Esther parou de repente, não havia aquela harmonia de casal entre eles, mas sim uma distância mais como de um superior para uma subordinada. - Sr. Marcelo, tem mais alguma ordem? - Ela perguntou.Marcelo se virou para encarar o rosto distante de Esther, com um tom de comando em sua voz. - Se sente.Esther de repente não entendeu o que ele queria fazer.Marcelo se aproximou.Esther o observava se aproximando, e nesse momento, algo parecia diferente, fazendo ela sentir o ar rarefeito. Era puro ervosismo, com uma sensação estranha.Ela não se moveu, mas Marcelo tomou a iniciativa de segurar sua mão.Quando a palma quente dele tocou a dela, foi como se fosse queimada, queria puxar ela para longe, mas Marcelo segurou firmemente, não dando a ela a chance de se soltar, levando ela para o lado e perguntando com a testa franzida: - Você machucou sua mão, e não percebeu?Sua preocupação surpreendeu Esther. - Eu... Está tudo bem.- Sua mão está com bolhas. - Marcelo perguntou. - Por que não
Ela estava tonta, com estrelas nos olhos, ouvindo alguém ansioso dizer: - O que está acontecendo com vocês? Como foi possível esse erro! Esther, Esther...À medida que a voz se afastava, Esther desmaiou.Ao acordar novamente, Esther estava no hospital, olhando para o teto branco, ainda tonta, com uma dor de cabeça intensa.- Esther, você acordou! - Fernanda se levantou com os olhos vermelhos da cadeira, preocupada, perguntando sobre sua condição. - Você está se sentindo mal em algum lugar? Preciso chamar o médico.Esther olhou para ela, mesmo estando fraca, ainda se sentou instintivamente: - Estou bem, e como está a situação no canteiro de obras? Alguém mais se machucou?Fernanda disse: - Não se preocupe com o que está acontecendo no canteiro agora. Você teve uma concussão, me assustou muito, pensei que você não fosse acordar.Ela começou a chorar novamente. Fernanda era sua assistente que sempre a acompanhava e Esther cuidava muito dela.Ela era jovem e nunca tinha enfrentado uma
No hospital, por um tempo, ela saiu triste e machucada.- Esther! - Quando Diana Camargo encontrou Esther, viu que ela estava pálida e tinha um machucado na cabeça. Diana rapidamente a segurou. - Meu Deus! Aonde você se machucou assim?Esther não respondeu.- Nessa hora, você estava no trabalho, né? Foi acidente de trabalho, né? - Diana disse. - E o Marcelo?- Não sei. - Esther respondeu.Diana viu que ela não estava bem, não era só pelo machucado, e riu friamente: - Você trabalha duro para ele, machuca a cabeça desse jeito, e ele, seu marido, some. Esse marido aí é a mesma coisa que morrer.- Logo não vai ser mais.- O quê? Ele quer se divorciar de você? - Diana ficou surpresa e a expressão dela mudou.- Sou eu que quero me divorciar dele.Diana mudou de atitude: - Divorcie logo, então! - E também não esqueceu de avisar ela. - E se lembre de pegar metade dos bens, mulher esperta faz isso. Se não dá para ficar com o homem, fique com o dinheiro. Com grana no bolso, acha que não vai co
Esther entendia bem a seriedade com que ele levava seu trabalho, não permitindo nem um pequeno erro. Mas, dessa vez, a culpa não era dela. Ele esteve no hospital com Sofia ontem.- Foi você quem disse que tinha um compromisso e desligou o telefone.Marcelo fez uma pausa, comprimindo os lábios: - Como lidou com isso?Naquela hora, Esther já estava no hospital e respondeu: - Não tive tempo de resolver, eu...- Secretária Esther. - Marcelo estava frio. - Lembro que você nunca cometeu esse tipo de erro no trabalho.Ele deliberadamente enfatizou "Secretária Esther", lembrando ela de seu papel como secretária e não como esposa.Esther mordeu o lábio, sem saber o que dizer: - A obra ainda pode continuar, o problema não é tão grande. Eu não acho que seja tão grave.- Quando surgir um problema, não se apresse em encontrar desculpas para si mesma. Foi isso que te ensinei antes. - Marcelo disse friamente. - Venha para a empresa imediatamente! Ele desligou o telefone logo em seguida, de maneir
