Alice Ibrahim sempre sonhou em ser professora, mas seu caminho está repleto de desafios sombrios. Criada por Filadélfio, o homem que acreditava ser seu pai, ela descobre da pior forma possível que ele é, na verdade, seu maior algoz. Consumido pelo ódio e pela vingança após a morte da esposa, Filadélfio vê Alice como o fruto de uma traição imperdoável, condenando-a a uma vida de dor e aprisionamento. Do outro lado da cidade, Paulo Guerra – ou simplesmente PG – reina como chefe do tráfico no temido Morro da Fé. Para ele, a sobrevivência é um jogo brutal onde apenas os mais fortes resistem. Mas tudo muda quando, em uma de suas implacáveis cobranças, ele se depara com Alice. Com um olhar que carrega a pureza de um anjo e a força de uma guerreira, ela desperta em PG algo que ele jamais imaginou sentir: amor. O destino uniu duas almas marcadas pela dor. Mas será que, em meio a tanta violência e sofrimento, o amor pode florescer? Ou estarão condenados a serem apenas prisioneiros de suas próprias cicatrizes?
Leer másSeis Meses DepoisAliceO tempo passou rápido, e hoje completamos seis meses de casamento. E durante todo esse tempo posso afirmar que foram os dias mais felizes da minha vida. PG é um homem incrível... Carinhoso, amável, preocupado e óbvio que um verdadeiro furacão entre quatro paredes.Não estamos nos prevenindo, mas até agora ainda não tivemos surpresa com um filho. Mas sei que tudo acontece no tempo certo, e quando for a hora de nosso pacotinho de amor chegar será o melhor momento.Nesse exato momento estou seguindo até a nossa casa na Serra. Sempre passamos os finais de semana aqui com a nossa família, mas hoje é quinta-feira e tive que vir para buscar algumas coisas que PG esqueceu, e segundo ele, são muito importantes.Adoraria que ele viesse comigo, estou de férias, e tenho tempo suficiente e muitos motivos para aproveitar o tempo com o meu maridinho. Mas ele se negou, dizendo que tinha muitos assuntos para resolver e que essa nossa saída ficaria para outra hora.Óbvio que sur
Alice— É muito grande — sussurro, com a garganta apertada como se algo a tivesse bloqueado. Ele morde os lábios.— Isso é o que todo homem quer ouvir, sabia? — diz, deitando-se ao meu lado. — Relaxa. Só olha nos meus olhos.E eu olho.Os olhos dele estão acinzentados, como cinzas de uma lareira que nunca foi apagada.Suas mãos começam na minha barriga e sobem até alcançarem meus seios novamente. Ele aperta, e sua boca envolve meus mamilos, sugando e me fazendo gemer, agarrando suas costas. As mãos dele descem até o meio das minhas pernas, alisando minha virilha e me enlouquecendo. Seus beijos voltam para minha boca, e ele me beija com fervor, sugando meus lábios.Ele se ajoelha à minha frente, abre minhas pernas, encara meus olhos e começa a puxar minha calcinha pelas coxas. Quando PG enfim vê minha intimidade, ele a observa como se fosse a coisa mais deliciosa que já viu. Seus lábios começam pela virilha, e eu já estou gemendo. Depois ele segue pelo centro da minha barriga, descendo
AliceEstou flutuando. Com tantas notícias boas em um único dia, é impossível não me sentir em paz. Sou obrigada a concordar com Nocaute quando diz que nosso casamento parece o final de uma novela das nove. Até hoje, nunca ouvi falar de algo parecido.Nossa família está reunida e feliz. Só faltam Damares e Marina para completar a nossa felicidade. Mas logo elas estarão conosco — e não sairão nunca mais. Toda a cerimônia e a festa são transmitidas em tempo real, assim Damares consegue assistir a tudo junto com Marina na maternidade. Só não posso afirmar se ela já sabe do parentesco de Emílie comigo, e que meu irmão é o verdadeiro pai dela.Emocionada, me despeço dos convidados. Com a ajuda de Dona Olga e Patrícia, retiro meu longo e pesado vestido. Quando entro no carro rumo à lua de mel, não sei para onde estou indo. PG guarda segredo, e acho isso romântico.Estamos sentados no banco de trás da limusine, enquanto o motorista dirige rapidamente.— Agora você é minha mulher — diz PG, me
AliceDepois da cerimônia fomos direto para o salão, isso porque eu insistia em dizer que era falta de educação não cumprimentarmos os convidados e tirar algumas fotografias para nosso álbum de casamento. Porque por PG teríamos desaparecido ali mesmo na igreja. — Já tiramos muitas fotos. Não acha que tá na hora de sairmos daqui? Quero ficar sozinho com você. — PG dizia enquanto dançávamos.— Vou jogar o buquê e já vamos. — falo e ele sorri.— Obrigado pai! — PG dizia divertido enquanto me beija.Me afasto dele e já subia na cadeira para jogar o buquê, quando vejo alguém entrar no salão ao lado do meu pai. Meus olhos marejam.— Henrique... Você veio? — grito eufórica indo ao seu encontro.— Eu não poderia perder o casamento da minha única irmã. — ele dizia emocionado me abraçando. Estava tão feliz que sequer percebo o que estava acontecendo ao meu redor. — O que esse cara está fazendo aqui? — PG se aproxima furioso.— Como assim? Amor... O Henrique é o meu irmão. — falo sem entender
