Capítulo 2

MELISSA

O sol começa a se levantar naquele imenso céu azul, prometendo fazer um dia quente, típico domingo de praia lotada. Eu simplesmente paro no calçadão e preencho meus pulmões com ar fresco, inspirando e expirando profundamente algumas vezes até sentir o tremor do meu corpo ser controlado. Eu consigo sentir o olhar dele sobre mim lá de cima, da janela.

Caminho até a areia e sento, fitando o horizonte à procura de uma resposta para o turbilhão de perguntas que tenho em minha cabeça. O que o sonho quis dizer? Por que meu subconsciente está querendo me assustar? Por que isso está me incomodando tanto? Estou ficando louca? Como o Rick consegue ser tão insensível?

De tudo que está girando em minha mente, a última pergunta é a única para qual eu tenho a resposta. Porque o Rick é prático. Tudo para ele é questão de organização, táticas e planos de ação. Ele é extremamente metódico e, se algo não sai do jeito que ele quer, é como se o mundo desabasse sobre a sua cabeça. Ele é o meu completo oposto, eu vivo no mundo da lua e meus pensamentos voam longe do meu próprio alcance. Talvez esse seja o meu problema, dar asas demais à minha imaginação.

De repente o que ele me falou é a verdade. Esse sonho foi só isso mesmo, um sonho inocente. Nenhum presságio. Foi só um pesadelo desses que te abalam e fazem repensar toda a sua vida. Bem, pelo menos foi o que fez comigo. Eu realmente estava vendo minha vida passando pela cabeça quando caí naquela escuridão profunda. Como se precisasse salvar o bebê para ter minha vida salva também.

Fecho os olhos e me apoio em meus cotovelos, deixando o sol da manhã penetrar minha pele. Me concentro no barulho das ondas quebrando ao longe. Sempre que eu pensava no meu futuro, me imaginava no centro de uma galeria de arte, cercada pelos meus quadros e por pessoas os admirando. As paredes em cores vibrantes disseminando alegria e euforia em meus visitantes. Ouviríamos Debussy, Chopin e Mozart ao fundo, em som ambiente. Minha imaginação é tão vívida que posso jurar estar ouvindo Claire de Lune no meio do saguão agora mesmo...

Mas é só o celular tocando. É ele, obviamente. E também é óbvio que eu não vou atender. Coloco o celular para vibrar e me levanto. Observo o mar calmo e convidativo, louca para dar um mergulho e tirar aquela camada de suor e tensão do meu corpo. Deixar as ondas baterem e lavarem a minha alma. Infelizmente não será possível, preciso sair o quanto antes do alcance de Rick e nenhum taxista vai me deixar entrar encharcada em seu carro. Então, ando até um quiosque que está acabando de abrir e o garçom vem logo me tender com um sorriso enorme.

- Bom dia! O que posso lhe servir, Raio de Sol? – Minhas bochechas ficaram mais coradas agora do que quando estava sob o sol.

- Você tem chá de camomila? – Eu pergunto, sem nenhuma esperança.

- Não, desculpe. – Ele me olha intrigado. “É, essa realmente foi uma pergunta idiota Melissa”. – Teria alguma outra coisa que gostaria de beber? Qualquer coisa para tirar esse vinco de sua testa e pôr um sorriso nesse lindo rosto. – Agora ele está claramente flertando comigo.

- Ah, uma água de coco então, por favor.

- Ok, só vai levar um minutinho.

Me sento na mesa mais próxima para esperar, me escondendo sob o guarda-sol. O garçom retorna rapidamente e me entrega um coco com um canudinho, pisca um dos olhos para mim e continua a sorrir, um sorriso aberto e sincero. Eu não pude evitar sorrir de volta, afinal de contas, quem era tão gentil ao trabalhar servindo uma bebida de frente para a praia a essa hora da manhã de um domingo? Se fosse eu, largaria tudo e ia direto dar um mergulho.

- Muito obrigada!

- Não há de quê. Qualquer coisa é só me chamar. Anderson, ao seu dispor. – Ele faz um floreio e volta para dentro do quiosque.

