Melissa é uma jovem talentosa, recém-formada em Artes Plásticas e seu maior desejo é mostrar sua arte para o mundo. Ela sonha em conseguir uma bolsa de estudos para cursar o mestrado em uma das escolas mais conceituadas da França, em Paris, que é o berço da arte. Porém, seu namorado, Rick, é um homem ciumento e controlador, e nunca permitiria que ela fosse tão longe. Munida de coragem e insatisfação com o relacionamento, Melissa decide colocar um ponto final em sua história com Rick e ir em busca do seu sonho. No primeiro volume da duologia Te Prometo o Céu você vai descobrir que a vida tem seus próprios planos e um jeitinho só dela de nos reinventar.
Ler maisRICK Depois de ver com meus próprios olhos que Melissa havia deixado sua casa para trás e ido embora como uma fugitiva, eu fiquei sem chão. Minha mão latejava com os cortes abertos pelo soco no espelho, mas mesmo assim eu apertava o volante e dirigia em alta velocidade pelas ruas alagadas. Minha cabeça trabalhava a mil por hora, imaginando para onde ela poderia ter ido. Era certo de que não estaria na casa da Lívia e nem do Anthony. Ela sabe que seriam os primeiros locais onde a iria procurar. Será que foi passar um tempo em um hotel? Ou em outra cidade? Que eu saiba, ela não tem parentes em outros lugares. Varro minha mente em busca de uma pista, de qualquer informação sobre onde ela possa ter ido, mas a única coisa que se destaca nas minhas memórias é a tal faculdade de Paris em que ela queria est
MELISSAEle afasta seus olhos oceânicos dos meus e uma energia que eu nem sabia que estava presente se desfaz. Solto o ar pela boca e começo a me recuperar do susto. Ele caminha até uma mesa no canto do quarto, seu corpo esguio se curva e ele começa a revirar dentro da pequena gaveta. Tira um bloquinho de dentro e arranca uma folha. Ele volta a me olhar, com as sobrancelhas arqueadas.- Tem uma caneta? – Ele me pergunta.- Hã? Ah, acho que sim. – Alcanço minha bolsa e começo a vasculhar dentro dela. Ele anda de volta até mim. Acho a caneta e entrego a ele.- Obrigado.Ele se senta junto à mesa e começa a escrever alguma coisa, um bilhete, eu ach
RICKUm mês inteiro de tentativas frustradas. Sinto Melissa mais distante a cada minuto. Não consigo dormir ou comer, acabo sempre trocando as refeições por um copo de vodka, Uísque ou café, larguei as obras da academia de mão, só apareço em casa para um banho corrido e logo saio novamente. Respiro apenas pensando em vê-la e tocá-la.Minha mãe só falta tentar me algemar no pé da cama, mas seus gritos entram por um ouvido e saem pelo outro, não me abalam nem por um segundo. Procuro não cruzar com meu pai, sem nenhuma paciência para seu sermão ridículo.A pior parte é não ter certeza de onde ela está. Sei que ela foi para casa assim que saiu do hospital, ma
MELISSALimpa e fresca é como me sinto neste momento e é só no que quero pensar por alguns minutos. Finalmente pude tomar um banho decente em meu banheiro, deixar a água fazer seu caminho por todo o meu corpo, livre de agulhas, soro e curativos. Sento-me na cama, acomodando-me em meus travesseiros cheirosos. A toalha ainda enrolada na cabeça. Nossa, como é bom estar em casa, já estava esquecendo essa sensação pacífica que o lar me traz. Afinal, foi preciso mais de uma noite em observação, já que minha pressão ficou completamente fora de controle.Passei por uma nova bateria de exames. Ainda que eu tivesse deixado aquele mesmo hospital naquele mesmo dia, a médica queria ter uma noção imediata do meu quadro geral. Ao constatar minha fr&aac
