Sentada na varanda da casa nova, vejo Harvey com nosso menino nos braços. Ele passeia pelo jardim, com a melhor vista de NY, segundo a minha própria opinião. Sinto uma paz tão grande que não consigo mensurar.Tudo isso parece um sonho. Uma ilusão e o meu maior medo, agora, é acordar e perceber que nada disso é real. Eu morreria. Minha vida não teria sentido.Quando entrei naquele elevador, não imaginei que tudo mudaria dessa forma. Acredito que conhecer Harvey foi o que me fez girar a chave. Tudo, depois dele, mudou para melhor e isso eu não tenho como explicar.Fecho os olhos e lembro-me dos dias em que eu rezava para ter alguém que chamasse o meu nome e me fizesse sentir a realidade, pois eu vivia tão isolada, que as vezes achava que não existia.Conhecer Hope foi o primeiro passos para me tornar alguém sociável. Eu sempre deixava as pessoas me machucarem e pisarem, e foi ali que comecei a perceber que deveria mudar, apesar do medo. Aquele medo me aprisionava. Justo quando eu estava
EmmaO dia começou bem difícil. Dormi tarde porque estava empolgada criando um software, portanto me me atrasei nesta manhã, não tomei café e perdi o metrô. Fiquei vinte minutos esperando o próximo e, quando ele chegou, não tinha lugar para me sentar.Apesar de ter acordado quase agora, meu corpo ainda está cansado. E, depois do trabalho, ainda tenho que correr com Bia, que está me forçando a fazer essa atividade todos os dias depois do trabalho.Agora estou quase correndo para chegar a tempo para o meu turno no emprego. Meu chefe não é tão ruim, mas odeia atrasos. E, mesmo sabendo que Victor não dirá nada a ele sobre isso, não posso me arriscar.Estou quase na porta giratória que dá acesso ao prédio, quando uma parede bate em mim e eu caio de quatro no chão. Olho para cima e vejo que o filho da puta, que nem olha para trás, corre para entrar no prédio.Não dá para ver direito quem é. O que me deixa ainda mais furiosa. Ainda no chão, vejo um aparelho celular caído. Ele deve ter deixad
Chego em casa e coloco minha roupa de corrida. Não sou de fazer muitos exercícios, mas Bia pretende ficar com o corpo definido e não quer fazer isso sozinha. Só corro para relaxar, já que não tenho ninguém para ver o resultado de tanto esforço. Mesmo sabendo que não deveria penssar dessa forma, penso.Não demora muito para que ela chegue batendo na porta do apartamento.— Vamos logo! Temos que correr o dobro hoje. Não resisti e comi duas fatias de torta. — avisou desanimada.— O quê? — Ela só pode estar alucinando. — Você quer me matar?— Deixe de ser sedentária! — Puxa o meu braço até me fazer passar pela porta.Mesmo não querendo correr tanto, saio de casa. Como estou com muita coisa na cabeça, usarei esse tempo para pensar em uma forma de fazer o gato arrogante pagar por ter me deixado no chão.Logo começamos a andar e, depois, a correr. Passamos por muitos lugares durante a corrida.— Então... O que fez hoje além de se sentar na frente de um computador para olhar números e coisas
Acordo cedo e nem tomo café. Depois do banho, coloco roupas que não são muito chamativas, pois nunca gostei de chamar a atenção para o meu corpo. Saio na rua e ando até o metrô com uma pequena caixa na mão. Dentro dela, está o celular. Descobrirei quem é o Ian antes do almoço e lhe entregarei o aparelho depois.A única pessoa naquela empresa que sabe até os segredos mais sujos dos chefões, é Ágatha. Ela é uma das secretárias dos executivos que ficam no topo do prédio. Se há alguém que sabe quem é o bonitão arrogante, é ela.Após sair do metrô, ando algumas quadras até o trabalho. Hoje ele não veio me derrubar. Que pena! Eu poderia xingá-lo pessoalmente. Terei apenas que imaginar sua reação ao ver o que fiz no seu celular. Além da capa de glitter rosa com enfeites que coloquei nele, baguncei os contatos e editei as fotos.Poxa! Será uma boa cena.Passo pela recepção, vou para o meu armário e coloco a caixa no fundo do espaço, com medo de que alguém me veja e me denuncie quando o telefo