No instante em que ele se vira, fico tensa, olho para todos os lados checando se há algum sinal do Rick. Se ele visse essa cena, seria simplesmente um caos. O coitado do garçom iria preferir nunca ter me atendido na vida depois que Rick partisse pra cima dele. Sem contar o vexame que eu seria obrigada a passar. Aqui, na praia de Copacabana, no meio de todas essas pessoas chegando para tomar sol, caminhar ou andar de bicicleta. Na frente dos vizinhos dele...

Trato de terminar o meu coco rapidinho e deixar a nota na mesa, debaixo do porta-guardanapo. Não posso voltar ao quiosque para pagar e arriscar a vida do pobre garçom. Me levanto e ando depressa até o ponto de táxi do outro lado da rua. Praticamente corro para atravessar a rua com o sinal ainda aberto, dando graças pelo movimento ainda ser fraco. Quando entro no táxi, me sinto um pouco mais segura, protegida pelos vidros fumê.

- Bom dia, senhor, poderia me levar até a Tijuca, por favor?

- Claro.

Relaxo no banco de trás, a bolsa no meu colo não para de vibrar. “Não adianta, Rick, eu não vou te atender agora, não insista”.

                                                                     ...

Quando giro as chaves na porta de casa eu já sei que tem algo de errado acontecendo. Ouço minha mãe conversando com alguém, mas é muito cedo para ela estar acordada. Oh não, meu celular parou de vibrar a uns cinco minutos, será que ele... Entro e encontro minha mãe sentada na sala ao telefone. Ele é realmente impossível.

- Oi, filha, que bom que chegou. É o Henrique no telefone, ele quer falar com você. – Minha mãe estende o telefone sem fio em minha direção com um sorriso encorajador.

Eu olho para ela com a expressão mais mal-humorada do mundo e depois para o telefone em sua mão. Eu sei que terei de atender, mas quero que ela saiba que não estou nem um pouco feliz com isso. Pego o telefone e vou direto para o meu quarto.

- Alô.

- Finalmente! Você está em casa?

- Bem, você ligou para a minha casa, Rick, e acabou de acordar a minha mãe, então acho que está mais do que confirmado que SIM, EU ESTOU EM CASA.

- Por que você faz isso? Você sabe que eu fico louco de preocupação quando você sai sozinha desse jeito. E ainda pegou um táxi, com um estranho. Eu ia te levar em casa, Mel. E não precisava sair igual um trovão daquele jeito, você percebeu a roupa com que saiu daqui? Eu sinceramente não sei o que eu fiz de errado para você ir embora desse jeito. Eu estava planejando um dia lindo pra nós.

- Aí está o seu problema, você nunca acha que fez alguma coisa de errado. Você se acha perfeitamente correto e ... – Paro para respirar fundo antes que eu fale algo que não devo. – Eu não quero brigar e foi por isso que eu não quis atender o celular. Eu já estou em casa sã e salva, não se preocupe, eu só preciso ficar um pouco sozinha agora. Mais tarde nos falamos, tchau. – Desligo o telefone antes que ele possa falar algo mais.

Isso é tão cansativo, todos esses anos com ele controlando os meus passos e essas discussões sem fim. Me jogo na minha cama e olho para as estrelas coladas no teto, já amareladas por causa do tempo. Elas são como o nosso relacionamento, não brilham mais no escuro, estão apagadas, assim como a esperança do nosso futuro. Eu me esforço tanto para enxergar alguma mudança nele, algo que possibilite uma vida como um casal normal que se ama e respeita um ao outro, mas simplesmente não consigo ver.

Com os anos que ele passou no Exército, pensei que ele se tornaria mais flexível e compreensivo por termos ficado tanto tempo distante, mas está cada dia mais duro e autoritário. Claro que eu penso em construir uma família um dia, toda mulher pensa nisso, ter um marido para dividir a cama e acordar com um “bom dia” seguido de um beijo, filhos correndo atrás de um cachorro pelo jardim de uma bela casa. O típico comercial de margarina. O problema é que eu não consigo enxergar o Rick ocupando esse lugar de marido e pai dos meus filhos. Eu não quero viver em uma casa em regime ditatorial com ele controlando todos os segundos dos meus dias. Eu quero respirar, quero uma vida leve e tranquila, mas sei que com ele a tensão estará sempre presente.

Minha mãe bate na porta do quarto, entra e senta-se na beirada da cama, colocando minha cabeça em seu colo.