RICKEm um momento eu a tinha, firmemente segura ao meu lado, e no outro momento já não a tinha mais. Ela se desvencilhou de mim habilmente e se pôs a correr para longe. Demoro alguns segundos até assimilar que ela está deliberadamente fugindo e começo a correr atrás dela. Não, dessa vez eu não a deixarei ir embora assim. Ela precisa ouvir o que tenho a dizer, me deixar explicar. Ela está apenas assustada, mas vai entender quando eu alcançá-la.Travamos uma luta e tudo se passa como um furacão, até que ela consegue escapar por meus dedos. Quando consigo passar pelo portão, vejo-a dobrando a esquina e a sigo. Ao alcançar a mesma esquina, ela já está no final da rua, atravessando descuidadamente para pegar outra direção. Eu a
MELISSAEu não fazia a menor ideia de onde estava e não tinha tempo para me ater aos nomes das ruas. Eu corria sem parar, mudando de direção em cada esquina. Queria poder cavar um buraco no chão e traçar um túnel subterrâneo, isolado, seguro, inatingível. Diante dessa impossibilidade, me dedico apenas a traçar o caminho mais difícil de ser rastreado por ele.Voo por ruas e avenidas, mal prestando atenção aos sinais de trânsito. Uma força interior me impulsiona a me afastar o máximo possível daquele lugar ameaçador e de qualquer pessoa que pudesse machucar meu filho. Desde que soube que estava grávida, tenho lutado por esse bebê e sei que daqui para frente vai ser sempre assim, eu o protegerei com a minha vida se preciso for.
MELISSASou tomada por uma imensa alegria ao cruzar as portas duplas do hospital e sentir o sol aquecendo meu rosto. Acolho com prazer os raios calorosos do Rio de Janeiro que incidem sobre a minha pele enquanto meu irmão me ampara até o banquinho no jardim em frente. Como é maravilhoso poder trocar aquela camisola ridícula por minhas próprias roupas e deixar esse lugar frio e deprimente. Pedi para me sentar um instante, não por estar me sentindo mal, mas por precisar respirar um pouco desse ar poluído e ouvir os ruídos da cidade antes de seguir para casa.É um novo ano e finalmente estou livre dessa prisão. Como eu senti falta daqui de fora! Apesar de ter passado por um tratamento delicado e bem-sucedido, e de estar me sentindo renovada e pronta para enfrentar o mundo novamente, meus cuidad
MELISSATentei abrir meus olhos pesados e preguiçosos pelo menos umas dez vezes e vagarosamente o quarto do hospital foi voltando a aparecer diante de mim. Aconteceu de novo, eu apaguei. E como eu estou odiando isso. Minha mente está à deriva, perdida e tentando desesperadamente recordar o que me levou a esse exato momento. Alguns flashes começam a iluminar meus pensamentos, uma agitação, algo fez o nervosismo tomar conta de mim. Parece que me envolvi em uma discussão. Mas como, se estou nesse hospital cercada de médicos e enfermeiras? Forço minha cabeça a trabalhar e as imagens vão ficando mais nítidas. Rick esteve aqui. Nós discutimos. Até aí nenhuma novidade, mas por qual motivo dessa vez? Essa é a questão que ecoa na minha mente.Observo o
RICKAconteceu como eu temia. Apesar de já ter descartado essa hipótese há algum tempo, esse pesadelo voltou para me fazer cair da cama. Quando ela vomitou após o meu pedido de casamento, eu nem desconfiei, achei que ela só tivesse ficado nervosa. O choro me abalou um pouco, nunca tinha visto minha Mel chorando como naquele dia no chão do meu banheiro, mas também atribuí à emoção com o anel de noivado.Quando soube que ela estava no hospital, praticamente voei até aqui. Não sei nem descrever o que aconteceu depois da ligação do Marcos, que estava, a meu pedido, observando o prédio dela. Só desliguei o telefone e puff... apareci aqui. Eu imaginei mil coisas que podiam ter acontecido, mas a fatídica gravidez não tinha vindo &