Ele, depois de se embriagar, gritava o nome do seu primeiro amor, mas na manhã seguinte, sem se lembrar de nada, disse a ela: - Encontre a mulher da noite passada! Esther Moura, finalmente desiludida, entregou um acordo de divórcio a ele, alegando que ela queria filhos, mas devido à incapacidade dele, o amor se desfez! Marcelo Mendes, totalmente alheio, recebeu a mensagem, todo o seu rosto escureceu, ordenando que trouxessem Esther de volta para provar a sua capacidade. Numa noite qualquer, ao voltar para casa depois do trabalho, Esther foi pressionada num canto das escadas: - Quem te deu autorização para pedir o divórcio sem o meu consentimento? - Se você não tem capacidade, não deveria me impedir de procurar alguém que tenha. - Esther respondeu. Naquela noite, Marcelo estava determinado a mostrar a ela sua capacidade. Porém, Esther tirou um exame de gravidez da bolsa, deixando Marcelo furioso. - De quem é o filho? Ele saiu à procura do pai da criança, jurando matar esse homem canalha! Quem imaginaria que ele seria o culpado...
Ler maisEsther empurrou Marcelo com força, como se quisesse afastar dele toda a dor que sentia. Com a voz tremendo de raiva e tristeza, ela disse:— Desde que meu filho não tenha morrido, vá fazer o que for preciso.— Você não quer mais estar comigo? — Indagou Marcelo.As palavras de Esther o atingiram como um soco no estômago. Ele não queria ouvir o que ela tinha a dizer, mas seus olhos estavam fixos nela, e o reflexo da dor em seu olhar se espalhou por todo o seu rosto. A cor vermelha intensa em seus olhos aumentava, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar sobre ele. Ele sabia que, ao voltar após tantos anos, ela estaria furiosa. Sabia que ela o culparia por tudo, mas ele não tinha escolha. Não podia lutar contra o destino, não podia se apresentar diante dela como um homem quebrado e deformado, com tantas marcas físicas que revelavam o que ele havia passado.Esther sentiu seu peito apertar, o sangue fervia em suas veias. Olhou para ele e notou mais uma vez a cicatriz visível na
Marcelo não queria arrastá-la ainda mais para a confusão, mas a realidade é que Esther estava envolvida diretamente em tudo aquilo, e ela tinha o direito de saber a verdade.Ele sabia da teimosia dela e que, naquele momento, ela estava cheia de raiva. Depois de alguns segundos de silêncio, ele falou calmamente:— Esses homens trabalham para o meu pai. Joana não é minha mãe biológica e Vítor não é meu pai verdadeiro. Meu pai é o presidente do País S. Foi ele quem me salvou quando caí no rio que corta todo o território de Iurani. Passei um bom tempo me recuperando, e depois ele fez várias articulações para mim... Esther, eu fiz um acordo com ele, e havia coisas que eu precisava cumprir.Mesmo sabendo que ele não estava morto, o fato de Marcelo ter ficado longe por tantos anos fazia Esther se sentir vazia. Ela até tentava entender o que ele passou, mas ouvi-lo explicar tudo daquela forma a machucou profundamente.Esther tentou estender a mão para abraçá-lo, mas a lembrança da criança a im
Finalmente, retiraram o saco de estopa que cobria o rosto de Esther.Assim que sua visão se ajustou, Esther notou a luz amarelada que vinha de uma lâmpada fraca no teto do carro. Olhando ao redor, percebeu que vários homens estavam presentes, todos segurando armas, a atmosfera estava carregada de tensão.Um deles, sentado ao lado dela, tinha fios brancos nas têmporas. A sombra no rosto do homem escondia seus traços, dificultando que ela enxergasse claramente quem ele era.Ele curvou levemente os lábios em um sorriso gelado antes de falar:— Então, por que tem tanta certeza de que te pegamos só para trocar pelo Gustavo?Esther não respondeu, se mantendo em silêncio enquanto seus pensamentos corriam.Se o objetivo não era trocá-la por Gustavo, então o que seria? Será que as matérias que ela publicou prejudicaram interesses cruciais dos militares? Talvez esses homens fossem agentes militares das alianças e planejavam usar Esther para negociar algo com Iurani.A possibilidade deixou Esther
Esther percebeu que a presença de Bernardo ali poderia causar problemas para ele. Com um semblante sério, ela disse com firmeza:— Bernardo, é melhor você ir embora.— Você acha mesmo que eu vou te deixar aqui sozinha? — Rebateu ele, segurando a mão dela com firmeza. Bernardo não tinha intenção de abandoná-la. Além disso, considerando a relação entre Iurani e o País B, ele sabia que dificilmente seria detido, ainda mais porque a morte de Marcelo havia passado por todos os processos oficiais de investigação e auditoria, não havia motivos para Bernardo encontrar complicações.Esther não encontrou palavras para retrucar.Ela sabia que não era uma espiã, mas o País B precisava dar satisfações à sua população. Isso significava que ela teria que ser investigada, incluindo a análise de seus registros de chamadas recentes.Esther seria levada. Estélio, no entanto, não quis deixá-la ir. O menino agarrou sua mão com força, sem querer soltá-la. Foi preciso que Esther se abaixasse e, com muita pa