- Eu meio que ouvi sua conversa lá da sala. Não que eu estivesse bisbilhotando, mas foi difícil ignorar, você não fez nenhum esforço para falar baixo. Qual o motivo da briga dessa vez? – Ela passa seus dedos por meus cabelos, penteando-os. Relaxo imediatamente.

- Ai, mãe, o mesmo de sempre. Ele é um super insensível que só quer que as coisas aconteçam do jeito dele. Ele pensa que eu sou seu brinquedinho para ele brincar a hora que quiser e depois guardar no armário para que ninguém mais possa brincar.

- Conte-me o que ele fez pra te deixar assim.

- Primeiro ele me fez parecer uma idiota por me importar com um pesadelo que eu tive. Nem vale a pena comentar sobre isso, pois não quero lembrar. – Me arrepiei inteira com o retorno do lamento do bebê aos meus ouvidos. Esforcei-me para afugentá-lo e prossegui. – Depois ele queria que eu fugisse da minha revisão de monografia e ficasse o dia inteiro sob sua supervisão. E, por fim, voltou a implicar com o intercâmbio, que eu nem sei se vai rolar ainda.

- Filha você sabe que, se esse intercâmbio pra França se confirmar e você for passar um dia que seja fora do país, ele vai pirar, não sabe?

- É, eu sei.

- Mel, olha pra mim. – Ela parou de acariciar meus cabelos. “Não, mãe, não pare” – Você ainda o ama? – Minha mãe me pergunta, olhando diretamente nos meus olhos, como se pretendesse fisgar qualquer sinal de mentira. Eu respiro fundo antes de respondê-la.

- Eu não sei dizer se um dia eu já o amei de verdade. Sabe aquele amor romântico que eu leio nos livros? Se ele existe mesmo, com certeza não é o que compartilho com o Rick. A senhora sabe que esse relacionamento foi imposto a mim. No início eu achei que seria bom pra nós, ele era um cara legal que estava aos meus pés, fazendo de tudo pra me agradar. Por que não dar uma chance?

- Isso foi exatamente o que eu te falei...

- Sim, e a senhora também vivia dizendo que eu não saía do meu mundo fantástico, telas, poesia, música, ballet... A senhora estava certa, eu precisava sair de casa e socializar, e ele me deu isso. Então eu resolvi aceitar esse namoro e ver no que poderia dar. Só que acabou nisso.

- Não fale desse jeito, filha, a culpa não é sua.

- O amor dele não é normal, mãe. Ele é um lunático controlador. Eu me sinto tão sufocada quando estou com ele que o ar fica pesado até para respirar. Eu tentei me apaixonar por ele, mas eu não consigo. E eu estou sentindo como se fôssemos uma bomba-relógio prestes a explodir.

- Então por que você não termina com ele de uma vez?

- Eu já tentei mil vezes, mas ele sempre faz alguma cena que me quebra e acabamos voltando. Acho que não sou forte o suficiente para assistir ao sofrimento dele. Não tenho coragem de causar essa dor a ele.

- Você precisa ser firme e definitiva, porque agora sou eu que não estou conseguindo ver a minha filhinha sofrendo.

- Você sabe que a primeira coisa que ele faria seria demitir o Ângelo, não sabe?

- É, eu imagino que seria sim, mas você não pode se prender a isso. Esse não pode ser o único motivo para você continuar alimentando esse relacionamento.

- Eu também tenho medo de que ele tente fazer alguma besteira. Às vezes tenho a sensação de que ele enlouqueceria se eu simplesmente chegasse e dissesse que está tudo acabado entre nós, virasse as costas e fosse embora. Se fosse fácil assim, eu já teria conseguido. Só que é muito mais complexo do que isso.

- Eu entendo. Mas você não pode deixar de correr atrás do seu sonho por pena do Rick. Ele vai sobreviver sem você.

- Eu realmente espero que sim. Eu gosto dele, mãe, não pense que não. Eu queria ajudá-lo a melhorar, mas ele não me ouve. Já sugeri que fosse a uma consulta com um psicólogo, eu até marquei pra ele umas duas vezes, mas ele nunca apareceu no consultório. Não sei mais o que fazer.