IanMeu dia foi cheio para a merda e minha cabeça está doendo. Tive duas reuniões demoradas e ainda tenho papéis para ler e assinar.Olho para o relógio e constato que são sete e meia. Está na hora de eu ir embora e nem está perto de terminar o que tenho para fazer. Sendo assim, acabo optando por deixar o restante dos afazeres para amanhã.Esse trabalho está me matando e ainda tem a preocupação com meu pai, que está em coma há dois meses. Os médicos não têm uma previsão de quando — e se — ele acordará. Não quero perdê-lo. É um bom pai e sempre esteve ao meu lado, mesmo quando eu cometia algum erro. Agora, a minha obrigação é cuidar dos negócios da família. Algo que está me estressando muito. Vivo com dor de cabeça e com as preocupações invadindo minha mente, fazendo-me perder a razão.Notei que aqui, na empresa, todos estão correndo de mim. Também... Estou sempre dando ordens e de mau humor. Com toda a certeza, eles me odeiam. E, olha que só estou aqui há uma semana.Ontem mesmo esbar
Assim que acordo, lembro-me do celular e, como um tolo, verifico se tem mais alguma mensagem da mulher misteriosa. Não tem nenhuma. É decepcionante, e me irrito comigo mesmo por pensar assim.Resolvo cuidar de tudo para começar o trabalho. Tomo banho, coloco um terno cinza e arrumo os cabelos em frente ao espelho.Meu pai sempre se orgulhou de ser pioneiro no ramo de proteção de dados. Era um leigo no assunto, mas um mestre em administrar.Com o crescimento da internet, também cresceram novas oportunidades de roubar. É por isso que a TEC Corporation se especializou nessa área e hoje trabalha com diversas empresas, bancos e pessoas que fazem parte desse meio digital.Depois de pegar os papéis que trouxe ontem para casa, enfio-me no elevador, que desce até o estacionamento. Meu motorista já está à minha espera. Quando entro no carro, resolvo dar atenção aos documentos. Ontem não consegui resolver nada, pois só pensava na estranha, mas hoje resolvi esquecê-la e focar em trabalhar.Chego
EmmaNão sei por que mandei mensagens para ele, nem por que conversamos. É loucura! Ian é meu chefe, um egocêntrico safado.Talvez seja a falta do que fazer ou a solidão. Só isso para justificar tudo que está acontecendo.Devo confessar que ele é engraçado, embora seja irritante. E, apesar de saber disso, ainda quero receber e responder suas mensagens.Não posso negar que senti um pouco de medo e que até agora sinto. Não fiz nada demais, porém, com a fama de chefe que ele tem, devo me prevenir e não dar muita pinta, para não correr o risco de topar com ele e ser reconhecida de alguma forma.O pior é que assim que virei o quarteirão, eu o vi. Ele estava lindo, trajando um terno cinza. Sua bunda fica maravilhosa na roupa mais justa e seus cabelos estavam sendo levados pelo vento, mesmo não sendo tão longos. O homem é lindo, quase um deus. Se não fosse tão arrogante...Fiquei feliz quando o vi entrar no prédio. E, para disfarçar, esperei alguns minutos do lado de fora.Quando trabalho, a
EmmaHoje, correr com Bia tagarelando sem parar no meu ouvindo, salvou-me de ficar pensando em Ian Novack, meu chefe arrogante. Ele é como um parasita em meu cérebro, que perturba até os meus sonhos.No entanto, agora estou na frente da televisão, olhando para algo que passa, e não paro de pensar nele. Estou exausta, e nem mesmo o banho me relaxou depois daquele episódio no trabalho. O que nem foi grande coisa.Uma parte de mim deseja ser notada, aparecer em seu escritório e dizer na sua cara linda tudo que penso, mas a outra, medrosa e tímida, grita ao meu ouvido, dizendo o quanto seria ridículo e errado chamar a atenção do chefe depois de tudo que já fiz. Não é uma boa ideia.Não me importo se o bundão disse que não me demitiria e que não foi grande coisa o que falei a ele durante todo este tempo. Sei que se me visse pessoalmente e concluísse que a Birdpink não é grande coisa, com certeza se enfureceria e me mandaria embora.Meu coração vai à boca quando o celular vibra ao meu lado.