Maurice não venderia as ações para nós. – Emiliano se sentou em minha frente.

Ele tinha razão e eu estava prestes a dizer isso a ele, mas o celular dele tocou e ele pediu um minuto para atender. E nesse momento a secretária anunciou que o corretor queria falar comigo.

- Sr. Monterrey, tenho boas notícias. Consegui a casa! – Ele anunciou empolgado.

- Isso é ótimo! Quando os papéis ficam prontos? – Isso me animou, era mais uma coisa que eu estava resolvendo.

- O senhor pediu agilidade, então ficam prontos esta tarde. Mas, custou mais do que pensamos. – Ele colocou a pasta em minha frente e eu avaliei. Ele era o melhor corretor da minha empresa e fez um trabalho que parecia impossível, contudo realmente custou bem mais.

- Muito bem, que seja! Me avise quando os papéis estiverem prontos para assinar.

- Sim, senhor, com licença! – Ele se retirou no momento em que o Emiliano voltava para a sala.

- Consegui a casa, Emiliano! – Contei com empolgação, aquela casa era especial.

A casa em questão era a casa dos meus sonhos, onde eu idealizei construir uma família desde muito jovem. Eu admirava aquela casa desde sempre, era uma construção centenária, sólida, resistente às intempéries do tempo. Eu a observava sempre que passava por ela com especial encanto. Por uma coincidência da vida, quando a Alice e eu estávamos procurando um lugar, aquela casa foi posta a venda, o proprietário havia falecido e os herdeiros queriam se livrar dela a um preço muito inferior ao que realmente valia. Eu quis comprá-la, mas a Alice já havia se interessado pela maldita cobertura e bateu o pé, então eu fiz a vontade dela. Mas, como não houve casamento, eu vendi a cobertura rapidamente e coloquei o meu melhor corretor atrás da casa.

- Que bom, meu amigo! – Mas o Emiliano não parecia muito feliz.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei vendo a cara meio assombrada do meu amigo.

- Eu vou ter que viajar. – Ele respondeu e se sentou. Certamente isso tinha a ver com a ligação que recebeu, mas o que seria assim tão importante e que deixou o meu amigo com cara de enterro?

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