- Querida, você já está bem crescidinha e infelizmente eu não posso tomar nenhuma decisão por você. Eu só aconselho que escute o seu coração. Não se preocupe com o Ângelo, eu trabalho, você trabalha e seu irmão está fazendo estágio agora. Não levaria muito tempo para que seu padrasto conseguisse um novo emprego e nós não morreríamos de fome, temos economias, fique tranquila quanto a isso.

- Eu sei, mãe, mas não me parece justo. Eu sei que se o Rick tivesse uma chance de me atingir e me fazer voltar pra ele, com certeza ele despediria o Ângelo, porém, eu também sei que ele é capaz de conseguir outro emprego rapidamente. O que realmente me impede é saber que eu o deixaria devastado. Eu sei o quanto ele me ama e eu não consigo me ver fazendo isso com ele, acho que ninguém merece passar por essa rejeição.

- Eu creio que seja uma decisão difícil pra você, mas só você pode dar esse passo e o seu futuro depende disso. – Minha mãe está realmente preocupada, ela nunca havia sugerido que eu terminasse com o Rick antes. Ela não gosta de se meter no nosso relacionamento.

- Ah, mãe, fica tranquila, eu vou ficar bem. Acho que se eu conseguir esse intercâmbio será um ótimo motivo para nos afastarmos um pouco e aí ele vai cair na real e perceber que não precisa de mim na vida dele. Sem sofrimento, vai ser natural. – Eu não estou convencendo nem a mim mesma com essas palavras, mas preciso tentar acalmar o coração da minha mãe.

- Tudo bem, querida. Eu confio em você e acho que está na hora de você confiar também. – Ela se levanta e me dá um beijo na testa. Caminha até a porta, mas se detém antes de sair. - Eu estava pensando em fazer peixe para o almoço e torta de limão para a sobremesa. O que você acha? – Eu sabia que ela ia tentar me agradar...

- Eu acho ótimo! Obrigada, mãe, eu te amo.

Ela sai e fecha a porta, me deixando sozinha no meio do meu quarto de princesa cor de rosa e acompanhada daquelas estrelas apagadas. Eu me levanto e vou até o armário, abro a parte onde guardo meu material de pintura e tiro uma tela em branco. Coloco-a no cavalete próximo à janela e espalho meus tubos de tinta em cima da cama. Como eu queria um ateliê onde eu pudesse me refugiar do mundo e me derramar sobre as minhas telas.

Observo todas as cores, pensando em usar cada uma delas. Apenas um arco-íris pode afastar essa nuvem cinzenta que paira sobre minha cabeça. Visto meu avental manchado e pego um dos pincéis. Como sempre faço ao encarar uma tela, já me transporto para outro lugar, para aquele espaço seguro e reconfortante onde eu sou livre para ser o que eu quiser... e mais uma vez adio as decisões para o futuro.

RICK

Raiva. Medo. Preocupação. Impotência. Ansiedade. Tensão. Frustração. Raiva... É um ciclo interminável de sensações sempre que ela parte dessa maneira. A explicação é sempre a mesma, eu já nem pergunto mais. “Rick, prefiro me afastar de você a começar uma discussão em que falaremos coisas um pro outro que nos arrependeremos depois”. Então eu não tenho escolha, só a deixo ir e começo a me corroer por dentro.

Uma vez eu a segurei pelo braço no shopping, ela ia me deixar sozinho naquela maldita fila de cinema só porque eu não conseguia me decidir sobre qual filme veríamos. E porque um babaca não tirava os olhos dela. E eu acertei o nariz dele para ele parar de metê-lo onde não foi chamado. Quando eu a soltei ela saiu correndo de mim, como se eu pudesse fazer algum mal a ela. Saiu do shopping e entrou no primeiro táxi que passou. Ela ficou uma semana sem me atender e eu achei que fosse morrer. Aprendi a lição, não a seguro mais pelo braço, eu simplesmente a deixo ir, mesmo que eu precise quebrar algumas coisas ao meu redor.

