5. Família X Inimiga

PG

Cheguei no hospital e fui ligeiro buscar informação da minha sobrinha. Tinha uma coroa toda nojenta atrás de um balcão e estava no telefone falando sei lá com quem. Com a educação que nunca existiu dentro de mim pergunto pela cachinhos, mas a porra# da coroa queria era dificultar as paradas e devia me achar com cara de relógio pra aguardar o tempo dela bater o ponto pra querer olhar pra nós. Outra vez tento contato, mas a porra# estava difícil pra caralho, até parecia fila do INSS. Apoiei as mãos no balcão, baixo à cabeça, conto até três e quando levanto dei um murro naquela merda de tábua branca que era mais encardida do que as parede do barraco da boca. A coroa se estremeceu inteira e até consigo afirmar que ela se mijou todinha com o susto, mas ficou ainda pior quando puxei o telefone da mão dela e falei com a sequelada do outro lado da linha, que depois eu descobri que era a vizinha da filha dela que queria receita de bolo e saber qual era a boa da novela das dez.

Puta# que pariu!

Essas porras só acontecem comigo cara, não é possível, sem neurose só posso ter jogado pedra na cruz para passar por tanta desgraça ao mesmo tempo.

— Fala ae minha tia, tô ligado que o papo de vocês é de extrema urgência, mas na humildade tô doidão pra saber notícia da minha sobrinha que engoliu cana, se não for pedir muito o papo de comadre pode ficar pra outra ocasião?

Espero nem a resposta e logo bato o telefone na cara da veiota. Encaro a coroa atrás do balcão e vou logo mandando o papo e como as parada no meu mundo funciona.

— Madame, será que pode atender esses mortais, realeza? — bufo de ódio, mas mantenho a minha postura de homem civilizado, até quando essa porra# ia continuar eu não sabia, mas pela minha paz e pela cachinhos eu faria o possível para não surtar

— Quem o senhor procura? — a coroa fala me encarando assustada e aquilo me deixava doido pra rir, mas mantive minha postura de macho alfa

— Realeza, se não for incômodo, preciso saber como está a minha sobrinha, o nome dela é Emilie Guerra.

A coroa mexe no computador e de cara responde:

— A paciente se encontra com a saúde estável, foi feita uma lavagem estomacal e ficará em observação por 24h.

Patricia dá um grito, devia ser de alívio pela cachinhos estar bem e principalmente por saber que não iria parar em um manicômio.

— Ai, graças à Deus! — Patricia tenta me abraçar, mas seguro em seus braços e a empurro para longe de mim — Por que você é assim Paulo? Nem mesmo em uma situação difícil como essas você consegue mudar?

— Com você as coisas serão sempre assim ou até pior. Tudo isso é por tua culpa, já parou pra pensar que por tua irresponsabilidade colocou a vida da Emilie, de uma criança de quatro anos em risco? Percebe isso Patricia? — tento controlar a voz, mas com essa maluca era foda manter o controle

— Não começa com tuas lições de moral, porque nós sabemos muito bem que você não tem.

Bufo de ódio#, e dou passos pra cima dela jogando logo a merda toda no ventilador.

— Eu só não te dou o que merece bêbada filha da puta, porque estamos fora do meu território e por tua culpa estou me expondo nessa porra. Mas assim que nós chegar no morro vamos resolver essa pendência. — falo e logo dou as costas, eu não suportava mais aquela porra# de ter que manter controle e se eu continuasse perto da Patrícia a qualquer momento o monstro que existe dentro de mim iria aparecer com força e isso não era bom pra ninguém, muito menos pra mim.

— O que você vai fazer? — Patricia pergunta com um olhar assustado

— Isso você vai descobrir assim que chegarmos e vai aprender de uma vez por todas que comigo ninguém brinca, nem mesmo você! — falo de costas e ouço anunciar

"Familiares da paciente Emilie Guerra por favor compareçam à enfermaria pediátrica, o Dr. Luís Filipe Belmonte os aguarda."

Encaro para Nocaute que já sabia o que fazer e sigo para o lugar que foi anunciado. Patricia me seguia, mas a seguro pelo braço e a empurro para longe não deixando continuar.