A verdade sobre o pai biológico de Esther veio à tona.Além disso, surgiram revelações sobre a guerra civil em Iurani: saques, incêndios, violência e, o mais cruel, os campos de escravos criados pelo Faraó, onde seres humanos eram usados como cobaias em experimentos.O impacto foi imediato. Esther recebeu o rótulo de “filha do demônio”. A notícia tomou conta dos fóruns internacionais, gerando uma onda de indignação.[Quem diria! A jornalista que sempre pregou a paz é, na verdade, filha de um monstro. Olhem para o pai dela! É um verdadeiro tirano!][Só mesmo o País B, com toda a sua tolerância, para não retaliar Iurani por causa dela.][Exatamente! Se fosse outro país, já teriam acabado com Iurani faz tempo!][A Esther quer posar de heroína da justiça, mas é ridículo. Ela é filha de um demônio!][Ela está na capital como espiã, enviada pelo Faraó, com certeza!][E ainda tem essa: ela foi casada com o Marcelo. Depois ele morreu em Iurani... Foi ela que o matou!][Essa mulher é uma traido
Esther sentiu a mãozinha de Estélio agarrar a sua e balançar suavemente.Ele não disse nada, mas era óbvio que queria ficar com ela.— Nesse caso, podemos emitir os documentos necessários. Se nenhum parente dele aparecer, você poderá levá-lo para o seu país, registrá-lo e matriculá-lo na escola. — Disse o responsável.— Tudo bem. — Respondeu Esther, acenando com a cabeça enquanto esperava na embaixada com o menino.Os papéis ficaram prontos em poucos minutos.Quando Esther e Estélio saíram da embaixada, a luz do sol iluminou seus corpos, projetando uma longa sombra no chão.Por um instante, Esther ficou perdida em seus pensamentos. Ao ver a sombra dos dois entrelaçada, ela imaginou como seria se estivesse segurando a mão de seu próprio filho.Seu filho teria mais ou menos a mesma idade de Estélio.A lembrança fez uma pontada de dor surgir em seu peito. Marcelo ainda se recusava a contar onde estava a criança.Sem conseguir conter a angústia, Esther pegou o celular e ligou para Marcelo.
Marcelo encarou o olhar firme do presidente. Cada palavra saiu de sua boca com uma precisão calculada.Naquele momento, Marcelo não usava sua máscara habitual. Ele estava ali como o terceiro filho do presidente do País S, e essa identidade já era suficiente para colocar sua vida em risco. Afinal, o Marcelo que todos acreditavam estar morto havia renascido.Ser um ex-líder de alto escalão do País B e, agora, assumir um papel no País S era algo que inevitavelmente atrairia críticas e condenações de todos os lados.Mas Marcelo não parecia se importar.Era evidente que ele e Esther já haviam se reencontrado.— Não me importa o que você prometeu a Esther ou quais são os seus planos! — Declarou o presidente, com uma frieza cortante. — Agora que você é meu filho, vai seguir as minhas ordens sem questionar. Caso contrário, tudo o que você teme, eu vou transformar em realidade.Com essas palavras, o presidente virou as costas e subiu no helicóptero. Ele foi até ali apenas para colocar Marcelo e
Esther se sentia dividida. Toda vez que pensava em perdoar, as palavras ficavam presas na garganta. Ela não conseguia esquecer.Além disso, as coisas que o Faraó e Gustavo fizeram no passado... As cenas que ela testemunhou... Eram como flashes de um filme, se repetindo incessantemente em sua mente, quadro a quadro.O Faraó acenou em despedida. Não disse nada, mas o silêncio falou mais do que palavras.Bernardo observou a cena e, depois de um momento, falou lentamente:— Esther, você realmente acha que ele ainda é um homem mau?Pais e mães, na grande maioria das vezes, se sacrificam pelos filhos sem esperar nada em troca.Para os filhos, o Faraó claramente não era um vilão.Mas a visão política e ideológica era diferente, Esther não podia mudar isso. Desde pequena, foi ensinada a seguir valores que iam contra as ações dele. As lembranças a sufocavam, e só pensar nisso fazia sua cabeça doer.Por isso, ela decidiu parar de pensar.— Dá pra não falar disso comigo, Bernardo? — Disse ela, ca
As palavras de Esther eram como uma lâmina afiada. Em questão de segundos, Marcelo sentiu seu coração ser atravessado, sangrando e completamente despedaçado.Mas ele sabia que a dor dela era ainda maior. Esther carregava um fardo muito mais pesado.— Esther, calma. Algumas coisas precisam de tempo, mas eu prometo que vou te dar uma resposta satisfatória. Só peço que espere mais um pouco... — Disse Marcelo, soltando um respiro pesado. Ele tentava, do jeito que podia, acalmar a tempestade no coração dela.— Esperei cinco anos, Marcelo! — Esther cortou as palavras dele, com a voz cheia de raiva e mágoa. — Quanto tempo mais você quer que eu espere?Marcelo sequer teve tempo de responder. Esther gritou novamente:— Quer que eu passe o resto da minha vida esperando por você? Onde está meu filho, Marcelo? Me diga!Do outro lado da linha, um som invadiu os ouvidos de Esther. Marcelo havia desligado.Ela não sabia o motivo, mas uma coisa era clara: ligar de novo não adiantaria. Ou ele não atend