AliceDepois de um dia inusitado com o nascimento da Marina, enfim estou pronta para outro momento tão especial quanto a chegada da minha sobrinha: o meu casamento. Já estou vestida, usando um lindo vestido de noiva que meu pai insiste em me presentear. Ele é perfeito...O tecido principal é um cetim leve e acetinado, que desliza suavemente sobre o corpo, abraçando minhas curvas com delicadeza. Por cima, uma camada de tule francês cobre minha silhueta com suavidade, bordada à mão com pequenos ramos florais em fios de prata e minúsculas pérolas, que captam a luz como gotas de orvalho ao amanhecer. A parte superior tem um decote em V profundo, equilibrado por mangas longas e transparentes, que terminam em punhos rendados, justos nos pulsos, como se tivessem sido moldados para mim.A cintura é marcada por uma faixa de organza bordada, que realça ainda mais a delicadeza do desenho. A saia é ampla, mas não exagerada, abrindo-se em camadas leves que se movem como brisa a cada passo. Atrás,
PGIgreja do Morro da Fé — Final de tardeO sol começa a se pôr, tingindo o céu de um laranja avermelhado, como se até o universo soubesse que hoje a paz e o caos caminham lado a lado.A igreja está linda. Decorada com simplicidade, mas com bom gosto. Rosas brancas, fitas de cetim, e aquela sensação de que o amor mora ali. Os convidados se ajeitam nos bancos. Meus aliados de confiança se espalham discretamente pelo lugar, armados até os dentes, mas com o olhar sereno. O disfarce é perfeito.O coral começa a cantar baixinho. A ansiedade me mastiga por dentro, mas meu rosto permanece firme. Postura ereta, olhar fixo no altar. Por fora, sou o noivo apaixonado. Por dentro, sou uma máquina em alerta total.Alice aparece na porta. Um raio de luz. Linda, leve... alheia à tempestade que ronda este momento. Vestida de branco, os cabelos presos com delicadeza, o olhar cheio de amor. Mas percebo — mesmo de longe — que ela sente algo estranho.Emilie caminha à frente, segurando um cestinho com as
Horas depois do nascimento da MarinaMorro da fé PGTô aqui de frente pra esse espelho no meu quarto, que por pouco tempo ainda é de solteiro, ajeitando essa roupa top de linha pra fazer uma parada que eu jurava a mim mesmo que nunca faria: casar. E vou te dizer, tô amarrado nessa nova fase da minha vida, e principalmente, na ideia de passar o resto da vida com a única mulher que conseguiu bagunçar o que eu pensava ser o certo.Alice surgiu no momento mais complicado da minha vida, conheceu primeiro o meu pior lado, para hoje ter o melhor que existe dentro de mim.Com ela sou um bunda mole. Um otário. E parceiro, tô vidrado nessa mudança. Em outros tempos não teria perdoado, e ela tinha sido minha antes do casamento. Mas até nisso ela conseguiu me fazer pensar diferente. Já faz mó cota de tempo que tô no zero a zero, só no aguarde da nossa lua de mel, e como ela mesmo diz: a nossa noite. Chega dar um suador só de pensar nessa hora. Até parece que não sei o que fazer. Mas na real, eu
AliceO tempo parece ter parado desde que ouvimos o primeiro choro da bebê. A maternidade se enche de um silêncio reverente, como se todos compreendessem que algo sagrado acabava de acontecer. Meu pai anda de um lado para o outro, o maxilar travado, tentando manter a postura. PG finge estar relaxado, mas suas mãos cerradas traem o nervosismo que ainda paira no ar como uma tempestade prestes a cair.Minutos depois, a porta da sala se abre de novo, e, dessa vez, quem aparece é o Nocaute. Seus olhos estão vermelhos, inchados de tanto chorar, mas é o sorriso dele que me desmonta. Um sorriso tão puro, tão entregue, que parece conter o universo inteiro.— Vocês podem entrar, família — ele diz, com a voz embargada. — Ela quer ver todo mundo.Caminhamos em silêncio pelo corredor, como se nossos pés mal tocassem o chão. Meu coração pulsa alto no peito. E quando entro no quarto, o ar simplesmente desaparece dos meus pulmões.Damares está deitada, exausta, mas com o olhar mais sereno que já vi n
AliceMinhas mãos suam, e meu corpo inteiro estremece. Isso seria normal se eu estivesse falando sobre a proximidade da cerimônia do meu casamento, mas não é o caso. Em vez de me preparar para o momento mais especial da minha vida, de me tornar esposa do homem que amo, estou dentro da emergência de uma maternidade, me segurando para não surtar.Meu pai está a caminho, mas nada disso diminui a angústia que sinto.Ainda faltam alguns dias para minha sobrinha nascer, mas a malandrinha se adianta e decide vir ao mundo justamente no dia do meu casamento.Só poderia ser filha de uma doida como Damares para aprontar uma dessas com a própria tia.Saio tão apressada que nem tenho tempo de ligar para o PG e, para piorar, meu celular descarrega. Com certeza, ele deve estar cuspindo fogo por eu ter conseguido avisar meu pai, mas não a ele.Estou sentada no banco de plástico azul da entrada da maternidade. Nocaute entrou para assistir ao parto, e eu fiquei aqui, usando pantufas e vestindo um robe,