Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava
Esther parou de repente, não havia aquela harmonia de casal entre eles, mas sim uma distância mais como de um superior para uma subordinada. - Sr. Marcelo, tem mais alguma ordem? - Ela perguntou.Marcelo se virou para encarar o rosto distante de Esther, com um tom de comando em sua voz. - Se sente.Esther de repente não entendeu o que ele queria fazer.Marcelo se aproximou.Esther o observava se aproximando, e nesse momento, algo parecia diferente, fazendo ela sentir o ar rarefeito. Era puro ervosismo, com uma sensação estranha.Ela não se moveu, mas Marcelo tomou a iniciativa de segurar sua mão.Quando a palma quente dele tocou a dela, foi como se fosse queimada, queria puxar ela para longe, mas Marcelo segurou firmemente, não dando a ela a chance de se soltar, levando ela para o lado e perguntando com a testa franzida: - Você machucou sua mão, e não percebeu?Sua preocupação surpreendeu Esther. - Eu... Está tudo bem.- Sua mão está com bolhas. - Marcelo perguntou. - Por que não
Ela estava tonta, com estrelas nos olhos, ouvindo alguém ansioso dizer: - O que está acontecendo com vocês? Como foi possível esse erro! Esther, Esther...À medida que a voz se afastava, Esther desmaiou.Ao acordar novamente, Esther estava no hospital, olhando para o teto branco, ainda tonta, com uma dor de cabeça intensa.- Esther, você acordou! - Fernanda se levantou com os olhos vermelhos da cadeira, preocupada, perguntando sobre sua condição. - Você está se sentindo mal em algum lugar? Preciso chamar o médico.Esther olhou para ela, mesmo estando fraca, ainda se sentou instintivamente: - Estou bem, e como está a situação no canteiro de obras? Alguém mais se machucou?Fernanda disse: - Não se preocupe com o que está acontecendo no canteiro agora. Você teve uma concussão, me assustou muito, pensei que você não fosse acordar.Ela começou a chorar novamente. Fernanda era sua assistente que sempre a acompanhava e Esther cuidava muito dela.Ela era jovem e nunca tinha enfrentado uma
No hospital, por um tempo, ela saiu triste e machucada.- Esther! - Quando Diana Camargo encontrou Esther, viu que ela estava pálida e tinha um machucado na cabeça. Diana rapidamente a segurou. - Meu Deus! Aonde você se machucou assim?Esther não respondeu.- Nessa hora, você estava no trabalho, né? Foi acidente de trabalho, né? - Diana disse. - E o Marcelo?- Não sei. - Esther respondeu.Diana viu que ela não estava bem, não era só pelo machucado, e riu friamente: - Você trabalha duro para ele, machuca a cabeça desse jeito, e ele, seu marido, some. Esse marido aí é a mesma coisa que morrer.- Logo não vai ser mais.- O quê? Ele quer se divorciar de você? - Diana ficou surpresa e a expressão dela mudou.- Sou eu que quero me divorciar dele.Diana mudou de atitude: - Divorcie logo, então! - E também não esqueceu de avisar ela. - E se lembre de pegar metade dos bens, mulher esperta faz isso. Se não dá para ficar com o homem, fique com o dinheiro. Com grana no bolso, acha que não vai co
Esther entendia bem a seriedade com que ele levava seu trabalho, não permitindo nem um pequeno erro. Mas, dessa vez, a culpa não era dela. Ele esteve no hospital com Sofia ontem.- Foi você quem disse que tinha um compromisso e desligou o telefone.Marcelo fez uma pausa, comprimindo os lábios: - Como lidou com isso?Naquela hora, Esther já estava no hospital e respondeu: - Não tive tempo de resolver, eu...- Secretária Esther. - Marcelo estava frio. - Lembro que você nunca cometeu esse tipo de erro no trabalho.Ele deliberadamente enfatizou "Secretária Esther", lembrando ela de seu papel como secretária e não como esposa.Esther mordeu o lábio, sem saber o que dizer: - A obra ainda pode continuar, o problema não é tão grande. Eu não acho que seja tão grave.- Quando surgir um problema, não se apresse em encontrar desculpas para si mesma. Foi isso que te ensinei antes. - Marcelo disse friamente. - Venha para a empresa imediatamente! Ele desligou o telefone logo em seguida, de maneir
Nesse momento, Esther já estava no escritório, e a atmosfera na sala do presidente estava muito tensa.- Esther.Eles a cumprimentaram educadamente quando ela chegou.- Esther, como está o machucado na sua cabeça?Esther não queria que eles se preocupassem demais, então disse: - Não foi nada grave, depois de descansar uma noite, estou bem melhor.- Mas você deveria descansar mais, poderia ter pedido licença para o Sr. Marcelo. Ainda vem trabalhar machucada, Esther, você leva o trabalho muito a sério. - Todos admiravam Esther, que trabalhava mais do que vivia, provavelmente não havia outra secretária como ela.Como Esther e Marcelo ainda mantinham o casamento em segredo, ninguém sabia do relacionamento deles, então ela não podia revelar muito: - Vou falar com o Sr. Marcelo. Vocês continuem com o trabalho, não precisam se preocupar comigo.Ela chegou na porta e ouviu Marcelo dizer com voz fria: - Demitam todos os responsáveis pelo acidente na obra!Esther parou por um momento, pensand
Ela estava dando a ele uma chance, ele deveria estar feliz por isso.Ou seria seu orgulho, achando que a proposta dela o deixou envergonhado?Marcelo desviou o olhar dela e disse friamente: - É hora de trabalhar, vá trabalhar!Esther olhou o relógio, eram exatamente nove horas, hora de começar o trabalho.Ela não pôde deixar de rir sarcasticamente, ele era mesmo pontual, não a deixava ficar ociosa por um segundo.Olhando para as costas de Marcelo se afastando, todo o seu corpo exalava uma aura gelada, e entre eles só havia a distância de chefe e subordinada.Ela não insistiu, saiu.Gilberto estava esperando por ela do lado de fora: - Secretária Esther, esses são os documentos que o Sr. Marcelo pediu para você processar.Uma pilha de documentos pesados caiu nas mãos dela.A poeira veio em sua direção, fazendo ela tossir. Esther perguntou: - Já está com uma camada de poeira, há quanto tempo esses documentos estão aqui?Gilberto também não ousou dizer: - Não sei, foi o Sr. Marcelo que