Capítulo 2

Chego em casa e coloco minha roupa de corrida. Não sou de fazer muitos exercícios, mas Bia pretende ficar com o corpo definido e não quer fazer isso sozinha. Só corro para relaxar, já que não tenho ninguém para ver o resultado de tanto esforço. Mesmo sabendo que não deveria penssar dessa forma, penso.

Não demora muito para que ela chegue batendo na porta do apartamento.

— Vamos logo! Temos que correr o dobro hoje. Não resisti e comi duas fatias de torta. — avisou desanimada.

— O quê? — Ela só pode estar alucinando. — Você quer me matar?

— Deixe de ser sedentária! — Puxa o meu braço até me fazer passar pela porta.

Mesmo não querendo correr tanto, saio de casa. Como estou com muita coisa na cabeça, usarei esse tempo para pensar em uma forma de fazer o gato arrogante pagar por ter me deixado no chão.

Logo começamos a andar e, depois, a correr. Passamos por muitos lugares durante a corrida.

— Então... O que fez hoje além de se sentar na frente de um computador para olhar números e coisas bizarras que não entendo? — Bia perguntou ofegante.

— Você não vai acreditar. — Mostro-me bem empolgada com a novidade. — Eu me atrasei de novo, mas o pior é que quando eu estava entrando no prédio, um cara esbarrou em mim e foi embora como se nada tivesse acontecido.

— Não estou entendendo. A notícia é ruim e você está com um sorriso no rosto. É meio masoquista. — Mantém o cenho franzido.

— O cara deixou o celular cair. — ignorei sua ironia. — E agora ele está sob o meu poder. — Tento não ficar empolgada demais.

— Sabe, Emma? Quando digo a você para arranjar um namorado, é exatamente por isso. — Lá veio mais uma ironia. — Alguém esbarra em você e, como uma maluca, rouba essa pessoa e sorri como uma psicopata? Estou ficando preocupada.

— Não encha, Bia! Vou devolver o celular dele. Mas também vou me vingar do idiota. — Reviro os olhos.

— Podemos ver um filme se acha que sua noite está tão ruim.

— Será que dá para me apoiar nisso? — reclamei. — É a primeira vez que faço algo assim, e nem sei quem é o homem. Posso ser demitida, já que ele é, provavlmente, um dos executivos.

— Eu curto sexo selvagem e você é fora da lei. Facinante! Ainda não sei por que somos amigas. — brincou.

Bato de leve em seu ombro e continuamos a corrida.

Bia, como uma tagarela, prossegue brincando com a história, deixando-me um pouco irritada. Quando começa a falar algo sobre o seu trabalho, agradeço.

***

Estou na banheira, quando pego novamente o celular para o vasculhar e descobrir mais sobre o homem. Quero achar seu nome, porém não consigo ser tão fora da lei e ir direto à sua caixa de mensagens ou e-mail.

Bia sempre fala que sofro da “síndrome” de ser certinha demais. E é verdade. Apesar de poder e conseguir entrar em muitos computadores e redes de dados, nunca faria isso. Já me ferrei uma vez ao ser culpada por algo que não fiz, e hoje tenho esse trauma.

Decido ligar para alguém e rezo para que essa pessoa fale pelo menos o nome dele. A quantidade de contatos femininos é enorme. E não é para menos, já que ele é lindo. É lógico que pega todas que quer. Aposto que com uma ou duas chamadas, alguma delas atenderá, desesperada para sair com ele novamente.

Resolvendo colocar minha teoria em prática, clico em um número com o nome de “Ariana”. A ligação começa a chamar uma, duas vezes...

— Ian! — falou a voz feminina muito empolgada, no outro lado da linha.

Um sorriso de satisfação toma o meu rosto.

— Desculpe! Não é o Ian. — tentei disfaçar a minha voz para o caso de, futuramente, isso ser usado contra mim.

— Quem é e por que está me ligando do celular do Ian? — perguntou furiosa.

Eu penso um pouco na resposta e minha mente diabólica organiza um roteiro fora do comum para a Emma sem graça.

— É que eu queria ouvir a voz da vadia que está atrás do meu namorado. Quero lhe avisar para ficar longe dele se não quiser perder seus peitos falsos e todas as plásticas mal feitas do seu rosto. — falei em um tom de irritalção e bem mais alto do que normalmente falo.

Não sei de onde isso está vindo, mas se demorar muito, acabarei rindo e pondo tudo a perder.

— Olhe aqui, querida! Se o seu namorado fica atrás de mim, a culpa não é minha. — rebateu alterada.

— Meu Ian não fica atrás de mulheres; são as vadias que ficam atrás dele. Espero que esse recado sirva de lição para que não chegue perto do meu homem! E pode dizer a todas as suas amigas que farei o mesmo com elas caso as veja a cem metros dele. — Desligo a chamada.

Deus! O que deu em mim e por que fiz isso? Meu coração b**e a mil por hora, como se estivesse prestes a sair pela boca.

Agora sei como se chama o dito cujo. Mas, Ian do quê? Fuço ainda mais o telefone e não acho nada que ligue esse nome ao seu sobrenome. Talvez amanhã eu lhe investigue na empresa.

Por enquanto, botarei meu plano em ação. Entro novamente na galeria e começo a editar as fotos. É claro que algumas só edito as cópias, já que não sou tão cruel. Depois volto aos contatos e mudo os nomes das piranhas por coisas engraçadas. Acho que ele ficará puto com a bagunça que estou fazendo.

Não ouso ir às suas conversas particulares, porque isso é muito pessoal e não quero invadir sua privacidade. Já basta o quanto estou invadindo. Sei que para alguém que pode fazer o que faço, invadir é o objetivo, entretanto tenho os meus limites.

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