PGIgreja do Morro da Fé — Final de tardeO sol começa a se pôr, tingindo o céu de um laranja avermelhado, como se até o universo soubesse que hoje a paz e o caos caminham lado a lado.A igreja está linda. Decorada com simplicidade, mas com bom gosto. Rosas brancas, fitas de cetim, e aquela sensação de que o amor mora ali. Os convidados se ajeitam nos bancos. Meus aliados de confiança se espalham discretamente pelo lugar, armados até os dentes, mas com o olhar sereno. O disfarce é perfeito.O coral começa a cantar baixinho. A ansiedade me mastiga por dentro, mas meu rosto permanece firme. Postura ereta, olhar fixo no altar. Por fora, sou o noivo apaixonado. Por dentro, sou uma máquina em alerta total.Alice aparece na porta. Um raio de luz. Linda, leve... alheia à tempestade que ronda este momento. Vestida de branco, os cabelos presos com delicadeza, o olhar cheio de amor. Mas percebo — mesmo de longe — que ela sente algo estranho.Emilie caminha à frente, segurando um cestinho com as
AliceDepois de um dia inusitado com o nascimento da Marina, enfim estou pronta para outro momento tão especial quanto a chegada da minha sobrinha: o meu casamento. Já estou vestida, usando um lindo vestido de noiva que meu pai insiste em me presentear. Ele é perfeito...O tecido principal é um cetim leve e acetinado, que desliza suavemente sobre o corpo, abraçando minhas curvas com delicadeza. Por cima, uma camada de tule francês cobre minha silhueta com suavidade, bordada à mão com pequenos ramos florais em fios de prata e minúsculas pérolas, que captam a luz como gotas de orvalho ao amanhecer. A parte superior tem um decote em V profundo, equilibrado por mangas longas e transparentes, que terminam em punhos rendados, justos nos pulsos, como se tivessem sido moldados para mim.A cintura é marcada por uma faixa de organza bordada, que realça ainda mais a delicadeza do desenho. A saia é ampla, mas não exagerada, abrindo-se em camadas leves que se movem como brisa a cada passo. Atrás,
AliceDepois da cerimônia fomos direto para o salão, isso porque eu insistia em dizer que era falta de educação não cumprimentarmos os convidados e tirar algumas fotografias para nosso álbum de casamento. Porque por PG teríamos desaparecido ali mesmo na igreja. — Já tiramos muitas fotos. Não acha que tá na hora de sairmos daqui? Quero ficar sozinho com você. — PG dizia enquanto dançávamos.— Vou jogar o buquê e já vamos. — falo e ele sorri.— Obrigado pai! — PG dizia divertido enquanto me beija.Me afasto dele e já subia na cadeira para jogar o buquê, quando vejo alguém entrar no salão ao lado do meu pai. Meus olhos marejam.— Henrique... Você veio? — grito eufórica indo ao seu encontro.— Eu não poderia perder o casamento da minha única irmã. — ele dizia emocionado me abraçando. Estava tão feliz que sequer percebo o que estava acontecendo ao meu redor. — O que esse cara está fazendo aqui? — PG se aproxima furioso.— Como assim? Amor... O Henrique é o meu irmão. — falo sem entender
AliceEstou flutuando. Com tantas notícias boas em um único dia, é impossível não me sentir em paz. Sou obrigada a concordar com Nocaute quando diz que nosso casamento parece o final de uma novela das nove. Até hoje, nunca ouvi falar de algo parecido.Nossa família está reunida e feliz. Só faltam Damares e Marina para completar a nossa felicidade. Mas logo elas estarão conosco — e não sairão nunca mais. Toda a cerimônia e a festa são transmitidas em tempo real, assim Damares consegue assistir a tudo junto com Marina na maternidade. Só não posso afirmar se ela já sabe do parentesco de Emílie comigo, e que meu irmão é o verdadeiro pai dela.Emocionada, me despeço dos convidados. Com a ajuda de Dona Olga e Patrícia, retiro meu longo e pesado vestido. Quando entro no carro rumo à lua de mel, não sei para onde estou indo. PG guarda segredo, e acho isso romântico.Estamos sentados no banco de trás da limusine, enquanto o motorista dirige rapidamente.— Agora você é minha mulher — diz PG, me