Nesse momento, Esther já estava no escritório, e a atmosfera na sala do presidente estava muito tensa.- Esther.Eles a cumprimentaram educadamente quando ela chegou.- Esther, como está o machucado na sua cabeça?Esther não queria que eles se preocupassem demais, então disse: - Não foi nada grave, depois de descansar uma noite, estou bem melhor.- Mas você deveria descansar mais, poderia ter pedido licença para o Sr. Marcelo. Ainda vem trabalhar machucada, Esther, você leva o trabalho muito a sério. - Todos admiravam Esther, que trabalhava mais do que vivia, provavelmente não havia outra secretária como ela.Como Esther e Marcelo ainda mantinham o casamento em segredo, ninguém sabia do relacionamento deles, então ela não podia revelar muito: - Vou falar com o Sr. Marcelo. Vocês continuem com o trabalho, não precisam se preocupar comigo.Ela chegou na porta e ouviu Marcelo dizer com voz fria: - Demitam todos os responsáveis pelo acidente na obra!Esther parou por um momento, pensand
Ela estava dando a ele uma chance, ele deveria estar feliz por isso.Ou seria seu orgulho, achando que a proposta dela o deixou envergonhado?Marcelo desviou o olhar dela e disse friamente: - É hora de trabalhar, vá trabalhar!Esther olhou o relógio, eram exatamente nove horas, hora de começar o trabalho.Ela não pôde deixar de rir sarcasticamente, ele era mesmo pontual, não a deixava ficar ociosa por um segundo.Olhando para as costas de Marcelo se afastando, todo o seu corpo exalava uma aura gelada, e entre eles só havia a distância de chefe e subordinada.Ela não insistiu, saiu.Gilberto estava esperando por ela do lado de fora: - Secretária Esther, esses são os documentos que o Sr. Marcelo pediu para você processar.Uma pilha de documentos pesados caiu nas mãos dela.A poeira veio em sua direção, fazendo ela tossir. Esther perguntou: - Já está com uma camada de poeira, há quanto tempo esses documentos estão aqui?Gilberto também não ousou dizer: - Não sei, foi o Sr. Marcelo que
Isaac Cunha não entendia muito bem, será que o Marcelo estava doente? Recentemente ele tinha feito um check-up e estava tudo normal. Esther era sua esposa, então se tivesse algum problema, só poderia ser...Quando Isaac entrou no escritório, chamou o nome de Marcelo e fixou o olhar na calça social dele. Marcelo percebeu o olhar estranho e franziu a testa:- Eu pedi para você examinar a Esther, por que está olhando para mim?Isaac desviou o olhar, sorrindo constrangido:- Nada, eu acabei de encontrar a Esther no elevador. Ela saiu, parecia bem chateada.Marcelo respondeu: - Ela vai voltar.- Você brigou com ela?- Mulher tem dessas coisas, é normal.Isaac estava com algo na cabeça, mas não sabia bem como falar, então escolheu sentar no sofá ao lado. Marcelo, vendo que ele não ia embora, disse:- Ela foi embora, então você pode ir também, eu não preciso de você aqui.- Eu acabei de chegar e você já está me mandando embora? Não posso ficar um pouco e conversar? - Isaac, com um pensamen
Esther olhou para trás:- Arrumando as malas.- Para onde?- Voltarei para casa. - Respondeu Esther.- Mas aqui não é sua casa? - O tom de Marcelo ficou mais frio.O coração de Esther ainda doeu um pouco, ela levantou o olhar para ele:- Você acha que essa casa já foi minha? Estou desocupando o espaço para vocês.Marcelo de repente segurou a mão dela, interrompendo o movimento de arrumar as coisas, e a voz dele veio fria:- Até quando você vai ficar nessa birra?Esther nem ousou levantar a cabeça, com medo de ver ele e começar a chorar. Pela primeira vez, ela afastou a mão dele com força:- Eu não estou fazendo birra, estou falando sério, Sr. Marcelo, por favor, me deixa arrumar minhas coisas.Ela estava tão teimosa, decidida a se divorciar, que a expressão de Marcelo ficou bem mais sombria. Com um estrondo alto, a porta se fechou.Ouvindo o barulho, Esther levantou os olhos e só ouviu a voz grave de Marcelo:- Qual o motivo para você querer ir embora assim?Esther não respondeu.Marce