Melissa é a mulher mais linda da face da terra. Eu me apaixonei no instante em que meus olhos a encontraram, encolhida em uma cadeira no canto da sala de aula, era óbvio que ela não queria ser notada, mas seus esforços foram em vão, era impossível não notá-la. Seus lindos cabelos negros caíam em ondas por seus ombros e escondiam o seu rosto. Perguntei se podia sentar ao seu lado, mas ela estava tão concentrada enfiada em um livro que nem me ouviu. Sentei assim mesmo e foi a melhor escolha que eu fiz na vida, pois quando a professora chamou seu nome, precisando repetir duas vezes, ela levantou aqueles enormes olhos verdes como esmeraldas e respondeu “presente”, com uma voz celestial que capturou meu coração.

Nos seis anos em que estamos juntos sua beleza excepcional não havia mudado em nada. A pele clara como porcelana, lindas bochechas rosadas e aqueles lábios vermelhos e carnudos que me levam à loucura. Não é tão difícil entender por que eu não quero ninguém olhando pra ela. Ela é altamente apaixonável, mas é minha.

Ela me acha ciumento, mas qual homem não seria com uma mulher dessas? A Melissa é minha vida, o que seria de mim se ela me deixasse? É impossível imaginar, pois um amor como o nosso é eterno. Para sempre minha.

Eu abandonei o Exército porque eu explodia com todos ao meu redor, nosso contato era muito restrito e eu passava dias sem notícias dela. Enquanto estávamos distantes, os meus dias eram tensos e agoniantes, o tempo todo eu era atormentado pelos pensamentos de onde ela estava, o que estava fazendo, com QUEM estava... Eu não suportava mais, então decidi voltar pra casa. Voltar para ela. Aqui eu posso saber onde ela está 24 horas por dia, sei cada passo que ela dá pelo GPS do celular. Não que ela saiba, é claro, mas se isso alivia a minha tensão e nos faz brigar menos, ela não precisa ficar sabendo.

Depois que ela bateu aquela porta e saiu, eu fui até a janela. Ela apareceu no calçadão e em seguida sentou-se na areia. Reprimi o instinto de correr atrás dela. Andei pelo quarto nervoso procurando meu celular e comecei a ligar para ela compulsivamente. Uma hora ela ia ter que me atender. Dez ligações, vinte, trinta, cinquenta ligações depois eu arremessei o celular contra a parede da sala e ele se estilhaçou inteiro aos meus pés. Eu me sentia esquentar de raiva, ela não podia se enfiar no carro de um desconhecido sozinha e com aquela calça que marcava seus quadris, ela só podia sair assim comigo. Levei minhas mãos às têmporas tentando amenizar a dor de cabeça que eu já estava sentindo.

Fui ao bar que fica na sala, enchi metade de um copo de Uísque e tomei em um gole só com uma Dipirona. Ana, a empregada, apareceu atrás de mim.

- Bom dia. O senhor precisa de alguma coisa? Quer que eu lhe faça um chá para ajudar com a dor de cabeça?

- Bom dia só se for pra você. Chá? Ora já se viu, quem em pleno Rio de Janeiro toma chá? Faz uma coisinha pra mim, DESAPARECE DA MINHA FRENTE! – Ela voltou para a cozinha parecendo uma barata tonta.

Volto pra minha suíte e resolvo tomar um banho para esfriar a cabeça. Tiro a roupa e entro na ducha fria. Deixo o jato d’água bater no meu rosto com força, respirando fundo. Saio do banho rapidamente e um pouco mais calmo. No entanto, minha tranquilidade não dura nem cinco minutos. Ao voltar para o quarto e olhar para a cama me deparo com seu lindo sutiã de renda rosa bebê. Ela saiu com aquela calça justa e sem sutiã. Ela só pode estar querendo me matar... Irado, avanço no telefone fixo e ligo para a casa dela. Minha sogrinha não vai se recusar a me atender.

- Alô? – Ela atende surpresa, provavelmente pelo horário.

- Bom dia, dona Helô, é o Rick. – Eu tento parecer simpático, sem muito sucesso.

- Oi, está tudo bem? Você parece... nervoso.

- Está tudo bem, eu só preciso falar com a Melissa. Ela já chegou?

- Ainda não. Eu achei que a essa hora ela ainda estaria aí com você. – Ela perece ter ficado preocupada.

- Ela saiu daqui já tem uns quarenta minutos, já era para ter chegado aí. Ela não atende o celular e...

- Ah, espera um minutinho, acho que ela está abrindo a porta.

Deixo escapar um suspiro de alívio. Essa mulher ainda vai me enlouquecer.

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