Capítulo 3

Acordo cedo e nem tomo café. Depois do banho, coloco roupas que não são muito chamativas, pois nunca gostei de chamar a atenção para o meu corpo. Saio na rua e ando até o metrô com uma pequena caixa na mão. Dentro dela, está o celular. Descobrirei quem é o Ian antes do almoço e lhe entregarei o aparelho depois.

A única pessoa naquela empresa que sabe até os segredos mais sujos dos chefões, é Ágatha. Ela é uma das secretárias dos executivos que ficam no topo do prédio. Se há alguém que sabe quem é o bonitão arrogante, é ela.

Após sair do metrô, ando algumas quadras até o trabalho. Hoje ele não veio me derrubar. Que pena! Eu poderia xingá-lo pessoalmente. Terei apenas que imaginar sua reação ao ver o que fiz no seu celular. Além da capa de glitter rosa com enfeites que coloquei nele, baguncei os contatos e editei as fotos.

Poxa! Será uma boa cena.

Passo pela recepção, vou para o meu armário e coloco a caixa no fundo do espaço, com medo de que alguém me veja e me denuncie quando o telefone estiver nas mãos dele. Em seguida, sigo para a cantina e peço um café expresso.

Logo avisto Ágatha, que está sentada com outras duas secretárias, tendo uma conversa bem animada. Não sou amiga delas. Na verdade, a quantidade de amigos que tenho, posso contar nos dedos. Para todas essas pessoas, sou a garota estranha, igual era no ensino médio.

Embora esteja em boa forma, não tenho roupas chamativas ou sexies e opto por não usar brincos ou colares. Contudo, faço algumas tatuagens quando sinto vontade.

Ágatha, por outro lado, é uma mulher linda, de trinta e dois anos, que veste roupas chiques e está sempre de saltos. Ela mexe no seu cabelo liso de cor escura como se estivesse em um comercial e eu fico só adimirando sua beleza enquanto ando até elas.

— Emma, como vai? — perguntou de forma simpática.

Ainda por cima, a mulher tem simpatia.

— Estou muito bem, Ágatha. Obrigada! — Dou um sorriso tímido. — Como vocês estão? — falei com as outras só para não parecer rude ou fofoqueira.

Elas sorriem e falam, juntas, que estão ótimas.

— Meninas, eu queria perguntar se vocês já viram um homem por aí. Sei que seu primeiro nome é Ian, que ele tem pelo menos 1,90 de altura, cabelos negros, olhos azuis...

— Tem pinta de arrogante? — Ágatha acrescentou.

— Sim. — confirmei feliz. — Você já o viu por aí?

— Se eu já vi? Menina, quem não viu esse homem? E, que homem lindo! É um deus grego, mas muito estressado e mal-humorado. Está sempre dando ordens e sendo arrogante.

Eu já sabia que ele não era uma boa pessoa, no entanto queria que alguém, pelo menos, dissesse algo de bom dele, para que eu não me sentisse tão mal por desejá-lo.

— Quem é ele, Ágatha? — questionei, bastante curiosa, sentando-me no meio delas.

— É o mais novo chefe, querida. Ian Novack. É o filho de Robert Novack e assumiu a empresa depois que o pai sofreu o acidente e ficou em coma.

Estou paralisada. Ele é o chefe? O dono de tudo aqui? Porra!

— Você está bem? — perguntou ao ver minha pele mais pálida do que o normal. — Ele te fez algo?

— Não. Eu só o vi por aí. Parecia que tinha comido algo estragado. — Ainda estou tentando me recuperar.

— Ele está assim desde que assumiu os negócios. — Revira os olhos. — O que tem de lindo, tem que mal-educado.

— Ok, meninas. Tenho que trabalhar agora. Obrigada pela informação! — Levanto—me e saio de perto delas.

Meu Deus! Ian é o CEO da TEC Corporation?! A minha ansiedade está fazendo com que minhas mãos soem e meu coração acelere. Acho que não posso entregar o celular do meu chefe, pois não quero irritá-lo. Mas, ao mesmo tempo, ele é um grosso com todo mundo. Seu pai está em coma, porém isso não justifica seu modo de tratar as pessoas.

O conflito em meu peito pode até me causar um infarto se eu continuar pensando nisso.

Não posso desistir agora. Afinal, ele não saberá quem sou e não sabe nem que existo.

Vou trabalhar e, após o almoço, levarei o pacote para a recepção. Depois, ele que se vire! O que irá deixá-lo ainda mais irritado.

Não sei se isso me deixa feliz ou com mais medo.

Volto do restaurante com o pacote, levando-o na bolsa para que ninguém perceba nada, entro no prédio com ele na mão e vou até a recepção, onde vejo Molly.

Minha língua parece presa, mas não posso desistir agora. Seria errado ficar com o aparelho.

— Molly, uma moça me entregou este pacote agora a pouco e disse que é para o entregar ao Ian Novack. Ela parecia muito irritada e nem quis entrar. — Entrego-lhe.

Odeio mentir, e não faço isso com frequência; só quando preciso muito.

— Quem é Ian Novack? — questionei.

— Lembra do homem por quem você me perguntou ontem e eu também não sabia quem era? — Afirmo com um aceno de cabeça. — É ele, o novo chefe. Dizem que é muito arrogante.

Ian é muito famoso por essa atitude, no entanto não parecia ser um brutamonte quando falei com a piranha no telefone.

— Entendi. Então, você pode entregá-lo?

— Pedirei para que Mila entregue. Ela é secretária dele.

— Coitada! — Rimos.

Sigo para o meu posto.

Não quero ver o homem pessoalmente. Provavelmente, ele vai querer me matar quando souber o que fiz.

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