Alice— É muito grande — sussurro, com a garganta apertada como se algo a tivesse bloqueado. Ele morde os lábios.— Isso é o que todo homem quer ouvir, sabia? — diz, deitando-se ao meu lado. — Relaxa. Só olha nos meus olhos.E eu olho.Os olhos dele estão acinzentados, como cinzas de uma lareira que nunca foi apagada.Suas mãos começam na minha barriga e sobem até alcançarem meus seios novamente. Ele aperta, e sua boca envolve meus mamilos, sugando e me fazendo gemer, agarrando suas costas. As mãos dele descem até o meio das minhas pernas, alisando minha virilha e me enlouquecendo. Seus beijos voltam para minha boca, e ele me beija com fervor, sugando meus lábios.Ele se ajoelha à minha frente, abre minhas pernas, encara meus olhos e começa a puxar minha calcinha pelas coxas. Quando PG enfim vê minha intimidade, ele a observa como se fosse a coisa mais deliciosa que já viu. Seus lábios começam pela virilha, e eu já estou gemendo. Depois ele segue pelo centro da minha barriga, descendo
Seis Meses DepoisAliceO tempo passou rápido, e hoje completamos seis meses de casamento. E durante todo esse tempo posso afirmar que foram os dias mais felizes da minha vida. PG é um homem incrível... Carinhoso, amável, preocupado e óbvio que um verdadeiro furacão entre quatro paredes.Não estamos nos prevenindo, mas até agora ainda não tivemos surpresa com um filho. Mas sei que tudo acontece no tempo certo, e quando for a hora de nosso pacotinho de amor chegar será o melhor momento.Nesse exato momento estou seguindo até a nossa casa na Serra. Sempre passamos os finais de semana aqui com a nossa família, mas hoje é quinta-feira e tive que vir para buscar algumas coisas que PG esqueceu, e segundo ele, são muito importantes.Adoraria que ele viesse comigo, estou de férias, e tenho tempo suficiente e muitos motivos para aproveitar o tempo com o meu maridinho. Mas ele se negou, dizendo que tinha muitos assuntos para resolver e que essa nossa saída ficaria para outra hora.Óbvio que sur
Itabirito | Minas Gerais | BrasilFevereiro/2023Na rádio 97.3 FM"Resista as artimanhas do inimigo e ele fugirá de vós. O tempo da tua liberdade está chegando. Aquieta a tua alma que estou tomando providência e dando ordem aos meus anjos para te libertar desse cárcere que tens vivido por esses longos anos. Eu Sou contigo e quando falo Basta é porque assim será. Mas prevaleça na tua fé e mesmo quando sentires que estás no deserto, e que estás sozinha, não acredite, pois essa já não é a minha voz e sim daquele que já perdeu o direito a salvação e tenta a todo custo fazer o mesmo com os meus escolhidos nessa Terra. Tu és a minha escolhida, então fique em paz, tu és a menina dos meus olhos e a tua coroa ninguém vai conseguir tirar. O tempo da colheita chegou e já estou a caminho para te dar o teu galardão. Mesmo que pareca estar nas trevas, contudo, o brilho do Sol tornará a clarear na tua vida. Somente creia filha minha e assim não perecereis."O locutor fala: — Que Deus vos abençoe nes
PAULO GUERRA "PG"Chego soltando fogo pelas ventas. Odeio ter que sair pra fazer cobrança e menos ainda quando alguém me liga enchendo a minha paciência que já não existe. É uma porra mesmo ter que ser responsável e babá de uma irmã doida como a Patricia Guerra. Mas o que posso fazer se desde que saímos daquele orfanato eu tive que suprir a missão e o papel de homem da casa? Patricia sempre foi uma sequelada do caralho# e pra piorar me arranjou um filho ou melhor filha, de um mauricinho noiado dos infernos. Porra#! Se não fosse pela minha sobrinha, que tenho o maior apego, eu já tinha dado um fim nesse play dos infernos. Mas sei na pele o que é crescer sem saber quem é o nosso pai e te falo que a sensação é ruim pra caralho#.Me chamo Paulo Guerra, tenho vinte e sete anos, sou chefe do movimento no morro da Fé, uma das comunidades do Complexo da Penha que fica na Zona Norte do Rio de Janeiro. Nome estranho para uma favela, né!? Mas se parar pra pensar deram foi o nome certo, porque