Capítulo 2
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele.

Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura.

O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.

Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele.

Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos.

O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.

Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.

Mas ela não podia aceitar isso.

Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?

Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele:

- Por que está perguntando isso?

Apenas ela própria sabia o quanto esperava por isso.

No entanto, Marcelo deu uma risada leve:

- Você não teria essa coragem.

A mão de Esther ficou rígida e ela abaixou os olhos.

No fundo, Marcelo esperava que não fosse ela, afinal, seu casamento com Esther era apenas um acordo. E, além disso, o contrato estava prestes a expirar em alguns dias.

De repente, Marcelo agarrou a mão dela com força.

O coração dela deu um salto, ela levantou os olhos e viu que ele a olhava com uma expressão fria e intensa, cheio de desconfiança.

O coração de Esther parou por um segundo.

Ela tentou puxar a mão de volta, mas na próxima hora, Marcelo a pressionou contra o espelho de corpo inteiro.

- O que você está fazendo? - Esther tentou parecer calma, mas sua voz trêmula revelou seu medo e nervosismo.

- Você realmente dormiu no escritório?

Esther olhou nos olhos dele, negros como tinta. Será que ele estava desconfiado dela?

De repente, ela lembrou da noite de núpcias, três anos atrás. Ela achava que ele tinha se casado com ela por vontade própria, e tentou segurar a mão dele, mas antes de tocar ele, ele se levantou com o rosto fechado.

Ele disse:

- Esther, eu me casei com você apenas para cumprir o desejo do meu avô. Daqui a três anos, cada um segue seu caminho. Até lá, não me toque, caso contrário, você sabe do que sou capaz.

Ele não a deixava tocar ele, apenas para se manter fiel ao seu amor. Com o amor que ele sentia por Fifi, se soubesse que ele havia traído Fifi com um toque dela, ele a mataria!

Esther instintivamente desviou o olhar para baixo:

- Hmm...

De repente, a mão dele pousou no pescoço delicado dela e desceu com força, deixando uma marca rosada como uma flor de cerejeira na pele, até parar no terceiro botão da blusa dela.

- O botão está errado.

Esther olhou para o pulso dele e viu que o botão estava preso de forma torta.

Ela prendeu a respiração e afastou a mão dele, rapidamente desabotoando:

- Desculpe, foi um problema de etiqueta de vestimenta. Vou prestar mais atenção, não vai acontecer de novo.

Marcelo de repente se irritou e se afastou dela, criando uma distância.

De costas para ela, Marcelo ajeitou a gola:

- Não cometa esse tipo de erro bobo de novo.

Esther olhou para o chão, sentindo como se o coração fosse apertado.

Ele não permitia que ela cometesse erros, mas e ele?

Marcelo se virou para olhar ela:

- Por que ainda está aqui? Não vai preparar o conteúdo da reunião?

Ela abaixou a cabeça, sem mostrar o rosto.

- Marcelo Mendes, a Sofia voltou. - Disse Esther.

Os olhos de Marcelo se arregalaram, era a primeira vez em três anos que ela o chamava pelo nome completo.

Esther ergueu a cabeça para olhar para ele, as lágrimas já forçadas se retrocederem, e disse em um tom formal:

- Nós, devemos nos divorciar.

Ao ouvir isso, Marcelo viu as veias em sua mão se destacarem e seu rosto escurecer.

- Esther, agora é hora de trabalhar, faça o que precisa ser feito. - Dito isso, ele se virou e saiu rapidamente.

Esther olhou para as costas dele, sentindo dificuldade para respirar.

Ele estava basicamente concordando, não estava?

Sentiu um calor na parte de trás da mão e, ao olhar para baixo, viu uma lágrima transparente. Afinal, acabou chorando.

Mas ele estava certo, ela ainda era sua secretária, ela ainda precisava trabalhar.

Os documentos para a reunião estavam em casa, ela precisava dar um pulo lá. E, de passagem, pegar o acordo de divórcio que preparou em três anos atrás...

...

Gabinete do Presidente do Grupo Mendes.

Marcelo estava sentado em uma cadeira de couro, franzindo a testa.

Batidas na porta soaram, e seu assistente, Gilberto, entrou.

- Sr. Marcelo, investigamos, e a Esther realmente passou a noite no escritório.

Ao ouvir isso, Marcelo franzia ainda mais a testa.

- Além disso, descobrimos que a Srta. Sofia também foi ao hotel onde você estava ontem à noite, e perguntou na recepção o número do seu quarto. - Gilberto continuou.

Enquanto isso.

Esther voltou para a mansão da família Mendes e, ao entrar, foi recebida pelo tom ácido de Joana Mendes:

- Você não trabalha direito, então por que está de volta? Nossa família não sustenta preguiçosos, especialmente você, uma galinha que não põe ovos.

Esther estava acostumada com as ironias da sogra.

Mas decidir se teriam filhos ou não não era algo que ela pudesse decidir sozinha.

Bem, pelo menos não precisaria mais se preocupar em ser repreendida pela sogra por não ter filhos com Marcelo.

E não precisaria mais beber os remédios escuros e amargos dos curandeiros para tentar engravidar.

Ela respondeu com polidez:

- Voltei para pegar os documentos que o Sr. Marcelo precisa para a reunião.

- Um documento tão importante desses, deveria estar pronto desde o começo. Voltar para pegar é uma desculpa para fugir do trabalho, né? Não se esqueça que você deve milhões para a família Mendes! Trabalhar para meu o filho a vida toda não vai pagar essa dívida! Ainda tem a coragem de ser preguiçosa!

Esther abaixou os olhos, sentindo uma dor profunda no coração.

Como ela poderia esquecer que foi o vovô Mendes que ajudou seu pai a pagar a dívida de milhões e só então sugeriu que Marcelo se casasse com ela?

Por isso, quando ela mencionou o divórcio para Marcelo, ele não mostrou nenhuma emoção, apenas pediu para ela continuar fazendo o seu trabalho.

Para ele, já que o casamento havia acabado, a dívida com a família Mendes deveria ser paga.

- Fique tranquila, mãe, eu vou pagar essa dívida. Vou pegar os documentos e já volto, estão esperando por eles lá. - Falando isso, Esther começou a caminhar em direção ao escritório de Marcelo.

- Eu ainda não te liberei. Já vai saindo assim? Você sabe o que é respeito? Tenho uma coisa para te perguntar.

- O que foi?

- Foi ao médico este mês? Alguma novidade sobre o bebê?

- O Marcelo e eu estamos muito ocupados com o trabalho, não estamos pensando nisso agora. Quando tiver tempo, vamos nos dedicar a isso.

Joana mudou a expressão na hora e gritou:

- Essa desculpa eu já ouvi mil vezes. Se você não pode, então vamos trocar por alguém que possa. Se divorcie de Marcelo imediatamente!

Esther estava com o rosto pálido. Embora soubesse desde a noite de núpcias que esse dia de divórcio chegaria, ainda queria esclarecer algumas coisas.

- Essa é a vontade dele?

- O que você acha? - Joana respondeu com uma pergunta.

O rosto de Esther ficou completamente sem cor.

- Tia, seu caldo de galinha favorito está pronto, venha provar. - Nesse momento, uma mulher saiu da cozinha, interrompendo o silêncio.

Ao ouvir a voz, Esther ficou paralisada na entrada, sentindo o sangue em suas veias gelar.
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