— Eu sou mãe da Emilie e vou entrar PG. Me solta! — Patricia tenta sair do meu aperto, mas a prenso contra a parede e mando logo a visão das coisas para ela ficar ciente que ninguém ali estava pra brincadeiras, muito menos eu

— Patricia vou te falar pela última vez, a Emilie de agora em diante vai ficar bem longe de você — ela tenta me enfrentar e eu seguro seu maxilar com força e falo com ódio — Já te dei várias oportunidades de mudar, mas você nunca aproveitou e eu fui fraco em te deixar com a cachinhos, mesmo sabendo que você não tinha condição de cuidar dela. E olha o que deu? Por pouco tu não matou tua própria filha.  Acha mesmo que depois disso vou facilitar tua vida e confiar em deixar a garota contigo? — estalo a boca em negação

— Mas eu sou... — dou um tapa de leve na cara dela e com a voz carregada coloco as paradas no lugar

— Cala a porra da tua boca, não te dei permissão pra falar — Patricia tenta virar a cara, mas seguro com força nas suas bochechas e a obrigo do meu jeito educado a fazer o que mando — Olha bem pra minha cara e escuta o que vou te dizer... — empurto o dedo indicador com força no seu ouvido direito — Mas tu limpa bem essa porra# de ouvido e entende de uma vez por todas nesse caralho, que a partir de hoje você nunca mais vai ficar sozinha com a Emilie, vou encontrar alguém de confiança pra cuidar dela 24h por dia e qualquer tentativa tua de burlar a minha decisão de um jeito especial você vai entender de uma vez por todas quem é PG, ou garra, como muitos me chamam pelos corres da vida. Ai sim, você vai passar de família para inimiga e na moral, te afirmo que tu não vai gostar nem um pouco dessa mudança. Tá ligada na visão?

Concluo minha palavra e me afasto daquela merda seguindo na direção da enfermaria. Nocaute como sempre fica lá consolando a princesinha do morro e eu bufo de ódio por ter um sub tão otário# e emocionado como ele. Chego na entrada e passo o olho buscando onde minha sobrinha estava. Mas não encontro, tinha muita cama e tudo separada por uma cortina verde. Dei uns passos para procurar, quando tocam meu ombro. Olho já cabreiro, porque odeio toques, contato ainda mais de estranhos e era um cara vestido de branco, com um jaleco e uma parada em volta no pescoço que os médicos colocava no nosso peito para ouvir as batida do nosso coração. Ele me encara desconfiado e vai logo dizendo:

— O senhor procura por alguém?

— Sou tio da Emilie Guerra, foi anunciado que um doutor queria ver um familiar. — falo ainda olhando tudo em volta

— Ah, sim! Sou o Pediatra Luiz Fillipe e atendi a sua sobrinha assim que chegou ao hospital. — o doutor estende a mão e mesmo cabreiro aceito o cumprimento

— Me chamo Paulo Guerra. E como a minha sobrinha está? — falo puxando a mão de volta e já cruzando os braços

— Bem, não vou mentir, sua sobrinha chegou aqui em estado gravíssimo e por muito pouco não veio a óbito. Ela ingeriu uma quantidade de 250ml de vodca e por um milagre não entrou em coma alcoólico. Essa quantidade de álcool para uma criança de apenas quatro anos de idade é o mesmo que a morte. — "Caralho! Dessa vez a Patricia foi longe demais." — Fizemos uma lavagem estomacal e ela ficará em observação por 24h. Se o quadro clínico dela continuar evoluindo positivamente receberá alta amanhã mesmo.

Ao escutar tudo aquilo só consigo me sentir culpado por ter deixado que a Patricia ficasse sozinha com a Emilie. Eu sabia que ela não tinha condições de nada e muito menos cuidar de uma criança, mas fui fraco, errei e por pouco uma desgraça acontece com a única que me deu um motivo pra viver e continuar lutando nessa merda de vida. Emilie quando nasceu logo de cara me conquistou, seu olhar brilhante, seu sorriso, sua inocência mexeu com uma parada dentro do meu peito que eu pensava que não tinha e a partir desse momento eu prometi a mim mesmo que estaria ali com ela para tudo, seria o pai, o tio, o avô, o amigo e o apoio que ela precisaria nesse mundo. Mas eu...

...Falhei...

...Errei...

E vai ser foda# tirar essa culpa que está grudada dentro da minha cabeça. Mas eu tenho que seguir, porque a cachinhos precisa de mim, mas na realidade eu dependo muito mais dela para sobreviver.

Sem jeito encaro o doutor.

— Pô doutor, nem sei o que dizer. Minha sobrinha estava com a minha irmã e deu essa merda toda. Mas pode ter certeza que isso nunca mais vai acontecer. Posso ve-la?

— Acidentes acontecem, principalmente com crianças. Ela está dormindo, mas o senhor pode vê-la sem problemas.

Sigo o caminho e paro de frente à quinta cama. A cortina é aberta e ela estava lá, dormindo, mas com os bracinhos marcados pela parada que ela tomava na veia. Tão pequena e já sofrendo por conta de uma maluca que tudo o que faz é encher a cara de cachaça o dia inteiro.

Caralho! Depois de ver a Emilie naquela situação a minha vontade era mostrar pra Patricia o que acontece com as fdp que deixam suas crias a Deus dará e como as nossas leis funcionam na realidade. Mas eu vou ter a oportunidade de mostrar e com o susto que ela vai tomar tenho certeza que dessa vez vai aprender a lição.

Dei um beijo na mão da cachinhos e segui meu caminho. Ainda precisava encontrar o fodido do Filadelfio e pegar o que era meu.

Sai da enfermaria e segui até a saída do hospital. Chegando lá vi Nocaute ainda consolando a Patricia.

"Caralho! Mas é um fodido mesmo."

Chego junto e só encaro aquela cena.

— Bora Nocaute, nossa hora chegou... — Já falo saindo quando Patricia segura meu braço

— Como a minha filha está?

— Filha? — solto um sorriso irônico — Não acha que é tarde para chamar a cachinhos assim?

A filha da puta# era afrontosa e mesmo estando no erro ainda tinha coragem de me enfrentar.

"Só pode estar querendo morrer."

— Você pode fazer ou dizer o que quiser PG, mas a Emilie sempre será a minha filha e isso nunca vai mudar. — seguro no braço dela e a prenso na parede

— Mãe na minha visão é outra coisa e você está bem longe de ser uma. Já te disse pra ficar longe da Emilie ou vai pagar o preço.

— Solta ela PG. Ela errou, mas continua sendo tua irmã cara, teu sangue parceiro. — Nocaute entra no meio e afasta Patricia das minhas mãos

Perco a paciência de vez e encaro Nocaute mandando o papo reto, porque ele parecia ter esquecido como as paradas funcionam no nosso meio.

— Essa porra# aí só faz foder# com a minha vida, sempre dei de tudo, fortaleci e como ela me pagou? Fazendo merda atrás de merda. Eu aceitava tudo Nocaute, mas mexer com a Emilie não cara... Isso não!

Nocaute me encara e eu já estava a ponto de explodir de vez e jogar esse caralho de postura pro espaço quando alguém se aproxima, olhei e era o tal doutor que atendeu a cachinhos quando ela chegou.

— Com licença! Alguém vai passar a noite com a paciente? — Patricia logo toma a frente, tento impedir, mas Nocaute me segura

— Eu! Sou a mãe da Emilie, me chamo Patricia Guerra.

— Por favor me acompanhe. — o doutor fala e logo se afasta, Patricia já estava o seguindo, mas antes de sair seguro o braço dela com força deixando mais uma vez as coisas no lugar

— Vê lá o que tu vai aprontar, se fizer alguma merda fica ciente que você vai rodar. Entendeu filha da puta#?

Ela puxa o braço de volta, me encara com raiva e segue o médico sem nada dizer. Bufando de ódio saio daquele hospital e era certo de que Filadelfio ou qualquer outro fodido que surgisse no meu caminho pagaria o preço por todo nervoso que eu estava passando desde que pisei na porra# desse lugar.

[...]

Continua...

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